Famílias, Aldeias e Sem Abrigo estas são as nossas áreas de acção. Um grupo de jovens do Porto, que no CREU têm uma casa, lançam mãos aos desafios que lhes surgem.
quarta-feira, dezembro 14, 2011
Crónica das Aldeias – 03.12.2011
terça-feira, dezembro 13, 2011
Crónica dos Imigrantes 10 Dezembro de 2011
Manuel
sexta-feira, dezembro 09, 2011
Crónica das Aldeias – 08.10.2011
Num sábado de Outubro, num dos primeiros deste ano "lectivo" do FAS,
voltámos nós para o Marão ver as nossas senhoras. Nossas, porque
aquilo que elas nos entregam e confiam faz-nos perceber que estamos
responsáveis por uma pequena parte da alegria delas, que por mais
pequena que seja, não deixa de não ter uma grande importância.
Mais uma rotina normal: reunir, viajar, almoçar no parque do costume,
o cafezinho e voilá! here we go! As conversas, sinto eu, são cada vez
mais íntimas. A dona Rita, quero dizer, Tia Rita (veja-se lá a
confiança, que maravilha!) adora receber-nos. Constantemente achamos
que nessa hora, o relógio é uma invenção pouco útil. A dona Aldina, a
avó carinhosa! "Meninas, um frasquinho de mel! Levai!" Não deixa de
insistir que ficamos muito pouco tempo com ela, apesar de
distribuirmos duas horas por duas vistas, o que é óptimo. "Dar sem
procurar receber", um dos lemas deste grupo, mas na verdade, sempre
recebemos em dobro (ou mais) do que aquilo que damos. Estou muito
grata a estas senhoras por se deixarem fazerem parte da minha vida,
penso que poderei dizer, da nossa vida, e de toda a sabedoria que nos
passam com as histórias das suas existências.
Um dia passado, mais uma rotina normal, no entanto, cada momento é
único. Obrigada a todos por tornarem possível uma companhia/amigo na
vida destas pessoas e de todas as que necessitam.
Clarisse - Ansiães
quarta-feira, novembro 30, 2011
Crónica dos Imigrantes 27 Novembro 2011
Marcamos o encontro para S Cirilo às 14h30. Todos foram pontuais (voluntários e utentes). Ainda nos demoramos um pouco a conversar com um utente, acompanhante habitual destas nossas saídas, mas que, por estar doente, não pode, desta vez, estar connosco.
Saímos em direção à Cordoaria, em amena cavaqueira, pois já todos os participantes se conheciam, o que facilitou a comunicação e a interação.
Neste edifício do século XVIII, estão presentemente quatro exposições, duas permanentes e duas temporárias. As duas permanentes, uma de máquinas fotográficas representantes da evolução desta arte, onde se encontram muitas dezenas de marcas e modelos de câmaras e uma outra sobre a Cadeia da Relação, algumas das personalidades que ali estiveram detidas e, também, de detidos anónimos. Nas exposições temporárias, também de fotografia, uma é de divulgação dos Novos Valores da Fotografia Espanhola, em que o tema principal é a obra de Juantxu Rodríguez e as suas fotografias do mundo, principalmente uma visão particular sobre uma importante parte da sociedade norte-americana, e a outra do trabalho de Marín, cuja obra atravessa a primeira metade do século XX. José Miguel Ferreira apresenta-nos as suas fotografias subordinadas ao tema o Douro Vinhateiro.
A visita correu bem e todos os participantes gostaram, não só pelas exposições, mas também pelo edifício que está intimamente ligado à história política do Porto desde o Marquês de Pombal até ao início do Estado Novo.
O regresso foi um pouco mais monótono, dado que alguns dos participantes são utentes externos de S Cirilo e após a visita foram diretamente para as suas residências e não nos acompanharam.
Tudo correu bem, foi uma tarde bem passada.
segunda-feira, novembro 28, 2011
Crónica da Ronda de Santa Catarina – 20.11.2011
A MINHA CASA É(RA) A RUA
Sábado, 8h30. A manhã está fria. A Baixa do Porto está deserta. Os primeiros autocarros circulam nas paragens ainda desertas. Vagueiam alguns noctívagos. Apressam-se os comerciantes para abrir as lojas e ajeitar as promoções nas montras, que o negócio já conheceu melhores dias.
Do outro lado da rua, na Praça D.João I, o senhor J., apoiado na sua bengala, está à nossa espera. É dia de ir ver um "quartinho". "Não quero fazer má figura", desabafou connosco dias antes de marcarmos a visita – que preocupação a de quem dorme na rua há anos.
"Não se preocupe com isso", garantimos. Nada que uma camisa, uma camisola e um bom banho quente não resolvam.
Rumo ao balneário público do Campo 24 de Agosto. "Bom dia. São 35 cêntimos pelo banho. Se desejar sabonete e toalha são mais 75", responde um rosto fechado e de pouca simpatia do lado de lá do vidro da recepção.
Por aqui passa "todo o tipo de gente", vai comentando Dona F., que à medida que parece confiar em nós deixa cair histórias. "Vêm aqui duas irmãs, que têm uma boa casa, mas preferem tomar banho aqui. Dizem que fica mais barato e não têm que limpar", ri-se.
Fossem todos os clientes como elas, pensa em voz alta. "Deus me perdoe, mas romenos e ucranianos. Deixam tudo sujo e só arranjam problemas", grunhe entre dentes.
"São da Cáritas?", questiona. "Porque tenho lá uns edredons em casa , se quiserem…", continua – mais tarde ainda nos tenta impingir também umas cortinas que estão lá em casa a estorvar . Agradecemos. Toda a ajuda é bem-vinda, mas preferimos o edredon às cortinas, explicamos gentilmente sem querer ferir o espírito solidário.
9h30. Barba feita, cabelo alinhado com risca ao lado, camisa aos quadrados e pólo a condizer. Ganhou anos de vida. Parece outro. Vaidades à parte, é tempo de ir ver o quarto.
É a própria senhoria que abre a porta e faz a visita guiada. Cabelo apanhado, rosto jovem, sorriso rasgado, discurso rápido e fluente. "Bom dia, senhor J., vamos então ver o quartinho? Olhe que são quatro andares!", avisa. "Em Lisboa, subia bem quatro andares", exclamou o senhor J., que conta mais de meio século de vida e alguns anos a dormir nas ruas de Lisboa e Porto. E subiu, sem pestanejar, enquanto a Dona S. foi obrigada a fazer uma paragem forçada, que isto da asma ataca novos e velhos.
