terça-feira, julho 31, 2012

Crónica FAS Imigrantes - 22.07.2012

Domingo à tarde, um dia muito bonito e com muito calor. Encontrámo-nos no lugar habitual, à porta de S Cirilo, para mais um dia de partilha e boa disposição.
Desta vez a atividade era o pic-nic que fazemos antes das férias. Contávamos com mais companheiros do que habitualmente, comparando com as atividades anteriores, temos sempre inscrições, mas à última da hora desiste sempre alguém Desta vez, as inscrições foram ultrapassadas por pessoas que apareceram sem se inscreverem.
Fiquei entusiasmada e ao mesmo tempo preocupada, será que as nossas contribuições para o lanche vão chegar para todos? Mas como sempre, ponho o assunto nas mãos de Deus e Ele saberá como nos ajudar a resolver.
Não acompanhei a caminhada até ao Jardim do Covelo, porque levei todas as coisas que reunimos até lá. Cheguei praticamente ao mesmo tempo que os primeiros que decidiram cortar caminho e andar a um passo mais ligeiro. Encontraram outros companheiros que nos aguardavam, e que eu ainda não conhecia.
Levamos tudo para um banco à sombrinha, esperamos que o grupo se voltasse a reunir. Poucas palavras trocadas entre mim e eles, é natural, já se conheciam mesmo bem, eu estava a acompanhá-los pela primeira vez, mas sempre muito simpáticos e cordiais nas conversas.
Grupo todo reunido, há que encontrar um lugar para nós. Como o domingo convidava, o jardim tinha muita gente.
O Manuel, como sempre, explicou-nos que a Quinta do Covelo foi doada à Câmara do Porto e ao Ministério da Saúde com o propósito de ali se construir um hospital para doentes com tuberculose. Mas o ministério da Saúde não usou este espaço, e a Câmara gere o jardim com o consentimento do Ministério da Saúde.
Escolhemos um poço desativado onde a cobertura nos serviu de mesa. Ainda era cedo, alguns foram conhecer a quinta enquanto outros ficaram a tomar conta. Eu fui explorar o lugar com o David, que já não nos acompanhava há algum tempo. As obrigações de finalista assim o obrigavam, mas os nossos companheiros já sentiam a sua falta.
De volta, o pequeno W. já estava numa mantinha a brincar, com a sua mãe. Para o ano que vem, não nos podemos esquecer de levar mantas para todos nos podermos sentar à vontade
O L. começava a trepar uma árvore e outros a jogar a bola. E o convívio começou a brotar naturalmente. O lanche foi partilhado e suficiente para todos nós. Acho que os nossos companheiros gostaram do que conseguimos arranjar.
Ainda houve tempo para um jogo de vólei e de muita conversa pelo meio. Como sempre fico a pensar que os nossos companheiros são mesmo um exemplo, boa disposição e alegria, apesar de tudo.
A tarde terminou, porque tinham que preparar o jantar em S. Cirilo.
O regresso, foi muito animado. Como sempre, alguns vão ficando pelo caminho, para regressarem a suas casas. A conversa sempre franca e participativa. Foi pena não conversar mais com todos. Chegamos depois da hora habitual a S Cirilo, cansados do jogo de vólei e da caminhada, à mistura com o calor.

Agora, quero agradecer a todos os voluntários que este ano acreditaram nesta vertente, apesar dos altos e baixos, o balanço é positivo. Espero que concordem. OBRIGADA.

Valentina

terça-feira, julho 17, 2012

Crónica dos Imigrantes - Julho

Imigrantes - Visita ao museu de Arte Sacra.
Neste sábado, 7 de Julho, os voluntários disponíveis apareceram em S. Cirilo para a visita ao museu de Arte Sacra. A manhã esteve nublada e havia alguma ameaça de chuva, o que associado a uma alteração de data já depois de feitas as inscrições, deve ter sido a razão para ter aparecido um número baixo, pois havia mais interessados. Ao todo, meia dúzia, dois inscritos e quatro voluntários. Não conseguimos perceber dois nomes na lista e não foi possível saber quem eram, por isso, saímos com um pequeno atraso de tolerância para ver se chegavam.  O nosso percurso para o centro é pela rua de Cedofeita, por onde se vai conversando. O P. vai sempre destacado à frente. Numa analogia ciclística pode dizer-se que vai em fuga uns bons metros à frente do pelotão, acompanhado por um de nós. Desta vez havia uma explicação, estava previsto encontrarmos o L. na Praça dos Leões e a hora de encontro era pelas três. Com o grupo aumentado, descemos os Clérigos e subimos para o largo da Sé. Chegamos à igreja de S. Lourenço, mais conhecida por igreja dos grilos, descendo as escadas graníticas e que nos dão a sensação de chegarmos à igreja pelo telhado. Esta igreja foi construída pelos jesuítas para criarem um colégio no Porto, com as vicissitudes da história foi passando de mãos e passou a ser conhecida por igreja dos grilos por ter pertencido aos frades descalços de S. Agostinho, conhecidos por frades-grilos por terem casa em Lisboa no lugar do Grilo. A visita ao Museu de Arte Sacra, em que predominam imagens de madeira e pedra policromadas, à igreja com um espectacular altar em talha dourada e um órgão ibérico e ao pequeno museu de arqueologia agradou a todos. Fizemos a fotografia de grupo nas escadas da entrada e espreitamos Gaia e o rio Douro do terreiro lateral. Regressamos percorrendo algumas das ruas estreitas da Sé e fazendo o restante percurso em sentido inverso. A S. Cirilo só chegou o Manuel, porque o grupo começou a reduzir-se logo em S. Bento e os voluntários não o acompanharam nos últimos metros.
Francisco

