terça-feira, dezembro 06, 2005

Crónica da ronda 4.12.2005 (St.ªCatarina)

Embora livre em relação a todos, fiz-me servo de todos, para ganhar o maior número. Fiz-me fraco com os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a qualquer custo. (Carta de S. Paulo aos Coríntios, 9, 19; 22-23)

Mesmo com o "desfalque" proporcionado pelo After-Xav 2005, as rondas foram asseguradas por bastantes aderentes. No grupo de St.ª Catarina, tivémos que mobilizar dois carros, cada um com quatro elementos. Contámos com três novas participações que mostraram interesse em se "inscrever" e continuar. Tratou-se da Raquel que estuda na E.S.E. e está a desenvolver um trabalho curricular com a Joana Inês sobre os Sem-Abrigo; o Luís McDade ex-catequista do Centro de Catequese de N.ª Sr.ª de Fátima, dos Jesuítas do Porto; e o Francisco Miguel, colaborador da AMI e do INEM, já com experiência de rua e missionária.

O primeiro destino foi o edifício da Câmara Municipal do Porto. Tínhamos tido indicações da presença de sem-abrigo, que por lá pernoitavam. Numa volta criteriosa ao edifício não encontrámos ninguém. Seguímos para a Pç. D. João I, edifício sede do Banco Comercial Português. Na soleira de uma sucursal desactivada do banco, encontrámos seis pessoas, com "um apartamento montado que mais parecia um loft" (sic). Foi a primeira paragem da noite com distribuição de sacos individuais e café com leite que, por ainda estar tão quente, queimou alguns mais afoitos. Houve tempo para ouvir a história da vida de um recente toxicodependente com grande experiência de pastelaria, mas que uma má experiência no último trabalho desanimou o suficiente para não considerar a possibilidade de procurar outro emprego. Entretanto já passava das onze horas, pelo que não arriscámos passar por aquele senhor que dorme "stressado" com as horas a que se tem de levantar no dia seguinte.

Seguimos para a rua de St.ª Catarina. Lá estivémos com o sr. P. que continua na pensão e a trabalhar na construção civil. Confidenciou-nos que o chefe está contente com ele e que a actividade o tem motivado muito para a vida. Fomos ter com o sr. Z. que tinha um amigo novo ao lado. Este só quis conversar pouco antes da meia-noite, altura em que nos íamos embora. Quando ali estávamos, apareceu-nos a D. E. e o marido, sr. F., a refilar por termos ficado por ali e não termos subido a rua até casa dela. Transmitimos-lhe que vai haver uma eucaristia no dia 14 e que gostávamos de a levar lá com o marido. Pediu-nos mais medicamentos e falou-nos das suas maleitas que continuam. Última paragem, mais acima ainda, para ouvir a T. e deixar alguma coisa ao sr. P.. Este, desta feita, aceitou um saco e café com leite quente. Aquela retomou a estória da rainha dos bichos da seda, a que todos assistimos sentados no chão em semi-círculo.

Aproximava-se a uma hora da manhã e considerámos ser melhor ir até ao Jardim do Carregal, onde ainda estivémos com o grupo do Fernando. Aí já estava a acabar a distribuição, mas ainda houve tempo para apresentar a Raquel Henriques à Anita, que vai passar a acompanhar no estudo e nos trabalhos da escola.

A ronda terminou no Bairro do Aleixo, onde tivémos oportunidade de distribuir bolos, pasteís doces e salgados, que altruisticamente algumas pastelarias do Grande Porto nos têm dispensado para este fim. Fica sempre a sensação de que era pouco... Há sempre mais alguém que gostaría de tomar um café, beber um leite ou comer um pouco de bolo-rei.


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