O "quartinho" está em remodelação. "Estou a substituir a cama de casal por uma de solteiro para ficar mais confortável", disse despachada. "E, olhe, até tem televisão para se distrair", continua. Corrida rápida ao WC e cozinha partilhados. Num discurso rápido e despachado lá vai explicando as condições do alojamento e as regras da "casa": fumar só na varanda e nada de barulho à noite porque isto "é um local de respeito".
"Então, gosta do quartinho?", pergunta? – seguramente que o senhor J. só ouviu palavras soltas da Dona S. E poucas trocaram. Também não era preciso. O olhar e sorriso expressivos deste senhor de barba e cabelo grisalhos conquistaram a jovem senhoria, que já "aturou de tudo na pensão" e recebe os novos hóspedes de braços abertos, mas de pé atrás.
De palavras parcas e discurso desalinhado senhor J. deixou escapar, em voz embargada, aquilo que nós, voluntários da ronda, e, seguramente de outras rondas, gostaríamos de ouvir mais vezes: "Eu fico com o quarto. Não quero ficar na rua!".
A rua era a casa do senhor J.
PS: E porque as rondas se fazem de histórias como esta, damos as boas-vindas ao novo voluntário, o L. (pode não querer ser identificado). Contamos contigo para escrever os próximos capítulos da ronda de Santa Catarina.
Ana Oliveira
quinta-feira, novembro 24, 2011
Crónica do FasImigrantes 12 de Novembro 2011
Teresa Nunes
terça-feira, novembro 22, 2011
Crónica das Aldeias 19.11.2011
11 horas da manhã, ponto de encontro no Millenium, para fazermos as habituais visitas às nossas "Aldeias", Ansiães, Candemil, Basseiros e Bustelo.
Que maravilha voluntários novos: A mais novinha a Joana, M. Manuel e o Belarmino, sejam bem vindos.
Depois das apresentações e dos cumprimentos, lá nos dividimos pelas viaturas e partimos rumo às Aldeias.
O encontro para o almoço foi na Casa da Catequese, pois como no dia anterior choveu, os nossos locais habituais (parque das merendas ou atrás da igreja) não estavam próprios para o mesmo. Aqui encontramos a Natércia e depois mais tarde a Florbela.
A Carminda foi a que fez a oração de agradecimento e depois, começamos a petiscar as diversas iguarias que cada um levou (não as vou descrever para não vos deixar água na boca).
No final do pic-nic a Carminda deliciou-nos com um belo poema de Mafalda Veiga - "O Velho", que aqui vos deixo para compartilharem connosco:
Velho
De um relógio partido e gasto pelo tempo
Estava um velho sentado no banco de um jardim
A recordar fragmentos do passado
Na telefonia tocava uma velha canção
E um jovem cantor falava na solidão
Que sabes tu do canto de estar só assim
Só e abandonado como o velho do jardim?
O olhar triste e cansado procurando alguém
E a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém
Sabes eu acho que todos fogem de ti prá não ver
A imagem da solidão que irão viver
Quando forem como tu
Um velho sentado num jardim
Passam os dias e sentes que és um perdedor
Já não consegues saber o que tem ou não valor
O teu caminho parece estar mesmo a chegar ao fim
Para dares lugar a outro no teu banco do jardim
O olhar triste e cansado procurando alguém
E a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém
Sabes eu acho que todos fogem de ti prá não ver
A imagem da solidão que irão viver
Quando forem como tu
Um resto de tudo o que existiu
Quando forem como tu
Um velho sentado num jardim
De seguida lá fomos tomar o nosso café ao local do costume e agora sim partimos às nossas visitas.
A visita que vos descrevo é a Aldeia de Bustelo com a Nanica, Florbela e Augusta.
A primeira casa a visitar foi a do Sr. Lima (que com franqueza estava com receio de o já não encontrar) pois na última visita estava acamado e bastante doente. Mas, graça a Deus, ainda está com vida, continua acamado numa cama articulada de ferro, para ser mais fácil o seu tratamento. A visita foi muito rápida a pedido da sua esposa, claro que foi mesmo para o cumprimentarmos e perguntar se precisava de alguma coisa.
A segunda casa a visitar seria a da D.Fernanda, mas não estava, os vizinhos disseram que talvez não demorasse mas, o certo é que não veio.
Fomos então, a casa da D. Emilia viúva do Sr. Aurélio. Desta vez, recebeu-nos dentro de casa, pois estava à lareira acompanhada pela filha.
D. Emilia pouco fala só escuta, pois teve um AVC e tem dificuldade em falar e andar. Como estamos a chegar ao Natal, falamos das diversas ementas alosivas e de como era festejado o Natal antigamente. O tempo passou rápido e terminou a visita com muita pena nossa.
A próxima visita foi a D.Maria, lá estava ela no cimo da escadaria, na entrada da sua porta, sentadinha como do costume na sua cadeira. Como estava frio, por cima do seu pijama de cor laranja, tinha vestido um casaco de malha, cobertinha com um cobertor fofinho e com luvas, ai ninas toda quentinha. Estava preocupada com dinheiros de terrenos que o filho/nora tinham recebido e as conversas foram á volta desse tema. E sem quase darmos por isso o tempo da visita terminou pois ainda tinhamos que ir ver a irmã da D. Maria a D. Celeste.
Ùltima visita D. Celeste, recebeu-nos na sua cozinha com o fogão de lenha acesso, hum que agradavel que lá se estava com a presença do marido. Bastante debilitada, pois teve recentemente um AVC, mas bem disposta. Falou-nos das peripércias que passou nos diversos hospitais por onde esteve aquando da sua doença. Também o tempo passou rápido e assim terminou a visita.
De regresso ao nosso ponto de encontro, já estava a ficar escuro e a chover, para lanchar o que restou do pic-nic.
Mais uma vez agradecemos a vinda dos novos voluntários e despedimo-nos até à próxima e um muito obrigada a todos.
Agora me despeço com esta simples frase "O tempo escasseia mas a vontade de vir é imensa!"
