segunda-feira, dezembro 22, 2008

Crónica da visita aos imigrantes -14-12-2008

14 de Novembro de 2008, um dia fustigado por densa pluviosidade, aqui e acolá batida por vento forte, qual formal convite para uma tarde passada no conforto do lar!
Persistia, no mais íntimo da minha consciência, a missão programada para a USHA e todo o conteúdo humanitário que a mesma continha, razão mais do que suficiente para desafiar as agruras meteorológicas e desafiar o alcatrão escorregadio, indo ao encontro da Ana Aguiar, Nuno, Cláudia, Amélia e eu.
O objectivo, previamente definido, era passar uma tarde de convívio e de partilha com os imigrantes. Para tal preparamos um pequeno lanche, conbstituído por bolo rei, pão de ló e sumos, elementos essenciais para se abordar as tradições gastronómicas e culturais dos seus países de origem. Foi de comovente agrado observar as sentidas lágrimas a brotarem de olhos tímidos, sinónimo da saudade que tinham das suas origens.
Após o lanche, fomos para a Sala de Convívio e com eles participamos em diversos jogos de lazer, ajudando-os a minimizar, ainda que por curto espaço temporal, os problemas com que se debatem.
Em jeito de conclusão e em termos de reflexão, acredito que nada perdi ao abandonar o conforto do meu lar naquela tarde invernosa, bem pelo contrário, creio que vale mais o calor difundido por cada olhar de gratidão, por cada gesto de amor trocado.

André Catalão

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Crónica da Visita aos Imigrantes - 30.11.2008

Encontro marcado para as 16:30 em frente da UHSA. Hoje são 7 (Ana Aguiar, Diogo, Ana Pinho, Sónia Ferreira, Inês, Katy e Cláudia Henriques) os voluntários a visitar os imigrantes ilegais que foram apanhados por todo o país e que ali esperam por saber o que o futuro lhes reserva.
Como já e rotina, assim que entramos no estabelecimento prisional (porque, ao fim ao cabo, eles estão ali presos) dirigimo-nos a sala onde guardamos os nossos instrumentos (jogos, leitor de CD, balde com bolas, etiquetas, guitarra, entre outros), instrumentos esses que nos vão servir de ponte e nos ajudarão a estabelecer contacto com os retidos. Como sempre, a expectativa é grande (principalmente para os voluntários novos e/ou aqueles que já não vinham há algum tempo), pois nunca se sabe o que se espera: podem ser muitos ou poucos imigrantes, podem vir de qualquer parte do mundo, podem ou não estar interessados em interagir connosco, enfim, uma variada lista de situações das quais não temos controlo e que somos "obrigados" a saber lidar na hora.
Ajudando-nos uns aos outros, carregamos o material para a sala onde os imigrantes se encontram, a queimar o tempo que, para a maioria deles, não passa. Pelo corredor, encontram-se algumas caras já conhecidas que nos recebem com um olá ou um sorriso: imigrantes que ainda permanecem no estabelecimento e nos reconhecem de visitas passadas. A sua boa recepção ao nos verem, ainda que distante, e vista por nos como um sinal de que o nosso tempo ali passado não é em vão e que de facto eles valorizam a nossa disponibilidade em ir passar a nossa tarde de Domingo (ainda que bastante chuvosa e fria) na companhia deles.
Entramos por fim na sala. À primeira vista, parecem ser bastantes, cerca de 25, 30. Alguns olham-nos com ar desconfiado, outros (entre eles) comentam, outros mostram-se entusiasmados com caras novas, outros simplesmente ignoram-nos o que, como é lógico, tal acto não é julgado por nós, pois estão no direito deles.
Após apresentação do nosso grupo, cantámos a música. A adesão não e muita, por isso passamos a etapa seguinte: o jogo do novelo/da rede. A adesão aí já é maior: alguns participam voluntariamente, outros são motivados por nós, outros recusam-se a participar, mas nem por isso deixam de estar atentos ao que se esta a passar. Através deste jogo, percebemos que as nacionalidades predominantes naquele dia são brasileira e croata. Depois um ou outro oriundos da Ucrânia, Nigéria, Marrocos….
Ainda dentro do jogo do novelo, lemos o poema " Não me chames Estrangeiro". Embora durante o jogo houvesse ainda algum ruído de fundo (provocado pelos imigrantes que não aderiram ao circulo), é-nos notório que, na leitura do poema, o silêncio instala-se e há um interesse especial em perceber a mensagem que queremos transmitir: a que de independentemente da nacionalidade e situação de cada um, somos todos iguais. De certo modo, o poema colocou-os mais a vontade e facilitou a nossa relação com eles durante as restantes actividades que se seguiram. De facto, e após dissolver o circulo do novelo, o grupo espalhou-se pela sala, e cada um se entreteve com uma determinada actividade: uns a ouvir musica, outros a jogar com as bolas, outros a jogar ao Uno, outros a jogar as cartas, etc. Era de reparar que na maioria dos subgrupos que estavam na sala, poucos eram aqueles que não tinham um voluntário inserido neles. A partilha de jogos que eles próprios conheciam e que nós nos disponibilizamos a aprender foi algo que funcionou muito bem e que nos permitiu ainda mais aproximarmo-nos deles. Mais para a frente e depois do "gelo quebrado", houve oportunidade de realmente falarmos com eles, muito mais desinibidos e comunicativos, de sabermos um pouco mais sobre as suas vidas, do que eles sentiam naquele momento, dos seus desejos para o futuro. Foi curioso o facto de uma imigrante brasileira, que não estava na altura da apresentação e que chegou mais tarde à sala, quando nos viu, tão dispersos e integrados, comentou com outra imigrante que pensava que nos éramos novos imigrantes que tinham chegado ao estabelecimento.
Contudo, para nós o tempo passou rápido, e quando nos demos conta já passava das 18:30h, da nossa hora de saída. Despedimo-nos de todos com um abraço e um até breve, sendo notório em alguns, alguma tristeza de nos verem partir, o que nos fez sentir que, pelo menos desta vez aquelas 2horas passaram também rápido para eles.
Cláudia Henriques

terça-feira, dezembro 02, 2008

Ida às Aldeias 06/12 - Grupo A

Olá a todos!!

No próximo Sábado (6 de Dezembro) temos ida às Aldeias para o Grupo A.
O local de encontro será em frente à igreja N.ª S.ª de Fátima. A hora de partida: 11h00.

Confirmem, p.f., a presença/ausência.

domingo, novembro 30, 2008

Nunca sabemos o que nos espera do lado de dentro. Mais um dia de visita à UHSA.

Mais um dia de visita à UHSA! A expectativa faz parte, sempre, de cada uma das visitas. Nunca sabemos, nem podemos, o que nos espera do lado de dentro. Nessa tarde éramos 6: o Nuno, o André, a Ana Pinho, a Valéria, a Amélia e a Mariana (euzinha).
      Conto-vos como é aquilo:
      Muros altos, impenetráveis; alta segurança inviolável; pessoas perdidas num mundo que lhes fechou a porta, por um momento, talvez, vamos confiar que sim!
      Quando entramos naquele sítio, temos a clara noção do vazio que transparece de cada olhar, da desconfiança como que a perguntar: "Quem são estas pessoas? O que pensam que vêem aqui fazer? Mudar a nossa vida? Resolver os nossos problemas pendentes? Ajudar-nos a ultrapassar estes obstáculos que a vida nos colocou, e que parecem tão intransponíveis? Que pensam eles? Que só porque cá estão a vida nos irá sorrir?".
      Por vezes é complicado sentirmo-nos tão impotentes, termos a noção que não basta um gesto, um sorriso, uma palavra, para que estas pessoas, concretamente, se encham de vontade de lutar, e encarem o mundo de outra forma.
      No dia 16 de Novembro, quando lá chegámos, o frio que lá fora se fazia sentir por momentos parecia que lá dentro se propagava.
      Eram bastantes os imigrantes que lá se encontravam detidos, 27, não sei, não consigo precisar ao certo. Mas cada um deles tinha o mesmo sentimento de distância e frieza para connosco. Desta vez foi bastante complicado para o grupo iniciar qualquer uma das actividades que nos propusemos dinamizar. Muitos estavam num seu mundo, solitário, com o olhar fixo e vazio na televisão; atentos, outros, a jogar cartas; e ainda outros fechados no seu silêncio, enfim…foi difícil.
      Desde logo deparámo-nos com a barreira da língua. Inglês quase ninguém entendia, o francês nós também não nos sentíamos muitos à vontade, até isto, nesse dia, não parecia estar muito a nosso favor.
      As nacionalidades eram muito variadas, desde um grande grupo de croatas; um russo; brasileiros; um senegalês; nigerianas; um italiano; um angolano; um afegão…
      Mas quem disse que dar tudo de nós, em troca dum ensinamento de vida e de um pequeno gesto é uma tarefa fácil? Não é! Aquelas pessoas, "plantadas" naquele lugar, distante do nosso mundo, sentem a falta da família, do seu país de origem…da sua LIBERDADE! Reagem com os outros com nenhum apreço aparente. E porque seria diferente? Não nos conhecem, nunca nos viram, não somos amigos, nem família, nem compatriotas, somos o quê? Para eles somos nós, simplesmente estranhos. Sabem que não temos o poder de fazer mudar o que quer que seja!
      Mas mesmo assim não desistimos e, de 15 em 15 dias lá estamos nós, nada nos demove, nem mesmo a conversa no silêncio nos faz fraquejar.
      Nesse dia começámos, como é habitual, pela música NoXuKuRéLá e, ao contrário de outros "tempos", poucos foram os que connosco vieram cantar, enquanto isso, outros encaravam tudo com distância.
      Vi, contudo, a emoção estampada na face do senegalês que, enquanto cantava, recordava, quem sabe, a sua terra, as suas lembranças tão dele e de mais ninguém. Bem! Parece que conseguimos, através da nossa música, aconchegá-lo, demos-lhe a possibilidade de se rever lá, naquele país distante em quilómetros mas tão perto de nós como de todos os outros. É esta a nossa missão, tentar mostrar-lhes que somos iguais a todos eles, que somos humanos, todos, sem excepção, que merecemos todos, igualmente, oportunidades, ser felizes, rir, chorar, sonhar, ansiar, pensar, abraçar…todos pertencemos à mesma essência, que é viver unidos, e à mesma existência que é a vida, o Nosso Mundo.
      Seguidamente tentámos fazer o jogo do novelo, a adesão, mais uma vez, foi pouca. Entretanto, parte deles já tinham virado as costas à nossa tentativa de aproximação. A iniciativa das etiquetas autocolantes, coladas em cada um de nós, e escritas com o nosso nome, para que possamos conhecer-nos melhor, pelo menos sabendo o nome de cada um, pois  a distância assim torna-se mais curta, também se mostrou complicada.
      O jogo das bolas parece que foi, na minha opinião, o mais aceite. Senti que foi um momento curto, mas que proporcionou alguma alegria.
      O jogo da mímica também ele teve pouca receptividade por parte de todos eles.
      Tomei, juntamente com a Amélia, a iniciativa de propor jogar cartas com alguns deles, divertimo-nos todos, foi giro, gostei!
      Por último, e antes de sairmos e dizermos adeus a todos eles, cantámos a música "Imagine", momento que idealizámos como perfeito para encerrar a nossa visita, mas que não foi igualmente muito participativo.
      Esta foi, então, a nossa tarde!
      Saímos todos com alguma tristeza, diria eu, desapontados por não termos conseguido unirmo-nos uns aos outros, por não termos conseguido criar o tal EU, uma só pessoa, a dita Humanidade, que somos todos nós, e que nos caracteriza por sermos um só…não interessa a cor, a nacionalidade, a língua, a religião, os costumes, os hábitos…nós não somos nós, nós somos EU…existe um todo…somos todos diferentes nas convicções mas iguais porque somos humanos, porque lutamos pelo mesmo, queremos porque queremos VIVER!
      Nunca é fácil aproximá-los de nós, nesse dia ainda foi mais difícil do que nos anteriores, mas também não podemos querer que nos abram os braços e nos acolham, assim sem mais! Podemos sim, e temos essa liberdade, ficar na expectativa de…eles se aproximarem…de se mostrarem um pouco mais…
      São pessoas amarguradas com a vida, com uma grande relutância em aceitar os outros.
      Tiro uma lição de vida desta visita e desta experiência que é o FAS  Imigrantes: "Quero continuar a fazer parte deste grupo, que é um todo, unido num mesmo propósito, dar sem esperar receber nada…dar sem querer obrigatoriamente receber. E quero acreditar que, nem que seja por 5 minutos, a nossa presença faz toda a diferença. Há que esperar que num dos dias, sem que estejamos à espera, recebamos do outro lado uma palavra, um gesto, um ensinamento para toda a vida!".
Mariana


segunda-feira, novembro 24, 2008

"Pelas ruas do Abandono" - Sol - 5.Outubro.2007


(Carregar na imagem para leitura)
Publicação Sol - 5 de Outubro de 2007

Acolhimento para novos voluntários

Olá a todos,
 
Tendo o FASRONDAS vagas para as Aldeias, Famílias, Imigrantes e para a nova vertente no Lar de Idosos, vimos informar que haverá nova reunião de acolhimento para novos voluntários no dia 28 de Janeiro de 2009, às 19h30 no CREU.
 
