quarta-feira, dezembro 27, 2006

Crónica da Ronda de 10/12/2006 (Areosa)

Começamos com uma oração que nos falava da grandeza aos olhos de Deus. Em nos fazermos pequeninos pelos outros. E assim, rezando o serviço e o amor fomos de coração e mãos abertas dar e receber pelos caminhos já conhecidos.

A S. estava especialmente angustiada e nem as lágrimas conseguiu conter. Custa tanto ver sofrer quem se ama e se quer bem. Mas com ajuda do optimismo do Sr. Z e da ternura e carinho que já nos unem conseguimos deixá-la com um sorriso já de saudade e uma energia nova para uma semana que se prometia friorenta.

Já em casa da A. o M. encheu-nos os olhos e o coração de alegria. É lindo demais vê-lo pular, atirar brinquedos pelo ar e assistir a esta maravilha que é vê-lo crescer de ronda para ronda. Desta vez o Tiago ofereceu-lhe o dvd do Noddy =) uma animação que só visto.

Fomos então, já mais aconchegadinhos pelas risadas do M. ter com os amigos da casa, que nos receberam com os sorrisos do costume. Desta vez com uma agradável e inesperada surpresa. O J. chegou com presentes para nós, bem, nem imaginam a nossa cara de espanto. Ele e o ZM são pessoas realmente fantásticas. E já sabem, se quiserem encomendar retratos ao artista é só comunicarem, eu já fiz a minha encomenda.

Depois de mais esta surpresinha, seguimos com o coração já a abarrotar do tanto que recebemos. Encontramos um senhor novo, que acabou por nos colocar numa situação delicada com o Sr M, porque lhe tirou um dos seus mil cobertores. O Sr M é um caso especial, temos mesmo de ser extremamente cuidadosos e pacientes com ele, mas vale sempre a pena, quando o deixamos já sorria e cantava.

A I lá estava, no sitinho do costume, já no sétimo sono, mas sabe sempre tão bem o leitinho quentinho que nunca resiste a nossa chegada e lá nos faz companhia com o Sr J.

Terminamos a ronda com a partilha de sempre, porque sabe sempre bem deixar transbordar as alegrias do coração, principalmente numa ronda como esta, cheia de pequenas conquistas.

Ana Sampaio

sexta-feira, dezembro 22, 2006

A todos que nós acompanhamos e que nos acompanham, por sermos, juntos, o significado da vida, um Santo e Feliz Natal!

Ronda de 09.12.2006 (Boavista + 6º trajecto )

A menor afluência nesta noite aconselhava à congregação de esforços, tendo-se optado por fundir os dois percursos. Éramos quatro à partida, para esta jornada especial: a Maria Antónia e a Mónica, da 6ª Ronda, a Benedita e eu, da Boavista. Começamos pela família Q, para nossa surpresa a D. F encontrava-se na companhia da sua filha, a P, que viera da distante Elvas, para tentar convencer a mãe a acompanha-la a comparecer numa audiência do tribunal. Seguimos depois para a Vivenda Silva onde estavam o J, de poucas palavras nesta noite, e o A que referiu que quando estiver curado quer procurar trabalho. No Teatro S. João não encontramos ninguém, apesar do visível aparato dos cartões montados ao alto, qual “fortaleza”, o ultimo refúgio daqueles que fazem da rua a sua casa. Regressamos então à Boavista, onde conhecemos um casal de toxicodependentes, o P e a P, estes estavam a arrumar carros, na ânsia de acumular o suficiente para a próxima dose. O Sr. V já dormia, como vem sendo hábito nas nossas ultimas passagens; optamos mais uma vez por deixar lá o saco, como lembrança da nossa passagem. Para terminar fomos ao Carregal, onde encontramos o V, este já dormitava, mas não resistimos a acordá-lo. Tivemos uma bela conversa, tomando pulso às muitas venturas e desventuras por que este sem-abrigo angolano tem passado desde que chegou ao nosso país. Regressamos em regozijo ao CREU, onde fizemos a partilha final.

Rui Mota

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Crónica da ronda de 17/12/2006 (6º trajecto)

Resistentes ao frio partimos. No primeiro lugar parámos e recebeu-nos a triste notícia do falecimento do Sr. J A, não resistiu ao AVC que o internara. O estado quase comatoso não augurava nada de bom... havemos de continuar a visitá-lo porque o não esqueceremos.
O Sr. F tinha bebido bastante, mais lamentos que o costume. O Sr. A A furtivo, desviava assuntos sempre que lhe perguntava pelo dinheiro que lhe emprestara para o BI do Sr. F. A D namorava-nos para que renovássemos o dela. O J deitado, assistia. Poucas palavras, a confessa sensação de estar para breve a sua retirada da rua. Publicitámos a missa, que desconheciam, prometeram encontro connosco. Partimos meio desconsolados. Não encontrámos ninguém a seguir, apenas cartões, os habituais. Nem depois encontrámos o Sr. V V. Terá efectivamente partido para Lisboa como avisara há uma semana?
No fim o saldo referia a cumplicidade nas amizades com eles. O sabermos dos jogos de astúcia, o eles saberem-que-nós-sabemos disso. A companhia, a contínua visita, o gesto permanente, alguém nos faz sentir que valem a pena.
O frio persistia, empurrando-nos para casa como que mostrando o valor que devemos dar a um tecto. O espírito é de esperança no tempo quente do porvir, a chama que em breve renascerá.

Um bom Natal a todos!

terça-feira, dezembro 19, 2006

Crónica da ronda de 17/12/2006 (Batalha)

Mais uma noite que começou… Gelada por sinal, mas quente por ser, para alguns, a última antes da época natalícia que já está à porta. Lá nos juntamos como vem sendo habitual e preparamos tudo para seguirmos cada um o nosso trajecto. Fizemos a oração e partimos para as nossas visitas. Antes de partirmos… eu e a São fomos com a Inês a casa dela para ir buscar o cobertor para o Sr. D. e as prendinhas para a filha do Sr. J. que eram lindíssimas!!

Fomos pelo caminho a falar sobre as (possíveis) prendas de Natal para os nossos amigos… Mas algumas não muito simples… O Sr. D., os 4 amigos (damos ou não, eis a questão!), o Sr. F., o Sr. J., o P. … bem, e lá fomos nós pedir uma última ajuda a eles próprios, qui ça umas dicas!

O Sr. D. estava a dormir profundamente… No entanto acabou por acordar e pediu-nos logo umas calças! Apesar da Inês ter um cobertor super quentinho para lhe dar, imaginem o esquisito “ah, vermelho não quero” :D:D… Não tínhamos nada do seu agrado, mandou-nos embora! Rumo ao Sr. F. que hoje também estava naqueles dias em que a pala do chapéu lhe tapa os olhos… como quisesse esconder-se dele próprio! Pois mas de nós pelo menos não queria muito! Perguntamos-lhe apenas se estava bem, se queria ir à missa dos sem abrigo e que no dia 23 passariam lá para celebrar o Natal antecipado! Recebeu as novidades calmamente, mas pediu-nos que o deixássemos com o trabalho dele (quadriculas cheias de círculos… o que significará isso para ele?).

Os 4 amigos (neste caso 3, porque o Sr. M cumpriu o que me disse… Natal com a família!) estavam a dormir, o frio também apertava… Deixamos os sacos ao lado deles e seguimos até à “casa” do Sr. J….

Lá encontramos umas raparigas que estavam a conversar com ele e que o estavam a tentar ajudar – neste momento o Sr. J. não pode desistir, esperamos que agarre esta oportunidade! E fomos então ver a filha do Sr. J. É difícil descrever o encontro… praça dos poveiros, prédio pequeno e velho… porta traseira e locar sinistro… barulho, muito barulho… mas no final… 4 lindas meninas e uma avó/mãe cheia de força apesar de todas as dificuldades! Nenhuma de nós esperava o que encontramos! Agradável surpresa? Sim, a Inês diz ter sido a melhor prenda de anos, o olhar da S. quando lhe deu a Barbie J Pena não sabermos que ali havia mais meninas, mas fica a certeza que haverá a partilha entre as 3 (visto a mais velha já ter 15 anos). O Sr.J. foi estranho, pois não esperávamos por ver tanta gente, como diz a Inês “quando ouvi o barulho olhei para os vossos pés…” – a expressão da Inês não consegui esquecer! Falamos um pouco e quem sabe não conseguimos ajudar mais, ficamos de ver se arranjamos explicações para a rapariga de 15 anos.

Descemos a rua e ai sim…00h – 18/12 à Parabéns à Inês, nesta data querida muitas felicidades, muitos anos de vida… Eu, a São e o Sr. J. a cantar os PARABENS! Foi diferente, mas não perdemos a oportunidade (enquanto a Inês atendeu uma chamada) de “melgar” o Sr. J. e tentar meter-lhe juízo na cabeça! Terminamos com a sessão fotográfica e deixamo-lo…

O P.? Não sabemos… não estava nada dele lá, onde nos encontramos habitualmente! Esperamos sinceramente que ele esteja bem acima de tudo, mas ficou connosco um vazio bastante grande, por mim falo, gostava muito de o ter visto! Mas a certeza que pode estar bem já é fabuloso.

Terminamos com um enorme momento de reflexão, as prendas e claro… PARABENS à Inês!!

Aos que não estiveram presentes, sabemos que estiveram connosco

Sabina

Crónica da ronda de 17/12/06 (Sta Catarina)

O nosso grupo estava um pouco reduzido. Fomos só eu e o Vasco, mas a ronda foi muito positiva. Apesar de não estarmos há muito tempo nas rondas, sentimos que os "nossos" sem-abrigo também já confiam em nós e ficam contentes com a nossa presença.

Na Batalha estivémos com a D. E. e o marido. Este, há quinze dias que se queixa com muitas dores numa perna, mas não há maneira de ir ao médico. Ele, diz que é ela que não quer ir, ela diz que é ele.
A D. E. continua rabugenta com as assistentes sociais e a vida, dizendo que elas não tratam de nada e sempre a queixar-se dos seus vizinhos da pensão, pois fazem muito barulho e são mal educados com ela. Também se queixou do filho, que não lhe atende o telemovel e que não a foi visitar no "dia da mãe"... Por fim lá se acalmou quando lhe perguntei se queria que ligasse para o filho. Falou com ele toda contente e já se conseguiu despedir com um sorriso.
Apareceram também o M. e o amigo. Este, ao contrário do M. parece bastante motivado para voltar a combinar com o Pedro p irem ao CAT.
Estivémos bastante tempo a falar com um jovem que já tem aparecido algumas vezes. É toxicodependente e mora num quarto. Não me parece que vá deixar a droga tão cedo, pois apesar de dizer que o quer fazer, diz que mesmo que não tenha dinheiro lhe arranjam de graça... Mostrou-se muito triste pois mais uma vez vai passar o Natal sem a Família.

Finalmente fomos ter com a D. F. e o marido, o sr. P. Já era um pouco tarde, mas mesmo assim eles apareceram. Ela estava contente pois ele vai passar a almoçar no sítio onde ela almoça, apenas por 50 cêntimos. Disse-nos também que tinham tido conhecimento de uma casa para alugar, por cerca de 150 euros, com cozinha, um quarto e casa de banho, mas que não sabiam se era possível mudarem-se para lá pois o senhorio não está interessado em ir receber a renda à Segurança Social e não sabem
se a assistente social lhes dará o dinheiro para serem eles a pagar.
Também se queixaram um pouco da pensão, falaram dos filhos, assunto inevitável nesta época, e o sr. P. disse que a assistência social quer entregar o filho dele para adopção. Ele, furioso e triste, diz que isso não vai acontecer, pois ele recusa-se a assinar os papéis.
No Sábado irão ver os respectivos filhos e à noite lá estarão à nossa espera.
Não fomos ao Aleixo porque éramos só dois e além disso não tinhamos mais comida. Terminámos com uma pequena oração na rua de N. S. de Fátima.

Carla

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Avisos

A reunião geral de 21 de Dezembro, próxima 5ª feira, foi adiada para dia 4 de Janeiro. Vai haver uma missa para os sem-abrigo às 21:30 na Igreja da Trindade, pelo que decidimos adiar a reunião, mas manter o jantar, só que este será feito mais cedo, antes da missa.
Assim, o programa para dia 21 fica:

- jantar partilhado de Natal às 19:30, no CREU
- missa dos sem-abrigo às 21:30 na Trindade.

Aproveito para relembrar aos responsáveis dos trajectos da ronda dos sem-abrigo que na 4ª feira, dia 20, haverá reunião das 20h às 21h no CREU.

Boa semana a todos!

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Aldeia - Jornada dupla este fim de semana - Ida 16 e 17 Dez

Olá malta,
Este fim-de-semana regressamos à aldeia!

16 Dez - Sábado - Visitas Domiciliárias

Depois de duas semanas de ausência retomamos as visitas domiciliárias em Ansiães, Bustelo e Candemil. Relembro também que se mantem o tradicional almoço partilhado (apela-se à generosidade culinária dos espíritos mais solidarios nesta época especial!)
Lembrem-se que é Natal, por isso se poderem e quiserem, levem um miminho...

Hora/Local de partida: 10h30m/ Em frente à Igreja N.ª Sr.ª de Fátima

17 Dez - Domingo - Concerto de Natal

No âmbito das actividades que temos ajudado a organizar segue-se, este Domingo, o "Concerto de Natal" em Várzea.
Terá início às 14h30 com a actuação do "Agrupamento Musical da Várzea" (45 minutos de espetáculo) e, posteriormente, às 15h15m a actuação do coro "Mille Voce" (45 minutos de espetáculo), a que se seguirá um "lanchinho" às 16h30.
Todos os membros das Aldeias (voluntários) encontram-se convidados para tomar parte nesta actividade (não é obrigatória a presença), bem como os restantes membros do FasRondas (aproveitem para conhecer a aldeia e morfar! não é todos os dias!).