Maria Lurdes Ferreira – Bustelo
domingo, novembro 20, 2011
Crónica da Ronda da Batalha - 06.11.2011
domingo, novembro 06, 2011
Crónica da Ronda da Batalha - 09.10.2011
Crónica da ronda da Areosa 23.10.2011
terça-feira, novembro 01, 2011
Crónica das Aldeias – 22.10.2011
quarta-feira, outubro 26, 2011
FasFamilias - Crónica de Outubro
Partilhar a minha experiência enquanto voluntária do FASFamílias, foi o que me foi pedido. Fácil, pensei…até que, parei um pouco para reflectir sobre estes últimos três anos, assim mais consciente a tarefa assume outra dimensão.
Durante cerca de três anos acompanhámos uma pessoa que havia vivido na rua e em vários sítios dentro e fora do país. Após a saída da rua, aconteceram várias coisas muito boas, emprego, uma casa para ficar, aproximação da família, restabelecer laços, adquirir hábitos de trabalho, tudo corria maravilhosamente bem.
A perda do emprego despoletou um percurso inverso, mais duro pela perda de esperança que daí adveio, já que na subida se criaram muitas expectativas e sonhos, que se desmoronaram com a perda do trabalho, algo essencial na vida de alguém que está a reconstruir e traçar um novo rumo na sua vida.
Alguns meses depois acaba por arranjar novo trabalho, e com este regressa o ânimo, a alegria, a vontade de estar em sociedade, etc..
Têm sido assim estes três anos, muito cheios, de coisas menos boas mas também coisas muito boas, tantas que não cabem aqui nestas letras mas que cabem no nosso coração. Durante este tempo discordámos algumas vezes, aborrecemo-nos, mas também aconselhámos, apoiámos, rimos, conversámos. Mas, acima de tudo fizemos um esforço por respeitar a liberdade desta pessoa que aos poucos foi fazendo parte da nossa vida, e construindo o seu caminho com as suas escolhas. Felizmente, correu bem, já não fazemos falta como voluntárias, o nosso papel terminou. Agora somos mais duas pessoas na vida dele, a quem recorre quando quer dizer Olá como estás"; partilhar uma novidade…
Nós mantemo-nos deste lado, e ao lado, sempre à distância de um telefonema, esperando que este seu percurso seja mais fácil, menos duro e sobretudo com muito mais alegria.
Eu, enquanto voluntária fui aprendendo a calçar os sapatos do outro, é muito fácil dizer e pensar "Mas, como é que ele (a) não sabe calçar os sapatos, é básico?! Quando experimentamos, percebemos e sentimos que há toda uma experiência de vida completamente diferente da nossa que pode tornar tudo tão difícil e complicado. Não nos foram dados os mesmos instrumentos para calçar os sapatos.
Aprendi a respeitar um pouco mais a diferença, a ser mais tolerante, e a colocar-me no lugar do outro, e a percebi que muitas vezes a única coisa que posso fazer é "estar", eu, que às vezes me considero capaz de tudo, perante determinadas situações de vida apenas caminho ao lado, se a pessoa assim o quiser.
Ser voluntário (a) no FASFamílias é procurar alternativas, encontrar soluções, apoiar, aconselhar, mas por vezes, é preciso ter a humildade de perceber que nada podemos fazer, apenas ESTAR. E este "ESTAR" é fundamental na vida das pessoas que acompanhámos, porque muitas vezes é o único que têm.
Sara Gonçalves
FasFamilias - Crónica Setembro
Sara Machado
FasFamilias - Crónica Julho
Na reunião da vertente famílias de Julho tivemos oportunidade de, após a apresentação dos resultados do inquérito que tinha sido previamente preenchido pelos voluntários, propor um desafio a todos os voluntários:
Defender a permanência da ajuda no caso que acompanham, pressupondo existia uma fictícia restrição dos recursos humanos. Assim, teríamos (hipoteticamente) de abandonar todos os casos, excepto um. Após reunirem por equipa, os voluntários tiveram dois minutos para justificar porque é que o seu caso seria o indicado para continuar a ser visitado.
A Inês e o Manel defenderam que nesta fase era essencial apoiar a I. no que diz respeito à procura de trabalho e sobretudo, à recuperação do período depressivo em que tem vivido. Salientaram a importância de manter as visitas ao casal, pois fruto das dificuldades financeiras, corre, eventualmente, risco de ruptura.
O Miguel M e o Miguel C: defenderam que o caso do Z. não poderia ser abandonado devido à sua saúde débil e risco eminente de se refugiar no álcool.
A Teresinha, a Sara e Catarina alegaram convincentemente que nunca poderíamos deixar uma mãe solteira, nesta altura de inquietação e dúvida provocado pelo desemprego. Por outro lado, poderia constituir um problema de imagem para a vertente.
A João e a Sofia crêem que nesta altura é essencial acompanharem a F. na procura de uma oportunidade para levar a sua vida para a frente.
A Catarina, o Nuno, a Rosinha, a Inês S. e a Maria referiram, com toda a determinação, que a família que acompanham envolve 4 crianças, uma avó e uma mãe, o que só por isso conferia prioridade a este caso.
Foi interessante constatar que tanto a Sara a Inês, bem como, o Jorge e a Gabel, reconhecem que os seus casos aproximam-se do fim do acompanhamento, e como tal preferem não defender a permanência dos casos, mas sim reencaminhar os respectivos recursos para casos que mais precisem. A Cecilia e a Sofia, apesar de não terem estado presentes partilharam desta opinião relativamente ao seu caso.
A sorte é que foi apenas um exercício para pensarmos no papel do voluntário junto das pessoas que visita semanalmente, pelo que, desde que nos pareça a melhor opção, manteremos o acompanhamento a estas Famílias
Aproveito para deixar um muito obrigado a todos estes voluntários que muito mais do que exercícios em sede de reuniões de vertente, acompanham semanalmente aqueles que mais precisam, numa luta incansável para mostrar caminhos alternativos que ajudem a quebrar o ciclo vicioso de pobreza (nas suas diversas dimensões), no qual as famílias que acompanhamos estão inseridas.
Ana
Crónica dos imigrantes 23 Outubro 2011
segunda-feira, outubro 24, 2011
Crónica da ronda de Santa Catarina - 16/10/2011
Vanessa Pereira
sexta-feira, outubro 14, 2011
Formação em Voluntariado
Obrigatória para novos voluntários.
Se não tiveste disponbilidade para estar na sessão de esclarecimento, mas tens interesse em conhecer o grupo, comparece na formação.
