segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Crónica da Ronda da Areosa – 20.02.2011

Contratações de inverno!

Olá a todos! Como sabem, também o FAS precisou de novos voluntários para que possamos FASer mais e melhor por aqueles que acompanhamos e deixem-me dizer-vos que a época, este ano, foi muito generosa! Acho que podemos assegurar que estes novos "jogadores" são exactamente aquilo que precisávamos! Ainda bem que existem pessoas assim, com este espírito generoso e vontade de ajudar! É aquilo que se chama "um óptimo negócio" e tenho a certeza que estas contratações estão para ficar.
A ronda da Areosa teve a enorme alegria de receber 2 dos nossos reforços e, posso já afirmar sem margem de erro, mostraram bem a sua vontade de pertencer a esta "Equipa". Numa noite só são sempre muitos nomes, muitas histórias contadas, muitos pormenores que não se apreendem da noite para o dia mas tenho a certeza que vão lá chegar rapidinho! Vieram trazer um novo fôlego e ânimo à equipa já existente, que muito agradece!
É caso para dizer que somos o "clube" que melhor e mais lucra com transferências e contratações: tudo a custo zero mas com altos salários para os "jogadores", pagos em sorrisos, histórias de vida, tristezas, novos começos e laços…
Obrigada ao Gonçalo, ao José António e ao Hugo mas também ao José Luís e ao Pedro que ficaram na nossa lista de suplentes, com elevada probabilidade de integrar o plantel assim que tivermos mais vagas!

Maria Freitas

domingo, fevereiro 20, 2011

Crónica Familias - Janeiro 2011

Os meus heróis do voluntariado

F. é visita regular de muitos toxicodependentes. Há anos que palmilha, com os colegas, o Bairro de São João de Deus, que bem poderia chamar-se Bairro do Fim do Mundo, Bairro do Apocalipse ou, simplesmente, o Inferno.

A reportagem realizada em 2005 (mas tão actual e recentemente exibida numa formação) mostra-nos farrapos humanos que vivem na mais absoluta miséria e rodeados de imundice. Vivem em barracas com lixo por todos os lados. E com os traficantes de droga sempre por perto.

Picam-se várias vezes por dia, alimentando o vício maldito da heroína. Desesperados, amarram qualquer coisa ao braço (uma corda, um cinto...) em busca da "veia amiga", que ajude a rapidamente receber o imundo veneno que, há anos, os escraviza e os afastou da família, emprego e amigos. E os reduz a seres de quem fugimos, quando os vemos, por vezes.

Os técnicos/voluntários a tudo assistem com uma impressionante calma, procurando estabelecer pontes, passo a passo. Primeiro, com o fito de recolher as seringas e de as trocar por novas (e descartáveis), diminuindo os riscos de propagação de SIDA e Hepatites.

Depois, ganhando a pouco e pouco a confiança e, mais tarde, tentando tirar este ou aquele do "buraco" e o levar a uma consulta, a um internamento, quem sabe, a um tratamento com sucesso.

Se não é para qualquer um ver o documentário, muito menos é para qualquer um lidar com isto todos os dias, anos e anos a fio. Estar a conversar com os tais "farrapos humanos" a picar-se, com a seringa pendurada no braço é muito duro de se ver.

Foi um grande murro no estômago que levei. Pensarei duas ou três vezes antes de dizer que tenho problemas.

Estes técnicos/voluntários têm uma coragem, dedicação, paciência e fé verdadeiramente impressionantes. Por isso são os meus heróis do voluntariado!

Miguel Coelho

domingo, fevereiro 13, 2011

Crónica Familias Dezembro

Na reunião mensal de Dezembro tivemos a presença da Dr. Teresa, da V. N., quem teve a amabilidade de partilhar connosco um pouco da sua vasta experiência profissional de acompanhamento de pessoas e famílias carenciadas.

Não obstante o carácter voluntário do serviço que prestamos, pretendemos fazê-lo em moldes profissionais: com pleno comprometimento e dedicação, numa perspectiva de melhoria contínua. Acreditamos que só assim é possível promover a confiança e respeito das pessoas que visitamos e no limite, a melhoria do seu Bem-Estar.

A definição de objectivos e a delegação da responsabilidade na(s) pessoa(s) que acompanhamos, as quais tem que sofrer as consequências dos seus actos, foi apenas o mote para o inicio da conversa com a Dra. Teresa. O respeito mútuo entre voluntário e família foi enfatizado como premissa fundamental para o desenvolvimento deste tipo de relação.

A colocação de um "interesse desinteressado " nas nossas acções foi referida como essencial neste tipo de trabalho. Apesar do estreitamento das relações entre voluntário e família, que a frequência das visitas possa induzir, é indispensável um prudente afastamento afectivo, para evitar que o nosso bom desempenho, como voluntários, seja posto em causa.

O tempo foi curto para a riqueza das informações e dos conselhos de quem convive diariamente com pessoas em risco e reflecte sobre as suas dificuldade e possibilidades de superação.

Muito obrigada à Dra. Teresa, cujo sentido de missão nas funções profissionais que desempenha, nos comovem e inspiram. Obrigada por, dentro do amadorismo do voluntariado, nos ajudar a ter uma atitude cada vez mais profissional e a prestar um melhor serviço às pessoas que acompanhamos.

Ana

Crónica Familias Novembro

Mais uma quinta-feira de Novembro. O dia estava frio e já era noite.

Eu e a Sofia acertámos os passos e descemos a rua. Tínhamos ainda na cabeça muitas preocupações feitas de papel e a pressa de viver tudo ao correr da tinta.