terça-feira, julho 10, 2012

FasFamilias - crónica de Abril

Numa época cada vez dominada por um certo comodismo egocêntrico, onde os valores se perdem e as prioridades se invertem, escasseia o espaço para a solidariedade e o altruísmo.
É nesta sociedade desenfreada pelo materialismo e pautada pela indiferença que os problemas sociais se avolumam a um ritmo vertiginoso, fruto de uma conjuntura socioeconómica que se tem vindo a agravar. As assimetrias sociais acentuam-se, as carências aumentam e a capacidade de resposta do estado social vai diminuindo, como vão também diminuindo as expetativas daqueles que se sentem em situação de desespero e que são cada vez em maior número.
Nunca um gesto solidário foi tão preciso e fez tanto sentido. E foi por isso que decidi dar um pequeno contributo e levar até à B. um pouco de carinho, amizade, calor humano e equilíbrio emocional. Em troca e de uma forma tão reconfortante, recebi o seu sorriso e todos nós sabemos como é belo e gratificante o sorriso de uma criança! A B.… uma menina com necessidade de apoio escolar, mas onde o apoio emocional se torna ainda mais urgente.
Nem sempre foi fácil conciliar a minha vida pessoal com esta tarefa a que me propus levar por diante. Contudo, há dias (e devem ser muitos) em que temos de colocar os nossos problemas e as nossas tarefas em segundo ou terceiro plano, porque o mundo não gira à nossa volta. E como este mundo é ingrato para tanta gente!
E é por isso que é tão importante deixar na nossa agenda espaços solidários que nos trazem um retorno altamente positivo. Aqui o tempo é ganho, não perdido…
Em todo este percurso ao lado da B. destaco um dia que se tornou especial pela diferença. Era o dia do seu aniversário! Aos poucos, fui-me apercebendo que, mais do que o "a e i o u", uma boa surpresa no seu aniversário era extremamente importante! Assim, apareci de surpresa na casa da B. com um bolo de aniversário e umas prendinhas… E deste pequeno gesto, um bonito e grande sorriso se rasgou... O seu ar traquina frequente nas sessões de apoio, tornou-se num ar meigo e feliz!
E com a felicidade daqueles que se vão tornando queridos para nós, vamo-nos enriquecendo como pessoas e vamos transformando os nossos dias agitados em dias especiais… Vamos percebendo o quão fácil é, fazer acontecer momentos de felicidade na vida daqueles a quem as adversidades os impede de crescer em harmonia e tranquilidade. Em troca, vivem "paredes meias" com experiências violentas e traumatizantes que deixam marcas irreparáveis.
E como é bom sentirmo-nos orgulhosos, dando um pouco de nós! São os pequenos contributos individuais que formam um todo que poderá fazer toda a diferença na recuperação de muitos sorrisos!
E é esse teu encantador sorriso, B.… que guardo dentro de mim! Não me lembro de te ter dado nada, o que sei … é o quanto recebi. Obrigada!