Se tiveres alguma dúvida envia por favor um e-mail para:
fasrondas@gmail.com
Até breve!
domingo, outubro 09, 2011
Crónica das Aldeias - 24.09.2011 (Crónica de um emigrante)
Crónica dos imigrantes 25 de Setembro de 2011
Desta vez o destino eram os Clérigos (Torre e Igreja) e a Feira dos Passarinhos (que se realiza todos os domingos, de manhã, no largo fronteiro à Cadeia da Relação, atual museu da fotografia).
Pouco passava das dez horas da manhã quando saímos de S Cirilo em direção ao jardim da Cordoaria. Os primeiros passos foram dados quase em silêncio, havia caras novas. Timidamente foram sendo trocadas as primeiras informações, é preciso ir com algum cuidado, o português não é a língua materna de todo o grupo e, por vezes, aparecem algumas dificuldades de comunicação que vão sendo ultrapassadas com o recurso a alguns elementos do grupo que, servindo de intérpretes de ocasião, desempenham um importante papel.
A primeira visita foi à Torre dos Clérigos, compradas as entradas, lá foi o grupo escalando os 225 degraus da torre. Tivemos uma desistência que por problemas nos joelhos, não conseguiu atingir o cimo desta. A vista é, de facto, impressionante, consegue-se ver uma considerável parte da baixa da Cidade, Câmara, Estação de S Bento, Pavilhão Rosa Mota, várias Igrejas (Sé, Congregados, Stº Ildefonso, Lapa, Carmo, Carmelitas e outras de que não me lembro de momento) e outros patrimónios construídos que fazem parte da história da cidade.
A esta visita, necessariamente curta, fruto da grande afluência de visitantes que se fazia sentir na altura, seguimos para a Feira dos Passarinhos. Deambulamos nos corredores da feira admirando a imensa variedade de animais de estimação que se encontravam à venda. Havia preços para todas as bolsas, desde pequenas aves ou hámsteres a 5 € até uma Arara que atingia a "módica" quantia de 950 €. Dada a diversidade de proveniências dos integrantes do grupo, ficou claro que um pássaro exótico é somente um pássaro que se encontra fora do seu lugar (habitat natural), para alguns as araras, papagaios e outros, são aves que existem nos seus lugares de origem aos milhares e como tal, de exótico pouco têm.
O retorno já foi bastante mais animado, já tinha havido algumas conversas cruzadas e a timidez inicial havia-se dissipado a interação foi mais fluida e natural, já todos estávamos muito mais à vontade e participativos.
Nunca se perde umas horas de domingo, ganhamos um mundo de experiência.
Manuel
Crónica dos imigrantes Julho de 2011
Ficou combinado na nossa troca de mails com o que cada um contribuía, e lá fomos nós, só que desta vez a Sara foi de carro com todas coisa que se reuniram para o almoço.
Como de costume, há sempre caras novas, pessoas que chegaram a S Cirilo há pouco tempo, que estão numa vida transitória até à estabilidade, e aproveitam esta estadia para organizarem as suas vidas.
Gostei de conhecer a P e o seu filho, que aguardavam a passagem para regressarem a Cuba. O A., que também queria regressar ao Brasil. Foi muito fácil começar a conversar, falamos de muito enquanto caminhávamos até ao Palácio.
Depois o D. sempre com calma, porque não é preciso andar tão rápido, que se tem tempo. E ficámos a saber como está a sua saúde, se anda a fazer todos os tratamentos como deve ser. A língua ainda é uma barreira, mas prefere sempre que diga tudo em português, para ir aprendendo.
A N. foi-me contando que só pode visitar o seu filho duas vezes por semana e como ele não está no Porto, anda cerca de três horas para ir e outra três para vir, para estar com ele pouquinho tempo.
Falo aqui das pessoas com quem conversei. O Manuel e o David também iam entretidos a falar com as outras pessoas.
E chegamos, ajudamos a carregar tudo e a fome já dava alguns sinais. Partilhamos o que levamos e devo confessar que as sandes feitas pelo A., estavam magníficas.
Depois do almoço, fomos dar um passeio pelos jardins, aproveitar para conversarmos mais um pouco e partilhar as experiências de cada um. São mundos tão distintos, vidas tão diferentes.
Foi um domingo bem passado, diferente das saídas habituais, recheado de laços, recheado de outras vivências.
Valentina
quinta-feira, outubro 06, 2011
O FASRondas precisa das tuas mãos! Queres ajudar?
o FASRondas actua em cinco vertentes de acção social: Famílias, Aldeias, Sem-Abrigo, Imigrantes e Séniores.
Se te identificas com esta missão junta-te ao nosso grupo!
Vem conhecer-nos na sessão de apresentação que se realizará no dia 12 de Outubro, pelas 21h15 no CREU (Rua Oliveira Monteiro, 562 Porto).
terça-feira, outubro 04, 2011
Crónica da ronda da Boavista – 25.09.2011
No inicio de mais uma ano é sempre bom pensarmos no que andamos a fazer e porque o fazemos. E, para mim, fazer voluntariado é olhar à nossa volta e abraçar quem está ao nosso lado, quem se cruza connosco. Este abraço pode ter várias formas e feitios… o importante é olhar e estar efectivamente com os nossos amigos da noite… E ao chegar a casa, depois de cada domingo e de cada ronda, pensar valeu a pena o tempo que foi ganho com os sorrisos que encontramos em cada pessoa que visitamos.
Já lá vão 3 nos que entrei para o FASrondas… Muita coisa mudou na ronda da Boavista, mas também muito permaneceu… e uma das coisas que permaneceu é a vontade de fazer sempre mais e melhor. Que bom!!
Manuela Seixas
Crónica da ronda da Areosa - 18.09.2011
Arranca mais um ano... por um lado, parece que tudo muda: voltamos de férias, revemos as pessoas, conhecemos novas pessoas... mas na rua tudo continua igual! As "nossas pessoas" esperam-nos todos os Domingos, no mesmo sítio e à mesma hora, para a conversa do costume. E todas as semanas sabe tão bem poder saber mais um bocadinho da semana de cada um ou mesmo perceber que aos poucos confiam em nós!
É isto que me motiva a continuar... enquanto formos necessários, estaremos lá para as pessoas, mesmo sabendo que podem não nos dizer nada... porque muitas delas gostam tanto de nós como nós delas! No final, o aperto de mão termina a conversa e dá-nos a certeza de que no próximo Domingo estaremos todos juntos!
Maria Freitas
Crónica da ronda de Santa Catarina – 11.09.2011
Poucas coisas na vida são lineares. Tudo é mais complexo do que à primeira vista achamos.