A Formação de Voluntariado para novos voluntários já está marcada para o dia 11 de Fevereiro, às 21H30 no CREU.
 

Para mais informações ou confirmações:
 
e-mail: beneditasalinas@hotmail.com ou mariatfreitas@hotmail.com
 
 
Obrigada
 
GENTEFAS

quarta-feira, novembro 19, 2008

Ida às Aldeias 22/11 - Grupo B

Olá a todos

No próximo Sábado (22 de Novembro)temos ida às Aldeias para o Grupo B. A saída do Porto está marcada para as 11h, no local habitual. Será a primeira vez para os seis novos voluntários! Não faltes!

terça-feira, novembro 11, 2008

Crónica da Ronda da Boavista - 02.11.2008

Não sendo todos os domingos que agora escrevemos as crónicas, as novidades são muitas mais e nem sei bem por onde começar!!!
Depois dum período de mudanças, da Ana partir para os Açores, da Joana estar em Paris, do sérgio voltar á faculdade, decidimos que precisavamos de mais um elemento para completar a nossa ronda.
E, assim entrou a Manela. Bem vinda!!!

Para mim e para a Manela  o domingo de rondas começou bem mais cedo que o habitual. Fomos ao MUUDA buscar as roupas da campanha e passamos a tarde a arrumar e a retirar já alguns casacos quentinhos, cobertores, cachecois que iriamos precisar para a noite.

A ronda começou aterefada, com o costume, fazer sacos, preparar carros, e o momento de pausa antes de mais uma ronda.

Lá partimos. Eu, Manela e Sérgio.

Primeira paragem já habitual e já há quase dois anos a nossa D F. Estava bem mais bem disposta que o outro domingo, que estava chateada com uma dor de dentes que foi esquecida com a fotografia que tinhamos tirado à uns tempos e que demos, com o tão esperado presente de anos e claro umas fatias de bolo, não muitas por causa dos diabetes.
Lá estava com o filho, contente por nos ver, já a usar o presente que lhe demos, foi entrevistada para uma revista e no próximo domingo mostra-nos o que disse, estava muito orgulhosa do que tinha falado para a revista, tem sido muito elogiada por quem tem lido. Com duas novas companhias, uns gatos, lá a deixamos e partimos.
Seguimos para o lar de idosos onde costumamos levar sempre o pão que nos sobra depois de fazer os sacos. Entregamos e seguimos em direcção ao S G.
Estava com um discurso bem mais positivo que no domingo anterior. Lá lhe dissemos quando era a festa de Nossa Senhora das Candeias, tinhamos-lhe prometido que iamos saber a data. Demos-lhe um casaco bem quentinho para fazer frente ao frio que estava. Ficou muito contente e ainda mais quando lhe demos também umas coisas para a mulher. Aahh, também no domingo passado lhe tinhamos  dado um bolo para ele festejar os anos com a mulher e a fotografia de colete laranja que tinhamos tirado, adorou!
Apareceu o C. que já não viamos à muito tempo, mudou de sitio de dormir. As feridas da cara estavam o melhor aspecto, mas infelizmente continua na via d costume, sem grandes perpectivas de sair.
Partimos para debaixo da ponte!! O sr Z. não estava, mas no último domingo tinha-mos estado com ele, por isso imaginamos que não andasse longe. Também ficou muito orgulhoso quando lhe demos a fotografia.
Paramos do outro lado e lá estava o nosso informador MOR de futebol. Todas as ligas, todos os clubes, sejam portugueses ou não o sr A. informa-nos de tudo! Não lhe escapa nada. Sabe quem marcou, como marcou, quantos pontos tem, e claro remata sempre a conversa com os jogos da semana que vai começar.
Estava muito desaconchegado e por isso demos-lhe um casaco. Ficou contente e agradecido.
Seguimos para o Z.C.. Sempre a mil, sempre a correr, sempre a mandar nas pessoas que passam para estacionar, "estragam o espaço, usam a mais, cabia lá outro!" sempre com novidades de rua. Qualquer  coisa que queiramos saber do que se passa na rua é só perguntar ao informador Z.C!!!!
Ainda não é desta que está convencido a sair daquela vida. Nem com os exemplos das pessoas que conhece tão bem como a M. ou o J.P ele se convence a deixar aquela vida.
Partimos para o J.P. Ainda não tem quarto, quase há seis meses de vitória, desintoxicação, e não há meio de lhe sair a sorte grande, um quarto.
O J. P. conseguiu sozinho sair da vida que tinha, largou o vicio, arranjou-se como podia, arranjou emprego inicialmente a lavar carros. Com a crise acabou por perder o emprego, mas não foi por isso que voltou a cair na vida que tinha antigamente. Lutou e agora já tem novo emprego. Só lhe falta mesmo um quarto, já nem pedimos casa, mas quarto é o minimo!
Finalmente encontramos a D G. Ja não a viamos à algum tempo. Tinha estado com gripe na semana passada por isso é que também não a vimos. Lá lhe demos o saco do costume, ficou agradecida, viasse que tinha saudades nossas. Contou-nos que o amigo do M. está em desintoxicação e que agora tem uma namorada "muito bonitinha".
Também não sabe de nada do sr R.
Chegamos à última paragem da noite, o mitico sr A. Continua à espera que lhe seja atribuido o trabalho comunitário que vai ter de fazer por causa do julgamento que teve. O filho continua a dizer ue não o quer ao lado dele. Mas segundo ele "o presidente da junta está a tratar do caso". Também não sabe muito do sr R, disse-lhe como lhe tinhamos pedido que o saco agora só era entregue se ele viesse ter connosco. É o segundo domingo depois deste recado que não o vemos. Parece que o vicio fala mais alto e por isso afasta-se daquela zona e percorre quilometros só para um traçinho de bagaço.

São as pequenas coisas como as fotografias que fazem grande diferença, ou os casacos que tivemos da loja, ou as comidas que levamos pensando em cada um deles, ou a data da festa que o sr G tanto queria saber, que faz com que cada um deles seja especial para nós. Que faz com que durante a semana tiremos cinco minutos do nosso dia-a-dia para podermos tratar dos pedidos que nos vão fazendo. Coisas tão pequenas e que custam tão pouco, talvez insignificantes para quem não os conhece, mas que para eles são os minutos do domingo que são só para eles.

O melhor no meio de tudo não é dar o que nos pedem, mas recebermos o carinho com que todos os domingos nos recebem e perguntam e se lembram daqueles que não estão.

Benedita Salinas

domingo, novembro 09, 2008

Nova vertente do FAS: trabalho com idosos no Porto - Precisa-se de voluntários

Olá a todos,
Em Maio/Junho fomos contactados pela Cruz Vermelha no sentido de ajudarmos o Centro de Dia do Bairro do Bom Pastor (que fica na zona do Vale Formoso- perto da Constituição). Este centro de dia e os seus idosos (cerca de 15) carecem de algum tipo de animação, que actualmente não existe.

A Cruz Vermelha perguntou-nos se não seria possível ajudarmos animando uma parte de uma manhã ou de uma tarde de vez em quando (a periodicidade das visitas será de acordo com o que pudermos - apontamos actualmente para que seja uma vez por mês), apenas para vos dar uma ideia imagino que se possa programar a duração algures entre 60/90 minutos.

Esta visitas de animação seriam realizadas algures entre as 9h e as 15:30h, fora dos fins de semana. Tendo presente esta grande condicionante peço a todos, e em especial aos universitários (que são talvez aqueles que têm mais disponibilidade/flexibilidade de horário) que vejam se poderiam ajudar neste projecto, quer participando na equipa, quer liderando a equipa. Já temos dois elementos jovens na equipa, um dos quais fará a coordenção, faltam-nos mais membros.

Uma equipa de visitas apenas necessitará de ter mais ou menos 4 voluntários, e o horário e o dia das visitas será acordado entre todos os voluntários - dependendo da disponibilidade de cada um. Qualquer ajuda que possamos dar (mesmo que seja só uma vez por mês), a Cruz Vermelha ficar-nos-á muito grata, assim como todos os idosos.

Assim peço a quem tenha alguma disponibilidade e vontade de integrar este novo projecto que me diga algo e depois mais à frente, na definição do projecto e do seu horário e periodicidade, veremos o que poderemos ajudar.

Trabalharemos todos em conjunto, sempre com o apoio de todo o FASrondas e da Cruz Vermelha.
Um abraço a todos,
Jorge
PS - Qualquer dúvida que tenham, não hesitem em contactar-me por mail:jorge1mayer@gmail.com ou 938488377

quinta-feira, novembro 06, 2008

Magusto Aldeias próximo Domingo 09/11

O grupo das Aldeias vai sair no próximo Domingo do Porto (em frente à Igreja nossa Senhora de Fátima), pelas 10h30, para celebrar o Magusto nas Aldeias. Se algum voluntário do FAS estiver interessado em juntar-se a nós, contacte o grupo das Aldeias. E bom S.Martinho!

domingo, novembro 02, 2008

Crónica da Ronda Sta. Catarina – 19.10.2008

A ronda desta semana teve como principal novidade o regresso esperado da nossa Raquel.
Por motivos de logistica apenas eu e a Raquel fizemos a ronda.
Começamos a noite, como de costume, a visitar a nossa querida F. que continua com problemas em relação às ajudas da segurança social para poder pagar a pensão onde está juntamente com o seu parceiro P. O P. desta vez não desceu para falar connosco mantendo o seu conhecido mau feitio.
Depois de muitas recomendações para a F. ter cuidado com a sua alimentação seguimos caminho e fomos visitar o casal mais antigo da história do FAS. A Dona E. e o Sr. F.
A Dona E. sempre muito resmungona matou as saudades da Raquel sem nunca esquecer de perguntar pelo seu querido Vasquinho e por todos os voluntários que foram saindo da ronda ao longo destes anos.
Seguindo caminho fomos visitar a I. e o seu namorado J. Devido a uns momentos mais tensos com o J. estava um pouco expactante para ver como é que estaria o seu estado de espirito. Para minha surpresa, estavam os dois muito divertidos e bem dispostos.
O J. está muito feliz por partilhar a vida com a I. e por poder comer refeiçoes quentinhas graças ao novo micro-ondas. Como estava a dar a novela, a I. pediu para sermos rápidos nas conversas pois a novela estava numa parte bastante emocionante.
O ponto de encontro seguinte foi no local mais frio da nossa ronda, com ventos fortes, só compensados pelo calor humano dos nossos S.A. Como é costume, juntou-se o S.P., a A., o sr. J., o Sr. A. e o L.. Como só estavamos nós os dois tivemos uma conversa com todos ao mesmo tempo sem grandes novidades mas com a boa disposição e alguns filmes do costume…
Já a altas horas da noite fomos visitar o E. que está sempre dentro da sua tenda equipada com um dos melhores isolantes térmicos para não passar frio.
Estava muito mal chateado pois dois assaltantes tinham espancado uma pessoa que ficou muito mal tratada e que o E. estava a ajudar. Bebeu o seu chá, contou algumas histórias relacionadas com o que tinha sucedido e voltou para a sua tenda.
Acabamos a ronda com uma partilha final em que entregamos a noite ao Senhor e fomos para casa, já que no dia seguinte é dia de acordar muito cedo…

Luís Pedro Pires

quarta-feira, outubro 29, 2008

MUUDA "FAS Ronda" no fim-de-semana. Participe!

Rua do Rosário, 294, Porto

EM DESTAQUE
in Público, 23 de Outubro de 2008

SÁBADO, 1 DE NOVEMBRO

Sensível a esta conjuntura e aos reflexos que se sentem actualmente no nosso país e no mundo, o MUUDA dedica o próximo Sábado a uma recolha de roupa para o Inverno dos mais carenciados.

Traga camisolas, casacos, cobertores, mantas e outros agasalhos e terá DESCONTO DE 10% nas compras desse dia. Os produtos oferecidos serão distribuídos logo no Domingo, dia 2, aos sem-abrigo do Grande Porto.

