domingo, dezembro 30, 2007

Ronda de Natal (6º trajecto)

A noite começou no encontro com todos que vieram juntar-se trazendo a vontade de celebrar um Natal Santo (diferente) junto dos sem-abrigo. Muitas caras novas encheram de repente o exíguo espaço que nos acolhe aos Domingos. O Jorge deu o mote na oração, formámos os grupos e arrancámos.
Comigo e com o Raul veio um grupo de escuteiros de longe - de Cascais! A Margarida, a Inês, a Raquel, a Constança e o Tiago vieram ao Porto fazer uma actividade que incluía uma parte de acção social para a qual nos pediram ajuda. E os ajudados acabamos por ser nós, com a boa disposição do grupo ajudaram-nos a fazer uma surpresa aos «amigos da rua».
Na baixa, para além da normal confusão por causa da “árvore gigante”, encontrámos alguns sem-abrigo (que conhecemos de outras paragens) avisando-nos que estavam a preparar uma manifestação. Pretendiam criticar o capitalismo simbolizado pela árvore, e a falta de atenção prestada pelas instituições estatais de apoio social a eles mesmos, que vivem na rua. Sob pena de ficarmos sem os poucos sacos que levávamos, decidimos procurar quem costumamos visitar e só no fim voltar lá.
Então encontrámos o Sr. F que nos recebeu com a sua habitual simpatia. As caras novas não impediram que voltasse a contar-nos alguns trechos da sua longa narrativa, alguns novos, outros já conhecidos. Oferecemos-lhe um dos gorros que o Raul comprou e um pequeno postal de Natal. Pôs logo o gorro na cabeça, ficou contente, e guardou o postal na carteira, mostrando cuidado e gratidão. Procurámos mais à frente o Sr. V, mas não o encontrámos – no sítio dele apenas alguns cartões.
Continuamos a pé, subimos aquela rua muito inclinada e, para nossa surpresa, encontrámos o Sr. A. Já tem a tal operação marcada, estava, por isso, mais feliz. Perguntou se passaríamos lá no Domingo seguinte avisando que voltaria à sua terra, que não o procurássemos, portanto. Não quis o saco, já estava de barriga cheia, e não quis abrir logo o presente. Despedimo-nos e seguimos.
Quando voltámos à praça já a manifestação tinha desaparecido. Continuámos mas também não encontrámos o Sr. E. A noite aproximava-se do fim, mais rapidamente do que prevíamos. Seguimos então para a última paragem.
Lá encontrámos também poucos amigos. Estavam o Sr. M, e Sr. A, o M e o Sr. A. Perguntaram logo pelas habituais raparigas do grupo que desta vez não apareceram. Talvez por isso o Sr. M tenha feito birra imediata (a falta que a João lhe faz…) e tenha saído sem se despedir de ninguém. Os outros estavam bem dispostos. Depois de perceber de onde e porque vinham os nossos novos amigos, o M rejubilou e não hesitou em mostrar os seus conhecimentos em escutismo, como lhe é tão característico. Apesar de confessar que para ele o Natal «é um dia como os outros» esperamos que aquele momento tenha feito alguma diferença. Ainda levei um puxão de orelhas do Sr. A por me ter esquecido de lhe levar o azeite para a consoada – prometi redimir-me no ano-novo.
Foi pena a ronda ter sido tão curta, os nossos amigos de Cascais não tiveram muita sorte. Ficaram, pelo menos, com uma noção do que fazemos e abriram a porta do regresso para surpresas futuras aos «amigos da rua», agora que já os conhecem. É absolutamente notável que exista ainda alguém que faça algumas centenas de quilómetros em comboio regional, durma num pavilhão dos bombeiros e volte na véspera de Natal. Quando as atenções se voltam normalmente para a família e a preocupação é comprar as últimas prendas, os nossos amigos de Cascais dão este testemunho de despojamento e entrega, ao qual não ficamos indiferentes. Para eles e para todos os que estão a ler, um bom ano, um ano cheio de paz.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Aldeias | Ida à aldeia este sábado (22 Dez), partida às 11:00h

Olá a todos,
amanhã voltamos à aldeia para a visita de Natal e última visita deste ano.

Tal como habitual o local de encontro será em frente à igreja N.ª Sr.ª de Fátima, com partida agendada para as 11h00. Sejam rigorosos com as horas, até porque estamos poucos para tantas visitas e não se esqueçam de levar algo para partilhar ao almoço. Se quiserem levar um gorro de Natal pode ser divertido...

Um abraço natalício a todos,
Jorge

terça-feira, dezembro 18, 2007

FAS no canalUP

"Voluntários na Ronda dos Sem Abrigo"



"Cinco Formas de Ser Solidário"



"Há Recompensa em não ter Recompensa!"


Fonte:
[
http://www.canalup.tv/]

terça-feira, dezembro 11, 2007

Crónica da ronda de 25/11/2007 (6º trajecto)

Partimos os 5 do local do costume e desta vez o carro não estava com o depósito na reserva, o que dimunuiu um pouco a adrenalina inicial a que já nos habituamos . A compensação veio pouco depois...
As músicas de Natal já se fazem ouvir no centro da cidade e contagiados com estas músicas avistamos o Sr.V. com o olhar fixo na pista de gelo que se encontrava à sua frente.
Não foi fácil reconhece-lo porque o seu cabelo e barba tinham crescido imenso. Depois de um pouco de conversa, e de nos contar das dificuldades que tinha para entrar em cafés devido ao seu estado de sujidade, conseguimos convencê-lo a mudar de roupa. Mudou-se ali à nossa frente e ficou como novo, agora já iriam trata-lo de outra forma, segundo ele.
Durante mais ou menos 2 meses tentámos sem sucesso que fosse tomar banho e deixamos-lhe várias vezes roupas que eram constantemente roubadas. Assim, foi com naturalidade que se criou uma enorme alegria no grupo. São acontecimentos assim que nos dão alento para continuar sempre.
Este foi apenas o ínicio da ronda que acabou por nos contagiar a todos.
O SR. A não se encontrava no local do costume, o mais provavel é ter ido à aldeia visitar a família.
O Sr. E também não se encontrava , segundo a Manela anda um pouco desaparecido.
Em Cedofeita estava o Sr. M. – com o mau humor do costume, tem uma necessidade enorme de atenção e fica cheio de ciúmes por falarmos com os outros, o SR. E. – continua dividido entre a rua e a sala de espera do hospital, o Sr. M – trouxe-nos a novidade da possibilidade de trabalhar durante as tardes na construção civil, o SR A – sempre bastante recatado, o Sr. A – também tranquilo como sempre e finalmente a Sr. A.M. também se encotrava bem disposta.
Houve uma pequena distribuição de roupa e voltamos ao lugar de partida.

Segunda à noite, passei por "casa" do E., depois de sair da aula de inglês estava a passar por lá e lembrei-me de ir ver se estava em "casa"! Foi com muita alegria que nos recebeu (eu+Zé), apreciou o nosso gesto e nós também gostamos de conversar com ele. O Zé gostou imenso, admirou bastante a inteligência e perspicácia do E.. Contou-nos que a semana passada esteve a dormir numa pensão ali perto e que tinha estado com a Manela e com a Sabina a conversar, antes tornar àquele local.

Maria João

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Crónica da ronda de 09/12/2007 (Boavista)

Seguindo a linha das rondas anteriores, esta também foi diferente do habitual, isto porque só estava o Rui e eu.

Foi uma ronda desfalcada de voluntários, de sacos e de gente na rua, mas nem por isso desanimante!

Depois de uma oração inicial, feita com todos os elementos, partimos em direcção à casa abandonada do Sr. R, como combinado. Acho que encontrámos a casa,- uma com uam porta entre-aberta e outra fechada. Tocámos, mas a campainha n dava. Chamámos, mas ninguém nos ouviu. Olhamos em redor, e nada do Sr. R. Assim, fomos ao jardim onde ele dormia e onde muitas vezes o vemos, mas também não estava lá.

Esperemos que no próximo Domingo o consigamos encontrar num dos 2 locais..

Assim, descemos para a D. F. Esta estava sozinha desta vez, à espera do Sr. V. para subir para a barraca. Apesar de nos ter recebido um pouco mal (fez um gesto feio qd nos viu no carro pois, como vê mal, pensou que ra gente a meter-se com ela…!?), ficou contente de nos ver. Pediu-nos logo para a ajudarmos a escrever uma carta ao filho + novo, pois na véspera de Natal, não vai poder vê-lo pois tem que fazer exames ao coração. Então, como mãe peocupada não quis deixar de lhe escrever e desejar um BomNatal. Nós também o fizemos, em nome de todos. Uma particularidade nesta acção, foi ver que a D.F. tem mta dificuldade em demonstrar os seus sentimentos. Tvemos que puxar por el para o que o texto não ficasse por um simples "J., a mãe não vai poder ir aí ver-te porque está doente. Beijinhos".

O sítio onde conversamos sempre com ela estava imundo, ela diz que está à espera da Câmara para levarem tudo para o lixo.

Trouxemos, como prometido na semana anterior, uma almofada e assim seguimos para as paragens abaixo. Não vimos, mais uma vez, o Sr. Z., esperemos que esteja numa pensão.

Estivemos com o Sr. G na zona da B.; falámos um bocadinho. Ele, claro, sempre bem, com os seus também habituais versos mórdidos/tórridos! Ficou com 2 camisolas interiores que tínhamos no carro, para a sua mulher. Enquanto conversávamos, apareceu o A. como na semana passada. Desta vez um pouquinho menos desanimado, pois disse que as coisas estavam difíceis. O antigo patrão não lhe quer passar uma declaração de como ele trabalhou para ele, pois este empregou-o de forma ilegal.. Mas vamos ver como rolam as coisas...

Mais à frente cruzamo-nos com o R., rapaz que conhecemos há pouco tempo, mas com quem temos sempre estado. Sempre não tinha ido ao Cat, mas disse que queria entrar para um Centro antes do Natal, centro esse onde ele acha que se entra facilmente, o de Candomil percebemos nós.Vamos ver. Estava bem disposto (speedado), aceitou um pequeno cobertor que também tínhamos ali.

Ali, cruzamo-nos com o T. (aquele rapaz que eu tinha visto no Pdoce, mas que nunca + nos tínhamos cruzado com ele, lembram-se). Lembrava-se de mim, falamos um pouco, pediu-nos roupa e comida. Foi bastante exigente com a ajuda, o que não agrada mutio, mas será um caso a ter atenção. Ele é muito novo!

Ele chamou um amigo,a quem demos saco e uma camisola, mas ficamos sem saber o nome. Ao S., que também por ali estava, demos o saco.

No C., estranhamente não estava ninguém, possivelmente a polícia deve ter passado por lá.

Já passava da meia-noite mas quisemos arriscar a ir ter com o Sr.A. Nem de propósito, vinha ele com as 2 voluntárias e a D.G. a sair do shopping. Estavam contentes. Ficaram com 2 sacos nossos. A D.G. queixou-se apenas de agora, por ser altura do Natal, ter que ficar até + tarde a trabalhar. Como já não tinha autocarro, a L. ofereceu-se para lhe dar boleia.

Com tudo isto, terminámos os 2, falando um pouco de cada caso e seguimso para as nossas casas.

Ps-Não passámos pelo lar, pois não sobrou pão.

Um bjo a todos de boa semana, Ana

a travessia

«Não é preciso fazer o elogio do voluntariado dos hospitais, neste caso do hospital de Santo António, porque tudo o que é impulso para fazer bem não precisa de louvores. Encontra-se paga bastante em se ser necessário. A terra é um lugar de passagem, está muito bem dito. Mas, no entanto, é preciso suportar muita coisa, respirar o ar contaminado e ter habilidade bastante para não sonhar com o que é terrível. O voluntário tem sobretudo que não pensar muito no seu trabalho, não lhe dar nomes eloquentes nem se deixar levar pela Torrente das bonitas frases. A civilização é feita mais de mortos que de vivos, e se queremos associar-nos a ela temos de governar os nossos sentimentos para fazer um pacto com a dor.

As mulheres são mais capazes desse pacto com o sofrimento porque são mais propensas a esquecer. Andam para a frente e não se põem a abanar a cabeça cheia de sabedoria. Não choram quando o caso é de dar conforto para o qual as lágrimas não ajudam nada. Servir um almoço, ajeitar uma almofada, tem mais poesia que as valsas de Strauss. Penso que o lema do voluntariado devia ser este: "O voluntariado não é uma ocupação, é uma travessia na noite onde se inventa o dia seguinte".»

Agustina Bessa-Luís (in “Comunidade e Saúde", Revista da Liga de Amigos do Hospital de Santo António, Junho de 2003)

Crónica da ronda de 02/12/2007 (Boavista)

Mais uma noite diferente do habitual! Desta vez tínhamos a presença de 2 jornalistas da UP- Canal das Faculdades e Politécnicos, que queriam fazer uma reportagem com o nosso grupo, para o dia do Voluntário (5 de Dez).