Hora/Local de partida: 13h00/ Em frente à Igreja N.ª Sr.ª de Fátima

Pede-se aos elementos das aldeias que confirmem presença ou ausência (excepto Jorge/Nuno/Teresa/São/Maria)

Quanto aos restantes membros do FAS que queiram vir no próximo dia 17 informem p.f.
Contactos: rmmota81@gmail.com / 936020206
Continuação de boa semana,
Rui Mota

terça-feira, dezembro 12, 2006

Rondas de Natal e de Fim de Ano

Olá a todos,
a pedido do Nuno, informo que as rondas de Natal e de Fim de Ano se realizarão a:

23 Dezembro (Sábado à noite)
1 Janeiro (Segunda à noite)

A hora deverá ser a habitual (22:10h).
Estas datas foram escolhidas porque fazer no próprio dia não fazia sentido. Se fosse a 24 os SA estariam todos seguramente a dormir quando lá fossemos, além de haver muitas ceias nessa noite. O dia 23 é quando os escuteiros poderão ir connosco à ronda. Na noite de 1 de Janeiro temos a vantagem de as pessoas já terem regressado de fim de semana.

Peço a todos que informem os respectivos responsáveis de trajecto da sua disponibilidade ou indisponibilidade.
Um abraço natalício a todos,
Jorge

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Crónica da Ronda de 17/12/2006 (Areosa)

A chuva ameaçava-nos mais uma noite perfeita… rezamos juntos, sincronizamos o bater dos nossos corações em Jesus…
Partimos, desta vez sem o Sr. Z rum á casa da S! Lá estavam os dois na amena cavaqueira! É tão boa a presença dos amigos… os nossos corações criaram já ritos tão fortes… horas de encontro… conversas… gestos que falam de eternidade…
Lá fomos fazendo a nossa lista de presentes queridos neste Natal… umas botinhas nº36 e maquilhagem para a S… outras botas nº41/42 e uma boina novas para o Sr. Z… pediu também que o Pai Natal lhe trouxesse leitinho para todas as manhãs e chazinho para tomar ao deitar e assim, tentar silenciar o seu estômago que tantas dores lhe traz ao acordar!

Partimos para a Casa Abandonada: encontramos em segredo, debaixo de chuva o ZM, o J, o Sr. M, o A que trouxe um amigo novo, o V… estavam todos conversadores… o espírito de Natal tocam-nos mesmo no coração!
Tenho de partilhar isto: O J desenhou uma foto minha a carvão… ficou lindo de morrer! Temos um pintor com muito bom senso, muito talento e alma de artista! Bonito demais mesmo! Se alguém estiver interessado em desenhos ou quadros com o toque de Deus, avise! Ele vai ficar radiante com propostas de trabalhoJ tenho o contacto dele, se quiserem!
Impermeáveis e conjuntos de tintas e pincéis foram pedidos que nos ficaram na memória.
A D não apareceu…eles julgam-na doente. Ficamos preocupados, visto que anda fraquinha e agora, com o Sr. Z preso pode sentir-se menos apoiada L

Partimos para a Areosa!... e aí aconteceu, o ponto alto da nossa noite… quando perguntamos ao M que presente ele queria pedir ao Pai Natal, respondeu em dois segundos e sem pestanejar: “- A Joana!” que ternura… terias derretido se visses Joaninha, um momento de céu mesmo! =.) Um relógio também surgiu como prioridade na listaJ
Não encontramos o J, estranhamos a sua ausência!
Vieram ter connosco o F que tinha uma ferida muito feia e infectada numa perna e pareceu-nos pouco sóbrio e o Sr. R, que pela primeira vez clamou por ajuda e pedi8u a Jesus para que lhe desse forças para sair de vez daquele mundo que só o corrói…

Rezamos por eles, entregamo-los em Tuas mãos Senhor. Guarda-Os no Teu infinito amor…

Andreia Gil

Crónica da ronda de 10/12/2006 (Batalha)

Saí de casa toda equipada, preparada para enfrentar mais uma noite gelada na companhia dos nossos “amigos”, com esperança que a sua companhia me pudesse aquecer, pelo menos, o coração.

Cheguei ao ponto de encontro atrasada, mas ainda a tempo de ouvir a oração. Depois de nos distribuirmos pelos carros e de conseguirmos arranjar companhia masculina partimos, eu, a Francisca, a Manela e o Jorge ao encontro do sr. D., que esta noite se encontrava especialmente rabugento ao contrário do que vem sendo hábito...nem se meteu com as meninas da ronda, o que é MUITO estranho! :p Depois de lhe oferecermos chá e de nos ter pedido cobertores (que, infelizmente, não tinhamos), resolvemos deixá-lo dormir, já que a vontade de conversar não era muita.

Fomos, então, em direcção ao sr. F., que também hoje não estava num dos seus melhores dias. Já estava deitado, agradeceu-nos o saco e, como acontece quando se encontra sóbrio, não quis muita conversa. Ficou então a promessa de lhe darmos um boné e um par de luvas pelo Natal...acho que merece! =)

Os nossos quatro amigos que dormem mesmo por baixo do Sr. F. já estavam a dormir, pelo que decidimos não os acordar e deixámos-lhes apenas os saquinhos para que possam encher as barrigas logo pela manhã.

Ao passarmos pelo local de dormida do P. reparámos também que ele não estava...o Sr. Fernando disse que ele foi para casa tentar curar-se...esperemos que esteja bem e que as coisas com o pai melhorem.

Finalmente chegámos ao sítio do Sr. J. Este lá nos esperava, bem disposto como de costume. Roubaram-lhe o rádio que lhe ia fazendo companhia, mas lá se vai entretendo como pode...diz que naquele sítio tem muita companhia, porque as pessoas que vão na rua falam com ele...do mal o menos! Continua sem arranjar emprego e, teimoso como sempre, recusa-se a ir dormir para casa, para junto da mulher: “Não estou para aturar a minha sogra!” Para a semana ficou a promessa de lhe levarmos roupinhas para a filha, para que lhe possa dar uma prenda de Natal...e em troca ele prometeu-nos apresentá-la; disse que vamos ser nós a dar-lhe a prenda. Veremos!

Para finalizar a nossa ronda ainda tentámos meter conversa com um arrumador, o P., que estava cheio de frio...mas este estava mais preocupado em arrumar carros do que na conversa que lhe queriamos proporcionar, pelo que decidimos vir embora.

Já em Nossa Sra. de Fátima fizemos a oração e rezámos por todos aqueles que acompanhámos e pela sobrinha da Manela que nasceu esta semana! =) Mais uma vez muitos parabéns! =)

Chego a casa um pouco triste por não ter tido a companhia que é habitual de todos aqueles que visitamos e com a preocupação de não saber como estão aqueles que hoje não apareceram. Fica a esperança que estejam bem e, quem sabe, que lhes esteja reservada uma vida melhor.

A todos os meus colegas de ronda um grande beijinho pela companhia de todos os Domingos e hoje um beijo especial ao Jorge, porque é sempre bom ter alguém com quem possamos aprender mais um pouco. Boa semana para todos! =)

Inês Bessa

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Exexrcícios Espirituais e seus derivados

Podem consultar aqui o programa geral dos Exercícios Espirituais para o ano 2006/07. O programa da Casa de Oração Santa Rafaela Maria, em Palmela pode ser consultado com mais pormenor aqui. Avisamos que a procura é tão grande como a oferta, por isso inscrevam-se com antecedência (às vezes 2 meses é pouco...)!

Ecos da formação em Toxicodependência

Olá a todos, depois da sessão de formação fantástica de ontem com o Fernando Couto, decidi colocar este post para que possamos partilhar os nossos ecos sobre ela.
Um abraço

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Crónica da ronda de 26/11/2006 (Batalha)

Fim-de-semana cinzento… noite calma, mas fria! Juntamo-nos no sitio do costume para iniciar as nossas tarefas e começar rapidamente a nossa oração. Tivemos o prazer de contar com a companhia de uma colega, a Raquel que está a aguardar pelas actividades com as famílias, e não resistiu a conhecer no nosso dia-a-dia com os “Sem Abrigo”.

Pois bem, arrancamos em direcção a Sta. Catarina onde o Sr. D. se encontrava já a dormitar. No entanto, quando nos sentiu rapidamente abriu o sobrolho e se levantou para nos receber. Falamos um pouco sobre a semana que se passou. Ah é verdade, em conversa com o Sr.D. ele descobriu que éramos quase vizinhos :) A Francisca não resistiu em dizer-lhe q achava sempre muito estranho ele nunca nos perguntar nada… Isto cá entre nós, o Sr. D. ouviu-a dizer isto e lá lhe fez a vontade e perguntou de onde era :)
Ah importante… a Manela levou chazito quente e foi um consolo para o Sr. D. Desta vez pediu-nos umas calças e ainda ficou com uma camisa… Imaginem que disse q tinha gostado, ihihih, coisa rara no Sr. D. A Manela aproveitou para lhe perguntar o quando fazia anos e o que gostava de ter no Natal… talvez um prato de bacalhau, depois de muito perguntarmos. E lá seguimos viagem deixando o Sr. D. a dormir…

O Sr. F. desta vez não estava nos seus melhores dias, mas apesar dos pouquíssimos minutos que falamos, cada vez tenho mais a certeza (desde a primeira vez que o vi) que tem por nós um carinho especial. Por outro lado fica a tristeza de que a solidão o invade em determinados momentos, e esses ele não quer partilhar com ninguém apenas com um esquissos que desenha num papel… Respeitamos isso e fica a promessa da próxima semana voltar com a esperança de que o próximo será mais reconfortante para ele e para nós.

Os novos vizinhos lá se encontravam… O Sr. M. continua a falar pelos cotovelos e a pedir para que “aquele“ beijo seja entregue à Mafalda, que como ele diz, “se me encontrasse por aqui dava-me um ralhete…” :) estivemos um longo tempo a conversar e como os nossos outros amigos nos esperavam, seguimos viagem! Ah, importante… A Manela e o Luís encontraram mais uma pessoa (primeira noite de rua) que precisa de ser ajudada JÁ – o Sr. H. esperamos que até ele por si só consiga “encontrar-se”, porque a rua não é o melhor sitio para se começar…

O P. sempre um castiço… Desta vez deixou-nos um recado “volto dentro de 10min se poderem esperar, se não deixem o saco no meu sitio!” A Manela deixou a contra-resposta, “voltamos já”. Em vez de esperarmos, seguimos rumo ao Sr. J. e ficar o P. para o final da ronda. Ora o Sr. J. desta vez pregou-nos uma surpresa… imaginem que tinha a dormir consigo a mulher (tenho de salientar que eu tive serias dificuldades em perceber que estava lá alguém, que sono profundo e não via ninguém… deveras estranho! Mas nada que a lanterna do meu artilhado telemóvel não tenha resolvido). Trocamos algumas ideias com o Sr. J…. As prendas de Natal, as datas de nascimentos, os signos, a filha! Bem, a Manela cobiçou novamente a foto da filha a ver se a conhecemos… Isto é uma opinião muito pessoal, mas o Sr. J. consegue alegrar-me a alma, não há uma noite que não saia de lá com um sorriso de orelha a orelha, a boa disposição dele contagia-me! Achamos que seria a hora de partir para o nosso ultimo destino, o P.

Acreditam que os 10min do P. se tornaram em 30min :) … Lá chegamos e não estava lá – ficar sem vê-lo não seria como uma noite incompleta e por isso esperamos um pouco! Chegou :) O P. é fantástico e acho que todos gostamos muito dele porque existe ali uma cumplicidade muito grande! Às vezes olho para ele e tento perceber, porque? Pessoalmente admiro a cultura dele, a vontade de querer falar connosco, o “oh pá, meu” e todas as outras expressões que tem tão próprias… Ficamos um bom tempo com as historias da tropa do P. um colosso! Pois e eis que faltavam as perguntas da noite… Prenda de Natal e Dia de aniversário… Na prenda de Natal não se fez de difícil, um BMW, um avião, coisa pouca… Mas voltando à terra disse que pensaria em alguma coisa para nos dizer na próxima semana… E ficou um “até domingo” porque a São e a Francisca estavam já a cair para o lado :) também já era 1h da manhã, normal!

A noite terminou com a nossa reflexão em frente à casa da São… :)

“É preciso viver, não apenas existir.” -> a minha reflexão é… “existam para viver sempre”


Sabina

terça-feira, dezembro 05, 2006

Formação em Toxicodependência

Amanhã, 4ª feira dia 6 de Dezembro pelas 21:15 dará lugar no CREU uma Formação em Toxicodependência dada pelo Fernando do CAT de Matosinhos. Será de teor mais prático e vem no seguimento da última formação com a Dra. Maria José Corte Real. Apelamos à presença de todos os interessados!