Rapidamente chegámos. Batemos à porta e o sorriso da F. recuperou a nossa atenção. Olá, lindas. Entrámos. A sala estava muito limpa e arrumada. Por trás das cortinas azuis, a janela aberta era a continuação da rua. Passavam pessoas. Muitas. Algumas espreitavam. Da cozinha vinha um cheiro doce e quente, que se misturava com a atmosfera fria da sala. Eu não tenho frio, sou lá de cima. E não tinha.

Dividimos uma cadeira e começámos a falar.

Contámos a vida, os planos, o amor, o futuro. Tentámos ajudá-la a concretizar os projectos. Rimos e sonhámos. Falámos de perdas e desilusões também.

E o tempo passou a correr. E quando nos despedimos, já não era em trabalho que pensávamos...

saímos mais...

Foi mais um fim de tarde de Novembro. Mas naquela quinta-feira, entrámos duas mas saímos mais...

Maria João e Sofia

Crónica Familias Outubro

Ser voluntário, ajudar os outros é bem mais complicado do que alguns possam pensar: é necessário estar presente sem concordar e entender, é preciso apoiar mesmo quando sabemos que esse não será o melhor caminho. É assim a nossa história, uma história com voltas e reviravoltas constantes de idas e chegadas. Mas como um verdadeiro amigo, como uma mãe ou um pai acolhe o filho pródigo, também um voluntário tem de ter sempre o coração aberto para acolher os outros.

O senhor J.C. habituou-nos ao seu sorriso sempre aberto, a uma prontidão e vontade tais para resolver a sua vida que até para nós servia de exemplo, ao seu intersse e preocupação connosco: "mande-me um toque quando chegar a casa!" "Veja lá, não apanhe frio"! Mas um dia, num telefonema inesperado diz-nos "vou viver para outra cidade, vou viver com um antigo amor!". Ficámos com receio, achámos precipitado e até disparatado, tememos pela sua saúde e por uma nova desilusão na sua vida. Mas apoiámos, tentando perceber a situação, conversando com ele. Parecia mais feliz que nunca!

Foi-se embora. Passado poucos dias já estava a ligar dizendo que ia voltar, porque tudo tinha corrido mal. Nós ouvimos e apoiámos, tentando perceber como iria fazer para alugar novamente um quarto, oferecemos a nossa ajuda para tudo o que precisasse. Porém, passados uns dias o nosso amigo voltou a dizer-nos que afinal não regressaria ao Porto, que já estava tudo bem e que ficaria a viver com o seu amor antigo. Desta vez pensámos que a sua partida seria definitiva.

Passaram uns meses, com uns telefonemas difusos de vez em quando. Acreditámos que o Senhor J.C teria encontrado um rumo definitivo na sua vida, chegámos mesmo a sentir o sabor da "missão cumprida". No entanto, há uns dias ligou-nos, dizendo que já está no Porto, que a sua saúde piorou imenso, que terá de ser operado e que tudo não passou de um erro. E nós? Nós, cá estamos, de braços abertos, para apoiar aquele que se tornou um amigo, na incerteza constante, mas sem moralismos, sem opiniões, apenas dando um pouco do nosso tempo, atenção e amor a quem carece tanto deles…

Sofia e Cecília

Crónica Familias Setembro

O Inicio do ano (lectivo) tem sempre um sabor muito especial: recuperámos as forças e enchemo-nos de expectativas para o novo ano. Voltamos a acreditar que podemos mudar o mundo com mais força e muita criatividade. Mas tenhamos sempre presente que o mundo de cada pessoa só pode ser mudado pela própria, e que o voluntário só tem o privilégio de testemunhar e apoiar num processo de desenvolvimento pessoal (cheio de pequenos progressos e de inúmeros recuos). A possibilidade de caminhar ao lado e assistir a alguma melhoria no Bem-Estar das pessoas que acompanhamos é, provavelmente, das experiências mais recompensadoras que podemos viver.

O desafio do FasFamilias é muito simples: "Estar!", ou melhor ainda, "Estar para"… quem precisa…; quem não tem…; quem tem , mas não sabe utilizar …; quem não sabe sequer que tem…; e frequentemente, para quem se sente só …. . Em suma Estar para aqueles, cujo dia a dia é duro e difícil, por inúmeras e variadíssimas razões. Apesar do conceito "Estar" parecer envolver alguma inércia, O "Estar para" que os voluntários das famílias vivenciam, pressupõem uma atitude atenta e verdadeiramente empenhada no desenvolvimento integral das Famílias que acompanham. O desafio está lançado! Será que podemos contar contigo?

Ana

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

De mãos dadas com o voluntariado

Foi-me pedido recentemente que partilhasse um pouco do que faço no grupo, o que recebo, o que dou, a quem dou... e acima de tudo com quem o faço, faço-o com todos os que têm ideais de ajudar o próximo, esta foi uma forma de divulgar o nosso grupo, e por isso dei o meu testemunho.
desta forma o FASRondas também faz parte do ADN FEUP.

No mundo de Diogo Costa há tempo reservado para ajudar o próximo. Em Setembro de 2007, o estudante do 3º ano do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores da FEUP decidiu ingressar no grupo FASRondas - (Famílias, Aldeias e Sem-abrigo). O grupo de jovens voluntários do Porto desenvolve trabalhos de acção social junto dos mais carenciados. O FASRondas foi fundado em 2003 por um pequeno núcleo de voluntários, tendo vindo a crescer desde então, contando actualmente com cerca de 80 membros. Diogo Costa faz parte da vertente "Aldeias", que presta apoio a terras próximas da serra do Marão, como Candemil, Ansiães, Basseiros e Bustelo. Pelo menos uma vez por mês, está com pessoas que "só precisam de facto de alguma companhia, de nada mais".

O aluno da FEUP partilhou um pouco da sua experiência no grupo FASRondas com o ADN FEUP (ver mais)

Diogo Costa