Esta iniciativa é feita em parceria com a FAS Rondas, um grupo de voluntários que se reúne no CREU, desde 2003, e promove acções de apoio a Famílias, Aldeias e Sem-abrigo através da angariação e entrega de bens de primeira necessidade.

Saiba mais sobre o seu trabalho de acção social em http://fasrondas.blogspot.com/

NOTA: O desconto mencionado só é válido no dia 1 de Novembro e não é acumulável com qualquer promoção.


Mais informação em www.muuda.com/

MUUDA - Rua do Rosário, 294, Porto; telf: 222011833

Crónica dos Aliados - 26.10.2008

A ronda de hoje começou com bastante frio e um voluntário novo, o Guilherme, além de nós. Iniciamos a ronda pela zona de Cedofeita, desta vez com uma autêntica feira. De facto, apareceram os habituais Sr A. e Sr. A.2, bem como o J., que aparece de vez em quando, apenas quando não está ocupado com alguma das suas quatro namoradas do costume… Para além destes, apareceram o E. e J.A.. Para além das conversas habituais de futebol, que é sempre um dos temas de conversa abordados (apenas para quebrar o gelo), recebemos todos massagens do J., que devia começar a cobrar em saquinhos de arroz ou massa, pois tem imenso jeito (além de endireitar as costas). O E. e J.A., que já não víamos há algum tempo, estiveram-nos a contar as suas artimanhas de arrombar as portas das casas antigas para conseguir dormir com o mínimo de conforto. Afinal também aprendemos alguma coisa nas rondas…

Passámos à próxima paragem, onde esperávamos encontrar o J.C. e o J.. No entanto, apesar de termos esperado algum tempo, não os encontrámos lá. Vamos tentar passar lá esta semana para ver se os vemos. Temos vindo a acompanhar o J.C. há algum tempo. É um senhor de meia-idade muito afável e muito lutador por aquilo que quer. Quando o conhecemos ele estava a dormir na rua, e estava a tentar arranjar um quarto pela assistente social, com a ajuda de umas meninas de uma associação de apoio aos sem-abrigo (a C.A.S.A.). Neste caso, nós apenas acompanhávamos e proporcionávamos alguma companhia. No entanto, era visível pelo brilho dos olhos dele a alegria da nossa companhia, o que também nos enchia de alegria. Recentemente conseguiu arranjar um quarto, fiado na conversa da dona do quarto, que dizia que o quarto tinha duas janelas, o que o fez aceitar logo, devido ao seu problema de bronquite asmática. O que a senhora se esqueceu de dizer é que o prédio tem uma casa de banho de menos de 1mx1m para três pisos de quartos, o quarto era num sótão a cair de podre com as paredes amarelas do mofo, mal cabe a cama, não tem cómodas nem guarda-fatos. Como tal, encontra-se neste momento a tentar arranjar outro quarto… Esperemos que consiga arranjar!

De seguida, fomos falar com o P. e o F., embora só lá estivesse o primeiro. No entanto, estava lá com uns tubinhos e uns limões, e disse-nos educadamente que não era boa altura, embora nos tivesse prometido que na semana seguinte estaria lá à nossa espera com outra disposição. Que coincidência estes sem-abrigos andarem todos com limões, deve ser para beberem limonada antes de adormecer (eh eh).

Na nossa última paragem desta ronda, fomos falar com o F.. Mas, como diz o ditado, o melhor fica para o fim! De facto, este senhor, de meia-idade e com uma grande barba, é simplesmente o máximo! Isto porque tem sempre histórias mirabolantes para nos contar, dos seus tempos de juventude e não só. As suas anteriores ocupações também levam sempre a interessantes conversas, embora eu ache melhor não aprofundar muito este assunto… Diz-nos também que nunca dorme, apenas descansa a vista. No entanto, algumas vezes passamos lá e somos capaz de jurar que estava a ressonar, mas deve ser impressão nossa. Nesses dias acabamos a ronda tristinhos, pois perdemos o melhor momento da noite … A "suite" que ele constrói para dormir é também um factor da nossa admiração. De facto, o F. dorme mais confortável do que num colchão pikolin, pois deita-se em cima de 5 ou 6 sacos de viagem cheios de roupa (que às vezes nos quer oferecer). Além disto, tapa-se completamente com um conjunto de plásticos estrategicamente atados com cordéis à fachada do edifício onde está (tal como num remendo de um pano), o que lhe permite abrigar-se do vento e da chuva. E com esta visita terminámos a ronda de hoje, cheios de vontade de voltar a encontrar estas pessoas a quem o mundo voltou as costas…

Raul Campilho

domingo, outubro 26, 2008

Crónica da Boavista - 05.10.2008

Encontramos a D. F. no lugar do costume. Sentada no seu velho banco ao ar livre, junto ao edifício localizado no parque de estacionamento, aguardava a vinda de um dos filhos. O frio de Outono fazia-se sentir mas parecia não lhe fazer diferença, pelo menos não o suficiente para a demover dali e abrigar-se na barraca escondida por detrás do edifício, onde vive com o marido. O local tornou-se estratégico. Quem a procura sabe onde a encontrar. Queixou-se novamente sobre o seu estado de saúde. A juntar-se às dores de barriga, um dente infeccionou e estava hesitante em ir ao Centro de Saúde.

Seguimos para a zona da Boavista onde, invariavelmente, o Sr. G. ocupa o "posto" de arrumador nocturno de carros. Continua com o mesmo colete de sinalização e, à falta de melhor, com o mesmo crachá que um dia achou no chão de um participante do I Seminário Ibérico sobre "a madeira como elemento construtivo". Acha que lhe dá um ar mais profissional, visto de longe é claro. Apesar dos seus setenta e tal anos não pensa em desistir e recebeu-nos, como sempre, com um sorriso. Falamos do Volvo que lhe deram (quase sucata). Não anda, ainda. Mas com uns arranjitos está esperançado que vai ter ali uma bela máquina para passear com a sua senhora!

Seguimos depois para debaixo da ponte onde mora o Sr. A., de um lado, e o Sr. Z., do outro, que não estava. O Sr. A. contou-nos que lhe tinham furtado meio pacote de batatas fritas e um pacote de filipinos. Devia ter sido alguém com fome. O sítio não estava muito limpo. Havia lixo espalhado encosta abaixo. Incentivamos o Sr. A. a fazer uma limpeza. Falamos de vinho, bebida que o Sr. A. aprecia bastante, das voltas que faz e também dos "clientes certos" que lhe costumam dar algum dinheiro.

Fomos por fim ao encontro do Sr. Al., do Sr. Ar. e da D. G. Infelizmente, o Sr. Ar. não estava. Há dias que não era visto. Soubemos que alguém lhe tinha furtado um cobertor. O Sr. Al. parecia cansado mas mostrou-se contente com a nossa presença. A conversa foi curta. Falamos das dificuldades da vida. A D. G. teve entretanto de apanhar o autocarro para ir para casa, momento em que nos despedimos de ambos. E assim terminou mais uma ronda.

Sónia Bartolomeu

sexta-feira, outubro 24, 2008

Novo Calendário e Organigrama 2008/2009

Coloco aqui em destaque a actualização do Calendário relativo ao nosso próximo ano de actividade, bem como o Organigrama do FAS:

Calendário 2008/2009

Organigrama


Podem sempre consultar estes documentos, na secção Informações úteis, do lado direito da nossa página.

quarta-feira, outubro 22, 2008

Ronda da Batalha - 12.10.2008

Se no domingo passado me tivessem perguntado como ia ser a ronda, não hesitaria em responder que seria idêntica às das últimas semanas, já que, por circunstâncias diversas, o número de casos que visitamos tem vindo a diminuir, e as visitas a fazer pareciam então bastante previsíveis.
Essencialmente, o que queria deixar aqui registado, e partilhado, é a forma como o encontro com uma destas pessoas foi diferente do habitual... e no entanto, todos somos os mesmos, ele e nós! A única coisa que mudou foi o tempo, que entretanto foi passando, e que só por si – e quase sem darmos por isso – tratou de criar laços, enraizar relações e permitir confiança, a partir de uma presença continuada de ambas as partes.
Neste encontro não se repetiu uma das situações habituais em que, ora a conversa é animada e sem sentido, por influência do álcool, ora – por falta deste – abunda o silêncio, e ao primeiro momento em que nós nos calamos, nos sugere que prefere ficar sozinho... Neste encontro a conversa não foi animada pelo álcool, mas houve tempo para estar e ficar... houve silêncio e houve palavras, mas fez-se sentir o prazer da presença mútua. Acima de tudo houve cumplicidade, traduzida em sorrisos, em olhares nos olhos, no facto de nos ter deixado ficar mesmo quando não nos ocorreu o que dizer... apenas porque há uma relação, construida com o tempo, e para que ela se manifestasse, no domingo passado, bastou a presença.

João Aires

terça-feira, outubro 21, 2008

Crónica dos Imigrantes - 19.10.08

Éramos 5, numa tarde que parecia de verão: calor, boa disposição e animação. Os famosos 5, desta vez, éramos: Valéria, Ana Pinho, Joana, Diogo e eu.

Os habitantes da UHSA eram 14: tinham entrado 7 novos, naquela semana. Eram originários do Brasil, Guiné-Bissau, Senegal, Geórgia, Quénia, China e Ucrânia. O contacto inicial foi complicado. Eles estavam maioritariamente na sala de convívio, sendo que os restantes estavam naquele espaço de compromisso exterior/interior, uns e a descansar, outros. Pensámos em fazer a apresentação e o jogo da rede com o novelo de lã no referido espaço, mas ninguém nos acompanhou até lá fora. Regressámos à sala de convívio e desafiámos todos a participar. Houve renitentes que só noutros jogos se foram entusiasmando e aderindo.

Tentámos pôr música dos respectivos países, mas também não foi fácil. Desta vez era o material de reprodução sonora que não colaborava. Valeu-nos um Georgiano que falava inglês, para nos ajudar a operar o leitor de DVD articulado com a televisão.

Partimos para o jogo das bolas-de-meias nos baldes. Sucesso total: todos aderiram, com enorme entusiasmo! Mesmo os renitentes e os de mais difícil comunicação. Venceu o Georgiano que se expressava na língua anglo-saxónica, acertando, com algum à vontade, no balde mais distante, sem necessitar sequer, de recorrer à estante como tabela.

A Valéria, que é uma nova voluntária, levou um jogo de palavras, com um tabuleiro e peças com letras. Desafiámos, então, os nossos amigos a comporem, a partir de uma letra inicial, palavras nas próprias línguas. Esta iniciativa acabou por servir de mote a várias conversas sobre a vida de cada um: origem; destino; opinião acerca de Portugal; actividade profissional; etc.

Chegou a hora da despedida e os 5 tiveram que regressar a casa. Cantámos, como no início, o NoXuCuRéLá e despedimo-nos de toda a gente, desejando boa-sorte a cada um. Eu fiquei com as palavras do Georgiano: “This has been a happy day, for me!”

Beijos e abraços,


Nuno de Sacadura Botte

Magusto nas Aldeias - Reunião 30/10

Olá a todos os "Fasedores de Rondas"

O Magusto nas Aldeias está marcado para o dia 09 de Novembro, pelas 14h. Os voluntários das aldeias vão reunir-se no dia 30/10, no CREU, pelas 21h30, para organizarem este evento,mas todos estão convidados a ajudar na organização e a participar na festa de S.Martinho. Se quiseres, aparece!

Ida às Aldeias 25/10

Olá "Aldeões"
As visitas às aldeias estão marcadas para o próximo sábado, dia 25 de Outubro, com saída às 11h, do Porto. O encontro é no local habitual, em frente à Igreja Nossa Senhora de Fátima.
Neste sábado é a vez dos visitadores do Grupo A.
Não faltes!

quarta-feira, outubro 15, 2008

Noite de Abertura do CREU - 10.10.2008

Olá!!!