Assim, depois de uma oração inicial, feita com todos os elementos das diversas rondas, lá partimos para o 1º destino, o Sr. R. Este encontrava-se no jardim de sempre, estava lá para estar connosco, uma vez que no Domingo passado não o vimos na casa abandonada. Agora já combinámos o sítio certo para o apanhar, mas sem que os vizinhos saibam que ele ali vive.

Seguidamente, descemos para a D. F e Sr. V. Com eles, estava o filho da D. F., o Z. Falaram maioritariamente sobre futebol. A conversa acabou por ser feita mais entre eles. A D. F. estava visivelmente contente com esta visita, quase nem nos ligou! Entregámos o saco e prometemos trazer na próxima semana almofadas e assim seguimos para a paragem mais abaixo. Pelo meio não vimos o Sr. Z. (onde andará ele?...)

Na zona da B, passamos 1º pelo Lar para deixar o pão. Estivemos com o Sr. G que disse logo que sentiu a nossa falta na vez anterior (deve ter havido um desencontro nosso com ele porque nós passámos por lá), sem mezinhas à mistura desta vez, seguimos em frente. Ainda à conversa com o Sr. G, apareceu o A. que nos disse, com ar feliz, que estava a tentar o repatriamento, que lá para o fim do mês já devia ter resolvido as questões.

Mais à frente cruzamo-nos com o Ricardo, rapaz que conhecemos há pouco tempo. Demos-lhe um saco, voltamos a falar na metadona, ele disse que ia na 2ªf lá. Entretanto já sabemos que não foi.

Na zona do C. passamos pelo JP que dormia, deixamos-lhe um saco. Um pouco mais abaixo estava o JC que nos falou decomo para ele o Natal é triste. Enquanto o Jorge e eu falávamos com ele, a Joana e o Rui foram ter com o P. que nos tinha enviado uam msg a pedir para esperarmos por ele e guardarmos um saco.

Estava com bom aspecto. Disse-nos só que a P. não tinha vindo pois estava na cama, cheia de dores nos dentes. Contou-nos que talvez uma pessoa amiga lhe oferecesse o tratasmento à boca, o que seria óptimo.

Como tivemos sobras de sacos, fomos deixá-los ao Aleixo.

Assim terminámos a ronda os 4, a lembrar quem tínhamos visto.

Os repórteres acompanharam-nos ao longo de praticamente toda a ronda, mas sem filmarem os nosso amigos da rua. Cada um de nós deu uma entrevista, expressando a sua opinião e análise. Entretanto já sairam os resultados e ficou muito bom! Parabéns ao canal UP.

Um bjinho para todos de boa semana,

Ana Barbosa de Carvalho.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Crónica da ronda de 18/11/2007 (Boavista)

Esta noite foi diferente. Para além da nossa equipa, levámos connosco 2 voluntárias das famílias, a L. e H., que vão acompanhar mais de perto o Sr. A.. Expectantes em saber qual a sua receptividade em relação a elas, lá partimos. Não muito surpreendentemente, ele gostou logo! Raparigas muito bonitas e simpáticas, segundo ele depois nos confidenciou…
Enquanto os deixámos a conhecerem-se melhor, nós seguimos para o Sr. R. Lá estava no seu jardim, com caixotes e jornal por baixo de si e 2/3 casacos a cobri-lo. Bem disposto, mas ainda ali. Questionámos o porque de ainda não estar na pensão que nos tinha falado, já que até recebe o rendimento mínimo e tem sempre onde comer. Ele disse-nos que agora vivia numa casa abandonada e, por isso, estava bem servido. Só tinha ficado aquela noite ali, para estar connosco. Lá ficámos com a nova direcção para podermos começar a visitá-lo por lá.
Daqui, seguimos para a D. F. e Sr. V. Deu-nos um certo espanto vê-los juntinhos deitados no colchão. Com o seu amigo Leão e o outro cão ao lado, conversámos um pouco. Sempre resmungona, com alguma coisa para pedinchar. Referimos um pouco essa postura, aconselhamo-la a mudar um bocadinho; acho que ouviu. Contou-nos que tinha ido ver o filho à prisão (Fica sempre com um enorme sorriso quando nos diz que o viu!..) e para a semana já devia ir dormir à barraca.
Descemos a rua e não vimos o Sr. Z., por isso seguimos para a B. Aqui não encontrámos, estranhamente, o Sr. G, mas conhecemos o A. E R., 2 rapazes novos, de 30 anos, há muito pouco tempo na rua. Falámos-lhes na hipótese da metadona, um deles pareceu-nos receptivo, vamos ver… Pelo menos agora sabem que podem contam connosco todos os Domingos. Contaram-nos que o R., que já há algum tempo estava desaparecido, foi preso por uma multa que não pagou.
Continuando a noite, na zona do C., para alem do J.C. e da I,. não vimos mais ninguém. Foi bom falar com o J.C.. Ele simpático, abriu-se um pouco connosco, mas muito queixoso da I. pois acha que ela é mal agradecida. Cá para nós aquilo é amor… À I. demos apenas o saco, pois ela quis seguir logo.
No fim da noite ainda espreitámos à procura do Sr. A. para termos o seu feedback relativamente à visita da L. e H. Ele estava satisfeito, com grande sorriso a falar delas.
Contentes, terminámos a noite com uma oração final, rezando por quem vimos e não vimos.

Um bjo a todos, Ana

terça-feira, dezembro 04, 2007

Aldeias| Ida à aldeia este sábado (8 Dez), 10:30h

Olá aos Aldeões,

na ausência do Rui faço eu a convocatória para este próximo sábado, em que regressamos às aldeias. Tal como habitual o local de encontro será em frente à igreja N.ª Sr.ª de Fátima, com partida agendada para as 10h30.
Peço a todos os aldeões a confirmação da presença/ausência na próxima ida e, também nas restantes deste mês (vejam os vossos e-mails), não se esqueçam de levar algo para partilhar ao almoço. No sábado organizaremos as próximas idas.
No dia 16 de tarde teremos festa de Natal em Ansiães.
No ano passado o cantar das janeiras foi um espectáculo :)
Beijos e abraços a todos,
Jorge

sexta-feira, novembro 30, 2007

Crónica da ronda de 25.11.2007 (Boavista )

Estava frio, muito frio… agora sim faz sentido ir como um “pneu michelin cheia de camisolas, cachecol, luvas, gorro e botas” como dizia a Beni.

Hoje íamos ver o Sr.R a um sítio novo. Procuramos e nada… resolvemos voltar ao sítio do costume mas ele também não estava. Esperamos que ele esteja bem no seu novo “lar”.

Fomos então ter com a D.F que nos esperava com o cão Leão e que nos contou que a sua barraca está quase pronta e que o mais rápido possível irá levar as coisas melhores para lá e o resto a câmara leva para o lixo. Será que ela saberá separar? Aquele sítio está a tornar-se um perigo para a saúde pública e ainda por cima com os cães a aumentarem todos os meses.

Depois de deixarmos o pão que sobrou no Lar fomos ter com o Sr. G onde a Ana nos esperava para nos acompanhar no resto da ronda. Depois de conversarmos um pouco continuamos a ronda e ao parar para entregar um saco ao S. fizemos uma nova abordagem a um “flutuante” que infelizmente já não é flutuante na droga mas um consumidor há duas boas dezenas de anos.

Seguimos para o local onde normalmente encontramos mais gente mas o JP dormia e não estava mais ninguém a arrumar. Esperamos pelo Po+Pa mas só tivemos com o Po. É triste ver que eles estiveram quase a passar para o lado bom e que depois de tanto esforço nosso e deles tudo voltou ao que era ou talvez a pior. Estamos prontos para voltar a tentar se for essa a vontade deles.

Como ainda tínhamos 5 sacos fizemos uma visita relâmpago ao Aleixo onde num abrir e fechar de olhos despachamos tudo e se mais tivéssemos seria bem-vindo. É um cenário de degradação em cada ser que por ali passa.

Já tarde fomos ter com a D.G e o Sr.A que aguardavam as voluntárias das famílias que este Domingo falharam. A primeira já estava a ir embora porque o autocarro não espera e ela bem que esperou uma boa hora por nós. O Sr. A estava junto a uma zona cheia de sem-abrigos que não faz parte do nosso trajecto e foi com pena que tivemos que dizer que já não tínhamos mais nenhum saco. Apenas sobrou meio copo de chá e um pão simples para cada um.

A ronda desta vez foi com o carro cheio e a equipa cada vez mais unida e no seu melhor de humor ;)

Até para a semana…

Joana Gomes

segunda-feira, novembro 26, 2007

Formações FASrondas

Oncologia
04/12/07 (21:30)
Dr. Machado Lopes (Director clínico do IPO Porto)
Alcoologia
05/12/07 (21.30)
Dr. Jorge Topa (Técnico Superior de serviço social no Centro Regional de Alcoologia do Norte)

[salão grande do CREU | gratuitas | abertas a todos os interessados]

segunda-feira, novembro 19, 2007

Crónica da ronda de 11/11/2007 (Boavista)

Ronda de 11/11, 1ª paragem, Marquês. O Sr. R estava a dormir no sítio do costume, ao relento, por cima de uns jornais. Desta vez ficámos mais impressionados porque a noite estava muito fria. Tentamos mais uma vez que ele compreendesse que o Inverno está a começar e não faz sentido que uma pessoa que recebe o rendimento mínimo fique a dormir à chuva. Disse-nos que temos razão, mas que o mais provável é que continue tudo na mesma. O Sr. R, apesar de ter alguns problemas com o álcool, mantém uma lucidez admirável, pelo que o nosso trabalho terá que continuar.

Seguimos para a D. F, que nos recebeu debaixo dos cobertores, com uma valente gripe. Claro que não tinha ido ao médico nem se estava a medicar. Decidimos que vamos começar a levar Antipiréticos para as rondas, para conseguirmos dar uma ajuda nestes casos. A paragem seguinte foi na Boavista, onde assistimos a uma briga muito chata entre o Sr. G e o X, por causa de um lugar de estacionamento. Tentámos acalmar a situação, mas eles já andam pegados há muito tempo e não foi fácil. Encontrámos nessa zona vários sem-abrigo que não vemos regularmente, o que deu para aprofundar ligeiramente os contactos. O objectivo é conseguir fazer um acompanhamento semanal, igual ao que fazemos nos outros casos.

Partimos para o Bom-Sucesso, onde encontrámos o P, que nos surpreendeu com o seu bom aspecto. O mais certo é que a família o esteja a ajudar. Terminámos a ronda a falar com o Sr. A e uma amiga, cujos casos vão começar a ser acompanhados pela equipa das Famílias.

Boa semana

Sérgio Costa

quarta-feira, novembro 07, 2007

Ida à Aldeia (10/11/2007)

Olá companheiros de luta!

Sábado voltamos a "atacar" por terras do Marão. É verdade, este fim-de-semana regressamos às aldeias!

O local de encontro será em frente à igreja N.ª S.ª de Fátima. A hora de partida: 11h00.

Confirmem, p.f., a presença/ausência e não se esqueçam de levar algo para partilhar ao almoço.

Beijos e abraços,

Rui

Crónica da ronda de 04/11/2007 (Boavista)

Foi uma ronda diferente das rondas habituais. Primeiro porque não pode estar no arranque em grupo, e segundo porque o Rui me foi buscar a Leça da Palmeira! Obrigado Rui, és o maior.
Partimos os dois, como a noite ia adiantada tínhamos perdido o horário de encontro do F, que ainda não conhecemos, mas que a Ana nos indicou. Começamos o percurso ao contrário, com o Sr. G, que está bem, contando-nos animadamente, como é tão seu, as suas aventuras sobre segurança. Pela primeira vez não nos deu nenhuma mésinha!
Não estivemos nem com o A. (apesar de o termos visto), nem com o I. Subimos e não vimos o R., ele tem temporadas em que desaparece. Em "Nazaré", terra onde o JC trabalha, ele não estava, mas estavam PeP. A P. deu-nos a óptima noticia de que a PeV já estão a dormir numa pensão! Vamos tentar saber onde. Ela pareceu-me estar a ultrapassar a vergonha dela, e falou de ir ao CAT, esperemos que assim seja, mas não acreditamos muito.
Encontramos o Sr. A em frente aos ecrãs de TV, com a sua amiga G., que nos contou as suas desventuras e me fez pensar quantos milhares de pessoas ando no limiar de vir para rua, a ganhar ordenados ilegais (porque são abaixo do mínimo), que tentam ter 2ºs empregos e biscates, pedindo a Deus para nunca ficarem doentes, senão tudo pode desaparecer num ápice, e a rua e a prostituição tornarem-se as únicas saídas de um beco que a nossa sociedade afluente nunca viu. Ficamos de lhe levar na próxima semana moradas que ajudem com comida - Caritas e Coração da Cidade.
O Sr. A estava bem disposto, orgulhoso dos seus filhos estarem "encaminhados" e a precisar de arranjar um fogão.
Fomos para cima, no jardim não estava lá o R., era tão bom que o rendimento tivesse ido para a boa opção.... mas não temos muitas esperanças que assim seja, Ele queira.
A D.F e o S. V dormiam ferrados quando lá chegamos e assim os deixamos.
Acabamos a ronda em frente a minha casa, agradecendo o fim de semana e a pedir pelas pessoas que visitamos e que fazem parte da nossa vida.
Vimos o Sr. Z ontem e estava bem, de chapéu, tinha acabado de tomar um banho quente e ter roupa nova.
Ontem reunimos a "Equipa" para definir metas e ajudas pelas pessoas que acompanhamos, de forma a estarmos mais atentos, diponíveis e a ser mais consequentes.

