Depois de uma temporada afastados do blog, por termos a certeza de que os conteúdos das crónicas seriam por demais aborrecidos, eis que a ronda do Bonfim regressa em força, felizmente porque encontramos mais algumas pessoas que podemos ajudar.
O passado domingo foi para nós muito diferente do que têm sido ultimamente, muito mais gratificante e entusiasmante. A Ana Carvalho encaminhou-nos para um caso de família, no mínimo sui generis, que passaremos a visitar semanalmente, e sempre que for preciso.
Manel, Joana, Paulo, Ana Carvalho e eu partimos tendo como destino o bairro do Regado, um sítio obscuro, assustador, onde nunca esperaríamos encontrar o que encontramos. A Sr.ª H., do alto dos seus 72 anos, muitos dos quais passados em barracas, recebeu-nos muito bem na sua recente habitação neste bairro social. Raramente sai de casa, por motivos de saúde, o que faz com que habitualmente conserve uma lagrimita ao canto do olho e um “bau” como lhe chamou, querendo contudo dizer que de vez em quando “lhe dava o tau”… Mas foi com um grande sorriso que nos recebeu, ela e um dos seus “companheiros”, o J., que conserva o mesmo nome e talvez uma idade muito próxima do seu actual marido, que tem pouco mais de 40 anos. Qual D. Flor e os seus dois maridos, esta senhora só por aqui seria um caso a estudar. Mas a D. H. revelou-se muito mais rica em histórias para contar. Tem três filhos do primeiro marido, que faleceu muito cedo, mas deles pouco vai sabendo.
Com quase dinheiro nenhum para se sustentar, conta com a ajuda dos seus dois… não sei bem como lhes chamar… que, apesar de ainda não termos conseguido perceber muito bem porque estão com ela, o que é certo é que parecem tratá-la muito bem.
Sempre com uma língua muito afiada, a esta senhora de 72 anos, a palavra começada por M que afecta as mulheres a partir de uma determinada idade, parece por ali não ter passado…
Brincalhona, afectuosa, com a sua dose de tristeza e angústia para colmatar, parece que a D. H. se tornou para nós num caso muito interessante para acompanhar.
Seguimos, mais tarde do que o habitual, para a Câmara do Porto, onde já não encontramos o P. nem a C. Pensamos que fosse pela hora, mas soube ainda durante esta semana, que a “casa” onde dormiam o P., o R. e outro senhor, no Ciloauto, ardeu. Temos estado a tentar encontrá-los, para saber onde estão e do que precisam, já que devem ter ficado sem cobertores, roupa e outros bens.
Acreditamos que tenha sido resultado da luta que tem existido entre vários SA pelos lugares de arrumadores. Esperemos que esteja tudo bem com eles, já que têm sido alvo de várias ameaças, mas estamos atentos e na próxima semana de certeza que já teremos novidades. Positivas, esperamos.
Beijinhos e continuação de boa semana.
Ana Lima
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