Pois é... =) No Passado dia 10 de Outubro, foi a noite de arranque do CREU, e o FAS mostrou um pouco do que fazia...
com conversas paralelas... com esclarecimentos... com testemunhos...
e com um novo vídeo de apresentação:



Ver em ecrã inteiro (Recomendado)

Também temos algumas fotos:


SlideShow

quinta-feira, outubro 09, 2008

Crónica da Areosa - 05.10.08

Numa efeméride que colidiu desafortunadamente com um domingo, iniciamos mais uma jornada de sorrisos, como gentilmente gosto de a pensar. Em dia de comemoração da implantação da República, eu, a Ana, o Pedro, a Maria e a Andreia partimos rumo à implantação de alguma cor no dia-a-dia de quem perdeu os seus lápis de cera na longa rua da vida. A nossa tarefa (da qual sei que nos orgulhamos) é fazer com que estas pessoas não percam a vontade de pintar a sua vida, por mais taciturno que o desenho lhes possa parecer.
A noite estava bela, mas sarcasticamente fria. Iniciamos a ronda visitando a ilha, onde esperávamos encontrar a D. A e a S. Não tivémos muita sorte desta vez: tanto uma como outra não estavam em casa. Deixámos um saco junto ao anexo da S, como habitualmente, para que ela sentisse aquando da chegada que os seus amigos de sempre estiveram lá para mais umas boas conversas. Quanto à D. A, para além do saco, resolvemos também deixar-lhe um bilhete que a informava acerca das horas a que costumávamos lá passar todos os domingos, de forma a podermos vê-la e falar-lhe mais regularmente; no final, não nos privamos de lhe desejar uma óptima semana.
Dirigimo-nos de seguida para junto do Sr. J, pessoa que nos dá uma lição semanal da verdadeira essência da vida. Foi desconcertante a situação em que o encontrámos. Dormia sobre um papelão, tremia de frio e envergava um semblante que nem adormecido escondia o sofrimento pela condição. Apressámo-nos a arranjar um cobertor que se pudesse atenuar o seu frio, juntamente com uma sopa quente. Como sempre, o Sr. J agradeceu-nos amavelmente, concedendo-nos a honra de achar que podemos estar a criar grandes laços de amizade com ele. Ele retomou o descanso mais aquecido, e nós seguimos a nossa ronda.
Na paragem seguinte tentámos encontrar I, sem sucesso. Não havia sinais dela junto ao local onde costuma pernoitar, logo propusemos voltar lá um pouco mais tarde.
Rumamos então ao prédio em busca de R e B, na esperança de os encontrar bem. Quando os avistamos, ainda no carro, pareciam estar a discutir, dada a gesticulação. Quando os abordamos, percebemos que não se passava nada de alarmante. B informou-nos do seu novo emprego, falando dele com entusiasmo e esperança. A conversa direccionou-se para a vontade dos dois em arranjar casa, tendo estado o Pedro - o economista de serviço - a ajudá-los no cálculo e previsão das despesas de tal iniciativa. Como sempre, R mostrava-se céptica quanto à ideia, ao passo que o B mostrava-se bastante resoluto e optimista. Enquanto conversávamos com o B e a R (que parecia estar mais atenta à música do seu telemóvel do que às nossas perguntas), recebemos uma inesperada visita: o Sr. A. Estava bem vestido, bem cuidado, mas a solidão habitava tanto o seu rosto como o seu discurso. Pediu-nos algo quente para beber e algumas bolachas, falando-nos da sua intenção de se mudar para Lisboa nas próximas semanas. Pedimos-lhe que se encontrasse connosco antes de partir e que compilasse, como prenda de despedida, todos os poemas que gostava de nos escrever. Ele concordou com a ideia, mostrando-se até contente pelo interesse pela sua arte. Após alguns dedos de conversa com ele, com B e com R (que substituira a música do telemóvel pelos bocejos de sono), despedimo-nos todos com desejos de boa semana, antes de partirmos novamente em busca da I, tentativa que se revelou novamente infrutífera.
Na nossa última paragem visitámos o Sr. M. Desta vez, o seu sono era tão profundo que optamos por não o acordar, deixando os sacos junto à sua cama e acompanhados de um bilhetinho assinado por todos que continha desejos de uma boa semana.
Terminava assim mais uma ronda que, apesar de atípica, nos ensinou muito. É curioso sentir os valores de todas as coisas na nossa vida darem cambalhotas a cada ronda, fazendo-nos perceber que os melhores momentos da nossa existência provém da nossa relação com todo o tipo de pessoas, mesmo aquelas que parecem estar num cantinho de mundo esquecidas pelo mesmo. Mas por nós, nunca.

Luís Mouta Dias

Crónica dos Imigrantes - 28.09.08

Mais um domingo acontece. Um dia diferente porque é passado com os imigrantes que estão retidos na UHSA.
Apesar de não termos tido férias, o presente domingo parecia o “regresso” da equipa, na medida em que pudemos contar com 9 dos elementos do grupo. Nomeadamente a Ana Aguiar, Ana Sampaio, Ana Deiros, Ana Pinho, Diogo, Salomé, Nuno, Miguel e eu, a Sónia.

Quanto aos imigrantes, apesar de poucos, contamos desta vez com uma grande diversidade em termos culturais, visto que era cada um de seu país. Um chinês, um italiano a residir em Espanha, um ucraniano, um angolano e por último, já nosso conhecido da última visita, um marroquino. Este último não muito participativo, devido ao facto de ser muçulmano e estar a cumprir o “Jejum Espiritual” – o Ramadão.
Notamos que estavam presentes mais pessoas, no entanto estas descansavam no quarto.


No inicio, à nossa chegada, somos nós próprios os imigrantes. Os estranhos que invadem um espaço onde quem lá está, geralmente joga de uma forma pacifica, num dialogo surdo, cartas ou xadrez e não raramente assiste à televisão.

É pela motivação de lhes proporcionar um momento agradável que avançamos. Sempre com o cuidado de tentar que as actividades eleitas sejam abrangentes em termos culturais, mas neutras em termos de convicções e valores. Isto porque a sociedade já é suficientemente agressiva a este nível. Não obstante o facto de que para tentar colmatar essa agressividade, esforçamo-nos por estar o mais disponível possível para receber o que eles têm para nos dar. E num limite posso mesmo dizer que recebemos muito mais do que aquilo que damos.

Como sabemos bem, as diferenças no mundo originam deslocações de pessoas de uns lugares para outros, em função das oportunidades que se lhes mostram mais ajustadas para melhorarem a sua vida. Neste plano não existe qualquer lei que impeça seja quem for de imigrar. O povo português sabe que esta é uma questão incontornável, pois apesar das muitas leis que os proibiam de emigrar, nenhuma delas foi capaz de os impedir de tomar tal decisão. Esta é a ideia que tentamos passar numa das actividades que desde o primeiro dia esteve presente – a da rede (novelo de lã).
Esta actividade consiste em fazer desenrolar um novelo de lá, que vai sendo atirado de uns para os outros, que em simultâneo vão dizendo o seu nome, idade e naturalidade. Como a ordem é aleatória, o resultado final é uma rede. E a mensagem que passamos é precisamente a de que “apesar de sermos todos de sítios diferentes, estamos naquele dia ali todos juntos, ligados pela rede”.

Neste domingo decidimos que cada um podia expressar o seu desejo ou o seu sonho depois da leitura de um poema aquando ainda da rede formada. O ideal colectivo que ali emergia era sem dúvida o da liberdade. Liberdade esta, que se traduzia no sonho de viver numa sociedade multicultural, assente na igualdade de direitos e respeito pela diferença de todos os seres humanos, independente da sua nacionalidade, etnia, crença, condição social, etc…

Os resultados desta actividade levam-me assim a pensar que a imigração não pode ser dissociada da garantia dos direitos humanos universais.
Penso que para eles será mais um dia que têm de permanecer lá… para nós uma tarde a cumprir o nosso dever. E é neste ciclo de solidariedade e troca de experiências que nos vamos cruzando com o Mundo…

Sónia Ferreira

segunda-feira, outubro 06, 2008

Ida às Aldeias 11/10

Olá "Aldeões"
As visitas às aldeias estão marcadas para o próximo sábado, dia 11 de Outubro, com saída às 10h45h, do Porto. O encontro é no local habitual, em frente à Igreja Nossa Senhora de Fátima.
Neste sábado é a vez dos visitadores do Grupo B.
Não faltes!

terça-feira, setembro 30, 2008

Crónica da Areosa – 28.09.08

Desta vez começamos mais tarde que o habitual, numa ronda com novidades e surpresas. Partimos 5: A Andreia, a Ana, o Pedro, o Luís e eu. O Nuno também estava no arranque mas agora já se reformou das rondas…
Apesar do ligeiro atraso, seguimos para ver a D. A e a S. Quando nos aproximamos da ilha temos sempre medo que os cães estejam soltos e nos saltem em cima mas, desta vez, tivemos sorte porque estavam presos. Tal como das últimas vezes, a D. A. não estava mas pareceu que desta vez tinha feito um esforço para nos esperar. Em compensação, estivemos com o seu neto, o M. Estivemos um pouco a brincar com ele e demos-lhe uns brinquedos que levávamos. Ficámos a saber coisas da avó, da mãe e dele também, coisa que já não acontecia há algum tempo… A Ana e eu fomos bater a casa de S. para ver se esta estava. Quando nos preparávamos para vir embora, esta abriu-nos a porta. Fizemos-lhe a manicure e conversámos um pouco com ela em voz baixa porque o Sr. A. estava a dormir. Nessa altura apareceu o Nuno, que resolveu acompanhar-nos neste bocadinho e pôr-nos a par das melhoras do Sr. Z., que tem estado doente.
Daí partimos para o prédio. Encontramos lá R. a chorar. Tinha-se chateado mais uma vez com B. e desta vez a questão envolvia o dinheiro do rendimento mínimo de R. e a falta que o dinheiro lhe faz agora para comer. O Pedro combinou encontrar-se com ela durante a semana para a ajudar nestas questões económicas e bancárias.
A próxima paragem foi junto do Sr. J. Ao contrário da semana passada, estava acordado e falou bastante connosco. É incrível como um homem tão culto e com tantos estudos dorme agora na rua. A seu lado está sempre R, a sua fiel companheira canina, que está sempre de olho e a rosnar quando chegamos porque tem medo que façamos alguma coisa de mal ao seu dono. A meio da nossa visita cantámos os parabéns ao Pedro, que fazia anos, sopraram-se as velas e comeu-se bolo.
Já tarde, partimos para as nossas últimas paragens. Tentámos ver se encontrávamos I, com quem temos falado pouco, e desta vez conseguimos. Encontrámo-la na sua pequena caixa, tão pequena e rasgada que I nem sequer se mexeu lá de dentro para falar connosco, com medo de não conseguir “encaixar-se” depois. Prometeu-nos novamente ir cortar o cabelo, algo que teremos que esperar para ver, como temos feito de há um ano para cá. No final, estivemos com o Sr. M. A princípio, não nos queria receber, disse que era muito tarde e perguntou se não queríamos ir embora, mas depois lá ficou a falar connosco. Na sua óptica, estávamos todos bêbedos e o Pedro era o único que tinha direito, por ser o seu aniversário.
Terminámos a ronda muito tarde mas realizados com tudo o que demos e maravilhados com tudo o que recebemos das pessoas que visitámos. Há visitas que marcam e esta foi uma delas e que nos recordam da razão pela qual todos os Domingos à noite nos juntamos, independentemente do tempo, da vontade ou do cansaço.

Maria Freitas

quinta-feira, setembro 25, 2008

Crónica da Boavista - 21.09.2008

Encontramo-nos todos no arranque e assumimos mais sacos do que o normal para os levar ao Aleixo.
Partimos eu e o Sérgio, a D. F estava em Lisboa, mas ficamos a falar com o Sr. V, filho e amigo. Ele já não vai trabalhar no poço da morte, estava sóbrio e por isso a conversa foi muito animada e boa. No eslopan já estava à nossa espera, por isso foi muito rápido. O Sr. G tinha a pistola com ele, mas sem balas.. valha-nos isso! Estava animado e desta vez não tivemos mesinhas, apesar do cheiro nauseabundo que vinha da chaminé do "estabelecimento" vizinho :)
Na "central dos rádios", o Sr. Z estava de serra na mão, tinha acabado de ameaçar uns estudantes que queriam roubar um sinal de trânsito... O Mãos lindas estava alcoolizado e a recitar várias efemérides desportivas, pedimos-lhe que "arrumasse" um pouco o seu local. O sumo foi muito apreciado.
Passamos os sacos a mais para quem ia ao Aleixo e fomos ao encontro dos 3 da ida airada, mas o Sr. Ar não estava, falamos também com o JP que está em progressos na metadona, já lá vão 9 meses, esperemos que surja um quarto em breve, para subir mais um degrau... Trocamos números de telemóvel.
Terminamos com a partilha da noite, correu muito bem.

Jorge Mayer

quarta-feira, setembro 24, 2008

"Em Reportagem", RTP || "Rondas de Solidão" 18.10.2006

mais um pouco do que somos... e do que partilhamos....

do programa da RTP, "Em Reportagem", com o nome "Rondas de Solidão", temos a seguinte reportagem sobre "um pouco do que somos... e do que partilhamos...."

