Poucas coisas na vida são lineares. Tudo é mais complexo do que à primeira vista achamos.
Quando se trata então de percursos de vida, muito mais complexo é.
Podemos pensar, por desconhecer, que há um motivo que despoleta um problema e que se torna a causa de, por exemplo, um abandono.
Nunca é assim linear. Se fosse talvez fosse mais fácil resolver os problemas das pessoas.
Mas andamos nisto para resolver "os problemas das pessoas"? O que é resolver?
É arranjar um quarto, tirá-las da rua?
Podia ser. Eu achava que era.
Por ingenuidade, eventualmente.
Imaginando que um sem-abrigo sai da rua e vai para, seja, um quarto, atingimos - atingiu ele - o quê?
Na manhã do primeiro dia em que acorda na cama vai fazer o quê? E na segunda, terceira e quarta manhãs? E tardes?
E se essas pessoas tiverem um passado - que quase se funde com o presente - que envolve dependências, o que farão elas nesses dias vazios?
Lembremo-nos daquele já famoso dizer chinês sobre dar peixes e ensinar a pescar.
Ainda há muito a fazer.
Hugo Ribeiro
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