Jorge

terça-feira, novembro 06, 2007

Crónica da ronda de 28/10/2007 (6º trajecto)

A ronda começou duma forma original!! Umas fotografias junto do “Jesus Cristo Superstar” marcou o ínicio duma ronda bastante descontraída.

O Senhor V. não se encontrava no local do costume. Procurámos pelas redondezas mas não o conseguimos encontrar. Prosseguimos a ronda ao encontro do Sr. A. que nos recebeu com o habitual sorriso a que nos tem acostumado. Contou-nos duns divertidos dias passados em casa duma amiga e que continua à espera da operação no hospital.

Seguimos ao encontro do nosso grupo habitual de Cedofeita mas, felizmente, encontrámos o Sr. V. pelo caminho. Para nós foi uma felicidade enorme encontrá-lo pois já nos habituámos à sua alegria e agora que estamos a estreitar a nossa relação estes nossos encontros tornam-se cada vez mais importantes. Voltámos a falar-lhe do quanto seria importante a sua recuperação, o que de resto vai cada vez mais ao encontro da sua vontade crescente de recuperar.

Após esta pausa, seguimos viagem até Cedofeita. Estavam todos muito bem dispostos a contar os vários acontecimentos da semana. Somente o Sr. M. estava mais reservado, tendo recebido o seu saquinho e ido dormir.

O Sr. E. anda a tratar da reforma visto que já está saturado de viver na rua e como a idade já começa a dar para tirar a reforma, vai tentar aproveitar. O M. anda no seu trabalho de entrega de jornais e ainda em Novembro vai fazer um torneio de boxe. O Sr. A encontrava-se um pouco entristecido devido ao falecimento duma amiga na semana anterior e como de costume estava um pouco reservado.

A ronda terminou com uma visita ao Sr. E. que estava quase a dormir devido à hora já tardia. Revelou-nos que se andava a afastar do grupo de Santa Catarina e que se sentia melhor porque andava a beber menos. Contou-nos ainda que não via a D. à três dias e que portanto já estavam separados.

Maria João

quinta-feira, outubro 25, 2007

Crónica da ronda de 21/10/2007 (6º trajecto)

A noite de domingo passado começou mais uma vez com a preparação dos sacos e com a oração. Partimos para a nossa ronda eu, o João e a Maria Antónia. Estava frio mas estávamos os três cheios de vontade de começar a nossa ronda...

Comecámos por visitar V.. Quando chegámos vimos que o V. estava a dormir, mas arrebitou mal chegámos à beira dele. Começámos a falar com ele, tendo-nos dito como lhe tentaram roubar o cobertor há uns dias atrás, mas como ele resistiu e não se deixou intimidar. Logo a seguir chegou um senhor que o estava a tentar ajudar a ser internado, tendo contactado os filhos, que por sua vez não lhe ligavam nenhuma... por achar que ele é um caso sem remédio. Felizmente nós não pensamos assim e estamos a tentar ajudá-lo! O senhor lá continuou a falar, e nós quase sem abrir a boca, já fartos da conversa, pois o homem era muiiiiiiiito chato. Ficámos a saber que o V. tinha tido um grande desgosto de amor... seguimos a viagem.

Seguimos para o local habitual do V.P., que era suposto ter sido internado mas que em vez disso tinha sido preso, isto porque no lugar dele encontrámos a semana passada outro sem abrigo, o L, que o conhecia. Como não estava lá, deixámos só o saco. Um dia destes a ver se vamos visitar o V.P. à prisão para que ele não se sinta tão sozinho e saiba que alguém se preocupa com ele.

Na nossa próxima paragem vimos o A., que estava entertido a posicionar os seus cartões para dormir, com o qual falámos uns minutos. Disse-nos que tinha ido à sua aldeia visitar familiares, por isso não o tínhamos encontrado a semana anterior. Ficou todo contente com a comida que lhe levámos! À beira dele estava a X., que vimos pela primeira vez, e que estava a dormir na rua pois tinha vindo ao Porto ver o irmão que estava no hospital, e tinha ficado na rua pois não tinha dinheiro para a pensão. Ficou muito agradecida pela comida que lhe levámos. Felizmente era apenas uma situação transitória, pois tem casa e família na sua terra!

Na última paragem da noite vimos a multidão do costume à nossa espera. O João trouxe umas sapatilhas quase novas ao M., que já as andava a pedir há muito tempo e ficou com os olhos a brilhar, pois lhe serviam perfeitamente e as adorou. O E. contou-nos umas histórias de quando praticava boxe, quando o M.C., que pratica boxe, nos disse que vai proximamente fazer um combate e que o cartaz até já está afixado na batalha! Assegurou-nos porém que aquilo é só a brincar, pois ele não faz mal a ninguém.

Terminámos assim a nossa ronda. Eu com muito custo lá tive de levar dois sacos que sobraram para casa...e como tal tive de comer os bolos todos para não se estragarem...

Uma boa semana para todos,

Raul

Crónica do IPO (20/10/2007)

No Sábado, dia 20 de Outubro, fui pela 1ª vez ao IPO. Inicialmente senti-me um pouco mal porque, de repente, vi na sala de espera alguns meninos pequenos com máquinas e com um visual diferente ao que estou habituada a ver no meu dia-a-dia. Assim, dirigi-me para a sala de brinquedos e fiz um exercício de reflexão e interiorização que me ajudou a dar a volta por cima e a observar todo aquele “mundo” com outros olhos.

Posto isto, começaram a chegar, um a um, à sala, os meninos e progressivamente começou a haver interacção entre todos os voluntários e os meninos.

A primeira actividade que realizámos foi um jogo de cartas (o peixinho). Neste jogo, apenas participaram dois meninos: o M. e a V. Inicialmente, a comunicação com a V. não foi muito fácil, tendo por isso sido necessário haver sempre uma iniciativa da parte dos voluntários para tentar ouvir uma palavra daquela menina.

Passado um bocadinho, chegou mais um menino, o G., que não quis jogar connosco e preferiu jogar computador. Quando o jogo acabou, pintámos e fomos também brincar aos restaurantes com o G. Este menino mexeu muito comigo pelo facto de, apesar de estar nas circunstâncias em que estava, ter uma alegria extraordinária e uma força única. É uma lição de vida ver meninos tão pequeninos com tanta força!

Mais tarde regressámos à pintura...Entretanto veio uma enfermeira à sala pedir um voluntário para ir tomar conta de um menino que estava em isolamento, o D., com 14 meses.

Depois de tudo isto chegaram as 17h00 e o nosso periodo mágico naquele mundo acabou. Sem dúvida um dia diferente e uma experiência de muito enriquecimento que nos prende e nos faz ansear pela próxima ida ao IPO.

Rita Padez

quarta-feira, outubro 24, 2007

Ida à Aldeia (27/10/2007)

Olá,

Venho lembrar a todos que este fim de semana vamos às Aldeias. Esta será uma ida especial, onde teremos o acolhimento aos novos voluntários: a Cristina Martins, o João Aires Pereira, o Diogo Costa,a Cristina Aires, a Marta Rego e a Cláudia Gonçalves, que desde ja convido a estarem presentes.

Mais uma vez apelo a todos para a importancia de respeitarem o horário de partida, como tem acontecido neste novo ano.

O local de encontro será em frente à igreja N.ª S.ª de Fátima. A horada partida é 10h30.

Confirmem, p.f., a presença/ausência no próximo sábado (contactarei osnovos voluntários para saber da sua disponibilidade para esta ida) e não se esqueçam de levar algo para partilhar ao almoço.

Beijos e abraços,

Rui

Crónica da ronda de 21/10/2007 (Batalha)

“Anda lá…! Vem fazer a ronda…!”

Foi assim que a noite começou.
Depois da oração meteram os sacos na mala do carro e foram todos nas suas diferentes direcções.
No nosso carro iam 3 rondistas e um infiltrado (eu). Pelo caminho decidiu-se mudar de planos e fomos visitar primeiro o Sr. E e a D. D.
Lá no fundo já se encontravam a dormir, mas rapidamente se levantaram para nos receber. Muito bem dispostos fomos conversando sobre vários assuntos, uns mais sérios outros menos. Novas possibilidades de sair novamente da rua estavam a surgir, o que traz uma enorme esperança a toda a gente.
Depois de uma longa conversa o tempo já apertava e demos continuação à ronda. A nossa próxima paragem foi ao encontro do Sr. Z. Mais um a dormir profundamente debaixo dos cobertores, chamamos por ele e acordou. Custou a meter conversa com tanto sono mas lá conseguimos ouvir algumas histórias e desabafos.
De seguida descemos um pouco a rua e lá nos encontramos com o Sr. X. sempre bem disposto e alegre por nos ver. Teve direito a uma nova manta, a outra já se encontrava bem estragada. Deixámos o Sr. X a comer sossegado e fomos procurar o F. No sítio dele encontrava-se a dormir com um companheiro de ‘quarto’. Muito cansado (pois já era bem tarde) conversámos um pouco com o F e notou-se alguma motivação para tentar melhorar a sua situação.
Próxima paragem: Sr D. muito sereno como sempre, embora com alguma tosse preocupante mas quem estava menos preocupado era ele. Estava pouco conversador mas ainda tinha forças para escolher uma roupa que lhe estava a fazer falta.
De volta ao carro e fomos ter com o Sr J. Recebeu-nos no seu canto, canto esse que ele tem estado a construir com muita dedicação. Ficámos muito orgulhosos do que vimos.
Já era hora de terminar a ronda e fomos ao Aleixo entregar os últimos sacos, mas como já se fazia tarde a coisa não correu lá muito bem. De volta ao Creu decidiu-se fazer uma ronda extra na segunda-feira para despachar o que faltava.
O infiltrado era eu, e para além de já ter ouvido muitas histórias sobre as rondas fiquei impressionado. É um mundo diferente com pessoas diferentes. Desejo a todos os rondistas um enorme força para ajudar estas pessoas, pessoas estas que no fundo não se trata apenas de não terem um abrigo, é mais do que isso, é falta de um amigo, uma família, um carinho, uma conversa e bem-estar.
No fim da noite agradeço imenso a oportunidade.

(e um obrigado ao João e São pela ronda extra de segunda-feira, onde foram distribuídos os imensos sacos que sobraram)


Luís Bateira

terça-feira, outubro 23, 2007

Crónica da ronda de 14/10/2007 (Boavista)

Mais uma noite, desta vez com a equipa reduzida a metade; estava eu, o Rui e a Benedita. Começámos a ronda pelo Sr.R que já estava deitado no meio de tanto verde mas fez questão de se levantar para falar connosco. Ficámos a saber um pouco mais sobre a sua família. Aos poucos estamos cada vez mais próximos.

De seguida fomos à D.F. Já sabíamos que ela estava em Lisboa mas queríamos deixar o saco para que ela soubesse que tínhamos passado por lá e… ainda bem que fomos porque conhecemos o seu filho Z que estava ali de passagem durante aquela semana. Era o único membro da família Q que nos faltava conhecerJ

Não encontramos o Sr.Z e resolvemos ir levar o pão ao lar para que os velhinhos pudessem ter pão logo para o pequeno-almoço e não apenas no lanche. Infelizmente ninguém nos atendeu (para a semana voltamos mas com aviso prévio) e fomos então ter com o homem das mesinhas, o Sr.G. Estava bem disposto e como sempre…mais uma receita! Estivemos também com o A cuja situação ainda não está regularizada. Vimos também o R e um amigo que disse que já tinha ouvido falar muitas vezes de nós e que ficava contente por nos conhecer. Disseram que iam ao CAT na próxima semana…esperamos que sim!