Parte 1



Parte 2

Programa "Natal Feliz", RTP

Ida às Aldeias - 27/09

Olá "Aldeões"
As visitas às aldeias estão marcadas para o próximo sábado, dia 27 de Setembro, com saída às 11h, do Porto. O encontro é no local habitual, em frente à Igreja Nossa Senhora de Fátima. Neste sábado é a vez dos visitadores do Grupo A. Vamos iniciar o novo esquema para este ano. Não faltes!

domingo, setembro 14, 2008

Acolhimento de novos voluntários - 18 de Setembro (esta 5a feira)

Olá a todos!
É já esta 5a feira que quem quiser conhecer e inscrever-se no FAS o poderá fazer.
O local de encontro será às 19h, no CREU, (basta carregar no link para ver o mapa).
Estaremos lá à espera de todos os interessados para dar a conhecer um pouco o que é, e o que faz o FAS, e conhecer as expectativas de cada um sobre a forma de conversas um a um.
Será um breve encontro, com muitas conversas paralelas para as quais estaremos presentes até às 20h.
Um abraço,
Jorge Mayer

quinta-feira, setembro 04, 2008

Visita de Agosto à UHSA - 27.08.2008

A última visita que fizemos aos imigrantes detidos na Unidade Habitacional de Santo António foi muito diferente das anteriores; diferente porque o nosso grupo de voluntários estava reduzido a três (já sabíamos que Agosto seria assim), diferente porque a maioria dos utentes eram mulheres que já estavam em Portugal há vários anos e diferente porque a língua dominante era o português.

Para começar cantámos o NoXuKuRéLá, música moçambicana que a Cristina trouxe para o grupo e que já consideramos nosso ícone: as palavras significam “Aleluia Senhor”, a melodia é fácil de aprender e a coreografia ajuda a marcar o ritmo e a integrar os mais tímidos.
No jogo de apresentação ficámos a saber os nomes e países de origem: do Brasil eram 6 mulheres (do Nordeste, da Baia, do Rio e do Pantanal), da Bósnia uma, de Angola um homem e de Marrocos um, outro homem foi entretanto para o quarto descansar. O marroquino manteve-se entretido, a alguma distância, e o resto do grupo foi-se instalando nos sofás a ouvir música e conversar. Falou-se de festas, de churrascos, de amizade, de família, dos filhos que ficaram lá, dos medalhados nos jogos olímpicos, compararam-se formas de reagir de brasileiros e portugueses, comentaram-se filmes recentes. Ainda houve quem ensaiasse uns passinhos de dança ao som do CD que a Ana P. trouxe. Nem dei conta que já era hora de ir embora.
Entretanto a Sónia já tinha aproveitado para pedir ao marroquino para lhe ensinar palavras em árabe e assim poder fazer crescer a já longa lista de palavras e expressões neste idioma que (com um sentido muito prático) vai anotando no seu caderninho das visitas. Nenhum de nós fala árabe e nestes últimos meses de visitas regulares à UHSA a maioria dos utentes tem sido homens cuja língua materna é o árabe; procuramos dizer pelo menos o “olá, como estás” na língua dos ouvintes.
Os jogos com bolas, com cartas, o jogo das palavras e dos desenhos que em vezes anteriores tinham resultado tão bem e servido para aproximar pessoas, não foram necessários.
“Adeus e boa sorte” dissemos na despedida “Boa sorte” dizem-nos também e “obrigada”.

Ana Aguiar

Ida às Aldeias

13 de Setembro
A todos os interessados informa-se que as visitas às aldeias do Marão vão recomeçar.
A partida está marcada para o dia 13/09, pelas 10h30, junto à Igreja N. Sr. de Fátima.
Apareçam!

segunda-feira, setembro 01, 2008

Crónica da Boavista - 31.08.2008

O voltar às rondas é sempre uma emoção, ir de férias deixa sempre saudades daqueles que acompanhamos ao longo do ano, por isso regressar e rever é uma emoção.

Depois dos sacos reforçados lá partimos em dueto, eu e o Jorge para o início de um novo ano de rondas, para mim!
Primeira paragem, D. F. Reclamação atrás de reclamação, lá pediu o presente de anos que tem sido tão reclamado. Este domingo não havia dor de dentes, por isso estava toda bem disposta, perguntou por todos os que não estavam, com ar saudoso e curioso. Um dos filhos estava com ela a fazer-lhe companhia e podemos dizer que é uma fotocópia da mãe “eu também quero saco, no próximo domingo não se esqueçam”.
Discutimos o jogo Benfica- Porto e lá chegamos à conclusão que o empate até não foi mau, porque o Porto sempre fica em vantagem. Despedimo-nos e partimos, descemos a Constituição e não vimos o Sr Z., seguimos para o lar onde deixamos o pão.
Seguimos para a próxima paragem, Sr G, que orgulhosamente nos pediu para irmos com ele ver o seu novo bebé, o seu carro, lá fomos. Estava com o seu super colete a arrumar os carros, prometemos que lhe fazíamos um crachá com o seu nome!
Partimos para o sr Z e o Sr A que para nosso espanto quando lá chegamos estavam os dois á conversa. O Sr Z. atravessou e lá nos contou que por pouco não apanhou o bandido que tinha assaltado duas casas ali ao lado, ia fazer queixa à policia. O rádio não tem mesmo solução por isso prometemos um para este domingo.
Lá atravessamos em direcção ao Sr A. que estava com uma dor na perna, chegamos á conclusão que tinha sido de tanto que tinha andado! Relatou-nos todos estes primeiros jogos, golos, faltas. O Sr A sem rádio não é o mesmo, foi a melhor coisa que podíamos ter feito por ele.
O Sr Z lá acabou por vir ter connosco o que nos deixou numa felicidade, porque sabermos que os dois falam e se dão deixa-nos mais confortados, por saber que teem o apoio um do outro.
Seguimos para o B.S. encontramos o Z.C tinha tomado banho à pouco tempo, estava com outro aspecto. O negócio estava muito fraco, ainda há muitas pessoas de férias “maldito Agosto”, por isso a conversa foi curta.
Paramos mais à frente e deixamos um saco ao J.P., que há estava a dormir.
Acabamos por encontrar a D G já fora do serviço, hoje saiu cedo. Pusemos pouca conversa em dia porque o autocarro chegou logo.
Sr A. está mais do que orgulhoso dos filhos, depois de tanto tempo de preocupação estão os dois encaminhados, um para a faculdade e outro a trabalhar na junta de freguesia.
Partimos ao encontro do Sr A que depois de muito o procurarmos já estava sentado no sitio do costume à nossa espera.
Como sempre o Sr. A e o Sr A. “lutavam” entre si pela nossa atenção, e estavam felizes por verem que estamos a regressar de férias e que tudo volta ao normal.

O regresso às rondas correu mesmo bem!!!
Benedita Salinas

sexta-feira, agosto 29, 2008

Crónica da Boavista - 24.08.2008

No início estávamos dez no trabalho de fazer os sacos com as nossas fieis ajudas, e muito houve a distribuir por todos. Ficamos contentes pelo esforço do Vasco e do Sérgio que fizeram a ronda de Sta Catarina. Pode ser que no próximo domingo a ronda da Areosa também nos dê a mesma alegria.
Arrancamos eu, o Rui e a Susana, que nos veio ajudar nesta altura de menos disponibilidades. Começamos, pela primeira vez, a ronda sem entrar no carro! o Sr. Z estava a dormir no Multibanco, no meio da sua confusão habitual, está mais magro, mas limpo, falamos bastante, de fugir para a "ilha das caraíbas, mas a parte de trás"! Um sítio paradisíaco de paz. Ficou-me a frase "...mais vale viver num imaginário mundo interior de paz do que num mundo de cães."
Agora de carro chegamos à D. F, estava com dor de dentes e frio, por isso menos comunicativa. Não foi a Lisboa porque o filho esteve lá com ela. O local estava arrumadíssimo, pois tudo já está arranjado na barraca. O Sr. V não estava e o trabalho na feira é para daqui a muito tempo, ao contrário do que pensávamos.
Eslopan foi rápida (e pesada!) a entrega.
Sr. G estava imparável, tomou o banho de mar (3 mergulhos) no dia de São Bartolomeu para obter a sua protecção, e até levou uma garrafa com a água do mar para a mulher também o puder fazer em casa! Deu-nos várias receitas do Dr. Sousa Martins (como o célebre chá de cenoura, agriões e açucar mascavado).
O Sr. Z estava alegre (alcóol?), recebeu o rádio com o desafio à sua capacidade de o arranjar. Estava falador e agradecido. Prescindiu do saco ternura.
O Sr. Mãos lindas contou-nos o resultado do peditório à porta da igreja do Carvalhido e falou-se do desporto (a sua especialidade). Como faz tanta diferença e companhia um simples rádio que lhe tínhamos dado!
Encontramos a L, estava muito animada, deve entrar para a Metadona na próxima semana, a mãe está a ajudá-la, já fez análises e doenças só hepatite.
Ainda estivemos de relance como A e o seu colega (novo). Os 3 da vida airada estavam todos juntos (parece que o amuo já terminou?) e faladores. A Susana levou um beijo farfalhudo para casa como convite: " A menina apareça mais vezes!"
Ainda fomos ao Aleixo, onde tudo desapareceu num instante, estava tranquilo. Acabamos partilhando a ronda.
Obrigado Susana pela tua ajuda!

domingo, agosto 24, 2008

Crónica da Boavista - 17.08.2008

As férias ocuparam muitos de nós, pois estávamos poucos no arranque, mas tal já era esperado e o Rui foi ajudar o Pedro Pardinhas (que esteve para inaugurar a primeira ronda de mota!).
Houve uma falha com o "pão" o que fez com que os sacos não estivessem tão cheios como tem sido hábito.
Após a pequena oração improvisada, partimos eu e o Sérgio.
A D. F talvez vá para Lisboa para a semana nas suas habituais questões com os hospitais e exames, estava bem mas com necessidade de encontrar uma sapatilhas pois já não tem calçado excepto os chinelos já em mau estado. Conversamos bastante com o Sr. V, que estava sóbrio e contou-nos as suas aventuras a trabalhar nas feiras, no Poço da Morte, quer com mota, quer com carro, deverá partir agora para voltar a trabalhar uma temporada, foi das melhores conversas que tivemos com ele.
Como não houve pão para todos os sacos, não houve "eslopan".
O Sr. G lá estava com a sua nova fatiota de trabalho, cada vez mais profissional! Temos de lhe arranjar um crachá para os anos que são em Outubro. Recomendou-nos uma mesinha com sal e lá partimos.
O Sr. Z estava pouco animado. O único sorriso veio do rádio que ficamos de lhe arranjar. O Sérgio já arranjou um para o Mãos Lindas, que estava muito contente com ele, e a ouvir baixinho para poupar as pilhas. O rádio dava "Friends will be friends" enquanto falamos do habitual futebol e jogos olímpicos. Foi um momento que me ficou gravado na memória.
Vimos rapidamente o JC, que disse para dar-mos cumprimentos às meninas quando falássemos com elas. O M não quer entrar no programa de metadona e espera entrada numa clínica terapêutica o que significará uma demora muito maior e incerta...
A D. G estava contente, veio de férias onde esteve com a família e isso via-se no sorriso e na ausência de palavras amargas.O Sr. A foi de bengala à SegSocial para ver se conseguia fugir a uma "pena" e o seu amigo fez grande farra na noite anterior.
Acabamos a ronda recordando tantos pequenos pormenores de uma das rondas que mais me tocou nos últimos meses. Não houve nada de extraordinário, apenas amigos que se encontram e geram sorrisos...
Jorge

segunda-feira, agosto 18, 2008

Crónica da Boavista - 10.08.2008

No passado dia 18 de Abril, o Parlamento Europeu adoptou a Declaração n.º 111/2007 sobre o fenómeno dos sem abrigo. Além de solicitar ao Conselho que adopte um compromisso de alcance comunitário para resolver este problema até 2015 e de solicitar à Comissão que elabore uma definição-quadro europeia do fenómeno e que registe os progressos nos Estados-membros, insta ainda os Estados-membros a elaborarem planos de emergência para o Inverno. A Declaração foi assinada por Portugal.