Cristina

FasFamilias - crónica de Maio

Hoje, na reunião mensal, foi-me pedido que escrevesse a crónica de Junho. Apesar de não ser particularmente dotada para a escrever achei que seria uma boa forma de partilhar a experiência que tenho tido no FAS.
Assim que cheguei a casa comecei a escrever a crónica. Porquê a rapidez? Por esta reunião, à semelhança daquelas que tive oportunidade de ir, são no mínimo inspiradoras. Há um ambiente de motivação que contagia, que anima!
Entrei no Fas há relativamente pouco tempo. Depois de uma breve passagem por um caso complexo, de apoio escolar, foi-me apresentado um novo caso de apoio escolar, em que na companhia do Nuno, iria ajudar a T. e o R. Fiquei contente porque me pareceu que seria um tipo de apoio que poderia prestar com alguma facilidade.
 A T. é uma adolescente encantadora, cheia de vida e muito simpática. Começou motivada, o que associado ao facto de ser inteligente e perspicaz, me fez pensar que seria muito fácil obter bons resultados. Não foi sempre tão fácil. Tivemos momentos muito gratificantes mas outros menos animadores, pela falta de motivação que por vezes manifestava. Apesar de ter evoluído muito, não conseguiu passar de ano. Confesso que o resultado me deixou algo frustrada, pois não correspondia à minha expectativa inicial. Mas também isto foi um motivo de aprendizagem,  para mim e para a T. Eu tive que ajustar expectativas e acredito que o que conquistamos em conjunto, apesar de não ter sido "suficiente", há-de ser útil.  A T. está mais motivada do que nunca para recuperar o tempo perdido no próximo ano.
Devo confessar que não me voluntariei no FAS pelos motivos mais altruístas. Não foi por me sentir particularmente inspirada ou por que tinha a certeza que podia ajudar alguém, porque de facto não sabia. Penso que, na verdade, foi uma tentativa de me ajudar a mim própria. Precisava de relativizar os meus problemas, de entrar em contacto com uma realidade diferente. Aquela de tantas pessoas que ignoramos durante anos ou até durante uma vida inteira. Foi este motivo, que retrospectivamente considero egoísta, que me levou a um caminho que tem sido tão atraente.
Noutro dia dizia a uma amiga, a propósito das visitas, que aqueles eram momentos únicos, em que entrava numa dimensão diferente, em que as "pequenices" da rotina do dia-a-dia não têm qualquer importância, ou qualquer espaço de antena nos meus pensamentos. São momentos de trabalho com eles, em particular com a T., mas também de convívio, de trocas de experiências, de muita observação que resultam numa verdadeira admiração por aquelas pessoas que passaram a fazer parte da minha vida. Por isto, porque a T. o R., o J. e a L. passaram a fazer parte da minha vida, eu sou, sem dúvida, uma pessoa mais feliz.
Até breve,
Teresa

Crónica dos Imigrantes 27 de Maio 2012

Em dia de aniversário da conquista da Taça dos Campeões Europeus pelo F.C.Porto em Viena  contra o Bayern München (27 de Maio), a visita da vertente de imigrantes foi precisamente no estádio do Dragão. Mas tal coincidência de datas foi um puro acaso.
A adesão de utentes do centro de S. Cirilo foi bastante elevada, motivada certamente pelo interesse pelo denominado "desporto rei" que é o futebol. E, como fomos descobrindo ao longo da visita, nem todos os participantes eram portistas (tal como acontece com alguns dos voluntários), mas isso não impediu o interesse pelo estádio.
A saída do centro de S. Cirilo foi por volta das 14:30 e desta vez a viagem não foi a pé, mas sim de metro, devido à grande distância que separavam a origem e o destino. O grupo FAS Rondas contribui para as viagens de metro dos utentes de S. Cirilo, tal como para os bilhetes de entrada para o estádio deles. A visita estava agendada para as 15:30 e com duração prevista de uma hora. Nenhum destes horários foi cumprido. A visita começou com quase uma hora de atraso e durante mais 45 min do que previsto, principalmente pelo facto de a visita ter cerca de uma centena de pessoas, ao contrário do máximo estipulado de 45 pax.
Durante a espera às portas do estádio existiu tempo para confraternizar, atualizar conversas passadas, troca de fraldas do nosso membro mais jovem (que, mais uma vez, portou-se lindamente) e, como é óbvio, falar de futebol. E depois de muita espera (as conversas começavam a cessar) a visita iniciou-se.
No interior do estádio começou por falar-se sobre a inauguração deste, sobre as "regras" de conduta para os adeptos em dia de jogo, passou-se pelo camarote presidencial, no qual estavam expostos dois troféus da época anterior, e explicaram as várias seções no interior (desde os restantes camarotes até às bancadas dos super dragões). Ainda se visitou a sala de imprensa, os balneários destinados às equipas visitantes e a sala de homenagem, na qual estava (excecionalmente) exposta a taça dos campeões europeus de 1987.
Durante esta visita ainda deu tempo para umas pequenas picardias entre utentes de clubes divergentes (nada de anormal no mundo futebolístico). Alguns tiveram que abandonar a visita mais cedo (não se esperava que fosse atrasar tanto) e, por volta das 18, iniciou-se o regresso (de metro) para o centro de S. Cirilo. O cansaço espalhava-se por todos de forma que a viagem foi calma e com uma comunicação bem mais reduzida do que na ida.
Apesar de a organização do lado do F.C.Porto não ter sido a melhor, predominam os pontos positivos: grande adesão do lado dos utentes, interação elevada entre utentes e voluntários e também entre utentes apenas. Esperemos que se mantenha assim!

Andreas