No último ponto da cidade encontrámos a M que ficou eufórica ao ver a Benedita que a tinha levado ao CAT há uns meses. Ela está bem num quarto em Matosinhos e marcou logo um encontro connosco para irmos conhecer o quarto dela (já lá fomos). Vimos o P+P que infelizmente voltaram definitivamente para o vício, apesar de nos dizerem que querem voltar para a metadona para conseguirem as filhas (voltou tudo ao início e eles sabem bem isso). Estava lá também a P+V que chateados nos disseram que por alguma razão tínhamos deixado de lhes dar 2sacos (birra). Tentámos explicar-lhes que às vezes não temos sacos suficientes e que por isso pedimos aos casais que os partilhem. Além disso damos aquilo que temos e podemos porque os sacos são feitos por nós. Quando se junta muita gente já sabemos…há sempre chatice.

Esta noite o nosso “amigo” Sr.A não estava lá. Fizemos a partilha final e fomos para casa com o coração cheio com tantas vidas e histórias que se cruzaram connosco.

Joana Gomes

quinta-feira, outubro 11, 2007

Ida à Aldeia (13/10/2007)

Olá,

Só para lembrar que este fim de semana vamos às Aldeias. Teremos as visitas como principal tarefa, sendo desejavel a comparência de todos.

Mais uma vez se pede que respeitam os horários de partida, como aconteceu há duas semanas atrás.

O local de encontro será em frente à igreja N.ª S.ª de Fátima. A horada partida é 11h00.

Confirmem a presença/ausência no próximo sábado e não se esqueçam de levar algo para partilhar ao almoço.

Beijos e abraços,

Rui

terça-feira, outubro 09, 2007

Crónica da ronda de 7/10/2007 (Boavista)

Na partida estavamos muitos reunidos, com convidados e em amizade. Foi um retrato que me marcou ao fim destes mais de 3 anos a fazer rondas, sempre a partir do mesmo local, sempre o mesmo espírito.
Partimos a Benedita, o Rui, a Ana e eu ao encontro do Sr. R, lá estava no relvado a dormir sobre a terra, estava bom e a pensar num futuro, de um quarto a 18 contos/mês (a este preço longe do Porto) e um passe da CP para lá chegar e no seu rendimento mínimo que poderia ser posto numa transformação de vida. Num quarto com porta em vez do jardim, numa cama quente, em vez da terra fria e húmida e numa persiana, em vez do candeiro sempre amarelo, sem medos, sem sobressaltos e noites sem dormir. Deixamos-lhe esperança e tentamos com o coração e a razão levá-lo a para lá ir, pois lá também o visitaremos.
Em seguida a D. F, com a sua habitual rabugice, consegui adicionar mais uma frase inesquecível ao rol de guardamos:
"Eles que me chateiem, eu vou a Lisboa, apresento queixa e tiro-os do poder!" à qual se juntou o já conhecida "eles têm a informação toda, eu dei-lhes os nomes do cães e os nossos, por isso é só esperar pela casa!". Mais uma vez tentamos que ela melhore o estado de arrumação do estaminé pois qualquer dia vai ser motivo de problemas... O dragão aguardava a sua festinha da noite dada pela sua princesa... O Sr. V não estava por lá.
Encontramos no multibanco o Sr. Z, já não o víamos há muito, estava bom, os MDM passaram por lá a dar-lhe uma ajuda com as unhas, falou-nos da dificuldade de comer sem dentadura, que outros têm. "Se houvessse um quarto a esse preço [90€] eu ia!"
Em seguida recebemos mais uma mesinha no "nosso curandeiro": "3 banhos de água do mar e um de jasmim, mas sem tomar quaklquer outro banho! e isso passa tudo". Falou-nos da horas abertas, aquelas em que os vivos e os mortos se juntam para atazanar uma pessoa, são entre as 3h e as 4h e das 14 às 15h... Estava bom, apesar desta semana não ter recebido comida na instituição que todas as semanas o ajuda. A mulher duvidou dele por chegar a casa sem nada. O sorriso dele e as conversas cada vez mais soltas e prolongadas mostram uma relação que existe.
Vimos a correr o R, que ia em trânsito e que pela 6ª ou 7ª vez marcou uma ida ao CAT, tem estado a dormir numa casa, numa cama!! a servir de guarda.
Subimos e fomos saber da P, mas ela não estava lá (agora arranjou um quarto, será que ainda o tem?). Encontramos um rapaz novo, que recaiu há pouco e não sabe como voltar a endireitar a vida, demos-lhe o folheto, pode ser que nele esteja a resposta. Desejou que já não o encontrassemos na próxima semana. Aqui está um desejo genuíno e ao mesmo tempo paradoxal, não queremos ver as pessoas na rua e quando não as vemos ficamos preocupados com elas, onde andarão? Às vezes não acontece assim, sabemos onde estão e ficamos felizes por não as vermos.
A polícia estava por lá, como tem acontecido nos últimos tempos, e por isso não encontramos mais ninguém, excepto o nosso sr. A, que estava contente, os filhos parecem cada vez mais "encarreirar" na faculdade e em formação/trabalho.
Terminamos tarde, com a partilha de mais uma noite ao encontro das pessoas que a rua prende.

Jorge

Vídeo de apresentação



Feito para a noite de arranque do CREU, Outubro de 2007.

quarta-feira, outubro 03, 2007

Crónica da ronda de 30/09/2007 (Areosa)

Contagiados pelo ambiente de festa do aniversário do Pedro Rui,( a propósito o Pedro fez anos, para quem não deu os parabéns =)) lá partimos mais uma ronda, com o Senhor Z. sempre fiel na sua companhia e sem a nossa Maria que tanta saudade nos deixa. Mas sabes Maria como o Principezinho diz “é como a côr do trigo” , em cada ronda nos havemos de lembrar de ti, porque foi contigo que fomos construindo o que somos para eles e entre nós.

Chegamos a casa da S. onde a encontramos a terminar o jantar com o Senhor A.
A conversa durou, com direito a cafezinho, “manicura” e tudo. Tem andado em baixo com esta zanga entre ela e a I. mas esta semana já foi ao Tai Chi e quando a deixamos entre beijinhos e abraços já estava toda sorridente.
É difícil explicar esta intimidade que se cria com as pessoas, tanto com as que vamos encontrando na rua como com as que partem connosco todos os domingos. Este domingo dei por mim a agradecer muito a Jesus este dom que temos de nos relacionarmos de nos darmos a conhecer, de acolhermos o outro, enfim o Amor.

Já de saída ainda tivemos tempo de bater na porta da A. que nos falou da sua semana, da correria que é a sua vida e das suas preocupações. É uma mulher de muita energia, com uma história muito sofrida. Sem dar conta é para mim um grande exemplo de como o sofrimento não é o oposto da alegria, a tristeza sim, e ter noção disto liberta-nos imenso porque nos permite, mesmo nos momentos mais difíceis não perder a alegria profunda.

Deixámos o Sr.Z à porta de casa com o abraço da praxe e com desejos de uma noite bem passada e longa, que o Sr.Z acorda por norma muito cedo com umas dores de estômago que tem.

Já no prédio distribuímos o leite quentinho que ajuda a uns minutinhos de conversa com os mais fugidios. O Sr.A, esse não precisa de leite para puxar a conversa, acho que por ele ficávamos ali a noite toda na “amena cavaqueira”, entre viagens, livros e religião vai-nos falando de si, da sua descoberta de Deus. Está quase a festejar o seu aniversário também, combinamos uma ida à Missa , vamos lá ver se aparece =)

Partimos para mais um “spot” , a I. que encontramos a passear toda animada. A conversa foi mesmo boa, a tocar pontos importantes da vida dela, mas com uma suavidade muito grande de quem se preocupa e gosta muito. Ultimamente tenho-a sentido mais doce e terna e sabe bem. Acho que estamos a chegar cada noite mais perto.

Terminamos com um passeio mesmo agradável, desde o colchão do Sr.M ao jardim do Sr.D e do J. O Sr.M já está melhor da perna, mas não foi as urgências. A nossa missão actual com ele é mesmo essa, a de o convencer a ir ao médico tratar o joelho.

E foi assim que passou a correr mais uma noite de festa cheia de saudade.

Dedico esta crónica e mesmo a noite de domingo à Maria, pelo exemplo de responsabilidade e delicadeza com que nos tocou, mesmo como uma bailarina…

Ana Sampaio

terça-feira, outubro 02, 2007

Noite de arranque do CREU

[noite de apresentação de todas actividades do CREU para o próximo ano]

{Inclui novidades do FAS rondas}

5ª feira
4/Outubro
21:15

Crónica da ronda de 23/09/2007 (Areosa)

Como sempre, juntamo-nos em frente à Igreja para preparar os sacos. Estava frio, mas logo aquecemos todos juntos. No final da oração rezou-se pela Maria, pela sua ida para Londres. Depois, partimos com o Sr. Z. em direcção às casas da D. A. e da S. Como a D. A. não estava em casa estivemos mais tempo em casa da S. Para não quebrar a regra, pintaram-se-lhe as unhas e conversou-se sobre a semana que passou. Estava previsto termos jantado na 4.ª feira com a S. mas não foi possível. Fica para outra altura. Também parece que a S. não tem passado muito bem de saúde, pois tem uma faringite há já algum tempo. Por outro lado, parece que a mágoa em relação à D. A. se mantém. Queríamos tanto que as duas se entendessem…


Deixámos o Sr. Z. à porta de casa com o já habitual abraço de grupo e partimos para o prédio. Demos café, conversámos um bocadinho, entregámos os sacos e ficámos sozinhos com o Sr. A como sempre. Felizmente, parece que já tem casa e está a organizar-se para recomeçar a sua vida, particularmente a afectiva pois sonha em ter um filho… É difícil deixá-lo, gosta muito de conversar …


Seguimos em direcção à I., que mais uma vez não cortou o cabelo mas, com toda a convicção, prometeu ser esta semana… Vamos ver… Quando a Maria lhe disse que ía para Londres, a I. chorou como uma criança. Foi um abraço inesquecível!


O Sr. M. continua com dores na perna e prometeu que iria ao Hospital logo de manhã. É preocupante! De resto, estava bem disposto como é habitual. Embora não tenha chorado, ficou tão emocionado com a ida da Capitã Maria para Londres que lhe bateu continência!

Entretanto, era hora de descansar…

Um beijinho e boa semana,
Marta

Crónica da ronda de 30/09/2007 (6º trajecto)

Na noite deste Domingo já conseguimos encontrar o Sr. V. Dormia profundamente, mas, no seu habitual bom acordar, conversou e até riu connosco. Mais sério recordou a família, a morte do pai, os irmãos que ainda tem e de quem gosta muito. Demos-lhe cigarros para que não apanhasse do chão beatas mal aproveitadas. Deixámos-lhe um saco com roupa e calçado para que se trocasse no banho prometido para o dia seguinte.
Julgamos ter visto o VP sentado perto do seu sítio. Quando voltámos atrás já não estava ninguém, mas havia cobertores no sítio dele...
Naquela rua inclinada estava ainda o Sr A. Voltou a dizer-nos que esperava uma notificação para a consulta no hospital. Como deixara a morada de uma loja de ali perto, não podia ir para St. Tirso, pois a qualquer momento o podiam chamar...
Ao lado estava um senhor que eu conhecera em tempos. Queixou-se de não ter nada para pôr no chão, debaixo do corpo. Não pudemos ajudá-lo com mais que umas camisolas que traziamos.
Não encontrámos o Sr E nem o Sr F. Deixámos os sacos e a roupa e seguimos.
Em Cedofeita estavam o Sr. E, o Sr M, o M, e Sr. A e a AM. Há excepção do Sr M, que não se deu por satisfeito com apenas um cobertor da Caritas, todos adoraram a roupa que trouxemos (obrigado, Joana, pelo teu saco, foi muito útil). A AM elogiou os lanches da semana passada - quem não se lembra de como fumegavam ainda quando os pusémos nos sacos? No fim ainda arrancámos uns sorrisos ao Sr M, uma vitória já "nos descontos".
Voltámos a não encontrar o A. Vamos ver se com a chuva ele aparece por ali mais cedo, ou se foi mesmo para outro sítio.
E assim terminava a última noite de Setembro. Os encontros, os desencontros, a inquietação, as dúvidas, as dádivas, tudo isso continua.

sexta-feira, setembro 28, 2007

Crónica da ronda de 23/09/2007 (Batalha)

Eu Sabina e a Inês lá partimos para mais uma noite de visitas. Estivemos com o nosso mais recente SA, o Sr J que, tal como tem sido até aqui, se manteve poupado nas palavras. Aparentemente gosta de nos receber e lá vai reclamando das horas das visitas dos outros grupos. A polícia pelo que parece visita-o muitas vezes mas tudo sem problemas segundo nos conta. Ainda se encontra indeciso se está ou não pronto para sair da rua, por isso a seu tempo aprofundaremos o assunto! O seu belo sorriso fica marcado no pensamento e com esta bela imagem nos despedimos até um próximo domingo.