Preciso de confiar que a situação dos sem abrigo será encarada com seriedade pelas entidades com poder para mudar a realidade. Conheci pela primeira vez duas pessoas que moram debaixo de uma ponte da cidade do Porto, amparados entre caixotes. Os nomes não me lembro. Mas os rostos estão-me bem marcados. Assim como os de todos os outros sem abrigo que contactei nas duas rondas que fiz (Batalha e Boavista) e daqueles que mesmo com um tecto vivem na pobreza. Talvez por não ter experiência o distanciamento emocional seja mais difícil. Não que dantes pensasse que faziam parte da paisagem como diz um anúncio e só agora os tenha descoberto. A diferença está na interacção que anteriormente nunca tinha ocorrido com esta parte da sociedade.

Dois dedos de conversa e um saco de comida podem não alterar o estado das coisas, mas não são indiferentes para quem dá e recebe. O ser humano é, por natureza, um ser social. E a inclusão também se faz a partir de pequenos momentos de atenção.

Porto, 17 de Agosto de 2008.


Sónia Bartolomeu

domingo, agosto 17, 2008

Crónica da Areosa - 10.8.2008

Domingo, noite dos poucos que o Porto e o gosto dequelas noites não libertam para praias e campos; éramos 3 no carro, eu a Joana o Nuno, e o Sr. Zé nos nossos pensamentos .
Fomos logo prá casa da A, desta vez com ela à nossa espera, na cozinha nova e bonita; falamos da vida, dos filhos e neto que a preenchem, do trabalho, demasiado, que a sustenta; o sorriso e o carinho nunca mudam, não importa o tempo que passe, e isso sabe mesmo a casa com sol.
Continuámos para a Areosa, onde a I de novo não estava. Fomos até ao pilar do M e do primo, e aí vieram ter o P e o X, gente nova com esperança para as próximas semanas; é muito mais fácil, e tentador, pensar em mudança da vida de quem mudou pra pior há pouco tempo; vamos ver se consegeum.
Chegámos à última estação, a mais povoada: estavam lá a R, o B, o A, o sr. F, o velho amigo A e o sr. Y; falámos em grupos, e soube-me bem sentir a humanidade de quem parece ser tão pouco; tenho que abrir melhor os olhos...
Eis um domingo que chama plo próximo com esperança de melhorar alguma coisa, em nós e no mundo. Obrigado.
Pedro Pardinhas

Crónica da Boavista – 3.8.2008

Era o primeiro Domingo de Agosto e notou-se bem que as férias tinham chegado para muita genta. Com apenas 10 elementos na oração, parecia que estava a custar arrancar. Após uma despedida cheia de sorrisos parti com a Beni e o Sérgio para mais uma ronda. Começámos pela D.F que se nota estar mesmo com saudades da Ana. O Sr.V está melhor do pé e continua com a sua “boa disposição”, até tirou uma foto ao meu carro como se o fosse pôr à venda.
De passagem pelo lar onde ficaram muitas sobras, seguimos para o Sr. G. Mais uma vez ouvimos as histórias do seu carro e da necessidade urgente de um chapeiro e dissemos um olá ao A. que educadamente vai ter connosco para receber o seu saquinho.
Desta vez encontrámos o Sr.Z e o Sr.A. O primeiro agradeceu o saquinho mas tinha que continuar os seus trabalhos no cobre. Já o segundo estava mais conversador e queixoso porque lhe tinham roubado o rádio, o seu único amigo. Agora só lhe restava “olhar para a ponte à espera que ela caia... ainda por cima com os Jogos Olímpicos a começarem”. Alguém tem um rádio a pilhas que possa dar? Ficou prometido para a semana.
No Capa Negra está cada vez mais gente mas principalmente gente nova. Como não tínhamos sacos suficientes apenas demos um à L. e seguimos para o JP que já dormia no sítio habitual. Ainda abriu um olho e agradeceu o saco. Parece que está mais comunicativo.
Desta vez fomos chamar o Sr.A e o Sr.Ar ao shopping pois ainda era cedo e estes estavam entretidos a ver televisão. A D.G já tinha voltado de férias e estava toda contente com os dias que esteve com a filha e que souberam a pouco. Já há muito tempo que não conseguiamos ter os 3 a menos de 1 metro de distância a falarem. Foi bom ouvir que ficavam contentes por nós continuarmos a ir ter com eles no mês de Agosto.
Terminamos a ronda mais cedo do que o normal, mas já na 2ª feira...o dia em que a nossa Ana chega da fantástica lua-de-mel.
Ainda deu tempo para partilharmos um pouco do futuro da nossa ronda e da possibilidade de entrar um novo elemento.
Um bom solzinho para todos e obrigada aos que ficam a continuar este trabalho mesmo em pleno Agosto.

Beijinhos e até Dezembro!!!

Joana

sábado, agosto 09, 2008

Crónica da ronda de 3/8/2008 (Areosa)

Primeira noite de AGOSTO. um mês de férias; um mês de menos voluntários efectivos. a oração inicial falou em balanço e súplica de um próximo ano sempre melhor que o anterior.

partimos dois para a AREOSA. eu e a ANA. passámos pela I. mas só vimos os caixotes. seguimos, assim, para os srs. Ms. acordaram, num impulso, depois de os chamarmos algumas vezes, em simultâneo. foi engraçadíssimo! o sr. M. tem sido incorrecto no desenrolar da visita, no tratamento de alguns de nós. no domingo foi diferente: esteve sempre animado e em empatia connosco. aqui, na rotunda, juntaram-se-nos a ANDREIA e o JOÃO. a ronda duplicou o número de voluntários, despediu-se dos srs. Ms. e seguiu para o jardim. lá estava o sr. J. que também acordou assarampantado. ganhou boa disposição e falou na vida: no desemprego, na casa para onde ir no inverno, etc.

no outro local habitual, estava pela 2ª vez o sr. F. A., super bem disposto. tem ar de passar enormes privações e não se entende porquê. era importante aprofundarmos a conversa e criar mais laços. também apareceu o sr. A. que, desde que se fala em alteração no trajecto, não parte sem se assegurar de que voltaremos no próximo domingo. tem sempre assuntos relacionados com as últimas do futebol e das notícias nacionais. vem sempre na sua RAYLEIGH, antiga mas fantástica! o casal maravilha, não apareceu, o que não ficou muito esclarecido.

beijos e abraços e rondem no próximo domingo, por favor.

NUNO DE SACADURA BOTTE

terça-feira, julho 29, 2008

Crónica da ronda da Boavista - 27.07.2008

Estava uma noite de chuviscos...
Começamos a sentir as férias nas presenças no arranque, visto que já faltavam algumas caras conhecidas, a Inês ainda apareceu antes da sua partida para São Tomé. Lembramos o tesouro encontrado num campo e partimos.
Os restantes homens não vieram e a nossa querida Ana já está na sua lua de mel!
A D. F estava com dor de dentes, tantos anos de rua não perdoam... O Sr. V estava com o pé ao alto, pois teve uma operação que correu bem e está em recuperação. Os filhos não estavam presentes. Já falta pouco para os seus anos, e falou-nos de uma saia larga como prenda.
Seguimos para Eslopan, que demorou mais do que o normal. O Sr. G estava animado com a história do carro, mas vai ser preciso um chapeiro e um mecânico com muita boa vontade para dar um jeito àquilo, fez questão de nos salientar que não o tinhamos encontrado na semana passada. O A. está bastante melhor das feridas e veio falar brevemente connosco, o processo de voltar a casa está muito complicado e demorado.
O homem das mão lindas e o nosso jornalista não estavam em casa.
Encontramos o JP, que se empuleirou no carro (mesmo apanhando chuva) e conversou imenso connosco, o fecho do local de trabalho, o estar há 6 meses à espera de um quarto e do RSI, mas continua cheio de vontade de ir mais longe na vida. Sempre que passava um carro ele tinha de sair da janela do carro, o que em alguns momentos pareceu uma aula de step feita na janela do carro!
Não vimos o JC e o pessoal da área. O M. espera na 4a feira entrar finalmente na metadona, ainda não o fez por causa dessa doença enorme que dá pelo nome de burocracia!
O Sr. A e Sr. Ar estavam particularmente bem dispostos apesar da chuva, houve um crime por esfaqueamento na rotunda (de uma pessoa que conhecíamos de vista) e os detalhes eram muitos...Acabamos a noite os 3 pensando nas pessoas que encontramos e na nossa Ana, antes ainda vimos o Sr. Z que estava com bom aspecto.

quinta-feira, julho 24, 2008

Ida às Aldeias - este sábado (26Julho) - o último da presente temporada!

Bom dia malta aldeã!

No proximo sábado teremos o último fim-de-semana de visitas do ano 2007/2008, por isso temos uma responsabilidade acrescida em comparecer.

A partida fica marcada para as 11h00 no local do costume.

Tragam fato de banho, pois o tempo promete, e não se esqueçam da habitual partilha para almoço.

Confirmem, p.f., a vossa presença/ausência. O Rui não vai por isso sou eu que estou a tratar da convocatória.

Beijos e abraços,
Jorge

segunda-feira, julho 21, 2008

Crónica da Ronda da Areosa 20.07.2008

Começou bem tarde, a nossa ronda. Fui eu e a Joana.

Apesar das dúvidas, já que a D. A. não tem estado em casa, resolvemos passar lá na mesma. Correu bem: apesar de estar de saída para o seu trabalho, a D. A. ainda esperava por nós! Foi bom estar aquele bocadinho com ela. Contou-nos que o sr. J. estava internado no hospital e que a S. o tem ido visitar. Ela chama os enfermeiros pelo nosso nome, o que me deixou muito atrapalhado. Que triste, estranha e imprevista esta doença do sr. J. Deus há-de estar com ele, de certeza! Deixámos a D. A. no seu local de trabalho e seguimos para a rotunda.

A D. I. não estava, mais uma vez. O sr. M. acordou estremunhado e a rejeitar-nos, num momento inicial. Entretanto também acordou o outro sr. M., o que nos ajudou desta vez, a encetar diálogo com os dois. Entretanto o sr. M. lá aceitou a sopa que levávamos, dois dedos de conversa e o saco. Deixámo-lo bem disposto e ensonado. O outro sr. M. é que estava muito construtivo. Agora dorme no jardim do outro lado, junto ao sr. J. e ao sr. D. Fomos ter com os dois primeiros e ficámos a saber mais um pouco da vida do sr. J. Segundo conta o cunhado, ele já estava a receber uma pensão de doença, mesmo antes do tal acidente que teve nas obras. (A doença será mesmo de infância ou juventude, pelo que entendemos.) Ainda apareceu o sr. R., que quase se atirava para a frente do carro da Joana, pensando que já estávamos de debandada.

Naquele largo do costume, esperavam-nos 5 pessoas... Logo ontem que éramos poucos e tínhamos poucos sacos... Um novo sem-abrigo monopolizou um pouco a conversa. Prometemos vir melhor preparados na próxima ronda. Agora que perspectivamos uma alteração forte no percurso, é que aparece mais gente e as relações se vão aprofundando. Deus pede-nos que não desistamos: ouçamo-Lo, como diz Isaías na leitura de hoje. Conseguimos combinar com o B. e a R. encontramo-nos com eles, durante a primeira quinzena de Agosto, na rotunda. A R. está bastante dependente da visita das raparigas da nossa ronda. As estagiárias da escola, com quem se identificou mais este ano, vão-se embora no próximo e ela sentirá muito, se também nos "perder".

Foi uma ronda que puxou muito pela responsabilidade do trajecto e dos seus voluntários. É importante ter consciência que o nosso trabalho mexe muito com os sem-abrigo que visitamos. Todas as nossas acções ou omissões tem repercussões neles. Desrespeitamo-los sempre que falhamos, pois eles contam connosco!

Beijos e abraços,


Nuno de Sacadura Botte

sábado, julho 19, 2008

Crónica da Ronda da Areosa 13.07.2008

Domingo, 22h30, noite quente por fora, e por dentro também mal entrei no carro onde me esperavam a Joana, o Nuno, a Andreia e a Maria.
Passámos pela casa da A, mas outra vez não a encontrámos, pois o trabalho em casa da senhora tira-a de casa mais cedo. Deixámos um bolo e outros mantimentos e seguimos viagem; prá semana deixaremos um bilhete também, acompanha bem o bolo.
Seguimos para a Areosa, onde a I não estava, como agora é habitual. Fomos ter com o M, que continua com o “primo” M a dormir ao lado, no chão; o M estava algo desanimado, sem o dizer fê-lo sentir. Acho que a barba o cabelo o bigode fazem dele mui menos ele do que há uns meses.
Partimos para a última estação, a que tem mais esperança: estavam lá a R e o B, e o A também apareceu, desta vez com um amigo; a R acabou o 6º ano, é um passo a caminho de algo melhor; falta o B decidir seguir o mesmo caminho, e nunca lhe faltam desculpas pra não o fazer ; por acaso, se o acaso existe, tinhamos uma autêntica boutique de senhora na mala do carro, onde a R se abasteceu do que precisava com as meninas como conselheiras de imagem; prémio merecido para ela. Enquanto isso, os rapazes discutiam bicicletas com o B e o A.
Mais uma noite cheia de algo que não sei explicar mas sabe muito bem. Obrigado.