Quando se trata então de percursos de vida, muito mais complexo é.
Podemos pensar, por desconhecer, que há um motivo que despoleta um problema e que se torna a causa de, por exemplo, um abandono.
Nunca é assim linear. Se fosse talvez fosse mais fácil resolver os problemas das pessoas.
Mas andamos nisto para resolver "os problemas das pessoas"? O que é resolver?
É arranjar um quarto, tirá-las da rua?
Podia ser. Eu achava que era.
Por ingenuidade, eventualmente.
Imaginando que um sem-abrigo sai da rua e vai para, seja, um quarto, atingimos - atingiu ele - o quê?
Na manhã do primeiro dia em que acorda na cama vai fazer o quê? E na segunda, terceira e quarta manhãs? E tardes?
E se essas pessoas tiverem um passado - que quase se funde com o presente - que envolve dependências, o que farão elas nesses dias vazios?
Lembremo-nos daquele já famoso dizer chinês sobre dar peixes e ensinar a pescar.
Ainda há muito a fazer.
Hugo Ribeiro
terça-feira, setembro 06, 2011
Crónica Séniores S. João
Escrevemos para dar algumas notícias do lar do Bom Pastor por altura das festas de S João que estamos a celebrar. Assim, a exemplo do ano passado em que igualmente tivemos um bom acolhimento, lá fomos no dia 21 de Junho ao centro de dia Bom Pastor celebrar o S. Joao com os nossos idosos. Levamos para o efeito uns mini manjericos (uns 20) muito bonitos e muito perfumados para distribuirmos a cada utente. A ideia foi levar também uma boa quantidade de quadras de S. João (retiradas da Net), bandeirinhas coloridas, papel de crepe vermelho, fita de ráfia e o material necessário de bricolage para montar tudo com a possível participação de alguns ou pelo menos o seu acompanhamento desta actividade.
Foram momentos de muita excitação e alegria. Todos queriam a toda a pressa ter o seu vasinho arranjado e houve até alguma confusão e impaciência neste sentido. À medida que foram ficando prontos estavam radiantes e foram-nos apartando com muito cuidado mas também com algum receio de os perderem de vista… Alguns preferiram mesmo escolher a quadra que queriam colocar na bandeira enquanto para outros foi indiferente desde que a lêssemos e falasse no S João.
Dois episódios curiosos a registar; apareceram mais utentes nesse dia no Centro pelo que os Manjericos não chegaram para todos. Assim o único casal de idosos do Centro (marido e mulher) teve que partilhar o mesmo, o que inicialmente lhes causou algum desagrado, apesar de lhes termos explicado o motivo, mas por fim lá foram aceitando o facto.
Também faltou aparentemente para uma outra senhora que ficou muito desolada pelo facto, então uma outra utente, que entretanto se apercebeu da situação, ofereceu-lhe o seu próprio manjerico dizendo que o mais importante era alegrá-la e fazê-la feliz e que não se importava de ficar sem ele. Foi uma atitude muito bonita que registámos com muita admiração. O que é certo é que no fim depois de estarem já todos os manjericos prontos, quando já vínhamos embora, lá apareceu um manjerico a mais! Assim esta ficou particularmente feliz por poder levar afinal também um manjerico atribuindo a DEUS essa graça e lá foi dizendo que não interessa mesmo sermos gananciosos pois Deus no fundo está atento àquilo que merecemos!
Foi mais uma visita ao Centro em que viemos muito contentes por lhes termos proporcionado mais alguns momentos de felicidade.
Até breve.
Fátima Pinto – Séniores
segunda-feira, setembro 05, 2011
FasFamilias Crónica de Junho 2011
Muitas vezes questionamos "Porquê Voluntário?". Esta questão tem toda a legitimidade de ser feita. Cada vez mais a competitividade e as exigências impostas pelo meio que nos rodeia, levam-nos a concentrar apenas em nós próprios. Cada vez temos menos disponibilidade para pensar nos outros, focando-nos unicamente nos nossos problemas. O foco apenas do "eu" leva-nos a ignorar e a negligenciar as realidades que ocorrem a par das nossas vidas.
Será que vale a pena ser voluntário? Será que vale a pena, depois de um dia pesado de trabalho, dispensarmos 1 ou 2h a uma pessoa que necessita de nós? Será que vale a pena conhecermos realidades diferentes das nossas?
Na minha opinião todas estas questões têm como resposta comum "SIM". Sem dúvida ser voluntário não é fácil, temos de assumir responsabilidades, investir tempo, trabalho e dedicação. Mas vale a pena apostar!!. Nestes meus primeiros passos como voluntário, tenho recebido testemunhos de vida maravilhosos, os quais nunca vou esquecer. Pessoas a quem a vida tirou o sorriso, mas mesmo assim arranjaram forças para a contrariar e hoje esse tão aguardado sorriso já existe. Isto faz com que voluntariado seja realmente um trabalho muito gratificante que dá mais sentido à nossa vida.
No meu caso particular I. e Z. são ex-presidiários, ex-toxicodependentes, ex-mundo da prostituição, ex-sem-abrigo…. Da vida quase só trazem memórias que gostariam de ter deixado algum dia, em algum lado. A sua força de vontade, persistência, coragem e dedicação, levou-os a neste momento terem emprego (Z), casa e uma vida digna. Sempre que estou com eles levo comigo algum ensinamento. Não é preciso pré-requisitos para ajudar… ajudar é um gesto tão simples, não magoa, não fere… mas conforta!!
Entrei para o voluntariado, porque quis que ele fizesse parte da minha vida, porque me deu oportunidade de dedicar o tempo que me faz falta a ajudar os outros.
Ao ser voluntário adquire-se uma maior consciência social, consciência que podemos ter um papel activo e útil na sociedade a que todos pertencemos.
Tudo isto para responder à questão inicial "Porquê Voluntário?" A minha visão é evidente e espero que seja coincidente com a vossa.
Manuel Brandão
FasFamilias Crónica de Maio de 2011
Numa ronda em Novembro de 2006 o M, que dormia na Batalha em caixotes
de cartão junto a uma das paredes do Teatro Nacional S. João, aceitou
o desafio de querer entrar num programa de metadona. Já passaram mais
de 4 anos e meio.
No entretanto tivemos uma montanha-russa de dificuldades, desesperos,
desamparos, alegrias e vitórias e recomeços.