O Sr D estava a dormir profundo, foi impossível acordá-lo, seguimos para o Sr F. Estava surpreendentemente sóbrio e conversador. Encontramos neste local um morador da zona que é seu amigo e nos ajudou a perceber algumas coisas. Confirmou os seus ataques de esquizofrenia e também referiu o seu bom coração e educação que tantas vezes comentamos. O Sr F teve ainda a oportunidade de dar bons conselhos à Sabina para cuidar bem do pé! Sempre cuidadoso com as suas amigas. :)

Visitamos e o SR J que lá deu dois dedos de conversa. Falou nas suas obras da casa, da 'mulher' que nunca sabe dela (só diz, anda pr'ai) e falou que tem estado com a filha.

Depois, graças ao telefonema do João - muito obrigada! - lá reencontramos o Sr E. Que alegria, nossa e dele.. acho que no meio da noite todos os nossos olhos brilharam o suficiente para fazer concorrência à lua! Com ele está o Sr F que eu e a São tínhamos tido a oportunidade de o conhecer. Conversamos bastante com eles até que - devido a problemas de vizinhança - saímos à socapa antes que houvesse problemas por causa do nosso barulho!!

Após uma volta no Aleixo e da entrega dos sacos à ronda do Sr Fernando regressamos ao creu com mais uma noite repleta de momentos que ficam na memória.


Manela

quarta-feira, setembro 26, 2007

Ida à Aldeia - 29 de Setembro

Olá,

Só para lembrar que este fim de semana vamos às Aldeias. Teremos uma pequena reunião antes do almoço para planear o novo ano e tomaremos parte, muito provavelmente, na festa de aniversário da D. Olívia que comemora a provecta idade de 100 primaveras (incrível!), ainda que não por muito tempo pois há visitas a fazer.

Mais uma vez se pede que respeitam os horários de partida, como aconteceu há duas semanas atrás.

O local de encontro será em frente à igreja N.ª S.ª de Fátima. A horada partida é 10h30.

Confirmem a presença/ausência no próximo sábado e não se esqueçam de levar algo para partilhar ao almoço.

Beijos e abraços,

Rui

segunda-feira, setembro 24, 2007

Crónica da ronda de 23/09/2007 (6º trajecto)

O início foi dedicado à Maria Manuel que fez a última ronda connosco antes da sua partida para Londres. Que sorte vão ter os homeless britânicos, a Maria já deixa saudades (boa viagem!).
Em vez do senhor V havia a surpresa de um fogo de artifício (!) e muitas palmas para um espectáculo que terminava. Para alívio do rapaz do bar era o último da série. Não soube dizer-nos onde andava o nosso senhor V, provavelmente arrumado para outro canto onde não lhe chegassem as faúlhas que aterravam acesas.
Na ponte também não estava o sr VP, apenas o habitual felino, sujeito à condição solitária de gato. Tudo leva a crer que tenha conseguido o internamento. Aguardamos notícias num telefonema.
Subimos a pé aquela rua tão inclinada, valeu o esforço, a meio estava o sr. A, com quem nunca tinhamos conversado por ter sono (íssimo) com a profundidade da terra. Oscila entre St. Tirso e o Porto enquanto não é operado a uma érnia e ao joelho. Tem sido acompanhado pelos Médicos do Mundo. Espera o regresso do médico familiar para conseguir uma pensão que lhe estique o rendimento mínimo. Mais abaixo um rapaz sentado nuns degraus aguardava o sono enquanto aceitava um saco nosso. Explicou que deveria ter ido para a Maia onde tem tratamento à espera. Falhou a oportunidade por uma noite, mas nada estava ainda perdido.
Encontrámos o senhor E e um amigo, o sr F, ao cimo da rua que nos tinham falado da última vez - o tempo assim o permitiu. Apesar de estarem a dormir, acordaram bem dispostos e conversadores. Deixámos ainda um saco junto de alguém que dormia lá perto, e que não acordou à nossa chamada.
Depois receberam-nos os costumeiros Sr. E, Sr. M, o M, o Sr. A, a D. A M e outro senhor, novo para nós. Desabáfamos, rimos, perguntámos sobre cada um. A memória, a gratidão em cada presença, não fazem imaginar uma semana de permeio. A intenção da ronda é criar estas linhas contínuas de afectos.
Por isso ficamos tristes quando não encontramos alguém, como tem acontecido com o A. Nem no sítio dele nem no semáforo - a dependência obriga a cumprir os horários do corpo.
Fechávamos a noite, recolhiamos ao sono de cada um, à memória de um tempo denso.

Crónica da ronda de 16/09/2007 (6º trajecto)

Um espectáculo de dança na praça D. João esperava-nos para darmos início à nossa ronda...é preciso fazer rondas para descobrir a agenda cultural da cidade!

O Sr. V. assistia a este espectáculo de forma animada, de vez em quando dava-nos um ar dos seus dotes artísticos ...dançava, cantava - em espanhol pois passou 6 anos em Barcelona, aliás sempre que possível fala-nos em espanhol o que torna as nossas conversas ainda mais animadas. Era ele que nos explicava entusiasticamente o sentido da dança que se desenrolava à nossa frente.

Quando vislumbramos o Sr. V.P., desenhava-se uma bela imagem à sua volta, uma gatinha deleitava-se sobre as suas pernas. É sempre tão bom ouvi-lo, pena que acabamos por não o encontrar muitas vezes e agora já está de partida para a desintoxicação, transmitiu-nos uma força de vontade enorme...mas tem consciência das dificuldades que irá passar. Começa 3ª.

Foi por acaso, que descobrimos o Sr. E e a D. D., a conversa foi rápida porque já estavam deitados.

Cedofeita. O sr. M., sr. E., sr. A. e o M. esperavam pela nossa chegada, e nós chegámos com as mãos cheias de coisas novas.

O M. trouxe-nos uma fotografia dos tempos em que era paraquedista, contou-nos da vida complicada que viveu com a mãe e da vontade que tem de fazer o teste de equivalência do 12º ano para aumentar a sua qualidade de vida.

O sr. E. ficou contente quando lhe mostramos os sapatos que tínhamos trazido. Ele trazia umas belas sapatilhas mas eram muito apertadas e davam-lhe muito mal estar. Ficou com umas botas quentinhas para o Inverno e ...confortáveis! Ah já me esquecia do estado de contentamento em que se encontrava...está apaixonado!

O sr. M. encontrava-se de mal com a vida, não conseguimos convence-lo a dizer-nos algo, passou o tempo todo a resmungar... esperemos que para a semana se encontre mais bem disposto.

Maria João

segunda-feira, setembro 17, 2007

Crónica da ronda de 16/09/2007 (Boavista)

A nova organização dos sacos fez com que a partida fosse mais cedo. Depois da oração lá partimos eu e o Sérigo, para mais uma ronda, desfalcados, com a traição do Rui em partir com St Catarina!

Começamos pelo Sr. R. mas não o vimos, o sitio onde dorme está com mais cartões a fazer de paredes e a protege-lo.
Continuamos e seguimos para a D. F. O sitio onde dorme está cada dia pior, mais sujo e mal cheiroso. Os cães guardam a tralha toda que ali está, uma reliquia! Também não estava por lá e também não estivemos com ela.

Continuamos caminho e procuramos pelo Sr Z. Nem sinal.

Descemos ao encontro do Sr. G. orgulhoso mostrou-nos uma fotografia de quando era segurança. Todo enfarpelado! Continua agradecido pela ajuda da Caritas. Mais umas mezinhas e a conversa lá se vai estendendo.

Mais à frente encontramos o A e o indiano da semana passada, amigos de rua, com a mesma vontade em partirem para os seus paises de origem. O A. já foi ao CNAE mas continua à espera, disse-nos que os médicos do mundo também estão a ajudar no regresso a casa. Ficou de lhes ligar esta semana, pode ser que no próximo domingo tenha novidades.

Procuramos pelo R. mas nao o vimos e seguimos para o bom sucesso.

Encontramos a P. a consulta é esta semana dia 19, esperamos que lhe corra bem e que no próximo domingo tenha muitas novidades.

O P. também lá estava mas enquanto falavamos com a P e deixavamos o saco para ela e para o V. ele foi ter com a P. e desceram os dois. Não fomos atrás porque deu para perceber que ele não quer ajuda nem conversa e ela arrastada por ele lá o seguiu.

A P. mostrou-nos o novo sitio onde o J. P. está a dormir, ainda trocamos algumas palavras com ele, poucas, porque a ressaca não deixava que a conversa alonga-se. Ainda o conseguimos por a rir e despedimo-nos dele.

Descemos à procura do Z.C. mas nem sinal, demos a volta e encontramos o A. agarrado a uma costela, dorido e cheio de dores. Não quis conversa, apenas o saco e apanhar mais umas moedas.

Quando estacionavamos mais acima para irmos ter com o sr A. encontramos o M. que vive na senhora do hora e estava só de passagem a arrumar uns carros e ver se conseguia mais uns trocos.

Como era cedo fomos ter com o Sr. A. ao sitio do costume, em frente às televisões lá se encontrava ele. Um pouco mal disposto, revoltado, chateado "sempre tudo na mesma". O coração da cidade passou por lá para ele começar a receber um cabaz por mês. Não me parece que o Sr. A. se vá deslocar até lá para começar a tratar dos papeis.

A noite acabou com esta última paragem. Para o domingo há mais.

Boa semana.

Benedita

quarta-feira, setembro 12, 2007

Ida à Aldeia - 15 de Setembro

Olá,

Este fim de semana iniciamos um novo ciclo anual de visitas à Aldeia.Vamos lá almoçar, reunindo-nos para falar um pouco do novo ano, e depois realizamos as visitas.

Muito importante! Aproveitaremos este recomeço para estabelecer uma hora de arranque rigorosa, ou seja, à hora marcada partiremos.Esta situação foi ponderada, e pedida por muitos, no sentido do melhor funcionamento do grupo e é resultado da vontade da maioria dos seus membros.

Para evitar a desagradavel situação de alguém ficar por terra sugere-se que planeiem chegar com algum tempo de antecedência em relação à hora marcada.

O local de encontro será em frente à igreja N.ª S.ª de Fátima. A hora da partida é 11h00.

Peço a todos que confirmem a presença/ausência no próximo sábado. Não se esqueçam de levar algo para partilhar ao almoço.

Beijos e abraços,

Rui

segunda-feira, setembro 10, 2007

Crónica da ronda de 09/09/2007

Foi um regresso em grande! A Joana e a Ana voltaram das férias e assim fomos cinco a fazer a ronda. Após a oração partimos rumo a D.Gois onde para além do "desaparecido" Sr. R, encontramos o ultimamente muito "sociável" Sr. Z. Já não víamos o Sr. R há cerca de um mês, ficando a saber que em Agosto este se havia mudado de "armas e bagagens" para os lados de Aveiro, terra de onde é natural. Parecia muito bem disposto e mesmo cheio de saúde. Quanto ao Sr. Z., lá continua no seu mundo de pequenas idiossincrasias. Fomos depois para os lados da D. F., que não estava, pelo que deixamos o saco e prosseguimos. Agora para a zona da Av. da Boavista! Encontramos o homem das mezinhas, o Sr. G. , travamos conversa com um arrumador de origem indiana e deixamos um saco junto do A. que dormia profundamente. Por ultimo vimos o R., cada vez pior em virtude do ciclo auto-destrutivo que o vício lhe impõe. Falou em mudar de vida, que já estava a chegar ao limite do suportável e que não dava mais. Mas só a sua vontade triunfará sobre esta miséria. Força R, sabes que estamos contigo! Chegava a altura do mais esperado momento da noite: o reencontro com o P. e a P., mas para decepção nossa eles não estavam lá. Falamos então com a P. e o V., um outro casal de toxicodependentes, ficando a saber que a consulta da P. havia sido adiada, mas que brevemente ela teria notícias. Como habitualmente, a conversa não se prolongou por muito tempo. Um pouco mais abaixo estava o homem mais "acelerado" desta ronda: o Z.C. Muito conversador, em respeito à tradição, mas sempre atento ao fluir do tráfego, não vá perder o contributo por mais um carro "arrumado. Por outro lado quer-nos parecer que continua muito apaixonado. Para o fim fica sempre a inestimável visita ao Sr. A., mas ontem não foi dia de "grande pescaria" e este ultimo acontecimento só veio confirmar o facto. Regressamos ao Creu onde fizemos a oração final.

Uma boa semana a todos,

Rui

sexta-feira, setembro 07, 2007

Crónica da ronda de 02/09/2007 (Boavista)

Um domingo em grande, o Jorge faz anos, claro que foi lembrado por todos, o contrário não poderia ser!!!

as meninas continuam de férias o Jorge festeja com a familia e assim parti eu, o Rui e o sérgio.

Primeira paragem Hotel Ritz. Vazio mais um domingo mas de pé!