Pedro Pardinhas

sexta-feira, julho 18, 2008

Aldeias - Crónica da Festa em Várzea a 12 de Julho

No sábado participámos pela primeira vez na Ida às Aldeias, para além das visitas houve lugar à festa na praia fluvial.
Pelas 12 horas encontrámo-nos todos no Lugar da Quebrada em Amarante, com o sol, o verde e o rio como cenário.
Iniciamos com a oração antes do almoço e com a intenção de fazer daquele espaço um local de partilha, alegria e companheirismo.
Ao fim de pouco tempo sentíamo-nos como se não fosse a primeira vez que participávamos na Festa.
A partir das 14h00 começaram a chegar as crianças, os pais, as catequistas e o Padre…., quando todos se encontravam presentes demos início às actividades previamente definidas, com uma boa dose de improviso.
Todos participaram alegremente nos jogos, crianças, adolescentes, adultos. Coisas simples que nos aquecem o coração e o de todos, uma alegria contagiante no decorrer dos jogos, o sorriso e as traquinices das crianças a correr, a saltar e a passar de jogo para jogo.
Terminámos com um belíssimo lanche organizado pelas mães e catequistas, num lindo fim de tarde aquecido pelo sol e pelo sentimento de partilha, alegria e comunhão com os outros, com a natureza e, especialmente com Deus que nos colocou naquele espaço.
Viemos para casa com vontade de voltar e com um sentimento de gratidão.
Inês e Sara

Crónica da ronda de 13/7/2008 (Aliados)

Às vezes também nos reunimos à volta da despedida. A Ana vai para os Açores por algum tempo. A Inês para S. Tomé, por menos. Há o início de uma saudade, um fermento que fica e que vai, continuando a sua construção, agora mais distante.
Começamos com uma surpresa, o Sr. Ans de C. apareceu enquanto faziamos os sacos. Justificou prontamente a sua presença, não queria voltar a encarar o Sr. A (também de C.) devido a uma discussão por causa de umas sapatilhas de senhora... Os contornos ridículos da questão não nos impediram de o avisar que não voltasse ali, já que para além de nos atrapalhar a logística, não tinhamos disponibilidade para conversar tanto - e sobretudo por nos parecer um drama demasiado infantil para alguém de 50 anos. Concordou. Ainda o convidamos para a oração, mas surgiu-lhe uma pressa súbita que o levou a correr rua acima...
Como demorámos a sair (mais do que o habitual) decidimos ir directamente a C. Só encontrámos o Sr. A sem a sua habitual companhia. Contou-nos por alto a segunda versão da zanga, garantindo-nos que por ele estava tudo bem. Sempre de poucas falas despediu-se rapidamente e como mais ninguém aparecesse, seguimos nós também.
Fomos ao que costuma ser a primeira paragem mas o sr JC já dormia, não tivemos coragem de acordar. Deixamos um saco bem recheado com uma bebida de litro por causa do calor.
Depois voltamos a encontrar o sr E, sempre deitado debaixo dos cobertores e desta vez sozinho. Disse-nos que o M (o mais alto) fora tentar uma desintoxicação com o apoio da família.
Fomos a uma nova paragem e encontramos dois rapazes, um deles (o P.) era o que nos tinha falado do sítio onde dormem. Pouco falamos, deixamos dois sacos. O outro já dormia. Vamos tentar conhecê-los melhor da próxima vez.
Na última paragem algumas surpresas à espera. Primeiro conhecemos o sr. JF, alcoólico e com problemas judiciais que o impedem de ter documentos e pensar num tratamento. Depois o sr. JM, também alcoólico e ali bastante alcoolizado. Era a terceira noite que passa na rua depois de ter cessado o apoio social que lhe permitia ficar num quarto. Chorava que nem um desalmado enquanto nos contava o seu drama e abraçou-nos quando nos despedimos.Quando estávamos com o habitual sr. F ainda surgiram um grupo de homens de leste do qual só um sabia falar um pouco Português. Percebemos que queriam um medicamento para um deles que tinha uma doença numa perna. Tentamos encaminhar para uma farmácia ou para os Médicos do Mundo, mas entre explicações e traduções chegou uma carrinha que levou o nosso intérprete (que não pertencia ao grupo do rapaz queixoso) para o local de trabalho do dia seguinte e a conversa acabou. Os outros agradeceram muito, pareceu-nos terem percebido a nossa intenção de ajudar.
Que a semana nos mostre que a paz dos nossos dias é valiosa demais para a proporção que damos a muitos dos nossos problemas.

sexta-feira, julho 11, 2008

Ida à Aldeia - Amanhã - Festa no rio - 12 de Julho

Boa tarde a todos,

o plano já está preparado para um Sábado memorável na aldeia com a festa na praia fluvial (quem quiser vir das outras vertentes do FAS ainda pode alinhar!) e também com visitas realizadas por parte do habitual grupo das Aldeias.

Devido à necessária organização o arranque está marcado para as 10h00 junto à Igreja de N.ª S.ª de Fátima.

Não se esqueçam além do habitual farnel para partilhar, do calçonete ou do bikini, conforme o caso, pois a chegada do Verão assim o exige. Amanhã haverá nuvens apenas de manhã.

Beijos e abraços,
Jorge
PS - A festa è das 14h ás 17h.

quarta-feira, julho 09, 2008

Crónica da Ronda da Boavista - 29.6.2008

Mais um domingo, mais uma ronda. Desta vez estavamos todos, com excepção da Benedita. Paramos em primeiro lugar jundo da D.F. Por lá também encontramos o Sr.V, o Sr. M e ,mais tarde, juntou-se-nos o seu filho o P. Falamos de muitas coisas e, mais uma vez, os medicamentos foram tema principal de conversa.
Fomos depois ao encontro do Sr. G. Este estava muito bem disposto, depois de cerca de um mês fechado para remodelação, o McDonalds da Av. Boavista reabrira finalmente. Como é óbvio o corropio de gente por aquelas bandas aumenta e as "gorjetas" dos arrumadores também.
Na continuidade do percurso habitual fomos em direcção ao Campo Alegre. Neste dia só encontramos o Sr. J., por sinal muito bem disposto. Logo o inquirimos sobre a sua vivência São Joanina. Pelo meio falou-se de ratos, dos muito grandes, e para o fim uma boa nova: o Sr. J. iria a banhos no dia seguinte. Com muito humor parodiou a sua situação e feazendo um pouco de "stand up" à volta do tema, para nosso espanto.
Para ultimo lugar reservamos a paragem da Boavista. Neste domingo falamos também com o J., um jovem toxicodependente, que de longe a longe encontramos por estes lados. Conversador, rapidamente se intrusou na "discussão" com a D.G. Esta aguarda ansiosamente pelas férias na Suiça, onde reencontrará filha e netos. Pelo meio fomos também ao encontro do Sr. A, sempre bem disposto, promoveu um momento bem animado.
Este domingo terminava assim com aquele sabor de missão cumprida. Deixavamos os nossos amigos na rua, mas com a certeza que esta passagem não lhes tinha sido indiferente...

Rui Mota

Crónica da Ronda da Areosa - 06.07.2008

Este domingo começou de uma forma mais atribulada do que o costume. Encontramo-nos na casa da D.A, dada a impossibilidade de irmos todos ter ao arranque no creu. Desta vez a Maria Azevedo, que veio de Londres, esteve connosco. Fiquei muito feliz por tê-la connosco na ronda, as saudades eram muitas :-). Infelizmente e como já vem sido normal, a D.A não estava em casa. Deixámos, como combinado, um saquinho na porta e partimos ao encontro do Sr. M. A má disposição inicial que já o caracteriza deu rapidamente lugar a um enorme sorriso, quando lhe mostrámos a sopinha. E assim permaneceu. Gostamos tanto de o ver assim, de sorriso rasgado e brilho nos olhos. Quando isto acontece, é quase inevitável sair de lá com o coração quentinho. O Sr. M também lá estava a dormir ao lado, mas mais calmo desta vez. Ainda se levantou para mandar umas bocas ao irmão do Sr. J que passou a caminho do bairro (...), mas depressa se acalmou. O Sr. J também nos fez uma visita. Continua limpo e sereno, como sempre, poucos diriam que ainda dorme na rua.
A I. não estava, mais uma vez, por isso fomos ao encontro do super casal. Lá estavam eles, com o Sr. A. e o Sr. D. Estes dois falaram com o Pedro, levaram o saco e puseram-se a caminho. A R. e o B. lá estavam como sempre. Falaram connosco, discutiram entre eles e abraçaram-se no final, quase como sempre. Apesar de levarem a vida um pouco a brincar, sinto que escondem uma tristeza imensa, impossível de ser apagada, riscada ou esquecida. Nas discussões que têm, vamos decifrando as histórias que vivem, que viveram. A R. é uma menina triste que se agarra ao que tem. O B. é um rapaz acomodado, com muita vontade de esquecer a responsabilidade da vida.
A tristeza agarra-se ao que tem, e o que tem encosta-se à vida.

Espero que sejamos sempre capazes de os ir acompanhando, à velocidade deles, no tempo deles, sem forçar, mas deixando sempre um pedacinho de cada um de nós. Espero que sejamos capazes de os ir descolando da tristeza e desecostando da vida.

Joana Simões

Crónica da Ronda da Boavista - 22.6.2008

Partimos, eu e a Benedita, rumo à primeira paragem. Encontramos desta vez a D.ª F., o Sr. V. e também o já há muito desaparecido Sr. M. A conversa rapidamente derivou para a saúde e, principalmente, para os tão preciosos medicamentos. Até o Sr. M. não se coibiu de apresentar as suas mazelas e pedir um tal gel, nas suas palavras uma "milagrosa cura" para todos os males.
Fomos de seguida ao encontro do Sr. G., "apenas" à nossa espera, uma vez que o McDonalds só abrirá na proxima semana. Tentamos contornar a habitual conversa sobre mesinhas e perceber um pouco melhor como tem passado o nosso simpático companheiro. Pelo meio visitamos mais dois sem-abrigo que vivem literalmente debaixo da ponte, é mesmo irónico, como esta triste expressão pode ter parelelo na vida destas duas pessoas. O Sr. J. com o seu sorriso super cómico e o Sr. A. fascinado pelo futebol. A conversa estendeu-se entre as dificuldades da vida e as proezas deste ultimo Europeu de futebol. É curioso como todas estas pessoas sobrevivem aparentemente indiferentes à realidade que as envolve.
Por último a Boavista: o simpático Sr. Al, o culto Sr. A e a D.ª G.. Esta semana as atenções centravam-se no Sr. Al. Na semana anterior tinha feito anos e era agora ocasião para lhe entregar a sua prenda. Para tal juntou-se-nos a Ana. Ele la recebeu a prenda, a pedido desembrulhou-a e por fim não conteve um belo e feliz sorriso.
Terminava assim mais uma ronda, uma pequena oração de partilha e um adeus de ate ja...

Rui Mota

terça-feira, julho 08, 2008

Crónica da Ronda da Boavista - 6.7.2008

Com os poucos patrocínios das padarias que gerou uma confusão inicial ao fazer os sacos, lá parti, Eu e a Ana, para mais uma ronda.
A D.F esperava por nós, mais uma vez tinha passado o dia deitada cheia de dores. Após conversarmos um pouco, sempre com o Sr.V a jogar o seu jogo de Gameboy, fomos para o Teatro S.João onde tínhamos combinado com o Sr.R. Mais uma vez não apareceu. Trocamos as voltas à nossa ronda e decidimos ir primeiro ao viaduto. O Sr.Z está cada vez mais aberto e foi bom saber que se preocupa connosco “Não têm medo por estarem sozinhas? Se precisarem é só chamarem Z.!!!” Do outro lado estava o Sr.A Já não o víamos há algum tempo mas o corte de cabelo dava-lhe um ar mais limpo, apesar da sujidade indescritível naquele sítio. Fomos depois deixar o pão ao lar e finalmente chegamos ao Sr.G. Mais tarde do que o normal, confessou-nos que já estava a achar que nos tinhamos esquecido dele. Com o Sr.G a caminho de casa lá seguimos para a nossa última paragem. A D.G estava de férias e o Sr.A andava desaparecido. Depois de uns dedos de conversa com o Sr.A fomos falar com o JP e finalmente deixamos os sacos restantes pelos “flutuantes” que dormem profundamente naquela zona, num cenário que em nada mostra a agitação do dia-a-dia naquela rua.
Terminou mais uma ronda, onde pedimos por todos os que não vimos e por aqueles que precisam de mais conforto e amor.
Para a semana espero que esteja toda a gente para nos despedirmos da Ana, na sua última ronda.