Crónica da ronda de 3/12/2006 (Batalha)

Mais um domingo, a chuva pedia uma noite no sofá, mas era dia de rondas. Desta vez estávamos seis (Manela, Inês, Luís, São, Sabina e eu)… por isso a Sabina teve que passar para outro grupo com grande pena nossa e dos “nossos” sem abrigo! Como já vem sido costume começamos por ir visitar o Sr D., o rabugento que ontem estava muito bem disposto! (mas nem por isso deixou de pedir umas calças, uma camisola quente e outras coisas;) Falou-nos dos sítios por onde já tinha viajado: a província “Póvoa de Varzim” e a cidade “Viana do Castelo” entre outros! Tentou decorar os nossos nomes enquanto tomava o cházinho levado pela Manela! Ficamos com ele mais tempo do que o costume, e a noite parecia que ia ser longa…
Passamos pelos nossos novos quatro amigos o Sr M., o Sr M., o Sr Z e a Sr AM! Mas apesar de ainda ser cedo já estavam a dormir e nem acordaram quando deixamos lá os sacos!
Para grande alegria nossa desta vez foi fácil encontrar o Sr F. que não parou de falar, de contar historias, de nos encher de teorias, mas sobretudo conseguiu preencher o nosso coração com um grande sorriso! Já vinha sendo raro apanhar tal disposição e o Sr F é para todos nós um sem abrigo muito especial, talvez porque apesar de ser o mais difícil de compreender é o olhar mais inocente da ronda da Batalha.
Era a vez do Sr J.! O nosso barbeiro estava com um gorro novo e cheio de energia! Tinha encontrado um rádio e divertia-se a ouvir musica! Falou-nos da sua filha, falou-nos dos seus planos para o natal, das orelhas que cortou por não lhe darem gorjetas quando ainda era barbeiro em Espanha e do seu novo projecto: tornar-se cabeleireiro ao domicílio pelas aldeias de Protugal!
Desilusão da noite foi não encontrarmos o P (e desta vez, nem um papel)…. A noite acabou mais cedo do que prometia… Oração e voltamos para casa num misto de cansaço e força para começar a nova semana Aproveito para agradecer a oportunidade que tenho tido para crescer não só com quem me encontro todos os domingos a noite na rua, mas também com quem vai comigo no carro e por quem tenho um carinho cada semana maior!

Francisca

Crónica da Aldeia (25/11/2006)

Seguimos em dois carros nesta ida à Aldeia, o terceiro seguiu depois com a Dra. Graça Fonseca, acompanhada pela Teresa. À espera tivemos a Progredir, o Pe. Vilar, a Mariza, o Miguel, o Emanuel e a Patrícia (se a memória não me falha) para um almoço partilhado. Num momento gastronómico inédito (a Carla não pára de surpreender) comemos, entre outras coisas, um prato quente, um belo arroz à valenciana! Formámos os grupos das visitas, e com a ajuda dos Engs. Emanuel e Miguel lá montámos o estaminé tecnológico para a formação em "bullying" programada para aquela tarde. Já conhecemos o dom da comunicação da Dra Graça Fonseca, resta-me, portanto, apontar a natural atenção com que a plateia (cerca de 30 pessoas, maioritariamente mulheres) a seguiu num tema não recente e já tão familiar. O feedback é sempre tímido, com algumas perguntas e algumas interessadas em pôr dúvidas no final, em privado, mas percebeu-se que gostaram e ficaram a digerir a informação.
Ao mesmo tempo decorreram as visitas que, de uma forma geral, correram bem. De minha parte só pude tirar dois segundos para abraçar a minhas amigas Dona Alda e Cândida e deixar-lhes uma pequena lembrança, um tesouro que elas fazem logo questão de imaginar e agradecer. E voltámos ao Porto, mais ricos, concerteza.

PS - esperamos ver o Emanuel, o Miguel e a Mariza mais vezes. E que tragam "outro amigo também", contamos convosco!

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Crónica da ronda de 3/12/2006 (6º trajecto)

Eu, a Maria Antónia e a Sabina que simpaticamente nos acompanhou, começámos por passar ao largo da "vivenda", tal era o aglomerado de gente que havia "à porta". Seguimos para a segunda paragem. Reparamos que havia, em vez de três, quatro caixotes, ocupando todos os degraus disponíveis daquele lado do edifício. De pé estava o C. que não conhecíamos ainda. Na rua há um mês gostava de voltar a arranjar um emprego, após algumas desavenças em anteriores. Agradeceu-nos o apoio, pareceu aberto a conversas futuras. Perguntámos pelo Sr. das anedotas, sabia quem era mas não o tinha visto ainda. No lugar do P., ninguém.
Seguimos de volta do quarteirão, já pudemos parar na vivenda. O Sr. J, como é habitual sempre que está presente, animava a festa, só que desta vez quase descambava para a troca de sopapos com o Sr A. A.. Acalmados os ânimos pudemos conversar com o J., com a D. que agora dorme por lá, e com o Sr. F. Entretanto reparamos na ausência: o Sr. J. A. foi hospitalizado de urgência... Ao que dizem, ultimamente já quase só bebia sem muito comer. Não sabem o que tem, prometeram visitar o amigo. Combinamos um encontro com o Sr F e com o Sr A. A. para que este ajude o primeiro a tirar o BI. (hoje passei lá a deixar a ajuda financeira, um teste ao dois - aos três, se me incluir também...). Perguntámos pelas prendas desejadas para o Natal: uns coçaram a cabeça, outros riram contendo o pedido impossível - "o perdão da mãe", pediu a D. emocionada.
Finalmente conseguimos apanhar o Sr V. V.. Apesar de sozinho (a cadelita fora mordida por um cão maior, operada e em recuperação junto de um conhecido) estava bem disposto. Depois de uma conversa imperceptível (ao bom jeito do Sr. X) mas recheada de risos, ensinou-nos um aprto de mão diferente, mais moderno, mais cúmplice. Acabámos a ronda reunidos no sítio do costume.

Crónica da ronda de 26/11/2006 (6º trajecto)

Em mais uma noite, desta vez bem fresca, fomos nos reencontrar os nossos amigos. Depois de algumas voltas a tentar conciliar horários, la fizemos a nossa primeira paragem na V.S., cuja maioria já estava no sétimo sono. Só conseguimos falar com o J., que estava desolado uma vez que a guitarra que o Fernando com tanto carinho trouxe e ele com igual a recebeu se estragou num incidente. Depois de um breve café para aquecer naquela noite fria, fomos ter com os nossos amigos do TSJ. O P delicadamente nos pediu primeiro para que não o fôssemos ver naquele momento e, quando regressámos, tinha desaparecido. O seu vizinho, o peculiar Sr. Das Anedotas, como carinhosamente lhe chamamos, contou-nos de alguns mal-entendidos entre estes vizinhos de pouca-sorte. Melhores dias virão, esperemos :=).
Tentamos visitar os dois nossos novos amigos no SA, mas com uma enchente de gente não os conseguimos encontrar, quem sabe para a próxima semana ? :)
Uma boa semana !

Gabriela Soares

domingo, dezembro 03, 2006

Crónica da ronda de 26/11/2006 (Boavista)

Com o Jorge na terra do samba e a Benedita atacada por uma constipação repentina, lá parti eu, a Ana e o Rui para mais uma ronda.

A primeira paragem é sempre a nossa família Q. no Lima5, que neste momento se resume à D. F. A noite estava fria e os seus olhos brilharam quando viu que a Ana não se tinha esquecido do prometido gorro azul (só foi pena ficar um bocadinho pequeno). Ao insistirmos para ir para “casa” revelou-nos que não gostava de ficar lá sozinha e preferia esperar ali pelo marido... foi então que fomos com ela ver no meio daquela escuridão, bem ao fundo, algo que nos disse ser a sua “barraca”.

Seguimos então para o Sr. V que desta vez estava bem acordado. Foi bom falar com ele e vê-lo recordar com entusiasmo o nascimento dos filhos e as peripécias que passou na tropa. Esta noite estava diferente e apesar de sempre gostar de falar e falar... senti que já não éramos apenas mais uns que passavam por lá. Pela primeira vez compreendeu que já era tarde e que não podíamos ficar lá mais tempo.

Próxima paragem Convívio onde não encontramos ninguém conhecido. Estivemos pela primeira vez com a M. que pelo adiantado da hora achou que já não ia conseguir saco no Aleixo e aceitou o nosso.

Fomos então ter com o Sr.A que não tínhamos visto na semana passada. Para grande tristeza nossa mais uma noite que não estava lá. Acabámos por ir perguntar por ele em frente ao Froiz, sítio que sabemos frequentar todos os dias, onde nos disseram que tinha ido lá toda a semana mas que hoje para espanto de todos não tinha aparecido. Espero que esteja tudo bem com ele e que os seus problemas com os filhos estejam resolvidos.

Assim acabou mais uma noite, desta vez mais cedo do que o normal, mas sempre com o coração cheio e o sentido de dever cumprido.

Joana

quarta-feira, novembro 29, 2006

1 ano

Deixei escapar a data. Foi há sensivelmente um ano (a 3 de Novembro) que este blog foi criado coincidindo com o arranque das actividades do grupo depois do surpreendente boom de adesões. É um bom exercício voltar aos primeiros posts e recordar esses momentos iniciais, as noites frias no Aleixo, os primeiros passos na Aldeia, as permanentes descobertas...

segunda-feira, novembro 27, 2006

Crónica da ronda de 19/11/2006 (6º trajecto)

Na última ronda, na Vivenda Silva, encontrámos o Je que recebeu uma viola do Fernando (por consertar, mas que o deixou enfeitiçado!!) e que lhe falou, com um inesperado à vontade, do seu passado complicado. É difícil entrar no Eu do Je, esconde as emoções atrás de um muro invísivel...

Como sempre, deitado ao seu lado, estava o sr J., estranhamente melancólico e divertido, que fixa a cara na nossa e olha para dentro de nós! Ele gostaria de fazer uma nova desintoxicação, no entanto, pensa que ainda não chegou a hora certa para o fazer e não acredita que a consiga levar a bom termo... Ouvimos um fado de um profundo desencanto perdido numa ilha distante: "Só a morte..."Não!! "Nós acreditamos por si...", e aí, o seu olhar brilhou de contentamento e ternura! Todavia, deixa escapar outra mágoa:"Se tivesse uma mulher à minha espera..." Maldito coração...Sempre à procura de uns braços quentes onde possa descansar!

O sr Fo recebeu roupa, e animado por uma energia súbita decidiu fazer uma arrumação geral às suas "gavetas".
E todos cantaram o mesmo refrão: "Não tem um cigarrito?". Estavam à espera do já famoso mimo da Maria Antónia...("Onde te meteste, malandra?!").

A seguir, fomos ter c o Po que quer fazer uma desintoxicação! Trocou Lisboa pelo Porto porque achou que, aqui, conseguiria uma ajuda mais eficiente (entretanto, viu um colega a ser encaminhado, rapidamente, para bom-porto e decidiu, também, pedir-nos ajuda).

Também o seu colega de poiso, o sr Ml, o famoso contador de anedotas, nos manifestou o desejo de entrar brevemente para o Porto Feliz. E voltou-nos a contar as mesmas histórias (até porque elas só podem manter-se vivas se forem alimentadas por um ouvido que as escute).

Neste lugar, cruzámo-nos, ainda, com alguém que vinha à busca de uma qualquer carrinha de comida! Era muito afável, daquele tipo de pessoas que têm o condão de nos fazer simpatizar com elas mal as conhecemos! E no meio de uma conversa leve, mas de detalhes pesados, lá nos disse onde dormia e que tinha, perto de si, uma jovem que está muito doente....

Terminámos a ronda sendo "atacados" pela destemida, e emprestada cadela, do sr Vr, que conhecemos na semana passada! É de uma surpreendente boa-disposição (o sr vr)!, tem um sorriso imenso de onde se desprendem estrelas! E, ali, ficámos a vê-lo a acariciar aquela "menina", também sem-tecto, com direito a um manto onde se deitar, e que sempre o brinda com a protecção de uma super-mulher de 4 patas...Assim se tecem os jogos dos afectos...

Mónica Claro

sexta-feira, novembro 24, 2006

Crónica da ronda de 19/11/06 (Boavista)

No Domingo iniciámos a noite todos juntos em oração e, para fazer a nossa ronda, estávamos apenas 3: Joana, Rui e eu. A Beni ainda lá foi levar os sacos e assistir à oração, mas como ainda estava em recuperação, não ficou para o resto; o Jorge estava do outro lado do mundo, no “país tropical”, de férias!

Começámos o nosso percurso com uma visita à família Quaresma onde, mais uma vez, encontrámos apenas a Sra. F. Falámos bastante, como sempre e, desta vez, penso que notei uma maior abertura da parte dela em falar do que a preocupa, deixando um bocadinho de lado o “está tudo bem”, e a boa disposição. Ter o filho na cadeia é inconsolável para qualquer mãe… Contou-nos também que ajudava muitas amigas na rua, de várias formas.

Depois de um prometido gorro para não ter frio nestes dias, partimos para o Sr. V, a pensar que ainda o iríamos ver acordado, coisa que não aconteceu.. Quer ele, quer o seu amigo da frente, estavam já a dormir e, por isso, apenas deixámos o saco, para que ele soubesse que ali tínhamos estado.

Passámos, depois, pela zona do C., onde encontrámos o P.. Via-se que estava de ressaca, mas ainda assim, sem nunca nos falar com agrado. Disse-nos que, no principio do ano queria tentar curar-se, mas… Vamos a ver.

Como mais ninguém se avistava ali, seguimos para a última paragem de sempre, à espera de encontrarmos o Sr. A., coisa que não aconteceu. Não estava ali. O Rui tinha-o visto horas antes e ele tinha dito que andava chateado pois tinha-se zangado com os filhos e, por isso, estava a dormir em casa do irmão. Provavelmente, como anda assim, preferiu ir para casa em vez de ficar pela rua, ao frio.

Assim, chegamos a Ns. Sra. De Fátima, onde ainda demos à ronda de Sta. Catarina sacos para eles levarem na sua visita, como sempre, ao Aleixo.

