A noite de domingo passado começou mais uma vez com a preparação dos sacos e com a oração. Partimos para a nossa ronda eu, o João e a Maria Antónia. Estava frio mas estávamos os três cheios de vontade de começar a nossa ronda...
Comecámos por visitar V.. Quando chegámos vimos que o V. estava a dormir, mas arrebitou mal chegámos à beira dele. Começámos a falar com ele, tendo-nos dito como lhe tentaram roubar o cobertor há uns dias atrás, mas como ele resistiu e não se deixou intimidar. Logo a seguir chegou um senhor que o estava a tentar ajudar a ser internado, tendo contactado os filhos, que por sua vez não lhe ligavam nenhuma... por achar que ele é um caso sem remédio. Felizmente nós não pensamos assim e estamos a tentar ajudá-lo! O senhor lá continuou a falar, e nós quase sem abrir a boca, já fartos da conversa, pois o homem era muiiiiiiiito chato. Ficámos a saber que o V. tinha tido um grande desgosto de amor... seguimos a viagem.
Seguimos para o local habitual do V.P., que era suposto ter sido internado mas que em vez disso tinha sido preso, isto porque no lugar dele encontrámos a semana passada outro sem abrigo, o L, que o conhecia. Como não estava lá, deixámos só o saco. Um dia destes a ver se vamos visitar o V.P. à prisão para que ele não se sinta tão sozinho e saiba que alguém se preocupa com ele.
Na nossa próxima paragem vimos o A., que estava entertido a posicionar os seus cartões para dormir, com o qual falámos uns minutos. Disse-nos que tinha ido à sua aldeia visitar familiares, por isso não o tínhamos encontrado a semana anterior. Ficou todo contente com a comida que lhe levámos! À beira dele estava a X., que vimos pela primeira vez, e que estava a dormir na rua pois tinha vindo ao Porto ver o irmão que estava no hospital, e tinha ficado na rua pois não tinha dinheiro para a pensão. Ficou muito agradecida pela comida que lhe levámos. Felizmente era apenas uma situação transitória, pois tem casa e família na sua terra!
Na última paragem da noite vimos a multidão do costume à nossa espera. O João trouxe umas sapatilhas quase novas ao M., que já as andava a pedir há muito tempo e ficou com os olhos a brilhar, pois lhe serviam perfeitamente e as adorou. O E. contou-nos umas histórias de quando praticava boxe, quando o M.C., que pratica boxe, nos disse que vai proximamente fazer um combate e que o cartaz até já está afixado na batalha! Assegurou-nos porém que aquilo é só a brincar, pois ele não faz mal a ninguém.
Terminámos assim a nossa ronda. Eu com muito custo lá tive de levar dois sacos que sobraram para casa...e como tal tive de comer os bolos todos para não se estragarem...
Uma boa semana para todos,
Raul
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