Segunda paragem D. F. Não se encontra no seu estaminé e muito provavelmente foi ver o jogo de futebol.

Partimos e acabamos por encontra-la a descer a rua. Toda contente por nos ver, falamos durante um bocado, mais uma vez chamamos a atenção para o estado em que está o siitio onde dorme e derepente começmos a ver a aproximar-se um homem de barba feita, cabelo cortado, tronco nu e a acantarolar!! É o sr Z. Que maravilha!!! Que difernça que faz de cabelo cortado e barba feita.


também conhecia a D F. por isso a conversa prolongou-se animadamente. Custou-nos a despedir e lá seguimos em encontro do Sr G.

Que bom que foi ver que ele já não está com a pistola, já está a receber o apoio da caritas, o que nos deixou felicissimos, e mais umas mezinhas á mistura ficamos a saber como arranjar novo emprego, dinheiro e quando os espiriros nos surgem, com horas e tudo! Sim, os espiritos têm horas e devemos respeita-las se queremos falar com eles ou afastá-los!


Despedimo-nos e seguimos. Não vimos o R. e mais uma surpresa a P. com uma cara tristissima a arrumar carros.

A nossa desilusao foi grande ao vê-la ali.

Paramos ao pé dp P. Entregamos o saco à P., e um outro para o V. que tem consulta esta semana, esperamos que corra bem e que no proximo domingo tenha muitas novidades boas.

O P. estava desesperado a querer arranjar desculpas para estar ali, a culpar-nos do que lhes tinha acontecido, da P ter sido posta dora de casa dele. Uma confusão.

No meio da conversa fugi para ir ter com a P que me pareceu que se ia esconder de nós.

Confirmou, estão a dormir na rua, mas na segunda quando for ao CAT vai pedir um quarto como o da M. (sim e M. já tem um quarto em Matosinhos!!!!). Disse-me que estava a fazer dinheiro para arranjarem onde dormir, mas a M. já nos tinha dito que eles andavam de novo no aleixo. Já não volta para o restaurante, a I já meteu uma nova ajudante.


A vida deles regrediu imenso. Ela não fala com medo, ele está revoltado e nem ouve o que lhe dzemos.

Desalentados seguimos para o sr A pode ser que eles nos anime.

Animou-nos e de que maneira!!! Fez-nos uma visita guiada ao mundo das baratas à porta do mercado. Uma vergonha, quem passa ali nem dá conta mas se olharmos para o chão.... Nao há descrição!!!!

Animados lá terminamos mais uma ronda com o sr A.

Benedita

Crónica da ronda de 26/08/2007 (Boavista)

De volta aos domingos de ronda, de volta à roda viva de rechear os sacos. A oração para marcar o começo de noite e partida com o Rui e o Jorge.

Um regresso com uma estreia mais do que esperada, e até mesmo fotografada não fossem o resto dos membros da ronda nao acreditarem! Sim o Rui levou o carro!!! Supreendidos!?! Foi uma estreia espectacular.

Surpresa, o Rui é uma máquina, não percebemos o porquê de tantos adiamentos à sua estreia!!!

Lá partimos emocionados para a primeira paragem, Sr R., não estava lá, mas o seu Ritz continua de pé e bem apetrechado, partimos para a nossa querida D. F. que também não estava. deixamos o saco para saber que passamos por lá.


Descemos a constituição e nem sinal do Sr Z. Seguimos e a próxima paragem foi a mais emocionante, aterrorizante da noite, Sr. G.

Enquanto nos contava a sua semana, falou-nos dum assalto que sofreu duns rapazes de navalha, para sua sorte não lhe aconteceu nada e eles tabém não levaram nada. Com medo de voltar a ser assaltado levanta a camisa e mostra-nos a pistola que trazia preso nas calças, na nossa inocência ainda o avisamos de que andar com uma pistola de brincar ainda podia ser pior. Quando para nosso espanto ele saca a pistola e explica-nos que é bem verdadeiro!


Aterrorizados lá explicamos o perigo que a "sua protecção" lhe podia trazer e pedimos-lhe para ir para casa e esquecer o que nos tinha acabado de mostrar.

Despedimo-nos e mais à frente entregamos um saco ao S que estava desesperado, quer volta para a sua terra natal. Está farto da droga e de dormir na rua. Disse-nos que tem falado com a mae no sentido de o ajudar a voltar para casa.


Do outro lado da rua, debaixo dum prédio dormia mais uma pessoa, paramos e demos o saco, não insistimos na conversa pois os sinais de ressaca falavam mais alto.

Seguimos avenida da boavista acima e encontramos o R. Mais uma vez pediu-nos para ir ao CAT, quer mesmo deixa aquela vida desgraçada. Está com melhor aspecto, no meio de toda a desgraça em que se encontra e deixou-nos para fazer dinheiro ficando combinado que mal pudessemos diziamos o dia para nova tentaiva.


Paramos e encontramos a P. e o seu companheiro que já estavam de partida para o Aleixo, de dinheiro no bolso nao quiserem conversa.

Naquela zona não se encontrava mais nenhum dos nossos amigos e assim partimos ao encontro do Sr A.

Sempre bem diposto, poe-nos sempre a rir. É um luxo acabar a ronda com tão boa disposição!!

Foi um regresso cheio, mas ao mesmo tempo meio vazio, fez-me falta não ter noticias do P e da P, fico triste de não ver a mitica d. F. e o sr R. no seu Ritz.

Talvez no próximo domngo os vejamos a todos.

Benedita

terça-feira, setembro 04, 2007

Crónica da ronda de 02/09/2007 (6º trajecto)

A noite de domingo passado começou mais uma vez com a preparação dos sacos e com a oração, desta vez a cargo do João. Partimos para a nossa ronda eu, o João, a Joana e a Maria João. Estava bom tempo e talvez isto tenha sido o presságio de uma ronda com boas surpresas...


Comecámos por visitar o J.A. e o V.. Mal chegámos vimos que o V. estava mais alegre do que o costume, corado e gaguejava (deixo no ar a razão para isto). Contou-nos várias histórias sobre a sua vida, especialmente do tempo que esteve em Espanha, durante 6 anos, e como foi de boleia com ciganos maias (??). Só se ria e quando dizia algo mais malandro, benzia-se e dizia algo que não posso aqui escrever... Contou-nos como um padre em Espanha o pediu para limpar umas garrafas de vinho do pó e como ele as limpou de uma maneira muito original (por dentro)! O J.A. estava a dormir e como tal deixámos-lhe um saco.


Seguimos para o V.P. que apenas tínhamos falado com ele poucas vezes há uns meses, mas a quem deixamos sempre um saco pois encontramos sempre os seus bens pessoais. Estava com uma cara de felicidade enorme. Ficou contentíssimo de nos ver e agradeceu-nos os sacos que sempre lá deixamos. Contou-nos também uma excelente notícia: vai iniciar o tratamento de desintoxicação no dia 17 de setembro, algo que já ansiava há muito tempo e finalmente conseguiu. Foi uma grande alegria para nós! Depois de tanto tempo sem o ver foi um reencontro perfeito... Ao passarmos pelo sítio do J.A. vimos que não estava lá pela segunda semana consecutiva. Tinha arranjado um quarto há umas semanas mas continuava a dormir na rua pois já estava habituado! Lá mudou de ideias e nós esperamos que ele esteja bem! Ao passarmos pelo A. só lhe deixámos um saco pois já estava a dormir...


Na nossa última passagem, onde costumamos encontrar muitos nossos amigos, só encontrámos a A.M. com a qual falámos um bocadinho. Como tinhamos encontrado os habituais desta ronda noutro sítio durante as nossas voltas, decidimos voltar lá e entregar-lhes lá os sacos. Encontrámos o E. e a D., esta que já não víamos há muito tempo (achamos que devido a desentendimentos com membros do seu grupo). Perguntaram-nos se podiamos dar sacos a dois seus amigos e prontamente dissemos que sim. Soubemos que o amigo do E. também praticava boxe como ele, mas este assegurou-nos que não fazia mal a ninguém e pediu-nos alguma roupa que nós vamos tentar arranjar. A D. assegurou-nos que apesar das suas divergências ia voltar a aparecer regularmente! Terminámos assim a nossa ronda com um saco de bolos que sobrou e eu para não se estragarem e como já estava cheio de fome lá comi alguns...

Uma boa semana para todos,
Raul

Ronda da Areosa, 3 noites entre Julho e Agosto

São três as rondas que desta vez conto: duas a dois, as de Julho, uma com o Nuno outra com a Marta, e uma a quatro, Andreia, Marta, Maria e eu: alegria a dobrar.

Os pormenores das três já se fundiram na memória, e por isso é confuso e desordenado o relato que me ocorre.

Ei-lo: recebemos uma nova rondista, a Marta, que muito se tem destacado na manicure da nossa amiga S, cujas visitas continuam animadas não só pela sua alegria como pelo bom senso e humor do Sr.Z; a zanga com a Dona A ainda não passou, mas tentamos olhar com ela para as coisas boas da vida. Como a noite de fados no Jardim da Arca d’Água, onde a encontrámos uma vez.

Na casa ao lado, nem sempre a Dona A. nos pôde receber, mas quando deu lá foi dividindo connosco preocupações e avanços e recuos da sua nova cozinha. Qualquer dia há caldo verde!

No prédio, perdemos a companhia do R, que entretanto se mudou para as Antas, mas encontrámos mais alguns companheiros dominicais, como o JC, o A e outros dois que a memória não acha o nome; apresentámos-nos, conversámos, e começámos a conhecer-nos à volta do café e das bolachas habituais; quase todos voltaram, e a passo a passo vão sendo estrelas da noite de domingo. Um velho companheirom, o Z, entrou agora na metadona, e anda animado com a vontade de escapar àquilo. Vamos ver se ganha a guerra...

Por falar em lutas, ainda não vencemos, ela e nós, a batalha pelo corte de cabelo da I; vai ser sempre nesta semana (e nalguma há mesmo de ser!), mas aparte os adiamentos, a conversa e o carinho sabem cada vez melhor..

Quanto ao Sr. M, agora na sua cama estendido, depois de umas semanas de mau humor e de sono simulado, voltou a receber-nos com o sorriso e a ironia de sempre. É um tipo mesmo porreiro!

Obrigado.

Pedro Rui

terça-feira, agosto 28, 2007

Crónica da ronda da Areosa 26.08.07

Mais uma noite de Verão, de calor. Juntamo-nos em frente à Igreja de Nossa Senhora de Fátima para reforçar e preparar sacos. Partimos com o Sr. Z. em direcção a casa da S. Aí, a Marta e eu ficámos a conversar com a D. A., sempre cansada de tanto trabalho e muito preocupada com as obras da cozinha nova. Apareceu o M. e lá fomos brincar, cócegas, gargalhadas, portas a bater e trapalhadas. O M. já nos conhece bem e chama pelo nome para a brincadeira. É tão bom! O Pedro tinha que tinha ido com o Sr. Z. para casa da S. chegou a avisar que estava na hora de trocar de posto. Em casa da S. também estava o Sr. A., bem disposto como sempre. Pintaram-se as unhas à S. e conversou-se sobre a semana que passou. Tentámos convencê-la a ir falar com a D. A., mas ainda não foi desta, diz que está magoada. Queremos muito que passe rápido!