Acabámos os 3 juntos, em oração partilhada, no mesmo sítio onde tínhamos começado e seguimos paras as nossas quentes casas…!

Ana Carvalho

Crónica da ronda de 19/11/06 (Batalha)

A noite prometia ser cinzenta, mas parece que alguém se lembrou de pedir umas tréguas ao S. Pedro… (ups, penso que isto não era para dizer!) Pois é, efectivamente correu bem e chuva, nepias! Parece que não mas é um alívio para os nossos amigos.

Iniciamos com a nossa oração sempre tão diferente e tão reconfortante… Ah, a Manela não nos acompanhou na visita aos nossos amigos, mas esteve connosco na oração e a dar-nos sempre aquela força e dicas.

Iniciamos o nosso trajecto (quanto a mim foi interessante o inicio… travei conhecimento com mais 2 membros do grupo, a Inês e a Francisca J). É importante sabermos que algo nos une, a certeza de que vamos tentar tornar noite após noite de Domingo um pouco melhor. Sta Catarina, o “espaço” do Sr. D… Lá o encontramos com a Cruz Vermelha… como já vem sendo habitual o Sr. D tem sempre alguma para nos pedir, desta vez umas calças! No entanto esta noite surpreendeu-me quando nos disse que o importante era ter dinheiro para fazer uma viagem para ir para longe… Valencia, nuestros hermanos! Pois é, mas a parte melhor foi a confissão que nos fez quando a Inês lhe perguntou se nos levaria… Resposta rápida e curta “Sim”… Foi o suficiente para encher a alma e o deixarmos dormir descansado.

Seguimos o nosso caminho com destino Sr. F, mas ele desta vez pregou-nos uma partida. Não estava lá… Chamamos, procuramos, procuramos, e eis que encontramos 4 pessoas – o Sr. M e mais 3 amigos. Apresentamo-nos e em 2 minutos o Sr. M nos identificou como o grupo que o ajudou quando estava em Sta Catarina… Falou da Mafalda, do Luís, da Renata (penso eu!) que o ajudaram bastante… Tivemos todos uma conversa interessante e percebemos que, de entre o Sr. M, o amigo calado e um casal, no próximo domingo teremos a visita aos novos “vizinhos” do Sr. F. Novas aventuras e historias para contar teremos nos próximos dias.

O P… não estava no sítio habitual! Chamamos e ainda o procuramos mas um colega (que eu confundi com o P., mas ao longe confesso J) disse-nos que não estava por ali… Talvez numa rua que de clara não tem nada… Resolvemos seguir viagem e tentar novamente a sorte com o Sr. J… não é que o malandreco estava mesmo lá! Sem dúvida o momento mais hilariante da noite, ele tem uma disposição contagiante! Claro que as historias foram muitas… posso dizer-vos que quando nos começou a contar do nº de pessoas q estavam num quarto, começou em 3 pessoas e no final já contávamos pelo menos 8 pessoas J é mesmo típico do Sr. J.

E para terminarmos com a esperança de encontrar o P., passamos novamente lá… E estava sim, um pouco “apagado”, no mundo “mais de lá do que de cá”, mas ainda conseguimos trocar algumas frases com ele como mais ou menos nexo! Percebemos que não queria grande companhia, mas sem duvida temos de levantar o P. Ah, pediu-nos um cobertor, vamos tentar arranjar porque as noites de Inverno já andam a dar o ar da sua graça.

E como não podia deixar de ser, terminamos em grande com a nossa oração… Eu também gostaria de “começar”/terminar a crónica de hoje com a partilha de algo:

“O que dá sentido à vida é mais importante do que a própria vida.”

Até para a semana,

Sabina Martins

quinta-feira, novembro 23, 2006

Às fãs incondicionais do Rui

Avisa-se que o número de telefone colocado no último post sobre a ida à aldeia não está correcto. Queiram reendereçar as mensagens de confirmação de presença na mesma para o: 936020206. A direcção agradece e desta vez não pede receita nenhuma.

Crónica da ronda de 19/11/06 (Areosa)

Este Domingo cheguei mais tarde, mas ainda fui a tempo de estar com todos os nossos amigos. Fui ter directamente a casa da S. onde já estavam todos a tomar café com leite e a pôr a conversa em dia. A S. já está melhor da constipação, mas continua sem sair muito de casa e o Sr. Z. sempre bem disposto apesar das habituais dores de estômago que não o deixam. Antes de sair combinámos encontrar-nos terça-feira na missa do CREU. Já começa a tornar-se um hábito, o nosso encontro das terças-feiras…

Seguimos ao encontro aos nossos amigos do prédio, desta vez estavam quase todos, a D., o Z.M., o Z., o Z.P., o J., o V. e o M. Não deu para conversar muito com todos, mas foi o suficiente para saber algumas novidades. A principal: a D. foi fazer o teste da tuberculina e tirar uma micro-radiografia à BCG, foi ao médico e está a preparar-se para entrar na metadona. Tudo com a ajuda do Z.M., que a tem incentivado e acompanhado. Parabéns, D.! Estamos a torcer por ti!

O Sr. M. já estava a dormir quando lá chegámos, mas acordou mal o chamámos. Ao contrário dos últimos Domingos, esta semana ele não quis levantar-se, estava com dores nas pernas, e também não quis conversar nem o nosso café com leite. Não estava tão bem disposto como ultimamente, mas nem por isso se esqueceu dos beijinhos e abraços para a Joaninha e para o Dani. Aqui vão eles!

A I. também já tinha adormecido, mas como estava com fome quando a acordámos, aceitou o café com leite e os bolinhos. Foi o tempo que tivemos para conversar e saber como tinha passado a semana e que tinha ido a S. Romão.

Esta semana não vimos o J., mas segundo a I. tem dormido no banco, mais abrigado. Esperamos vê-lo na próxima semana.

Agora para acabar, aqui ficam dois beijinhos muito grandes, um para a Joaninha e outro para o Dani. Estamos todos com saudades… Ansiosos que chegue o Natal, para estarmos convosco outra vez!

Beijinhos para todos e até Domingo.

Maria Manuel

Ah! Não se esqueçam de ir ao supermercado este fim-de-semana, é a campanha de recolha de alimentos do Banco Alimentar.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Aldeia - Partida Sábado (25/11) - 11h e Formação da Dr. Graça Fonseca às 14:30

Oi pessoal,

Voltamos neste fim-de-semana à aldeia, depois da bem sucedida festa do Magusto. Desta vez para além das visitas domiciliárias em Ansiães, Bustelo e Candemil vamos também apoiar a Dr.ª Graça Fonseca na Acção de Formação que esta vai promover junto das famílias locais e cujos temas serão: "Educar (valores)" e "Bullying".

Temos ainda agendado um “almoço partilhado” com o Núcleo Dinamizador para as 12h30.

Como devem saber o Jorge encontra-se a gozar umas merecidas férias e não irá connosco. Quanto ao resto do pessoal , exceptuando a Teresa e o João já certos e a Vera (de férias) vou tentar confirmar a vossa presença, mas se me quiserem poupar algum trabalho disponham: e-mail - rmmota81@gmail.com / telemóvel - 963020206.

Partida: Sábado às 11h em frente à Igreja de N. S. Fátima.

Continuação do bom trabalho e até sábado.

Rui Mota

domingo, novembro 19, 2006

Crónica da ronda de 12/11/2006 (Areosa)

A oração inicial da Mónica deu-nos o mote. Éramos dois: Eu e a Ana Paula. Partimos, como é hábito, com a D. S. e o sr. J. para casa daquela. Lá, a conversa versou sobre dietas e conselhos alimentares, para a D. S. Ela mostrou muito interesse em nos cozinhar uma feijoada e nos convidar para lá irmos almoçar, um dia. Disse-lhe que seria excelente quando a Joana e, possivelmente o Daniel, cá estivessem de férias pelo Natal.

Fomos levar o sr. J. a casa e passámos por aquele clube de vídeo... Na casa abandonada, lá encontrámos o sr. J. M., o sr. G., o sr. M. e apareceu a D. D. Aqui falámos sobre o frio que fazia, o que faz, normalmente, na Polónia e sobre o trabalho de cada um.

Seguimos para o sr. M. Lá estava com o irmão. (É incrível que, mesmo com aquelas condições, ainda há quem se lhe junte, mesmo sendo irmão.) Desta vez não tínhamos levado sopa, pelo que tomaram café com leite e fomos ter com a D. I. Aqui as coisas correram muito mal! A D. I. estava a dormir e acordou estremunhada. O sr. M., irmão do sr. M., ainda lhe bateu no caixote e, enfim... Qualquer assunto serviu para a D. I. implicar com o sr. M. Tivémos mesmo que nos retirar, para os ânimos poderem acalmar.

O sr. J. estava no Banco. Não quis acordar, mesmo com as sapatadas dadas pelo sr. M, o irmão. Ainda falámos mais um pouco antes de partirmos.

Acabámos cedo com a partilha final à porta de casa da Ana e da Andreia. Com referências à oração inicial e às homilías do pe. Vasco e ao arriscar, partilhando o pouco que possamos ter, sem querer tudo para nós.

Um abraço.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Actualização

Foram acrescentadas fotos do magusto. Proponho a criação do grupo "FAS Fotos de Jeito"...(cristo!)

quinta-feira, novembro 16, 2006

Crónica da ronda de 12/11/2006 (Boavista)

Muita gente, batatas fritas e muitos panricos que vieram das aldeias, a solidariedade é imparável!
Estavamos bastantes e arrancamos em último, eu e o Rui, o regresso às noites deste Verão.
Partimos já com a bagagem da manhã e tarde do Magusto da Aldeia em que partilhamos a viagem e a experiência.
A D. F lá estava, com dor de dentes e de ouvidos, com os seus esquemas de consultas já alinhados e com a vontade de voltar a ter o filho por perto. O V e o M não estavam por lá, mas estão bem.
Fomos ao Sr. A, estava em NSF a ver umas coisas em 2ª mão, acompanhamo-lo ao seu local de "trabalho", ele estava muito revoltado pois teve uma discussão enorme com os filhos e cortou com eles, demos-lhe força e esperamos que este acontecimento os ajude a crescer.
Passamos no V mas já dormia profundamente mesmo com a luz da loja acesa, não o acordamos.
Estivemos com o P, que já vimos algumas vezes, que costuma estar ali perto do Sr. A, o JP dormia profundamente e depois de muito pensar deixamos um saco para ele saber que não estamos chateados. com ele.
Fomos ver se o M estava lá em baixo mas continua a não haver sinais dele...
Foi uma noite com poucas conversas mas em que fomos para casa com o sentido de que valeu a pena este longo dia de trabalho... ao domingo.

Jorge

Crónica da ronda de 12/11/2006 (6º trajecto)

Começamos pela Vivenda S, estavam 4 pessoas, o J, o Sr. J A, o S e o primo da D.
O Fernando conversou muito com o J e ficou de levar uma viola no próximo Domingo, mais uma vez confessou estar farto de estar na rua e deseja sair até ao natal. Esteve muito tempo a conversar com o Fernando sobre música.
O Sr. J A estava animado e levantou-se logo para conversar. Gosta daquele bocado que estamos com ele, ainda não tem força para sair dali para fazer uma desintoxicação.
O S falou bastante, fala muito bem francês pois viveu 22 anos em Paris. Tem imensa força interior para sair do Álcool e está a tratar de tudo para entrar no Porto Feliz, deve estar para breve o seu internamento. É inteligente e sabe que aquela vida não é para ele.
Seguindo caminho paramos no T SJ, o M já não está lá porque entrou para o Cat Matosinhos, até agora parece estar tudo a correr bem.
O P que habitualmente está sempre a ler o jornal Bola e pouco fala, desta vez demonstrou muito interesse em sair daquela vida, quer fazer uma desintoxicação e pediu ajuda, penso que por ter visto o M entrar tão rápido para o programa metadona.
É preciso ver se ele na próxima ronda continua com a mesma vontade! Estava doente com tosse e expectoração, febre. Os médicos do mundo ficaram de passar por lá no dia 11 (segunda-feira). Está em lista de espera para ser operado a uma ernia que fez questão de mostrar.
O Sr. das Anedotas não estava lá.
Apareceu uma cara nova, a M igualmente toxicodependente, diz não ter sítio certo para dormir.
Passando pela R PM não encontramos ninguém. Continuamos sem conseguir contactar o P, está na I dos G na Sé mas é difícil lá entrar à noite.
Ao regressar ao Creu passamos por dois novos sem abrigo ao pé do H Sto António, o Sr. G e a/o Sr./a W que demonstraram muito interesse e pediram para passarmos por lá no próximo Domingo, se for necessário acordar estejam à vontade caros colegas!