Neste tempo contamos 4 empregos em que todos duraram apenas poucas
semanas, 2 recaídas, 1 vez que voltou à estaca zero de dormir de novo
na rua por um mês, um falecimento à distância, 3 visitas à família
disponível, vários telefonemas à família indisponível para ele.
Muitas ocasiões de desespero, de "vou acabar com tudo de uma vez", de
"vou emigrar"…
Mantivemo-nos sempre presentes, mesmo quando o telefone era a única
forma. Mesmo quando transmitir esperança não conseguia ser mais do que
estar presente e calado acompanhando a dor.
Aprendi muito com ele e como é tão fácil exigir aos outros o que
exigimos a nós, pensando que fomos feitos da mesma história e temos as
mesmas ferramentas.
Sei que temos o meu mesmo valor, mas não temos as mesmas ferramentas e
o mesmo passado, e isso só aprendi ao esforçar-me por o ajudar e
compreender:
a nossa localização presente depende sempre de um percurso, e não se
transforma um peixe na água num pássaro nos céus sem o tempo para que
ele o ambicione e depois deixe crescer e fortalecer as asas.
Hoje a história está no seu melhor de todos estes anos: emprego há
mais de 2 meses (e paga razoavelmente!), companheira recente com quem
refaz a vida, família com mais laços reactivados, metadona deixada há
mais de um mês. Melhor era difícil!
São tempos bons. Habituei-me neste tempo a saboreá-los para que quando
as adversidades nos visitarem sejam um farol que ajude.
Estará a nossa montanha russa a chegar ao fim? Queremos muito que sim,
mas ninguém sabe, o certo é que continuaremos cá para ti.
Assinado: o Mano
Jorge Mayer
FasFamilias Crónica de Abril 2011
Mesmo sendo verdadeiro o facto de eu ter formação na área, mesmo sendo real a minha entrega activa no voluntariado, e por mais que continue a tê-la e a sê-lo, nunca o saberei de forma concisa, clara e imediata.
Saramago afirmava que "direitos só o são integralmente nas palavras com que tenham sido enunciadas e no pedaço de papel em que hajam sido consignados". O mesmo acontece com a definição de voluntário, bem como aos direitos e deveres a ela inerentes.
Não obstante, poder-te-ei dizer que são características fundamentais a entrega livre, espontânea e desinteressada; a capacidade de aceitação e compreensão; uma boa dose de bom senso e, por fim, uma estrutura de princípios humanos desenvolvida e bem consolidada.
O senhor que acompanho (Sr. A), já há três anos e meio, é, mesmo tendo em consideração a sua dura e complicada personalidade devido ao seu histórico de vivências, dores e desilusões, e a sua "carteira profissional", é uma pessoa com um suporte de valores humanos, de princípios e sensibilidade espantosos. É interessante e altamente construtivo e recompensador, verificar que, mesmo estando desprovido de parte da dignidade humana que lhe era suposto, este Homem não se descartou da sua humanidade, agraciando-nos com os seus ensinamentos.
Cheguei a um ponto, sou-te franco, em que já não sei quem é que ajuda e quem é ajudado, quem ensina ou quem aprende, quem desenvolve ou quem é suporte de desenvolvimento. Reduzo-me, portanto, à velha questão do "quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha" ou, em simplificação científica (mas não necessariamente equivalente), quem foi avistado primeiro: o ovo ou a sua progenitora. Tal comparação baseia-se no facto de não existir resposta linear, sendo um complexo paradoxo em que cada resposta me repete para a oposta. Bem, e nos termo metafóricos, poderei dar-me à liberdade de afirmar que a galinha, quando foi avistada estava nesse mesmo momento a chocar um ovo, sendo, portanto, os dois avistados em simultâneo pela primeira vez; isto é, e remetendo-me ao concreto caso, ambos (eu e o Sr. A) somos voluntários um do outro, vivendo em parceria voluntária e, espero, amplamente benéfica.
Em suma, a prática da ajuda exterior, implica, ela própria, uma ajuda interior, um crescimento e desenvolvimento não só humano, mas também intelectual.
Miguel Machado
domingo, julho 31, 2011
Crónica das Aldeias - 16.07.2011
Devido aos desafios do meu emprego deixei de ir às Aldeias no Verão de
2009, e neste Julho quis regressar, porque as saudades das "nossas
senhoras" [como costumo dizer em brincadeira] era muitas e sabia que
perguntavam por mim.
Tudo avançou e mudou. Almoço num sítio bonito que não conhecia, com o
nosso grupo do qual eu só reconhecia duas caras! Companheiros de
visitas que me viam pela primeira vez mas que tinham já uma ideia
sobre mim pelo que lhes era contado do passado pelas senhoras.
Nas visitas a alegria do reencontro! Os meus olhos que brilham e os
delas que alegres me saúdam, me perguntam pelo casamento e pela nova
fase da vida.
Na conversa rapidamente se encurta o tempo que passou e sinto a mesma
alegria de sempre, de saber que levamos um pouco de alegria, esperança
e amor a estas senhoras.
As cumplicidades regressam com os pequenos carinhos de mãos e até com
os conselhos e advertências maternalistas de quem se preocupa e para
quem somos um pouco de netos adoptivos.
No final regressei com o sentimento, que tão bem conheço, de que um
dia assim é pleno e cheio de sentido, mesmo quando tantas vezes no
passado requereu sacrifícios e abdicar de coisas boas como o descanso,
sempre me foi dado a perceber no final das visitas que esta é a forma
de um dia ser plenamente vivido. Um dia com sentido!
Ter ajudado a fundar o grupo e conhecer a sua história desde 2005
faz-me hoje um dinossauro agradecido a Deus pelo que decidiu fazer por
intermédio de nós e agradecer a entrega de cada um dos voluntários que
hoje continuam a levar esta alegria e esperança à Serra do Marão.
Muita força e alegria!
Obrigado a todos!
Jorge Mayer
segunda-feira, julho 18, 2011
Crónica da Ronda da Areosa - 10.07.2011
Vivemos a era do relógio em que tempo é dinheiro. Mas será isso fundamentalmente importante para o nosso processo evolutivo? Quantas vezes no dia-a-dia, depois de um dia desgastante não olhamos em retrospectiva e constatamos um vazio absoluto naquilo que foi feito? Por isso é que todas as semanas, com mais ou menos assiduidade visitamos os nossos amigos e lançamos sementes na expectativa que o fruto resultante possa trazer esperança e a alegria duma vida melhor. É esse o desafio que nos faz mover e dessa forma também completa as nossas vidas.