Deixámos o Sr. Z. à porta de casa com o já habitual abraço de grupo e partimos para o prédio. Não estavam tantos como esperávamos, tinham ido arrumar carros para o Dragão. Demos café, conversámos um bocadinho, entregámos sacos e ficámos sozinhos com o Sr. A como na semana anterior. Continuou a contar-nos a sua vida, falta escrever o livro. Tem sido difícil deixá-lo, gosta muito de conversar, só mesmo sabendo que ainda há outras pessoas à nossa espera…

Seguimos em direcção à I., que ainda não cortou o cabelo, prometeu ser esta semana, será que é desta? O Sr. M. tinha acabado de se deitar, tinha ido passar a tarde a Espinho. Em conversa ficámos a saber que viveu lá 7 anos, antes de ir para a rua. Conversámos, brincámos e divertimo-nos com as piadas habituais. Que bom vê-lo bem disposto! Queremos vê-lo sempre assim…

Olhámos para o relógio, era hora de voltar e deixar descansar…

Já só falta uma semana para o nosso próximo encontro. Até lá…


Um beijinho e boa semana,

Maria Manuel

terça-feira, agosto 21, 2007

Crónica de 19 de Agosto (Boavista)

Estávamos bastantes no arranque e a Maria Manuel abriu a nossa partida com um pedaço do Principezinho, no seu diálogo com a raposa e como só cativamos quando damos tempo e atenção ao outro. "Só assim aquele menino deixou de ser igual a 100 mil outros meninos."
Partimos os 3 homens do percurso. O Sr. R não estava pela 2ª semana, apareceu lá uma pessoa tb a querer ajudá-lo e deixar-lhe uma ajuda, falamos um pouco com ela. Felizmente anda por aí muito bem no mundo mas não faz manchete e é escondido. Como o anormal é que vende, estas coisas andam por aí totalmente desapercebidas, como as sementes.
A D. F estava contente, foi à consulta e os diabetes só estavam a 300's. Tem uma nova cadelinha a juntar ao Leão. Falamos do filho, de que vai a Lisboa no próximo mês e no péssimo estado em que está o "estaminé" em todos os sentidos. Sem complacências dissemos-lhe que tem de dar uma volta àquilo ou deverá começar a ter problemas com os vizinhos... Apareceu lá um larápio de antenas de carros e ela acertou-lhe com um paralelo na perna! O V não estava lá.
Em seguida encontramos no Montepio o S. Z, estava a dormir por isso a conversa foi curta, deixamos-lhe ficar um casaco pois tinha frio (e eu que andei meses com roupa no carro), não tinhamos cobertores disponíveis (talvez precisemos de uma chave de fora do Creu?) e mais tarde deixamos-lhe um par de sapatilhas 43. Combinamos com ele que íamos pedir aos Médico do Mundo para passarem por lá, o que já fizemos. No dia 10 ele volta a ir para a pensão.
O sucesso da noite foi o frisumo de ananás do Rui que todos os que visitamos repetiram e gostaram.
O S. G estava muito falador com as "ligações com lá em cima" e "deitar as más energias ao mar", etc. Já foi à Caritas e ele já recebeu comida através deles e vai continuar a lá ir. Conseguimos criar mais um laço de ajuda.
Não encontramos o R e falamos com o S, que estava com bom aspecto, a conversa foi breve.
Estivemos com a P, tem uma consulta no CAT Oriental dia 4, estava animada e com muita esperança, já não "ia lá abaixo", o V estava mais abaixo na rua.
Deixamos saco com o JP e começamos a considerar deixar de o fazer pois o saco não está a ajudá-lo.
Não vimos o nosso barbudo S. A. Na saída do shopping encontramos o Sr. A, deu-nos a boa notícia que deverá arranjar quem pague os problemas com a EDP, de resto estava fino, apesar de pensar demasiado no futuro.
Partilhamos a boa noite e partimos para uma semana de trabalho.
Jorge

PS - Hoje percebi que a nossa P está cada vez mais a perder alento e a oportunidade que teve...

Crónica da ronda de 19/08/2007 (6º trajecto)

A falta de viatura obrigou-nos a abrir a ronda a uma participação especial do namorado da Maria João que simpaticamente nos conduziu pela noite.
Na primeira paragem não estava o Sr. V, apenas uns cobertores. Encontrámos antes o sr. J que desconheciamos. Tinha vindo de Lisboa mas fora assaltado em S. Bento. Perguntei-lhe se um bilhete de volta era o suficiente para sair da rua. Disse que sim, que em Lisboa tem casa e família, e emprego à espera. Marquei com ele um encontro no dia seguinte - ao qual acabou por faltar.
Voltámos a não encontrar ninguém na ponte, apenas cobertores e um gato dormindo em cima...
Junto ao Hospital encontrámos o sr. JA, estava de pé a arrumar roupa. Estava muito bem disposto, "hoje sim não posso dizer que esteja mal!", repetia aliviado. Conversou imenso, contou-nos por exemplo que, apesar de ter já pago uma mensalidade do quarto ainda dorme ali, a sua "casa" dos últimos 2 anos. Sente-se acarinhado pelos vizinhos e acha que eles mesmas vão sentir um vazio se deixar aquele espaço.
O grupo que visitámos a seguir estava animado como é habitual. O E voltou à base depois de uma complicada convivência com a D. B. Contou-nos do início dos seus treinos de boxe, e de uma grande sardinhada que o amigo D lhes ofereceu. Também os outros estavam bem dispostos.
Seguimos, mas já não falámos com mais ninguém. O A dormia profundamente quando lá chegámos e não vimos o JA nos semáforos - o que pode ser sinal de que já não consome.
E assim acabava "a ronda da noite", uma entre tantas, única como todas.

terça-feira, agosto 14, 2007

Crónica da ronda de 12/08/2007 (Batalha)

Tratava-se de uma noite de Verão... Éramos poucos, mas demorámos muito... No início o desafio da Carla: Confiemos mais em nós mesmos e arrisquemos! Eu arrisquei: Fui ao Aleixo.

Na Ronda da Batalha só estava a Manela. Fui eu com ela. Partimos à procura de um sem-abrigo que ainda não tinham conseguido contactar: Tem estado sempre a dormir. A caminho passámos por outro que também dormia e não acordou. Estava "ruborizadíssimo". Chegámos, então, ao sr. F. Bem disposto, como ultimamente, recebeu-nos com um sorriso. A equipa tinha juntado e comprado roupa e sapatos para ele. O sr. F. passa o ano muito agasalhado. Sempre com, pelo menos, dois casacos. Agradeceu muito, tudo!

Seguiu-se o sr. D. Também bem disposto e no local do costume. Apreciou muito uns almendrados que levávamos. Estava muito sonolento, apesar do constante e ruidoso movimento da rua.

Faltava o sr. J. O sr. J., agora, está instalado numa loja em obras, cujo proprietário faleceu, com a companheira. Prepara-se para erguer umas paredes de tijolo, para dividir o espaço e proteger melhor do frio, no Inverno. Fantástico. O ser humano adapta-se mesmo a tudo.

Dirigimo-nos para o Aleixo. O cenário terrífico de sempre. Esperámos pelos do 6º Trajecto que nos trouxessem os sacos que lhes sobraram e arrancámos sozinhos, já que os d'"A Ronda dos Sem-Abrigo" ainda não tinham chegado. Lá distribuímos os sacos com pastéis e água. E foi com muito critério que fechámos a mala do carro, nos despedimos e nos fomos embora.

Beijos, abraços e boas semanas,

Nuno de Sacadura Botte

Crónica da ronda de 12/08/2007 (Boavista)

Uma vez que a D. F foi dar um passeio dominical, a ronda começou com uma visita ao Sr. Z. É impressionante a capacidade que este homem tem de nos surpreender. Desta vez ficamos a saber que foi jogador federado de basquetebol no FCP e que teve como treinadores as duas primeiras vedetas americanas a actuar em Portugal.
Devido ao grande número de pessoas que não estavam no lugar do costume (Sr. R, Sr. G e R), parámos apenas no Bom Sucesso onde estivemos a falar um pouco mais do que é habitual com a P. A boa notícia é que ela já trocou a heroína pela metadona há algumas semanas, a má notícia é que ainda não conseguiu largar a coca. De qualquer forma, já foi positivo ela ter aberto um pouco mais o jogo connosco...
Seguimos para o Shopping onde costuma estar o Sr. A e ficámos por lá um bom bocado a pôr a conversa em dia. A última visita da noite foi na Constituição, no abrigo do Sr. R, mas uma vez que ele não estava, limitámo-nos a deixar-lhe o saco que nos restava.

Boa semana

Sérgio Costa

Crónica da ronda de 05/08/2007 (Boavista)

Nesta noite, ao contrário do habitual, iniciámos a ronda no Bom Sucesso. A D. F faz anos hoje e por isso queremos deixar essa visita para o fim.
Logo na primeira paragem, abro a boca de espanto quando me dizem que aquela mulher relativamente bem lavada e apresentada é a M. Não a via há mais de um mês e nesse último encontro o cenário não foi agradável. Toda suja e com péssimo aspecto, a M estava de gatas numa paragem de autocarro, a apanhar do chão pontas de cigarro. Hoje, depois de umas semanas de metadona, banhos e roupas lavadas, só com algum esforço a consigo identificar. Aproveitamos a paragem para falar com a P e com o ZC, partindo depois para a Avenida da Boavista. Lá estava o R, cada vez mais magro e mais tristonho, fazendo-nos lembrar as inúmeras vezes em que parecia certa a primeira visita ao CAT, para no final sobrar apenas a frustração. Mais à frente apareceu o Sr. G e um rapaz de Coimbra que nunca tínhamos visto e a quem demos um saco de comida.
Seguiu-se a habitual visita ao Sr. A e terminámos a noite a dar os parabéns à D. F, que adorou as 2 saias que lhe oferecemos e que não conseguia esconder a felicidade por nos termos lembrado do seu dia de aniversário.

Sérgio Costa

quinta-feira, agosto 09, 2007

Crónica da ronda de 05/08/2007 (Areosa)

Finalmente de regresso, já livre de trabalhos e exames e findo o campo de férias que fui animar (e que foi lindo!) cheguei à nossa oração um nadinha atrasada! (desculpem!) e, foi grande e bonita a minha surpresa quando percebi que estávamos 5, quase completos! As saudades eram mesmo muitas!

Partimos, Nuno, Tiago, Pedrocas, Maria e eu, com o sr. Z. (lindo como sempre!) rumo à casa da S.. Estava um amor, de branquinho e rosa, como as princesas e com cheirinho de Verão. Foi tão bonito vê-la! Está tão crescida e tão mais consciente da realidade e da situação dela. Foi mesmo bom ouvi-la dizer que se sentia melhor, menos confusa, mais feliz… que o mundo, para ela voltava aos pouquinhos a ser claro e mais bonito!
Lembramos momentos marcantes da nossa amizade … o inicio, o pic-nic que fizemos, a pintura da casa dela, as idas à Missa em comunidade… e, com clareza foi lembrando cada uma das pessoas que passaram, e, ao seu jeito mudaram um pequeno pormenor na vida dela… a Maria João, a Márcia, a Benedita, a Joaninha, o Daniel… onde quer que estejam: Obrigada!
Foi mesmo especial…

Partimos rumo à Casa Abandonada, e só encontrei caras novas: senhores já com alguma idade, sozinhos, na rua… fazem-me ainda alguma confusão estas histórias … agradeceram o café, as bolachinhas, o café com leite (que acabou logo ali!). Ficou prometido um próximo encontro, que espero que levante mais um pouquinho do véu que esconde um passado que dói e que ainda se faz sentir…

Já na Areosa, encontramos o sr.M.! Pareceu-nos magoado, mas não nos quis mostrar o pezinho L E, por tal, não veio dar o passeio habitual de Verão, mas estava todo engraçado: disse 1.355 mil vezes que as mulheres eram umas chatas e que ninguém as atura, arranjou-nos uns casamentos, deu umas risadas, fez-se feliz e deixou-nos felizes também! É um amor aquele sr.M.!
Entretanto veio ter connosco o sr.R., enquanto fomos ao jardim ter com o J., que estava já a dormir. Entregamos o saquinho a ambos, e, depois de fazermos o sr.M. prometer que ia fazer o penso à Cruz Vermelha e ver como estava o seu pé, fomos ao encontro da I.
Não a encontramos em nenhum dos locais habituais, o que nos deixou preocupados… resta-nos rezar e confiar que esteja bem!

Fica também uma oração especial pela Aninha, que está em Rabo de Peixe a fazer felizes os meninos de lá. Esperamos que estejam todos bem e com Jesus. E, como não podia deixar de ser, um abraço apertado a cada uma das pessoas que a S. lembrou na noite de hoje com tanto amor. Marcaram-nos a todos… continuam nossos!