Maria Antónia Read

Crónica da Aldeia - Magusto (12/11/2006)

Partimos um pouco atrasados, eu e o Jorge ainda mais porque a viola e a máquina de filmar tinham ficado “esquecidas” em casa. Nada de preocupante! Por volta das 11h30 já ensaiava-mos a versão contemporânea do S. Martinho, com “Game Gears” e óculos escuros “Armani”. Acrescente-se também a grande liberdade dada aos “actores” para improvisar. No final e como compensação pelo árduo trabalho, nada melhor que um relaxado almoço ao ar livre.
Era chegada a grande hora! Os ponteiros acercavam-se das 15h quando subimos ao palco, no caso a esplanada do bar do campo de futebol. A Maria assumiu então a condução do espetáculo, o seu jeito é inato, conquistando de imediato a atenção das crianças e jovens presentes. A peça correu bem, e como foi filmada pela Carla todos poderão testemunhar e dizer de sua sentença. Não esqueçamos os dois protagonistas: o moderno S. Martinho, qual personagem dos “Morangos Com Açúcar”, no caso o Tiago, e o pobre filho do padeiro, no caso o enfarinhado Jorge. Notáveis!
Seguiu-se depois a maratona dos jogos: as crianças organizaram-se em pequenos grupos, e uma a uma foram participando nos diversos jogos: jogando à malha, “barbeando” balões”, apagando velas com seringas, dizendo alguns provérbios com a boca cheia de “marshmellows”, entre outros. No fim e em honra do dia de S. Martinho houve castanhas assadas para todos, e enquanto uns se divertiam comendo castanhas outros enfarruscavam-se com o carvão. Foi ainda imbuídos neste espírito que regressamos ao Porto, não sem antes fazermos uma pequena partilha das aventuras e desventuras deste dia.
Uma boa semana,

Rui Mota

quarta-feira, novembro 15, 2006

Formação em Voluntariado

Lembro que amanhã às 21:30 haverá no CREU uma formação em Voluntariado feita pela Dra. Teresa Sarmento a pedido do FAS rondas. Terá a duração de aproximadamente 2h e é aberta a todos os interessados.

Fotos do magusto

segunda-feira, novembro 13, 2006

Leituras

Foi actualizada a secção das Leituras! Está disponível no blog um trabalho da Vanessa Massano Cândido sobre sem-abrigo. Clicar aqui.

Brevemente estará disponível no CREU, na pasta do FAS, um exemplar da revista The Big Issue, uma revista inglesa muito popular vendida pelos sem-abrigo. Foi fundada por John Bird, que também foi sem-abrigo (ver autobiografia "Some Luck"), e neste momento tem distribuição internacional.

Crónica da ronda de 5/11/2006 (St. Catarina)

Encontramo-nos no local habitual e, depois da habitual oração partimos para as rondas. Começamos como de costume na batalha onde estavam apenas a senhora F e o seu companheiro, estivemos a conversar com eles que nos falaram do caso de uma senhora que tinham ajudado e tinha-se aproveitado deles - o companheiro da senhora F estava bastante revoltado com a situção. A senhora F pediu-nos ajuda com uns medicamentos que precisava mas que não tinha dinheiro para comprar. Passado algum tempo chegaram a D.E. e o marido, tinham ido buscar umas sandes a uma carrinha de distribuição da mesma. Encontravam-se os dois bem. Verificámos que a batalha têm tido uma enchente de pessoas a virem buscar comida muitos deles desconhecidos que pela primeira vez lá passaram.

Seguimos viagem até á entrada da antiga loja da chico onde costumava dormir a T e onde dormem agora o Z , a companheira e outro senhor. O Z estava um pouco em baixo tal como na semana passada mas estava com vontade de recuperar e de se “levantar” outra vez .

Seguimos viagem para o aleixo on de já se encontrava a Mafalda e estivemos à conversa com uma senhora bastante engraçada e muito bem humurada, mas que se queixava dos que dormiam à porta de sua casa - tambêm dos policias á paisana por agrediram as pessoas que eles apanhavam na rua .

Acabámos a ronda com uma oração.

Vasco

domingo, novembro 12, 2006

Crónica da Ronda de 5/10/2006 (Areosa)

Iniciámos a ronda com o habitual momento de oração, já acompanhados pela Srinha e pelo Sr D, ambos muito bem dispostos e já bastante à vontade. Como é hábito, levámos a Srinha a casa, onde ficámos a conversar um pouco. Queixou-se um pouco de não conseguir dormir, por causa da cadela de uma vizinha, que chora toda a noite por estar na rua (entretanto parece que foi falar com a vizinha e esta colocou a cadelinha noutro sítio, onde não incomoda os vizinhos e está mais abrigada). Àparte esta questão, a conversa foi muito bem disposta, sempre com muita brincadeira, o que revela a intimidade que já existe entre todos (até nos esquecemos do quebra-gelo do “vai um cafezinho com leite?”). À saída, enquanto uns acompanharam o Sr D ao carro, outros passaram pela casa da G, onde ainda brincaram um bocadinho com o pequeno M. Fomos deixar o Sr D em casa, e seguimos para ir ter com o “pessoal do prédio”. De caminho, continuamos a passar pela BlockBuster, mas sempre sem avistarmos o P. Na nova localização do “pessoal do prédio”, aparecem quase todos: o ZM, o amigo de leste, o companheiro algarvio,e ainda um amigo que pessoalmente ainda não conhecia, creio que se chama M. O J continua sem aparecer, o que nos preocupa um pouco, e desta vez a D também não apareceu. Mas a conversa foi animada. Com o ZM, entre os desaires do grandioso Sporting e a promessa de trazer um dvd para a semana com a reportagem, deu para perceber que está cada vez mais a fortalecer os laços com a irmã e até mesmo com a mãe, para além de já estar a reduzir as doses de metadona. Enquanto isso, houve quem encomedasse ao multifacetado senhor de leste uma tela pintada pelo próprio, o qual já teve uma vida com muitas experiências. Seguimos para a areosa, e pelo caminho deu ainda para dar os parabéns à Maria, a nossa chefa!... Posto isto, na areosa fomos encontrar o M acompanhado por um A. Este veio de trabalhar em espanha. No entanto, houve algumas complicações, mas que tem tentado resolver. Este amigo ao que parece, foi casado com a irmã do J, o qual fomos encontrar, novamente, a dormir no Banco. Antes disso, houve ainda tempo para darmos a prometida sopa ao M, e também ao seu amigo. No entretanto, passaram alguns convivas, uns mais conversadeiros, outros nem por isso. Seguimos para ir ter com a I, que fingindo-se a dormir, tentou pregar-nos um susto (tal e qual o sr M). À semelhança da semana passada, a conversa foi bastante animada, e embora não tenhamos abordado qualquer tema delicado, a leveza com que convivemos serviu sem dúvida para fortalecer os laços de amizade. Sem mais sacos para entregar, seguimos para a oração final, desta vez sem sairmos do carro, mas não com menos partilha, onde demos graças por esta noite tão singularmente sorridente poder, de certa forma, celebrar os anos da Maria. Para ela um grande beijinho, e claro, para o pessoal que está “lá fora” ;), um beijinho e aquele abraço.

Tiago Cabeçadas

sexta-feira, novembro 10, 2006

Aldeia - Partida Domingo (12/11) - 9:30h e Magusto das 14:30 às 17:00

Olá a todos, vamos no domingo às Aldeias, às 9:30, no sítio do costume (frente à Igreja NS Fatima).
Falei com a Patrícia: o Magusto começa às 14:30 em Bustelo, no campo de futebol e pretende-se acabado às 17:00.
Não se esqueçam do almoço para partilharmos, vamos ter rissóis da Joana? salada da Carla? ou vai haver algo totalmente novo? :)
O que é certo é que perdemos os famosos morfes de Valongo...
Bom trabalho, um abraço a todos e até domingo.
Jorge
PS- Se tiverem mais ideias mandem-nas por mail, ou para ajudas com material que nos falta enviem-me um SMS (vejam aqui no blog em contactos).

Crónica da ronda de 05/11/06 (Boavista)

A ronda correu muito bem. Fomos apenas os dois, eu e a Joana, e inicialmente não estávamos com grandes expectativas, mas no final o nosso sentimento de satisfação era inegável. Visitamos a D. F., e ficamos a saber porque é que ela estava a dormir a semana passada aquela hora, tinha tomado um medicamento para uma dor de dentes que lhe provocara sonolência, e descobrimos também que nestas situações ela prefere não ser acordada. Antes já tínhamos ido ao encontro do JP, que se mostrou cheio de vontade de ir para o CAT e desejoso de encontrar o Jorge. Fomos depois visitar o Sr. V, um pouco mais moderado nas palavras em relação ao habitual, esta foi a minha impressão, embora grande parte da conversa tenha sido partilhada apenas com a Joana, já que eu estava a falar com o F, um sem-abrigo “sazonal” que de vez em quando “estaciona” junto do Sr. V. Este não se encontrava muito agradado com o rumo que a sua vida havia tomado nos últimos tempos, situação que tentamos contornar com a transmissão de algumas palavras de esperança. Por ultimo o Sr. Á, coma a boa disposição habitual, e surpresa das surpresas...apareceu o Jorge. Fomos ainda dar um saquinho ao P, um toxicodependente que junto uns trocados a arrumar. Fizemos a oração final, os três, tendo depois cada um seguido seu rumo. Um bom resto de semana!

Rui Mota

quarta-feira, novembro 08, 2006

Crónica da Aldeia (4/11/2006)

Desta vez acompanharam-nos, para além de alguns habituais e de alguns assíduos novos, as recentíssimas Vera e Filipa. Ao todo 12, um pequeno recorde.
Após uma breve apresentação de cada um demos início à organização da magnífica peça de teatro a ir à cena no magusto do próximo domingo. As ideias foram surgindo. Não vou enumerá-las, prezo pela surpresa do espectáculo - sobretudo pela dignidade do grupo. Volta e meia havia um sujeito que tocava músicas estranhas numa guitarra. Não conseguimos perceber quem era, continuámos a ignorá-lo. A certa altura sugeriu que simulássemos o concurso d’O Grande Português com o S. Martinho como possível eleito. Enfim.
Almoçámos muito bem – os rissóis da Joana quase foram trocados pela salada da Carla. Depois o grupo dividiu-se pelas aldeias. Pudemos já visitar novos casos. A dupla Rui-São continua admiravelmente (e aqui não brinco) nas suas investidas criativas. Os novos levaram entusiasmo e não se arrependeram. Regressámos satisfeitos. Passámos por Bustelo onde pudemos apanhar o resto do grupo e ainda dar ao dente num fabuloso pão de milho. A gastronomia inegavelmente a revelar os fundamentos da nossa persistência.
Foi já no lusco-fusco que partilhámos e reunimos o que nos move e nos acrescenta nestas idas à “aldeia” - como o frio recolhendo os corpos às lareiras, pelo inverno.

Crónica da ronda de 5/11/2006 (Batalha)

A falta de elementos másculos e valentes levou a que me requisitassem para a ronda-mãe Batalha. Protegido, mais que protector, lá fui acompanhado pela São e pela Manela.
O Sr D seria a nossa primeira paragem. Como explicar então que o Sr D não foi a nossa primeira paragem naquela noite… Há necessidades básicas que um homem solitário não pode evitar satisfazer. Coisas que (cada vez mais) nem com a idade acalmam. E coisas às quais ninguém precisa de assistir, mesmo quando o homem as pratica na inocência de um sonho mais apimentado onde o pudor parece desaparecer. Entendidos que estamos, adiante…
A segunda paragem foi uma tentativa de abordagem a um novo sem-abrigo. Um senhor que, depois de dar uns bons goles numa qualquer garrafa alcoolizada, nos disse que não estava para aturar ninguém, que há pouco já tivera que ouvir um bêbado. Soma e segue. Já levávamos 2 a 0.
Passámos ao Sr X. Sentado atrás de uma pilar do edifício sarrabiscava os seus códigos. E quando assim é não há conversa para ninguém. Três secos e ainda não eram 11 da noite. Fomos à Rua dos B. esperar um senhor que não apareceu. 4. Corajosamente voltámos ao Sr. D.. Como o sono dele era muito conseguimos manter a distância para que nos não forçasse o indesejado cumprimento, sem que ele estranhasse. Houve tempo para chá e um boa noite rápido, entre bocejos e murmúrios imperceptíveis. Não se pode dizer que tivesse sido o tento que dera a volta ao resultado, mas, pelo menos ao que parecia na altura, foi o começo.
Encontrámos o P sentado à espera dos cêntimos de um doutor para a viagem de metro. O P está com muito bom aspecto. Teve a sorte de encontrar quem o ajudasse no CAT (e sorte, neste caso, é uma palavra pequena). Tem consciência das suas fraquezas, tem medo de si, de ceder. Vamos incentivando. A solidão não ajuda, tem que ser combatida.
Como a outra ronda já relatou, procurámos o homónimo anglo-saxónico do P algures pela Sé. Conseguimos sair de lá com o corpo completo, os órgãos no sítio e a carteira intacta – meninas do 6º trajecto, buzinar naquela zona àquela hora se calhar não é boa ideia. Fica a sugestão do cagufas do vosso chefe.
Numa ronda em que o índice de fofoca foi altíssimo, e a sorte com as visitas a que se viu fica o apontamento possível. Com estas é que não me apanham mais, livra!

segunda-feira, novembro 06, 2006

Crónica da ronda de 5/11/2006 (6º trajecto)

A 6ª ronda começa cada vez mais a ganhar um trajecto definido. Desta vez a equipa estava completa, apesar de termos ‘emprestado’ o Bateira à ronda da Batalha pois encontrava-se desfalcada.

A noite iniciou pálida, talvez por causa da chuva que ameaçava cair, mas as estrelas timidamente foram espreitando dando forma a uma noite fantástica.