Todos saímos a ganhar numa espécie de relação simbiótica. Os nossos amigos, que todas as semanas nos aguardam contam connosco. Individualmente procuramos contribuir para que naquele momento se possa transmitir uma mensagem de esperança, para ajudar a ultrapassar mais uma semana, que muitas vezes não passa disso mesmo, mais uma semana. Como cristãos, e ainda que também estejamos num processo evolutivo, cabe-nos a nós ouvir as suas histórias e dar-lhes ânimo, e, tal como foi referido na liturgia da semana passada, lançar a 'semente', para que essas pessoas façam o cultivo da vida utilizando o seu livre arbítrio.
Do nosso lado teremos igualmente a ganhar. Também nós aprendemos com os nossos amigos todas as semanas. Através das suas histórias percebemos muitas vezes que os nossos problemas, provavelmente não serão bem problemas à luz das dificuldades percebidas através daqueles que visitamos. Isso ajuda-nos a nivelar as nossas expectativas e permitirá uma melhor resolução de certos obstáculos que se nos deparam. Isso torna-nos mais fortes e mais atentos para ajudar aqueles que precisam de nós.
Seja em casas particulares ou nos vários locais em que paramos ao longo da nossa ronda, todos os nossos amigos representam já um bocadinho de nós, das nossas vivências, dos nossos pensamentos, das nossas orações. É com muita satisfação que encaramos esta missão, pois acredito ser essa a única forma de o fazer. É com muito prazer que faço esta crónica e apesar da humildade nas palavras empregues, revejo aqui todos os sorrisos colhidos em todos aqueles que visitamos.
José António
domingo, julho 10, 2011
Crónica da Ronda da Batalha - 19.06.2011
Saberemos o que realmente é ser Voluntário agora que o somos?
Os anos vão passando...
Mantêm-se a vontade de dar...
E de receber...
Pensam muitos que não recebem...
E não receberão, aqueles que não ouvem,
que não sentem...
e que não vivem... cada minuto de noites quentes e frias,
cada conversa, cada momento, cada partilha só nossa e única!
Sem abrigo? Duro este "rótulo"!
Prefiro, "sem destino , ainda!"
Abrigo não é apenas um telhado,
mas uma mão estendida, um amigo, uma palavra!
Dicionário pessoal de algibeira diz:
"voluntário é aquele que sente,
que vive intensamente,
que não é indiferente,
que procura vezes sem fim
a melhor das melhores formas
de apoiar, partilhar, rir e chorar...
De mãos abertas, prontas para ABRIGAR!
Eis que surgimos para tornar
Cada pequeno momento, num grande momento,
numa grande festa... num rumo,
Quem sabe um dia num caminho,
longo, mas de esperança e certeza,
de um destino melhor!
É em ti, N., que pensamos todos os dias,
Quando Domingo após Domingo te vemos "mais dentro"...
Esperamos uma Luz, talvez um sinal,
Para conseguirmos continuar abrigar-te, AMIGO!
Sabina Martins
Crónica das Aldeias - 18.06.2011
Já não ia a Bustelo desde Dezembro. Não há como evitar, a vida de um recém-casado traz novas exigências :)
Um dia pleno de surpresas! A começar pela serra onde os traços da nova auto-estrada são já bem evidentes.
Entre os voluntários, foi bom rever as caras conhecidas. Mas há sangue novo na equipa, gente bem disposta e entusiasmada. Parece que estão a gostar!
Os sinais de mudança não ficam, contudo, por aqui. Em “Bustelo de Baixo” duas novas “aquisições” nos aguardavam: o Sr. Lima e a D. Isaura. Cada um à sua maneira revelaram-se pessoas interessantes; gostei de conhecê-los. E acho que apreciaram a nossa visita!
Infelizmente, nem tudo foram boas notícias. Três dos meus “idosos de sempre” não andam bem de saúde e acabei por não os poder ver. Só espero que recuperem rapidamente e que seja possível visita-los em breve.
O dia terminou com uma boa conversa na varanda da D. Maria. O Marão ergue-se no horizonte, numa vista soberba. Está a chegar o Verão e já sinto saudades de Bustelo.
Nuno Afonso
segunda-feira, maio 30, 2011
Crónica da Ronda da Batalha - 15.05.2011
Foi um encontro incrível…
Uma surpresa inesperada…
Um momento imprevisto…
Sentimentos baralhados…
Será verdade? Parece verdade?
Isso mesmo…
Lá estava ele, depois de dias de recuperação,
De esperança de vida, de renovação, …
Abordagem, palavras, conversa longa…
Um odor invejável, um aspecto notável,..
Disposição de menino jovem…
Foi um momento único, real, …
Mas até quando?
Esperaremos mais uma semana…
Mais uma espera, mais uma esperança!
Terminou a noite repleta de emoções partilhada de uma outra forma!
Sabina Martins
Crónica Aldeias - 28.05.2011
À hora do costume e no sitio habitual lá nos encontramos para mais uma visita às nossas princesas :) Saídos do Porto em rumo ao Marão, fizemos a nossa primeira paragem no parque de merendas habitual. Depois do escolhe, escolhe lá nos decidimos onde "abancar", uma bela sombra, isto porque o calor apertava e de que maneira, diria que o meu termómetro apontava uns 30ºC à sombra. Depois da mesa pronta, toca a saborear o nosso belo repasto, carregado de iguarias e com direito a um belo Vinho do Porto, oferta da nossa Carminda. Barriguinha cheia, seguimos em direcção ao café para repor os níveis de energia. Agora sim, prontos para as nossas visitas!!!