Joana

quinta-feira, julho 03, 2008

Crónica Aliados (ex-"6ºtrajecto") 29.06.2008

Retomemos então as noites de Domingo, as incríveis noites de Domingo, que por serem assim, afastadas do dia, nos aparecem, tantas vezes, distantes da realidade comum.
Espanha acabava de ganhar no futebol, aos poucos chegávamos e começávamos a preparar os sacos. Rezamos juntos e pouco depois seguimos para o sítio do Sr. JC. Já dormitava quando chegamos mas pôs-se a pé num ápice e com a sua natural simpatia começou a inevitável conversa sobre o a final do europeu. Aguarda a próxima entrevista na segurança social, mas a esperança de vir a ter um quarto é pouca. O verão faz com que vá aguentando a bronquite e espantando a solidão com as cartas batidas durante as tardes de S. Lázaro. Temos reparado que, mal saimos, come imediatamente o que lhe deixamos.
Seguimos ao encontro do nossos amigos de C. De entre todos (o Sr. A e o amigo A, o J, a. AM e o amigo A) a AM era a mais espirituosa, e naquela noite estava particularmente inspirada. A ânsia pelos dias quentes, que entretanto chegaram, acumulava a necessidade de extravazar tristezas, de tomar um banho de mar, outro de sol, e limpar as angústias que a chuva insistia em manter. Foi esse o testemunho que ela nos deu: por detrás do bronze apurado irradiava felicidade naquela vaidade tão feminina, pontuando o momento de provocações meio eróticas a propósito de um cigarro cravado ao Sr. A. Só pudemos rir juntos naquela cumplicidade que também a nós nos alenta.
Depois estivemos com o Sr. E que já se embrulhava nos cobertores preparando o sono. Desta vez falhamos na camisa azul que nos pediu, mas pudemos compensar com uma de outra cor e ainda uma t-shirt. Entretanto chegava o M (o mais alto). Vinha sozinho e foi pena ver que continua a arrastar o seu ar pesaroso pelas ruas, ainda sem força para assumir o compromisso de um tratamento. Não quis conversar muito, recolheu ao seu espaço, meio envergonhado, meio triste.
Na última paragem o Sr. F estava, como sempre, mergulhado no seu plástico negro, numa camuflagem que tantas vezes nos faz duvidar da sua presença. Chamamos por ele e logo destapou a cabeça, olhando com aquele ar malandro de quem (ele garante) nunca dorme. Estava mais sossegado desta vez, pouco falou, apenas concordava com o que diziamos. A conversa foi curta e desta vez sem estórias mirabulantes e difíceis de acreditar. Nem sempre se resiste á melancolia e é inevitável sucumbir-se ao silêncio e á escuta, como se fosse importante por vezes lembrar-nos a dureza da vida na rua. Pouco depois cobriu-se novamente enquanto voltávamos ao carro. E assim terminava a ronda.
Vamos continuar trazer as noites de Domingo, vamos continuar a traze-las à luz do dia, o luminoso dia de sermos todos feitos do mesmo sopro.

terça-feira, julho 01, 2008

Crónica Areosa 29.06.2008

A ronda começou ainda em Nossa Senhora de Fátima, com a visita do Sr. A. Pelo que me contou, não é a primeira vez que ali passa aquela hora, para pedir uns bolinhos antes que eles sejam enfiados nos saquinhos brancos e nas malas dos carros. Foi-lhe amputada uma perna há cerca de cinco meses, devido a uma infecção, mas diz que a vontade de viver é tanta, que ele sabe que vai voltar a andar. E diz isto a sorrir, sentadinho numa cadeira de rodas, quase esquecendo que não é ele a empurrá-la sozinho.
De mala bem recheadinha, seguimos para casa da D. A. Custa um bocadinho não levar o Sr. J. connosco. Como ficou doente, o filho veio buscá-lo ao Porto e levou-o para V. Sentimos saudades e vontade de estar com ele. Faz mesmo falta o jeitinho dele doce, sereno e agradecido.
Chegados a casa da D. A., o nosso passo feliz e quase desprendido cruzou o passo silencioso e desconfiado dos bichinhos de estimação do pai da D. A. Sim, os dois cães simpáticos e nada ameaçadores não estavam afinal do lado oposto do muro, à espera do momento certo para representar o seu numero preferido (saltar e saltar e saltar e saltar e ladrar e ladrar…), como de resto já nos têm vindo a habituar. Estavam sim, do mesmo lado que nós, ou seja cá fora!...Achamos por bem comunicar com a D. A. via telefone, antes mesmo de arriscar as calças do Nuno, os calções da Andreia, as pernas do Pedro ou o vestido da Joaninha. A D. A. não estava lá, disse-nos que já tinha ido para a casa da Senhora de quem toma conta. Deixámos o saco e partimos para a rotunda. Depois de passarmos no cantinho da I., e termos verificado que ela não estava lá, fomos ter com o Sr. M. O Sr. M. estava muito calmo, sorridente, que saudades eu já tinha de o ver assim. Precisa de cortar a barba e o cabelo e disse-me que gostava mais do Inverno do que do Verão. O problema é o Sr. M., o senhor que está a dormir lá ao lado. Fica o tempo todo a dizer mal do Sr. M., a dizer que ele não toma banho, que cheira mal, que assim não pode ser. Enfim, é uma pessoa notoriamente revoltada com tudo e com todos. Vamos ver como será. Depois de algum tempo na rotunda, partimos para o prédio. Já lá estavam o B. e a R. à nossa espera. A R. contou-nos que a mãe do B. foi às compras e trouxe roupinha para os dois. Ela trata a R. como se também fosse filha dela, é incrível! Também nos disseram que foram ao centro de emprego inscrever-se num curso de formação e estavam à espera de ser chamados. Parece-nos que o B. continua sem muita vontade de trabalhar, enfim. Esta dependência que ele ganhou às carrinhas que distribuem comida e roupa, também não parece estar a ajudar muito. A R. vai saber agora as notas, vamos ver se passou de ano.

Às vezes quando chego a casa, no fim da ronda sinto-me triste. Penso inevitavelmente no tempo que vai passando, por nós e por eles. Penso no tempo que vai passando por mim. E durante esse bocadinho, desisto.
Outras vezes, acontece como hoje, em que chego a casa e só me lembro do olhar do Sr. M., do sorriso do Sr. A. Agradeço a Jesus poder ter tocado na mãozinha do Sr. M., agradeço a fragilidade dele de hoje, que ás vezes parece não existir, e que hoje, só hoje, nos torna tão próximos. E é nessa fragilidade e nesse olhar, que eu insisto.

Desisto e insisto. Obrigada.
*Joaninha.

quarta-feira, junho 25, 2008

Crónica da Ronda da Areosa - 22.6.2008

Era a primeira noite de Verão, mas não parecia: estava frio e o céu encoberto. Por outro lado, também era a noite mais pequena do ano. As próximas são sempre a crescer! Por pior que tenha corrido esta ronda, agora só temos espaço para melhorar, acompanhando o crescimento das noites.

A primeira paragem foi mesmo antes do arranque: a S. foi lá ter connosco. Já não estavamos com ela havia alguns meses...
Desentendemo-nos! Mas ela, também não tem estado em casa ao domingo à noite. Valeu, por poder vir a ser o princípio do reatamento da nossa relação. Isto porque a S., continua a falar no mesmo: aquilo que gerou o nosso desentendimento.

Seguimos para a ilha da D. A. Ela não estava, porque tem ido tomar conta de uma senhora de idade, durante a noite. Deixámos-lhe aquilo que lhe levávamos, à porta da cozinha nova.

Rumámos ao extremo da nossa ronda, à procura da D. I. Estavam os seus pertences, mas não estava a própria. Fomos ter com o sr. M. Lá estava, acordado e acompanhado pelo sr. M. Desta vez este passou os limites: até nos insultou. Definitivamente, se queremos falar com o sr. M., temos que, com bom senso, evitar encetar qualquer espécie de diálogo com o outro. É que ele não se cala, monopoliza a conversa e canaliza as nossas melhores atenções, para si. Antes de partir: um momento de maior pressão: eu e a Andreia tínhamos sangue numa das mãos! O sr. M. tinha uma ferida e sujámo-nos ao cumprimentá-lo.

A nossa última paragem foi com o casal de jovens e com o sr. A. Este não aparece muitas vezes e tem uns temas de conversa pouco confortáveis. Digamos que é uma pessoa difícil de acompanhar. O casal com as relações recentemente reatadas, estava como dantes. Ela a acabar as aulas e ele sem trabalhar. Ficámos com a impressão de que passam algumas dificuldades durante o dia: alimentam-se mal!

Beijos, abraços e até breve,

Nuno de Sacadura Botte

terça-feira, junho 17, 2008

Crónica Boavista – 15.6.2008

Domingo, 15 de Junho, mais uma partida para mais uma ronda. Estavamos os cinco prontos para partir quando o Sr. XX (amigo do sr a.) que já nos visita todos os domingos antes da partida nos deu a boa noticia que o sr a. já está a dormir numa pensão. O Sr. XX já não tem dores no braço e lá partiu com mais um saco debaixo do braço.
Primeira paragem, d. f., pagode total, estavam lá os filhos e o sr v. Claro que nos fartamos de rir, claro que relembrou mais uma vez a Ana dos seus anos, estava ainda meia dorida das costelas.No domingo passado tinha oferecido um cinzeiro de Portugal à Joana a dizer que era do benfica, para nossa surpresa este domingo tinha mais um cinzeiro mas desta vez era mesmo do benfica!
A muito custo, porque a conversa é boa, descemos a constituição e fomos deixar o pão que sobrou dos sacos ao lar. Esta também é já uma paragem obrigatória e sempre cheia de aventuras!!!Saco de pão preso no portão, farinha para todos os lados, os homens a fazer escadinha para a pão passar para o lado de lá, e da janela sempre surje "es lo pãn??".
Seguimos ao encontro do sr G. que já lá estava à nossa espera, mais umas mezinhas, a mulher está bem, não há movimento, e por isso a noite acaba cedo.
Paragem seguinte, o nosso heroi sr z. Mais falador, mostrou-nos a arma que estava a trabalhar nos últimos dias "nunca se sabe o que pode acontecer". Do outro lado não encontramos o sr A. que muito provavelmente deve ter-se perdido na festarola da passagem de Portugal aos quartos de final, conclusão, um domingo sem discussão futebolistica!
Partimos para a zona do bom sucesso, com os sacos contados e com tantas pessoas ainda para ver seguimos ao encontro da d. g. Esta paragem está cada dia mais atribulada, os tres da vira airada estao de costas voltadas. D. G, Sr A. e Sr A.!!!! Vemos cada um à vez, quase como que visita de médico e sem contacto uns com os outros porque senão sai "faisca". Cabeças duras, orgulhosos, nenhum dá o braço a torcer!
Desiludidos connosco próprios falhamos os anos do Sr A. Ele estava triste, pedimos imensas desculpas, cantamos-lhe os parabens e no próximo domingo não poderá faltar um presente!
Não vimos o M nem o V, nao sabemos se foram ao CAT, deixamos-lhes um saco no sitio onde dormiam, a conversa foi pequena para nao sairem do sono.
O J.P. finalmente!Conseguimos falar com ele. Esta muito mais magro, continua na metadona, há 4 meses!!!!!Está a lavar carros, esperava que hoje não chovesse senão ia ser um dia fraco. Está entusiasmado, pediu para irmos passando e deixando o saco.
Seguimos viagem e encontramos a G, o Jorge e a Ana saem do carro e ficam no meio da rua a falar....Lá segue a G ao ver que não há "uma moedinha para uma sopinha". A L. ve-nos e corre ao encontro dum saco. Já não esta a dormir no mesmo sitio, ela e o companheiro estao a dormir na rua e à procura de novo poiso.
Mais uma ronda que acabou em bem, com os sacos todos os entregues, as pessoas visitadas, com pena de não termos visto algumas, pedindo para que essas estejam bem e que no próximo domingo a vejamos.


Benedita Salinas