Como sempre, iniciamos a ronda na vivenda S. onde encontrámos o Sr. J A, acompanhado pelo senhor Al. já conhecido, e pelo Sr. S, novo nestas paragens, que tem dormitado por ali nos últimos dias. O Sr. J A, sendo uma pessoa de conversa fácil, rapidamente começou a contar histórias e a falar das coisas habituais. O Sr. Al mostrava-se extremamente entusiasmado pois na terça, segundo ele, vai para Espanha ter com a sua
namorada. O Sr. S acolheu-nos de uma forma muito simpática e rapidamente abriu o seu coração. Falou da sua vida, das profissões que já desempenhou, dos vários idiomas que domina, e do resto de uma vida entregue ao alcoolismo. Disse que estava à espera de ser chamado para mais uma desintoxicação, e estava plenamente consciente que só dependia dele. Sendo ele um jovem, entregue à rua apenas há dois meses, tudo tem
para recomeçar uma nova vida, assim esperamos. Para a semana contamos ter noticias dele. O J. apareceu um pouco mais tarde, tinha ido procurar pontas de cigarros maiores para juntar e enrolar um para ele, e como sempre, chegou simpático mas reservado. A conversa corria fluentemente, mas tivemos que ir embora, pois havia ainda outras paragens.

Seguimos para o T S João, onde encontrámos de novo o M e o P. O M ficou de ir esta semana ao CAT com o Jorge apesar de denotarmos no seu rosto algum receio da ressaca da noite. O P mostrou-se de novo um pouco reservado, recebeu o saco transpirando satisfação, e continuou a ler o seu jornal habitual, A Bola. Com eles, estava também outro senhor, o Sr. M J S, que logo nos questionou se pertencíamos ao grupo do Pedro, e se identificou como o ‘Sr. das Anedotas’. Após vários pares de piadas contadas por ele, começámos a falar sobre assuntos mais sérios. Nesse momento ressaltou à tona um rosto amargurado, as memórias do passado, o alento de toda a família ter singrado na vida, e a dor de viver há tanto tempo encostado a qualquer beco. Apesar de muitas das palavras saírem esgazeadas entre dentes, era possível perceber a vontade que este homem tem em deixar esta vida. Ele disse que ia continuar ali, e para a semana já contaremos com ele na distribuição dos sacos.

Seguimos então para a rua Passos Manuel onde não conseguimos encontrar o W. Será um bom sinal?

Por fim, o destino mais complicado da noite. Resolvemos seguir algumas indicações e procurar o P próximo da igreja dos Grilos, (numa zona bem rebuscada de Sé). Fomos ao encontro da ronda da Batalha e juntos aproximamo-nos da Sé. O caminho não inspirava muita confiança, e bem que tentamos embalar-nos para descer os acentuados ‘canelhos’. A Maria Antónia levava medicamentos, visto que havia informações que ele tinha
contraído sarna. Apesar de não faltar motivação, resolvemos não arriscar, visto que existiam algumas movimentações bastante sinistras por aquelas zonas, ficando a hipótese de o procurar de dia.

A noite terminou no sítio de sempre, com uma pequena oração com as duas rondas juntas, e apesar da mágoa de não termos encontrado o P, fica a esperança que ele esteja bem, pois sabemos que Ele está sempre de olho nos mais necessitados.

Fernando Pires

domingo, novembro 05, 2006

Crónica da ronda de 29/10/2006 (6º trajecto)

Depois de um fim-de-semana com um sol magnifico, mais uma ronda de Domingo! Deparo-me com a ausência total dos meus companheiros por motivos de força maior. Desta vez tive o prazer de ser acompanhada pelo Jorge Mayer.

Apesar deste 6º percurso ter sido considerado na última reunião a “ovelha negra “, neste Domingo revelou-se uma grande surpresa!!!

Começamos pela Vivenda S, deparamo-nos com apenas dois sem abrigo, o J e o Sr. J A, a câmara fez uma limpeza geral e levou tudo o que eles lá tinham. Como sempre simpáticos e faladores mas nenhuma novidade relevante. Precisam de roupa, meias etc.

Resolvemos fazer uma busca em vários locais uma vez que ainda tínhamos muitos sacos.

Passamos na R Stª Catarina e encontramos o C, novo sem abrigo, que aceitou o saco e pediu um cobertor.

No T S João, abordamos dois sem abrigo igualmente novos nesta paragem, o M e o P. O M, que já foi mecânico, pediu ajuda para o programa de desintoxicação, simpático e afável contou-nos um pouco o seu percurso, já conseguimos uma 1ª entrevista para o Cat de Matosinhos, vamos lá ver…

O P estava deitado a ler a Bola, recebeu o saco de bom agrado, estava com sono por isso não falamos muito. Ponto interessante, quando estávamos a ir embora o P chama-nos e diz: já deram o saco ao meu companheiro do lado? Ficamos deliciados com este gesto de solidariedade.

Descendo a rua Passos Manuel à procura do Sr. J, surpresa nossa não estava o J mas sim outro sem abrigo de nome W que inicialmente ficou um pouco atrapalhado, pedimos desculpa e logo que viramos as costas chamou-nos, começa a conversar abertamente, conta-nos as suas preocupações, está à espera de entrar para o Porto feliz. Pediu-nos uns sapatos confortáveis. (Entretanto na 2ª feira passamos na V S para comemorar os anos do Sr. J A e por acaso o W passou lá referindo que estava muito contente porque vai entrar no Porto Feliz na próxima semana).

Pensando que a ronda estava dada por terminada e já sem sacos, descendo a R. 31 J encontramos o P, muito magro, doente, que nos disse ter estado internado no H S. João 3 meses, é um caso de pouca esperança, resta-nos dar um pouco de dignidade a este homem que nos recebe sempre também e nos agradece muito por tudo o que lhe damos. O Jorge ainda conseguiu apanhar a Mafalda para ir buscar um saco para o P. Fiquei de tentar falar com a assistente social no S. João. Espero que na próxima semana consiga!

Depois de tantas surpresas neste 6ª percurso ficamos satisfeitos, chegamos ao Creu a tempo da oração com o grupo do Jorge.

«Acreditar que um ser participa de uma vida desconhecida na qual o seu amor nos faria penetrar é, de tudo o que o amor exige para nascer, o mais importante e o que o faz menosprezar tudo o resto.»

Marcel Proust, in "Du côté de chez swann"


Maria Antónia Read

Crónica da ronda de 29/10/2006 (Batalha)

Nunca sabemos como é que a noite irá ditar o rumo de mais uma ronda.

Foi no dia 29 que a ronda da Batalha, constituída nessa noite quente pela Manuela, Luís e pelo novo membro Sabina iniciaram o seu percurso, na tentativa de tornar um pouco mais agradável os escassos momentos concedidos por aqueles que são visitados.

A ronda iniciou a sua pequena viagem, visitando o sr. D., que por ser a pessoa mais idosa a ser visitada, a ronda achou por bem ser este o primeiro a ser visitado. O cenário encontrado foi o habitual, com o feitio resingão do sr.D. a dar mostras de não se deixar abater pela já avultada idade. Apesar disso, encontrava-se de boa saúde, já que os médicos do mundo haviam passado lá nessa mesma semana, acompanhados por um elemento do grupo.

O grupo ficou ainda alguns momentos a tentar obter umas gargalhadas por parte do Sr.D., mas há dias assim, em que nos sentimos pequenos perante a força destas pessoas que por vezes também têm os seus dias de consternação e por isso a ronda decidiu deixar dormir o sr. D., já que era isso mesmo que este pretendia.

O grupo decidiu então visitar o sr. F. Ao chegar ao ponto habitual de encontro, o grupo constatou que o sr. F. se encontrava dentro do restaurante que serve comida chinesa, situado perto do local onde dorme e que os funcionários lhe haviam fornecido um pequeno jantar. Por esta razão, o sr.F, apesar de visivelmente embriagado, encontrava-se muito bem disposto, feliz diria mesmo. Eram os olhos de quem sorri por estas pequenas graças, gestos que se perduram e partilham, ou não quisesse o sr.F. partilhar aquele pequeno jantar connosco. O grupo ficou ali por volta de uma hora, rindo-se com o sr.F. que não queria que a ronda arreda-se pé dali. O grupo ficou muito contente e deixou-se estar, chegando mesmo a provar o pequeno manjar do sr.F.

Depois deste alegre e eterno período, a ronda encontrava-se muito bem disposta, sem saber ainda o que a noite reservava.

Era altura de visitar o sr. P, o mais jovem das pessoas visitadas e talvez por isso, dos mais comunicativos. Infelizmente, as notícias não eram as melhores. São conhecidas pelo grupo e por todos aqueles que acompanham as crónicas, que o estado de saúde do P. é débil devido ao facto de ser toxicodependente. Em consequência disso, o P. deu-nos a notícia de que iria ser internado, devido a um grave problema de saúde.

Actos e situações como estas, fazem-me perguntar o quão bem estaremos nós preparados para lidar com este tipo de situações complexas, fartas de frustração por parte de quem por elas padece. Será um sorriso e uma palavra amiga a sussurrar “vai tudo correr bem”, suficiente? Confesso a minha total ignorância em relação a esta resposta, contudo foi o máximo que o grupo pôde fazer naquele momento. E foi o melhor que poderiam ter feito, de facto.

Depois desta situação menos agradável e sorridente foi altura de o grupo seguir para visitar o Sr. J. e a sua carismática “habitação”. Disse-nos o sr. J. que esta semana iria para Espanha e que quando voltasse iria para uma casa, juntamente com a esposa. O grupo tentou acreditar no sr.J., mas como são repetidas as vezes em que o sr.J. afirma o irrealizável e à falta de provas, a ronda ficou na dúvida. Dúvida essa que irá ser esclarecida este domingo, quando a ronda por lá passar novamente, perto de St. Catarina.

A ronda regressou ao seu local inicial, finalizando mais um domingo com uma oração a pedir força para o sr. P. e com a Manuela a terminar com a leitura de um poema que nos fez pensar a todos no poder que cada um de nós tem, para mudar tudo aquilo que nos rodeia.

Apesar disso, a noite e os destinos que esta traça, fazem parte de tudo aquilo que é incontrolável por nós e é por isso que estes jovens – e tantos outros – todos os domingos, fazem aquilo que melhor sabem – ajudar os outros, ajudando-se a si próprios.


p.s. parabéns a sabina, que para alem de ter mostrado que tem o espírito que é necessário faz anos hoje, dia 3.


Luís silva

sexta-feira, novembro 03, 2006

Aldeia - Partida Amanhã Sábado (4/11) - 10:30h

Olá a todos,
vamos amanhã sábado às Aldeias, às 10:30, no sítio do costume (frente à Igreja NS Fatima).
Eu, o Rui, a São, o Tiago, o Nuno, Joana Rocha, o João, a Mónica, a Mafalda, o Pedro, a Carla, a Vera e a Filipa estamos já confirmados. A Maria não pode ir, por causa do curso.
Não se esqueçam do almoço para partilharmos.Vamos começar com 3 novas visitas em Ansiães e uma em Candemil.
Bom trabalho, um abraço a todos e até amanhã.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Crónica da ronda de St.ª Catarina 22/10/06

Encontrámo-nos todos no "sítio do costume", fizémos a oração em conjunto e partimos para as nossas rondas.
O nosso grupo iniciou a ronda, na Batalha, onde estavam, como é hábito, a D. E. e o marido,Sr. F., o Sr. F., e o outro casal habitual.
A D. E. tornou a contar a última "desgraça" que lhe aconteceu - o incêndio que ocorreu na "casa velha", onde já viveu com o marido e onde continua a ir durante o dia (embora à noite durma numa pensão), pois queixa-se que a dona da pensão a acusa de gastar muita luz e os outros inquilinos criticam-na por ser muito limpa.
Por fim, depois de ter desabafado, com os olhos a brilhar pediu ao Pedro que lhe telefonasse para o filho, pois há alguns dias que não conseguia falar com ele (apesar de ter telemovel, este nem sempre tem crédito).
Quanto ao outro casal, ele continuava com gripe, embora a tomar medicação, e ela, muito contente contou que o filho dela tinha feito anos e o do marido também.
Quando estavamos quase a seguir para St.ª Catarina apareceram dois jovens toxicodependentes, o M. eo I. que, segundo eles, estão a tentar entrar numa instituição para toxicodependentes para fazerem desintoxicação e reabilitação.Oxalá consigam!
Em St.ª Catarina não vimos a T. no local habitual e seguimos então para o Aleixo. Lá, encontrámos o grupo do Fernando e estivémos com a d. A. e o sr. M.
Por fim, fomos ao encontro da B. que também quer deixar a droga, até por que tem uma filha.
Terminámos a ronda em frente à casa da Sílvia, com uma oração.

Carla

Crónica da Ronda de 29/10/2006 (Areosa)

“Como uma criança que recebe O presente tão esperado e de tanta alegria e emoção nem lhe consegue tocar. Fica só a contempla-lo com uma lágrima no canto do olho..”

Foi assim que me senti quando dei por mim na oração que deu inicio a esta ronda, a minha primeira ronda.

A S. e o Sr. Z tinham ido encontrar-se connosco para nos acompanharem na oração. Foram o meu primeiro contacto, e que bom que o tornaram, que abraços ternos e acolhedores.

Seguimos em dois carros, o Sr. Z super privilegiado, num carro só de belas meninas, para casa da S.
A chegada foi atribulada pelo menos para mim que não contava com uma fera a guardar a entrada, têm uns cãezinhos amistosos os vizinhos da S. Toda orgulhosa deu a conhecer ao novo elemento os cantos à casa, as florzinhas pintadas sobre o branco, as fotos dos seus meninos no divertido dia da pintura…

Depois, já sentadinhos lá fora a aproveitar a brisa morna, conversamos sobre a semana, sobre a D.A. que não tive oportunidade de conhecer, mas de quem a S. falou com todo o carinho. E percebemos nestes pequenos toques de Deus que acima de tudo o que possa perder o Ser Humano nunca será desprovido da capacidade de amar.

O S.Z. não tinha concertina, ficou a promessa para a próxima ronda, mas ainda assim houve tempo e disposição para uma aula de ginástica cheia de energia.