Chegamos a Candemil e o calor apertava, fomos de encontro à D. Aurélia que já nos esperava de chapéu e óculos de sol, prontíssima para o nosso passeio. Bem, deviam ver a alegria da D. Aurélia ao ver o nosso Diogo :) Como o calor apertava, ficamos um pouco em casa da D. Aurélia a ouvir as ultimas novidades, os passeios, os problemas de saúde, as coisas do dia a dia e até de política falamos!!! Resumindo a D. Aurélia apesar dos seus problemas de saúde, típicos da idade, encontra-se bem e com aquela boa disposição que a caracteriza. Mas não pensem que nos livramos do passeio, mesmo com o calor lá fomos nós passear pelos recantos de Candemil. Depois de uma paragem na fonte para nos refrescarmos, seguimos em direcção a casa da D. Alda, que também nos aguardava com aquele sorriso delicioso:) Ficamos por lá um pouco à conversa, até que conseguimos arrancar a D. Alda de casa para uma bela sombra. Com a brisa que corria, por lá ficamos à conversa e com direito a música da banda local que por lá andava, não era como a banda de Chico Buarque que cantava coisas de amor, era a banda que tocava bombos e acordeão mas que também alegrava Candemil. E depois de muita conversa e cantoria, chegava a hora da despedida. Com o tempo a mudar de cara seguimos em direcção a Basseiros para apanharmos o Marcelo e a Ana. A caminho de Bustelo demos de caras com uma bela cerejeira, que por sinal, estava carregadinha de cerejas. Era difícil não atacar aquela cerejeira, tão difícil que não resistimos... E lá foi o nosso Diogo, em busca das cerejas perdidas, melhor dizendo dos ramos da cerejeira, isto porque o Diogo presenteou-nos com dois belos ramos de cerejeira, carregadinhos de deliciosas cerejas!!!! Depois desta breve paragem, continuamos a nossa viagem até Bustelo, o ponto de encontro habitual. Como fomos os primeiros a chegar, resolvemos ocupar o nosso tempo enquanto esperávamos pelos restantes. Agora adivinhem a fazer o quê???? Pois, mais uma vez lá fomos nós atacar as cerejeiras de Bustelo. Bem, não há coisa melhor do que comer cerejas directamente da árvore, que maravilha, eram mesmo muito boas, docinhas !!!!! E com isto tudo, chegou a chuva que nos fez companhia durante a partilha. Visitas feitas e sorriso no rosto, seguimos em direcção ao Porto, desta vez acompanhados pela chuva ...
Sandra Cardoso - Candemil
quinta-feira, maio 26, 2011
Crónica das Aldeias - 14.05.2011
Sou a Joana, tenho 20 anos, a ex-mais nova do grupo (agora a Clarisse com 19) e pertenço ao grupo que vai a Ansiães.
Desta vez, ainda éramos alguns e conseguimos ir aos pares às várias aldeias, Ansiães foi a única aldeia em que íamos três: eu, a Alexandra e a Clarisse. Antes de irmos visitar as nossas senhoras, lá fomos piquenicar todos para ao pé da igreja e, como estava óptimo tempo, e com novas voluntárias (ou seja, com comida óptima – só para quem não sabe, sempre que há novas voluntárias lá vêm cheias de bolos caseiros, frutas deliciosas, o caso de cerejas e morangos divinais, e depois, todos nos começamos a desleixar um bocado...), estivemos muito bem a conversar e a carregar baterias.
Depois, lá fomos cada grupo para as suas visitas, combinando encontrarmo-nos todos em Bustelo, como de costume. Lá fui com a Alexandra e a Clarisse, as duas umas porreiras, e começámos logo pela Tia Rita. Íamos cheias de medo, porque na última visita estava doente e na cama, o que não é nada normal. Entrámos a medo e não é que lá estava ela sentada na cama, toda gira e bem-disposta como se nada fosse? Esta senhora é uma força da natureza e, com já 91 anos, está sempre impecável e tem sempre alguma coisa para nos ensinar! Desta vez a visita foi diferente porque estava também uma das filhas, brasileira, toda simpática (não a conheciamos), e uma vizinha. Estivemos todas à conversa e entre cozinhados, votar ou não no Sócrates, laços de família, "esta é filha desta e casada com aquele e tal", lá estivemos todas entretidas! Não demos pelo tempo passar e a certa altura tivemos mesmo de ir embora (Infelizmente) … Mas a Tia Aldina também precisa de nós! Então, lá fomos nós vê-la, um bocado mais acima da rua, sentada cá fora com uma amiga, as duas a apanhar sol – a sério, as duas todas risonhas dava alta fotografia! Estivemos um bocado as cinco à conversa, a saber como estavam, a falar sobre os filhos, sobre os tempos em que elas eram novas, foi de rir! Adorei quando começaram a falar sobre os tempos em que tinham a nossa idade e a dizer que nós éramos todas "bem-feitinhas, delgadinhas..!"
Entretanto, o tempo já estava a apertar e ainda tínhamos de ir à Tia Ondina. Chegámos lá e estava à nossa espera, sentada numa pedra cá fora! Ficámos um bocado à conversa, esta Tia é uma divertida, fala imenso e nós só precisamos de a ouvir!! Mas, como já estava a chegar a hora, tivemos de vir embora mais cedo, prometemos que para a próxima visita a vínhamos buscar para ir connosco a casa da Tia Aldina. Ficou toda contente!!
Lá fomos então ter com os outros a Bustelo, já estavam à nossa espera, lanchámos qualquer coisa rápida e, todos contentes (reparei logo), lá fomos para o Porto, mas entusiasmados por voltar, uns daqui a 15 dias, outros daqui a 1 mês…
Joana Leite de Castro
segunda-feira, maio 16, 2011
Crónica das Aldeias - 30.04.2011
Os alunos partilharam o almoço com o grupo todo seguindo depois com os voluntários de Bustelo, aldeia onde actualmente visitamos mais pessoas.
Nós voluntários ficámos radiantes com esta iniciativa e os nossos velhinhos e velhinhas adoraram ver o nosso grupo ainda maior que o habitual.
No início havia uma certa timidez com as câmaras mas a simpatia do Tomás, da Daniela e da Maria, alunos que nos acompanharam, fez com que rapidamente o à vontade se instalasse em todas as casas visitadas.
Tinham que ver o Sr. Lima a contar a sua maravilhosa mas difícil história de vida por terras angolanas e a D.Fernanda a recordar o episódio trágico em que deu um trambolhão com um balde de milho e outro de veneno de rato mesmo em frente às galinhas, acabando estas por ter um triste fim...
Também as irmãs D.Maria e D.Celeste foram ilustres entrevistadas e a D.Maria contou aos nossos repórteres o episódio em que o seu filho com 2 anos declamou na igreja "A 13 de Maio na cova da Iria apareceu brilhando a Virgem Maria".
Em casa da D.Emília falou-se de uma vida simples mas feliz no campo e de novos ofícios como cozer sapatos.
Apesar da chuva foi um dia muito agradável e pareceu-me que os nossos visitantes gostaram da experiência.
Agora nós esperamos ansiosamente o resultado do trabalho que partilharemos aqui no Blog logo que possível.
Teresa Monjardino - Bustelo