Xiiiiiiiiiiiiiiiii-coração apertado,
Andreia Gil

segunda-feira, agosto 06, 2007

Crónica da ronda de 15/07/2007 (Boavista)

Olá a todos!
Apesar de já termos visto entre a equipa os tópicos das várias pessoas que visitamos no passado dia 15 de Julho, não tinha chegado a escrever a crónica desse dia. Sendo assim, aqui vai:

Antes do encontro inicial com oração, passei no restaurante onde a P. trabalha para saber novidades dela. Cheguei lá, estava numa azáfama muito grande porque ia sair dali a nada. Tinha um encontro marcado com um amigo (“ não é nada do que está a pensar, é só uma pessoa com quem eu gosto de conversar!”..) Pediu para passar lá durante a semana, que aí falaríamos com mais calma.
Depois de ela sair, a Inês falou comigo, da situação da P. que está cada vez pior.
Continua a dar dinheiro ao P., não sobrando nada p ela, ficando até sem nenhum para ir ao CAT tomar a metadona. É incrível como ela se prejudica em função dele… chegou mesmo a sair do programa do METAS. Continua tb a chegar tarde ao restaurante… Claro que a paciência e benevolência deles se está a esgotar. Qualquer dia mandam-na embora, já não falta muito. O pior de tu não é isso, mas sim ela, por perder emprego e não ter junto dinheiro nenhum, perder a guarda das filhas…
Esperemos que melhor dias venham…!
Seguidamente juntei-me ao grupo no nosso ponto de encontro habitual e, aí, depois de recolhidos todos os sacos, seguimos para a D.F.
Ela não estava, tinha ido a Lisboa, estava apenas o Sr. V., a dormir com o seu fiel amigo, o “leão”, no colchão daquela “casa” improvisada. Tentámos não acordá-la, se bem que abriu os olhos e balbuciou qualquer coisa imperceptível...
Assim, descemos a Rua da Constituição, na esperança de encontrarmos o Sr. Z., mas em vão. Não o vimos por aquelas zonas. Esperamos encontrá-lo em breve!
Seguimos um pouco + à frente, para o Sr. R. Estava cheio de dores de costas, tinha caído de um muro no dia anterior, quase não se mexia. Tem também um problema na próstata, que está a ser seguido. Ficámos de falar com os médicos do mundo para eles lá passarem no dia seguinte.
Saímos daquela zona da cidade, e fomos de encontro ao Sr. G, na Av. B., que lá estava bem-disposto e, como sempre, com a sua conversa de receitas naturais miraculosas…! Despedimo-nos dele com um sorriso e subimos a Av. em busca do R.. Mas ele não estava por ali… Ficámos cheios de pena pois, mais uma vez, íamos tentar levá-lo nessa semana a entrar p metadona.
No Bom Sucesso, avistámos o J.P., mas demos só o saco porque já dormia.
Por ali não estava mais nenhum dos nossos amigos das noites de domingo e então entrámos no shopping à procura do Sr. A. Estava antes cá fora, na rua. Contou-nos cheio de alegria, que o outro filho está prestes a começar a trabalhar! Foi muito bom saber já que este assunto era uma constante preocupação de um pai que, até há muito pouco tempo, tinha 2 filhos de 30 anos em casa, sem nunca terem trabalhado! Agora parece estar tudo encaminhado!
Enquanto ali falávamos, a M. passou por nós. Foi óptimo vê-la. Perguntou logo pela Benedita! Falámos um pouco da sua situação – continua na metadona, mas anda muito por aquela zona e não devia porque é uma tentação. Também nos disse que soube que tinha SIDA, o que a deixou desconsolada…. O que dizer nestas alturas? Que aproveite a vida ao máximo e que divulgue aos outros para que tenham muito cuidado!... Ficámos de tentar arranjar-lhe um quarto.

Com isto, chegámos ao CREU, onde rezámos por cada um deles em particular.
Um bjo a todos de boa semana,

Ana Barbosa de Carvalho.

terça-feira, julho 31, 2007

Crónica da ronda de 29/07/2007 (Batalha)

Acompanhei a Manela na ronda que em tempos percorri, boa oportunidade para rever algumas caras conhecidas e pôr conversas em dia.
E tive sorte, porque o sr. D, habitualmente mal-humorado e pouco falador, abriu-se à conversa e o mais difícil foi deixá-lo. Falámos de países, de viagens, de línguas – em breve, segundo tese própria, todos passarão a falar português. Surpreendentemente deixou-se fotografar e - espante-se, tirou-nos ele mesmo uma fotografia com a sua própria máquina! Só que é muito difícil convencer o sr. D do que for contrário às suas convicções, por isso dizer-lhe que “puxar o rolo atrás” para repetir a fotografia não é boa ideia, ou que se abrir a máquina as fotografias ficam pretas, é tudo trabalho inglório. Não nos surpreendeu, no entanto, quando abertamente nos disse que o que mais gosta de fotografar é mulheres.
A noite continuava com boas surpresas. Pela primeira vez troquei algumas palavras com sr. F sóbrio. O álcool transfigura as pessoas, é incrível como parecia outro! Escondia o rosto atrás do boné, eram nítidas a vergonha e a timidez. Não sei bem sobre o que falámos, apesar de pela primeira vez ter percebido todas as palavras. Espantou-me a sua correcção – de resto nunca me desrespeitou, mas notava agora um cuidado para connosco que o tornava mais digno e a nós mais pequenos à sua beira. Mais tarde passámos de carro, vimo-lo agarrado ao saco comendo avidamente um pão.
No abrigo do sr. J estava, sozinha, a V. Viera fazer-lhe uma visita mas ainda o esperava. Falou-nos da filha, “com quatro anos já me dá por aqui”, apontava para a cintura. “Tem o mau feitio da mãe”, reconhecia num misto de orgulho e impaciência. Contou que trabalha como empregada de mesa num restaurante ao cimo da rua, portanto perto de casa da mãe, para onde vai a pequena depois da creche. Garantiu-nos que na 4ª feira estariam por ali para festejar os anos do sr. J. Quando saímos ele estava a chegar, começava lentamente a subir a rua. Queixou-se de uma queda que lhe maltratara a malfadada perna manca num eterno arrastar de azares – algum dia largará aquela moleta? Despreocupou-nos como sempre faz, “é a vida”, e seguiu rua acima.
Seguimos também nós, para o Aleixo, onde começámos a rondar, há quase dois anos e onde há muito não ia. Encontrámos lá outro grupo que simpaticamente acolheu os nossos sacos. Pude ainda conversar com um rapaz que costumo encontrar na minha ronda habitual. Deu-me a boa notícia de que conseguira um quarto pago pela Segurança Social. E começará brevemente o programa de metadona! Saímos no meio da confusão do costume, por entre boas noites ou insultos, caras tristes, outras contentes. A ronda terminava com a Manela a levar-me para junto dos meus amigos que tinham já terminado o que teria sido a minha ultima ronda antes das férias. Só que há sempre o insondável e imprevisível gesto – o que nos revela o mais puro e renovador encontro entre a memória e o futuro.

segunda-feira, julho 30, 2007

Crónica da ronda de 29/07/2007 (Boavista)

Faz sacos,distribui bolos, enche garrafas com água, recolhe comida, combina ronda e, finalmente para-se dois minutos para uma breve oração e reflexão.

E assim começa mais um domingo de ronda! Na primeira paragem pelo mítico restaurante S. paramos com a joana que nos acompanhou nesta primeira paragem para sabermos da P. "Ela não tem remédio... todos os dias pede dinheiro para toda a gente, menos para o que deve... para as filhas..." Lá nos é relatado mais alguns episódios desta telenovela que parece que não quer ter final feliz, não está fácil meter juízo naquela cabecinha que só pensa no P. e em mais nada.

Deixamos a joana e partimos para a segunda paragem, o Sr. R., bem mais animado que no ultimo domingo, no seu hotel Ritz, cheio de malas apanhadas na rua para um belo dum negócio. Bem mais convencido com o que os MD estão a tentar fazer por ele, com algumas exigencias pelo caminho lá nos contou a conversa com os MD.
Entre trocadilhos e mais algumas palavras estrangeiras despedimo-nos do sr R. e partimos para a D. F.

Já não a via-mos à dois domingos, meninas não se podem esquecer dos anos dela no próximo domingo, pois a expectativa dela é muito grande! Diz que vai festejar até às três da manhã. Toda entusiasmada por fazer anos, lá nos foi contando a sua ida a lisboa, entre aquele sorriso que lhe é caracteríistico, envergonhado e timido.
Também vai tirar umas férias, pois os restaurantes e cafés da zona fecham e portanto ela vai dar uns belos duns passeios até à praia e ao rio.
Zangamo-nos mais uma vez com as suas exigencias por causa das receitas médicas, dos medicamentos que deveriam vir e que não veem, da falta de cuidado consigo.

Descemos a constituição e paramos no Sr G. Todo contente, até deu gosto parar ali e ser contagiado com a sua boa disposição. (A ronda está a correr especialmente bem!) Falta-lhe só um papel para entregar na Caritas para ter o apoio de que tanto precisa, justificou-se imenso por ainda não ter ido levar o papel.

É engraçado ver por um lado a "exigência" da D. F. e do sr R. e por outro lado o agradecimento eterno do sr G. e a justificação constante por ainda não ter entregue todos os papeis.

Encontramos uma cara nova o C. Não dormi à quatro dias, com um ar miserável, cansado, metido na droga até às pontas dos cabelos, enfim, mais um para os muitos que infelizmente estão perdidos no mesmo.

Seguimos na esperança de ver o R. mas não o encontramos, continuamos e estivemos com a M. que finalmente quis conversa um pouco connosco. Contou-nos que está no programa de metadona no CAT de Cedofeita mas continua agarrada à heroina, por isso esta semana vai falar com a assistente que a acompanha para a tentar internar e fazer desintoxicação à séria!
Entre alguma pouca à vontade por o companheiro estar por perto e ouvir a conversa lá partimos.

Vimos o J.P. mais à frente, dormia profundamente, ressonava mesmo! deixamos o saco e descemos em direcção ao Z.C.

Acelarado, entre arrumar carros, cravar moedas e cigarros, dar indicações, falar com passa lá parou um bocado para falar connosco. Perguntamos-lhe pela I. porque não tinha aparecido no dia combinado para a levarmos à Metadona. Foi o mote para um churrrilho de palavrões, e o desespero de se abrir com alguem a falar mais alto.
"Não sei o que aquela mulher tem, mas apanhou-me mesmo..." Falou-nos um bocado da atribulada relação que tem com a I., das desconfianças, da falta de respeito dela por ele, da vontade dele em tirá-la da rua esquecendo-se de si próprio.
Falou-nos da M. e do V. de todas as confusões da sua relação, dos mau tratamento que o V. tem com a M. Falou-nos da P. e do P. que eles disse-lhe que estava a trabalhar no restaurante com a P.
Ficamos a conhecer todas as confusões que se vão passando por ali.

Foi dificil despedirmo-nos dele mas tinhamos de partir a conversa já ia longa. Animados com a relação finalmente estabelecida com o V e a M. e o Z.C. corremos ao encontro do sr A. para acabarmos a ronda em grande.

Não o vimos. Que estranho que é acabarmos a ronda sem o encontro com o sr A.

Partimos tristes com esta falta mas animados por a ronda ter corrido tão bem e termos conseguido coisas tão boas.

Acabamos a noite com a partilha que já é costume em mote de plateia quando na realidade estavamos só eu e o rui, ainda nos rimos por estarmos habituados a falar no geral e ontem só estarmos dois. Temos pena de não termos estado os seis na ronda, pois foi uma ronda especial, cheia, só com coisas boas no meio de tanta desgraça e tristeza com que nos deparamos todos os domingos.


Benedita

sábado, julho 28, 2007

Crónica das rondas de 17 e 24 de Junho (Areosa)

É 2-em-1 esta crónica, porque parecidas são sempre as rondas e o narrador é um só:

Das duas vezes fomos três, e em ambas veio o Sr. Z desde a partida como inspiração de simplicidade e energia.

Das duas vezes passámos pela casa da Dona A: na primeira não estava, e fomos à casa do M, que nos espreitou, envergonhado, do alto do colo da mãe; na segunda entrámos num bocado de boa conversa e vimos o M envaricelado, a dormir.

Como sempre, fomos também bater à porta da S: no 1º domingo conversámos, pintámos unhas e prometemos pregos e martelo pra pendurar fotografias; no 2º, em dia de S. João, batemos em vão com o martelo pois a S não estava, tinha ido visitar o filho ao hospital.

A seguir, das duas vezes, levámos o Sr. Z à porta de casa, onde nos ofereceu os habituais Obrigados e o Abraço sincero.

Passámos depois pelo prédio, onde na primeira vez uma tromba d’água nos surpeendeu: abrigados de improviso, o café com leite soube ainda melhor, tanto que até o R gostou. Na segunda semana encontrámos um novo conviva, o falador A: havemos de o conhecer melhor, mas temos que garantir que não monopoliza a conversa; é que nesse dia o R mal se ouviu e os discretos do costume falaram ainda menos.

Das duas vezes seguimos para a Areosa, onde a I nos recebeu duas vezes com simpatia e bom-humor; na 2ª, no S. João, a caneca de caldo verde ajudou à boa disposição.

Das duas vezes terminámos, como agora é habitual, junto do nosso amigo Sr. M, que nos recebeu com o seu sorriso alegre, nos falou do seu S. João e nos gozou ao seu melhor nível.

Vejo agora quão parecidas foram as duas rondas, e sei que as outras que não relatei foram tão iguais a estas, mas semana após semana sabe melhor o bocado dos nossos anfitriões que trazemos connosco. Nós é que agradecemos!

Pedro Pardinhas

quinta-feira, julho 26, 2007

Última ida à aldeia!!

Oi malta!

Esta é a última convocatória do ano! Eu sei, uma sensação de dever
cumprido, mas ao mesmo tempo a tristeza de abandonar os nossos
queridos "velhinhos". Não há motivo para preocupações, vamos deixa-los
mas apenas por um mesito.

Por isso há que aproveitar este fim-de-semana! Levem fato de banho e
comes e bebes para o almoço à beira-rio.

A hora de partida fica agendada para as 10h30, no sítio do costume.
P.f. evitem chegar atrasados.

Peço a todos que confirmem a presença/ausência nesta próxima ida.

Beijinhos e abraços,

Rui