Começava a ficar tarde, levamos o S.Z a casa e seguimos ao encontro do ZM, do Sr. M , do J. e surpreendentemente da D que ao que consta andava desaparecida…A alegria de a revermos e a preocupação ao constatarmos que está cada vez mais magra. Mas os exames já estão a ser feitos e Rezamos para que esteja tudo bem.

O ZM com seu jeito todo descontraído e entusiasta lembrou aos demais o aniversário da Joaninha (animadora que não cheguei a conhecer) e são estes gestos simples nos quais nota o quanto tocamos estas pessoas, e até que ponto passamos a fazer parte da vida, dos sentimentos e mais tarde das recordações delas…

Seguimos portanto para o que me apresentaram como o desafio da noite, o inconstante Sr. M .Cautelosamente aproximei-me meia escondida para não causar muito impacto.

Mas o SM tem andado mesmo bem e parece que cai nas suas boas graças e ele ainda mais nas minhas, foi adorável e deixem que vos diga, tem um sentido estético extremamente apuradoJ. ´
Deliciou-se com a sopa quentinha que temos levado e numa conversa animada com o J e a I que apareceram mais tarde, não deixou de se ir metendo com cada um deles, mas sempre muito animado.

As horas passavam, mas só no relógio e ainda faltava encontrar o Sr.PM para lhe entregar umas sapatilhas ,agora mais à sua medida, com ele estavam ainda o Sr J. que é novo por estas bandas e o Sr. que não fala ambos nos acompanharam por breves minutos. O Sr. PM estava falador e revelou-nos muito de si, da sua família, da sua vida. É ainda muito jovem, mas os vícios corroem tanto por dentro. Rezamos por si.

E tinha acabado, já, rápido demais.
Tantos mundos para descobrir atrás de cada corpo, de cada rosto.

A mim resta-me agradecer a oportunidade e assumir de coração cada compromisso, cada laço, cada abraço.

E ao entrar em casa repeti para mim mesma “és responsável por tudo o que cativas”.

Esplendorosa, magnifica, graciosa...

Ana Sampaio

terça-feira, outubro 31, 2006

Crónica da ronda de 29/10/2006 (Boavista)

Reunimo-nos como é habitual em Nossa Senhora de Fátima, éramos cerca de 20 pessoas, entre os quais 4 novos voluntários, e os 20 tomamos lugar na oração, tendo-nos depois repartido nas 6 rondas do costume.

Fomos cheios de entusiasmos para a nossa querida ronda da Boavista, tendo parado pela primeira vez junto da família Q. surpresa das surpresas a D. F. dormia profundamente, não tendo reagido ao sonoro ranger do portão de uma garagem nas proximidades, pelo que decidimos não a incomodar, tendo apenas deixado lá ficar o saquinho como prova da nossa presença. Descemos depois em direcção ao Foco, mas nem sombra do M. nem de um qualquer outro sem-abrigo. Aproveitando o desvio no percurso fomos à procura do JP II, com quem havíamos travado conhecimento na passada semana e ao qual tínhamos prometido aparecer esta semana. Infelizmente não estava por lá! Fomos depois para a Boavista em busca do JP, mas como de costume é muito difícil encontra-lo nesta zona, em particular a esta hora. Seguiu-se o Sr. V. com quem permanecemos em “dialogo” cerca de 30 minutos. Para o fim guardamos o melhor, o afável Sr. A, pareceu-nos um pouco em baixo, mas como sempre retribui com boa disposição à nossa companhia. Mesmo antes de partir para o Creu demos um saquinho ao Sr. J, que agradeceu mas que rapidamente se procurou afastar evitando conversas

A ronda terminou no Creu onde encontramos o nosso quinto elemento, o Jorge, com quem partilhamos a oração final.

Boa semana e bom feriado!

Rui Mota

sábado, outubro 28, 2006

Crónica da Aldeia (21/10/2006)

No passado Sábado deu-se mais um passo neste caminho que fazemos neste projecto, a entrada de pessoas novas, depois da noite de abertura do CREU, temos 5 novos voluntários que integram agora este projecto, subindo para assim para um total 15 pessoas.
Chovia a cântaros e partimos em 2 carros, ou seja a viagem foi em formato ultracompacto!! Lá não apanhamos chuva, reunimos, como habitual, no alpendre da Associação a fazer o ponto da situação. Alteraram-se as datas de ida, não vamos a 18Nov, nem a 2Dez (por ser véspera de feriado) e em vez disso vamos a 25Nov. O Magusto mudou do dia 11 para o dia 12.
Fizemos o acolhimento dos três novos, o Pedro, a Mafalda e Carla (já conhecedora das rondas ao Sem Abrigo) e almoçamos muito bem. Os rissóis e croquetes da Joana estão a tornar-se um "must" juntamente com os croissants do Rui, ou as piadas da São :)
As visitas correram bem, e foi muito bom estarmos practicamente todos, a Maria ainda anda bronzeada "lá dus áfrica méu!". Regressamos muito cedo, chegamos ao Porto um pouco antes das 6h. Para a próxima temos de telefonar aos nossos acompanhantes locais e começar novas visitas.
Um abraço,

sexta-feira, outubro 27, 2006

Aldeia - Reunião para planear o Magusto - 5a feira (2 Nov) das 20:00 às 21:00

De forma a planear com tempo como vamos animar o magusto, decidimos marcar uma breve reunião na 5a, dia 2 Novembro, das 20:00 às 21:00 no CREU.
Falei hoje para a Aldeia para vermos as novas pessoas a visitar, mas não consegui falar com o pd Vilar, vou continuar a tentar.
O Magusto será realizado juntando as 4 paróquias, temos de arranjar até à reunião uma estimativa de miúdos presentes.
Um abraço a todos,
PS - Maria Manuel estamos a contar com a tua colaboração.

Aldeia - Magusto passou de dia 11 para dia 12 (Domingo)

Ontem houve reunião nas aldeias e telefonaram-me a perguntar se o magusto podia passar para dia 12 de Novembro, pois consideram ser melhor realizar-se no Domingo. Não tendo nós quaisquer objecções, decidiu-se passar para dia 12.
Só para recordar, até ao fim do ano vamos dia 4, 12 (Magusto), 25 Novembro e 16 e 17 (festa de natal) de Dezembro.
Um abraço a todos,

Crónica da ronda de 22/10/06 (Batalha)

A simplicidade como decorre a nossa vivência, dita muitos dos actos por nós
expostos. Foi no passado domingo que a ronda da Batalha se encontrou para
tentar fazer aquilo que mais anseiam: ajudar, simplesmente.
Composta pela Manuela, Inês Bessa, São, Luís e pelo novo membro Francisca, a ronda iniciou o seu percurso, começando pelo sempre carismático Sr. D. Este senhor de já avultada idade faz parte daquelas pessoas que nos conquistam pelo seu mau-humor, que de tão mau, quando o deixa de o ser, passar a ser exclente. Assim, cada vez mais o Sr.D. tem-se mostrado mais simpático e conversador. Apesar disso, notou-se uma certa tosse, consequência do mau tempo que se fez sentir nessa semana, por toda a cidade. Ainda tivemos tempo para lhe darmos umas roupas, que ao fim de algum tempo de escolha, foram as que o Sr.D. realmente gostava.
Após esta visita, a ronda fez a sua paragem habitual para visitar o Sr. F. Apesar de se encontrar visivelmente sóbrio, encontrava-se ocupado e por isso a visita foi rápida e concisa. Contudo, ainda houve tempo para lhe ser oferecido um novo chapéu, o que deixou o Sr. F. Muito bem disposto. A ronda seguiu então para uma nova paragem, a do P., que já se encontrava recuperado da gripe que tinha apanhado na semana passada. A conversa foi longa, com P. a relatar os seus passos pelo estrangeiro e com os elementos da ronda a interagir também, o que facilita em muito a comunicação e a relação entre os mesmos.
A ronda ainda teve tempo de procurar o sr. J. Que não se encontrava no lugar. Pelo contrário, encontrava-se outra pessoa que nos pediu algo para beber, pedindo-nos encaracidamente que não nos aproximássemos, pedido a que a ronda aceitou de imediato. No final da noite, ainda procuraram interpelar um sr. Que parecia necessitar de apoio externo, apesar de este se ter mostrado reticente e não nos ter permitido comunicar ou ajudar de qualquer outra maneira.
De volta ao ponto de partida, a ronda sentia-se bem com o seu trabalho, consciente que são os pequenos sorrisos que distribui por todas essas noites de domingo que fazem toda e qualquer diferença.
“É na simplicidade que está a virtude”.

Luís.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Crónica da ronda de 22/10/06 (Areosa)

“Maravilhas fez em mim
Minh’alma canta de gozo
Pois na minha PEQUENEZ
Se detiveram Seus olhos…”

Assim começou a nossa ronda… recordando o dom da humildade e da pequenez, e com vontade de levar aos outros os nossos olhos, os ouvidos, a boca, as mãos e o nosso coração…

Começamos pela S. e pelo Sr.Z. que tão bem fazem companhia um ao outro. A S. continua com a constipação chata, que a deixa muito em baixo e com os olhinhos muito carregadinhos de pouca alegria… mas com o almoço em casa da D. A. e com a nossa visita tudo melhorou!

Passamos um bom bocado juntos… a cumplicidade é já tão grande, que é necessário muito poucas palavras para um entendimento do céu…*

Visitamos a D.A e o M., estavam uma alegria só! Um anjinho traquina que dança o “tic-tac” da Floribella como ninguém J!

Levamos o Sr. Z a casa e partimos rumo à nova casa dos nossos amigos do prédio! E que linda casa! Estivemos com o ZM, e com mais dois novos amigos: o J e o sr. M.! Conversamos como bons amigos, expectativas e preferências de trabalho, a família feliz do outro lado da Europa, belas artes, possíveis restaurações e construções e, claro, sobre o clássico da noite!

Ficou-nos uma pulguinha atrás da orelha quando o ZM nos falou da D tão preocupado L A verdade é ela está a piorar de dia para dia, e agora eles desconfiam de tuberculose L, e afirmam que ela não sente a mínima vontade de se tratar e de pedir ajuda L Rezamos por ela…

Sentimos todos a falta do J.! J., aparece por favor!!!

Continuamos rumo ao Sr. M, que tem estado um verdadeiro amor… não quis a sopinha que lhe fiz… tinha acabado de jantar! Pareceu-nos bem… chateado com a I, mas bem! Sentimos todos que a nossa relação tem evoluído a olhos vistos… parece de pedra, mas o coração é de melJ

(Ao longo da ronda fomos recebendo verdadeiros toques de Deus, toques de eternidade nas mais variadas coisas… matriculas de automóveis, direcções de autocarros) – tinha mesmo de dizer isto JJJ

Estivemos também com o Sr. PM, que queria a todo custo calçar umas sapatilhas nº39, quando calçava 41! Lá se convenceu de que o iriam magoar mais que ajudar! (já agora: alguém tem calçado nº41? Obrigada…), com o Sr. R., o Sr. D e um senhor que não fala, mas que ficaram connosco pouco tempo.

Acabamos a ronda a visitar o Sr. J., que finalmente acordou e passou connosco um bom tempinho a conversar. Continua certinho, atarefado no seu trabalho e a dizer orgulhosamente que o seu dinheirinho já chegou para comprar umas roupinhas novas! Veio connosco dar boa-noite à D. I., que tomou o seu leite com café, com os bolinhos que tanto gosta! Foi a casa esta semana, mas não lhe passa pela cabeça ir para lá de vez… sente que não há nada que a prenda lá…

E terminamos, como sempre… a D. I. a mandar-nos embora com aquelas preces tão abençoadas e características!

Rezamos por eles, pela ronda feliz que tivemos e pelos membros que andam agora soltos pelo mundo! Voem muito, muito alto!

Uma semana feliz para todosJ. Abraço fechado, em Jesus: Andreia Gil*

terça-feira, outubro 24, 2006

Crónica da ronda de 22/10/06 (Boavista)

Ronda da Boavista

Partimos este domingo, como habitualmente, a partir do CREU e depois de uma breve oração. Esta semana, estávamos em grande número, o que é sempre bom de ver e alegra ainda mais a nossa percepção sobre o trabalho que fazemos…!

Começámos pela família Quaresma que, desta vez estava reduzida apenas à D. F. Mal nos viu perguntou-nos se lhe tínhamos trazido o vestuário que nos tinha pedido e agradeceu a fita-cola que levámos. Queixou-se das suas diabetes, do braço, das várias organizações que a ajudam porque não trazem o que ela quer, até da “futura nora” que também é sua sobrinha… mas com o seu toque de sempre de boa disposição, algo que muito a caracteriza, assim como a ideia que a vida tem que andar para a frente, o que é sempre de louvar!

Seguidamente partimos para o Foco, mas não encontrámos, como já era de esperar, o M. Apesar de tudo, soubemos pelo empregado do café do lado, que ele estava numa clínica em Aveiro a tratar-se. Se for verdade, é uma óptima notícia!

Assim, fomos de encontro ao J. P que estava um pouco stressado, mas que ainda falou um pouco connosco. Deu-nos alguns conselhos alimentares, isto é, sugestões de menu para os sacos porque, segundo ele, este não tem grd sucesso. Ficou prometido um encontro com o Jorge durante a semana e até, se calhar, um cinema!...

Ali perto estivemos com o Sr. A., que estava todo agasalhado, com um casaco e boné novos, oferecidos. Lá trocámos uns dedos de conversa e seguimos para o Sr. V. que, mais uma vez, estava a dormir. Para marcar a nossa presença por lá, deixámos-lhe um saco de comida.

