Faz sacos,distribui bolos, enche garrafas com água, recolhe comida, combina ronda e, finalmente para-se dois minutos para uma breve oração e reflexão.
E assim começa mais um domingo de ronda! Na primeira paragem pelo mítico restaurante S. paramos com a joana que nos acompanhou nesta primeira paragem para sabermos da P. "Ela não tem remédio... todos os dias pede dinheiro para toda a gente, menos para o que deve... para as filhas..." Lá nos é relatado mais alguns episódios desta telenovela que parece que não quer ter final feliz, não está fácil meter juízo naquela cabecinha que só pensa no P. e em mais nada.
Deixamos a joana e partimos para a segunda paragem, o Sr. R., bem mais animado que no ultimo domingo, no seu hotel Ritz, cheio de malas apanhadas na rua para um belo dum negócio. Bem mais convencido com o que os MD estão a tentar fazer por ele, com algumas exigencias pelo caminho lá nos contou a conversa com os MD.
Entre trocadilhos e mais algumas palavras estrangeiras despedimo-nos do sr R. e partimos para a D. F.
Já não a via-mos à dois domingos, meninas não se podem esquecer dos anos dela no próximo domingo, pois a expectativa dela é muito grande! Diz que vai festejar até às três da manhã. Toda entusiasmada por fazer anos, lá nos foi contando a sua ida a lisboa, entre aquele sorriso que lhe é caracteríistico, envergonhado e timido.
Também vai tirar umas férias, pois os restaurantes e cafés da zona fecham e portanto ela vai dar uns belos duns passeios até à praia e ao rio.
Zangamo-nos mais uma vez com as suas exigencias por causa das receitas médicas, dos medicamentos que deveriam vir e que não veem, da falta de cuidado consigo.
Descemos a constituição e paramos no Sr G. Todo contente, até deu gosto parar ali e ser contagiado com a sua boa disposição. (A ronda está a correr especialmente bem!) Falta-lhe só um papel para entregar na Caritas para ter o apoio de que tanto precisa, justificou-se imenso por ainda não ter ido levar o papel.
É engraçado ver por um lado a "exigência" da D. F. e do sr R. e por outro lado o agradecimento eterno do sr G. e a justificação constante por ainda não ter entregue todos os papeis.
Encontramos uma cara nova o C. Não dormi à quatro dias, com um ar miserável, cansado, metido na droga até às pontas dos cabelos, enfim, mais um para os muitos que infelizmente estão perdidos no mesmo.
Seguimos na esperança de ver o R. mas não o encontramos, continuamos e estivemos com a M. que finalmente quis conversa um pouco connosco. Contou-nos que está no programa de metadona no CAT de Cedofeita mas continua agarrada à heroina, por isso esta semana vai falar com a assistente que a acompanha para a tentar internar e fazer desintoxicação à séria!
Entre alguma pouca à vontade por o companheiro estar por perto e ouvir a conversa lá partimos.
Vimos o J.P. mais à frente, dormia profundamente, ressonava mesmo! deixamos o saco e descemos em direcção ao Z.C.
Acelarado, entre arrumar carros, cravar moedas e cigarros, dar indicações, falar com passa lá parou um bocado para falar connosco. Perguntamos-lhe pela I. porque não tinha aparecido no dia combinado para a levarmos à Metadona. Foi o mote para um churrrilho de palavrões, e o desespero de se abrir com alguem a falar mais alto.
"Não sei o que aquela mulher tem, mas apanhou-me mesmo..." Falou-nos um bocado da atribulada relação que tem com a I., das desconfianças, da falta de respeito dela por ele, da vontade dele em tirá-la da rua esquecendo-se de si próprio.
Falou-nos da M. e do V. de todas as confusões da sua relação, dos mau tratamento que o V. tem com a M. Falou-nos da P. e do P. que eles disse-lhe que estava a trabalhar no restaurante com a P.
Ficamos a conhecer todas as confusões que se vão passando por ali.
Foi dificil despedirmo-nos dele mas tinhamos de partir a conversa já ia longa. Animados com a relação finalmente estabelecida com o V e a M. e o Z.C. corremos ao encontro do sr A. para acabarmos a ronda em grande.
Não o vimos. Que estranho que é acabarmos a ronda sem o encontro com o sr A.
Partimos tristes com esta falta mas animados por a ronda ter corrido tão bem e termos conseguido coisas tão boas.
Acabamos a noite com a partilha que já é costume em mote de plateia quando na realidade estavamos só eu e o rui, ainda nos rimos por estarmos habituados a falar no geral e ontem só estarmos dois. Temos pena de não termos estado os seis na ronda, pois foi uma ronda especial, cheia, só com coisas boas no meio de tanta desgraça e tristeza com que nos deparamos todos os domingos.
Benedita
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