Seguidamente fomos procurar, ali nas redondezas, vestígios de gente, mas vimos apenas um camionista que ali dormia no chão porque, segundo ele, estava mais confortável ali, do que no camião.

À vinda para o carro, cruzámo-nos com um novo J.P., que nos pediu uma roupinha e aceitou um saco nosso.

Acabámos a noite, como de costume, em N.S.F., em oração de partilha.

Foi uma óptima ronda pois já não estávamos os 5 há muito tempo!!

Um bjinho a todos e (viva o pólo GT ;))

Ana Carvalho

segunda-feira, outubro 23, 2006

Crónica da ronda de 15/10/2006 (6º trajecto)

Era perfeitamente plausível começar esta crónica com um “Naquela noite” ou talvez ainda um “Chovia”... Mas hoje, talvez pelo atraso descomunal na escrita e consecutiva entrega desta crónica (desculpa joão :=) ) pensei em, ou pelo menos tentar, escrever algo diferente.

Encontrei este poema que penso que descreve um sentimento que os nossos amigos devem partilhar :=) Deixo as interpretações para o(s) leitore(s) :=) Espero que gostem !

Chuva

São estes os dias que correm,

qual vento de tristeza cortante,
em que a chuva parece amar-me,
e vagueiosem rumo.
Procuro uma felicidade que não existe

ou terá existido ?

Até que sinto um bom calor no rosto,
uma luz terna no meio da solidão.
Da multidão.
Os meus olhos perscrutam essa luz.
Quando te olhei, o vento mudou.
Quem és ?

Como, quando e onde ?

Estendo a minha mão trémula,

E desvaneces...

Oh Vida de Sonhos e Ambições,

Regressa e vem empurrar-me para ti,

Qual imperial resgate
desta minha tirana...
Solidão.



Gabriela Soares

Crónica da ronda de 22/10/2006 (6º trajecto)

Voltámos a uma "vivenda" dorminhoca, com a sorte de o Sr J ter levantado uma pálpebra no momento em que olhávamos para ele. Despertámo-lo, e ele aos outros, o suficiente para iniciarmos mais uma noite bem passada.
De bom humor o Sr J A, olhar e sorriso malandros, murmura uma piada, o J levanta-se a custo de riso pronto, ao lado só a D e o companheiro dormiam profundamente. O J fizera anos na véspera (falhámos o bolo...!) e a conversa avançou sobre os signos. Paralelamente apercebia-me da vontade do Sr J em desentoxicar-se dos 5 litros de vinho que bebe por dia há demasiados anos. Voluntários para ajudar-nos a levá-lo ao Conde Ferreira ainda esta semana? Amanhã vai com o J buscar o BI à Loja do Cidadão. Pergunto-lhe pelo Sr F. Mudou de poiso com uma companheira. Fontaínhas? Pesquisa em próxima ronda.
À saída uma prenda de recurso para o J e um encontro instantãneo com o Sr J que passava, feliz por nos ver.
Passámos ainda na Trindade, à procura do L conhecêmos o M, com um pé na heroína e outro na desintoxicação (prestes a começar!). Recolhemos a Nª Srª de Fátima. Dissemos algumas palavras a Quem nos ouve e atende e nos não abandona. Boa semana a todos!

sexta-feira, outubro 20, 2006

Crónica da ronda de 15/10/2006 (Batalha)

A ronda da Batalha precisava de um elemento masculino e lá fui convocado. Assim, partimos com a Manela, a São e a Francisca. À semelhança do que Jesus sugeria ao jovem rico, fomos fazer aquilo que por mais que se faça, faz sempre falta: algo de bom.

O primeiro destino era uma zona onde já algum tempo este percurso não passava. Procurávamos o sr. J. A. e outros sem-abrigo que nos tinham indicado. Não obtivemos qualquer resultado. Seguimos para o P.: Não se encontrava... Deixámos um saco, procurámo-lo rua abaixo e, nada. Encaminhámo-nos para o sr. D. e o sr. F.

O sr. D. estava extremamente ensonado. Apesar do empenho das meninas em tentar estabelecer diálogo, com temas como o frio, a roupa e a sua terra, não conseguimos que despertasse. O sr. F. estava bem disposto. Dá-se muito bem com a Manela. Prometemos levar-lhe um boné, da próxima vez. Estava calmo, apesar de, de vez em quando, se virar para um painel num prédio, com notícias que correm como se de um pé-de-página de um qualquer tele-jornal se tratasse. Senti que para uma pessoa com perturbações mentais, aquele painel é tudo menos terapêutico.

Voltámos a passar no P., mas continuava sem estar. Seguimos para o sr. J. O sr. J. tem a sua “cama” montada na entrada da Comissão de Trabalhadores e da Associação C. e D. do Banco, de dia e de noite, sem que ninguém o pressione a sair. Estava de cabelo curto e barba aparada: Rejuvenescido! Falou-nos da sua ex-mulher e da vida que teve em Espanha.

No regresso ao CREU, ainda encontrámos um sem-abrigo novo e, noutros locais, outros a prepararem-se para se instalar para passarem a noite.

O percurso terminou onde começou, com a partilha final dentro do carro e com a chuva lá fora. Sentimos que fizemos algo de bom, mas que muito mais ficou por fazer.

Um abraço.

quinta-feira, outubro 19, 2006

vidas

Foi numa noite fria e chuvosa que saí de casa pronta a entrevistar a pessoa que daria início ao nosso trabalho de Antropologia.
Chegámos ao local combinado um pouco atrasados e deparámo-nos apenas com os habituais caixotes expostos organizadamente à porta do prédio que lhe serve de “abrigo” todas as noites.
Descemos, então, a rua e fomos encontrá-lo, como prevíamos, a arrumar os poucos carros que paravam naquela zona. Estava molhado e cabisbaixo; não nos saudou com a alegria que nos é familiar. “A noite está má; está tudo a “bater mal””, dizia ele enquanto se nos dirigia. “Estou todo molhado, não tenho dinheiro para comer, nem sequer para comprar tabaco...está mesmo mau! Por acaso não me arranjam umas sapatilhas?” Olhei-lhe para os pés e apercebi-me que, no meio desta chuva toda, o único calçado que ainda lhe resta são umas sandálias de Verão. É nestas alturas que nos sentimos culpados por nos queixarmos de frio quando temos armários cheios de camisolas em casa, da chuva só porque nos estraga o penteado ou porque nos esquecemos do guarda-chuva no carro...nunca nos lembramos de agradecer essas pequenas coisas que tanta falta fazem na vida destas pessoas.
O P. nasceu a 4 de Abril de 1975 e, com apenas 31 anos, é hoje um dos muitos sem abrigo que dormem todos os dias pelas ruas do Porto.
No início tudo corria bem. Nasceu em Matosinhos, em casa, teve uma infância normal, fez a primária na Escola de Guifões, o ciclo na Senhora da Hora e concluiu o secundário na Escola Nacional, tendo terminado os estudos no 12º ano: “Não tinha cabeça para aturar aquilo tudo!”.
Na adolescência começou a organizar algumas festas juntamente com os colegas nas quais punha música. Depois, aquilo que começou por ser uma brincadeira tornou-se em algo mais sério e chegou a tocar em vários locais como DJ: Penacova, “Tuaregue”, “Voice”, “Pacha”, entre outros.
Tendo a pintura como arte, “Não tenho nenhum curso mas sou profissional naquilo que faço” considera-se “polivalente”: “Tudo o que quiserem eu faço: jardinagem, carpintaria...um pouco de tudo!”
Casou em 1995 com S., num “dia descomunal” e teve um filho logo a seguir, em 1996, a quem deu o nome de J. P.. E foi a seguir ao nascimento deste que a sua vida mudou, quando entrou no mundo da droga. Quando lhe perguntei qual a razão que o levou a optar por esse caminho; se problemas familiares, no trabalho, amizades ou outra razão qualquer, respondeu-me que não pode culpar ninguém: “É como o tabaco; uma pessoa não te te pode enfiar um cigarro na boca...se quiseres fumas, se não quiseres recusas!”
Foi para Itália, Veneza, em 1998 onde trabalhou no “Fincantier”, um dos maiores transatlânticos existentes, tendo-se divorciado da mulher um ano depois, quando voltou para Portugal.
Em 1999 voltou a viajar, desta vez para a Bélgica, Antuérpia, trabalhando numa refinaria.
Em 2000 fez uma última viagem em busca de trabalho, desta vez para Espanha, Alicante e, no regresso, entrou no programa da metadona, num CAT, onde permaneceu durante 5 anos. Foi expulso em 2005 e, sem ter ninguém que o ajudasse, veio parar à rua: “É graças ao enfermeiro que agora estou aqui!”
Nessa altura, talvez por estar desprotegido, voltou a consumir: “Também não percebo como é que uns pais conseguem dormir à noite sabendo que têm um filho a dormir na rua.”
P. entrou há umas semanas no METAS, umas carrinhas, para tentar uma nova desintoxicação, até agora com bons resultados, através de um programa de metadona e reinserção social.
Durante toda a entrevista e apesar de já contactar com ele há já alguns meses aos Domingos à noite, fiquei sensibilizada com a sua pureza de sentimentos e com a boa disposição que consegue manter mesmo depois de todas as dificuldades por que já passou na sua vida relativamente curta.
Auto define-se como sendo “resmungão”, teimoso e orgulhoso, mas também prestável, amigo do seu amigo e carinhoso...”muuuuuuuito carinhoso!”
Gosta de gatos, na infância chamavam-lhe “Miau” pelos olhos verdes que ainda hoje o caracterizam e a profissão que gostava de exercer era condutor de comboios: “Não sei porquê mas sempre gostei de comboios, desde pequeno, e era uma coisa que adorava fazer.”
A maior loucura que cometeu até hoje foi, depois de um banho com uns amigos numa praia em Espinho em que lhe tiraram as roupas, ter atravessado a cidade, no comboio e pela rua, só em cuecas! É bom ver a alegria que transparece nos seus olhos quando recorda momentos felizes da sua vida.
E é também com emoção que recorda o maior desafio; o dia em que tocou actuou pela primeira vez, em Penacova: “É muito diferente estares desse lado a dançar e a ouvir música e estares no outro, em que tens que agradar as pessoas e fazer com que se divirtam”.
A tristeza volta a invadir-lhe o olhar quando lhe pergunto qual é a sua maior paixão, ao que me responde que é a sua ex-mulher, S., e o momento mais difícil da sua vida: a sua separação, quando estavam no tribunal: “Nem conseguia dizer nada...”
É também invadido por uma grande nostalgia quando descreve o momento mais feliz – o casamento: “A minha mulher desmaiou e tudo...eu só estava era a ver que ela não dizia o sim!”
E é por todas estas razões que, se pudesse, mudava tudo na sua vida depois do casamento: “Perdi-a por uma estupidez!”
E é nos pequenos detalhes que vemos quão diferente a sua vida é da nossa e como coisas que para nós são um dado adquirido, são para ele o maior sonho: “Ter uma boa casa, uma boa família e ser feliz...é só isso que eu quero!” E é talvez por isto que as suas expectativas para o futuro são curar-se, arranjar trabalho e uma mulher...quem sabe não reconquista a sua grande paixão!
O que mais o fascina no mundo é o seu filho; poder vê-lo crescer, jogar à bola e rever-se nele e a sua viagem de sonho é, depois de arranjar dinheiro, comprar um “grande carrão”, pegar no filho e na ex-mulher e “andar por aí...só parava em Espanha!”
A maior dificuldade que passou e passa na vida é “Estar molhado, querer alguma coisa quente para beber ou comer e não ter nada...o dinheiro não traz felicidade mas ajuda!” São estas e outras razões que o levam a afirmar que na rua não há nada bom: “É tudo do pior, levamos muitas “Calcadelas””, por isso aceita “Tudo o que me possam dar...não tenho nada a perder!”
O que mais gosta nas pessoas é o carinhocom que, por vezes, o tratam e de que tanto necessita e o que mais odeia é a hipocrisia.
Não gosta dos preconceitos que ainda há em relação aos sem abrigo e aos toxicodependentes: “As pessoas olham para mim como se eu fosse um criminoso.”
Vivendo num mundo que considera “cruel, ingrato e desumano” não se sente bem na sociedade em que está inserido: “Se houvesse outro universo apanhava boleia para lá!” No entanto, quando lhe perguntamos qual o país que escolheria para viver não vai tão longe e responde sem hesitações: “Itália! As pessoas são mais humanas...”
Se pudesse mudar o mundo acabaria com a droga, a prostituição, a pedofilia... “O mundo está podre! Acho que só devia haver dois carros por família...vamos acabar todos por morrer com falta de ar!”
Como última pergunta escolhi: se ganhasses o euro milhões o que farias? E foi aqui a minha maior surpresa! P. respondeu-me que ajudava todos os “amigos da rua”: “Construía um prédio com um apartamento para cada!” E com uma das suas sonoras gargalhadas acrescentou: “Depois abria uma firma de jardinagem e carpintaria para eles trabalharem para mim. Não podem viver sempre às minhas custas, não é?! Depois quando estivessem bem continuavam a vida deles...eu arranjava-lhes o primeiro emprego, depois era mais fácil!” Como é que uma pessoa que nada tem, se pudesse, dava tudo aos outros? Admirada, perguntei: “E para ti não fazias nada?”, ao que ele me respondeu: “Com tanto dinheiro não se pensa no que se faz...vai-se vivendo o dia a dia!”
E o único pensamento que me resta, com ou sem dinheiro, é que temos muito que aprender com o P.!

Inês Bessa