ola a todos!
Na quarta feira foi aquele jantar oferecido aos sem-abrigo nas traseiras da igreja do marques. Chegamos la por volta das 7h e pouco ainda com os restos de ronda de domingo para destribuir no fim do jantar, que foram muito bem vindos!. (sim, os bolinhos ainda tavam optimos... não lhes iamos dar nada estragado!)
O jantar estava previsto para começar as 8h mas, as 7h15m os 167 lugares postos na nas mesas ja estavam quase todos ocupados e o jantar começou a ser servido! Alguns voluntarios estavam la todos contentes preparados para servir á mesa (algumas caras conhecidas e todos muito sorridentes!). Estavam la grande parte dos nossos amigos todos contentes por terem sido convidados para um jantar tão bom! Eram tantos e tão sorridentes...olhavam para todo o lado à espera do que iria acontecer... do que iriam comer mais! As pessoas não paravam de chegar durante todo o jantar... foram-se apertando para ver se cabia mais um ... "assim coubessemos todos no ceu" - diziam - e assim bem juntinhos iam-se conhecendo e,... como é bom ver pessoas que não olham ao aspecto do que está ao lado, não olham ao que tem ou ao que faz ou ao que é mas simplesmente contentam-se com o facto de aquele ser o que calhou ao lado dele por isso vamos la conversar!!! As conversas eram muitas e muito variadas... as gargalhadas tambem eram imensas e os sorrisos quando passavamos junto das mesas tambem nao tinham meias medidas! Alguns so conseguiam olhar para o prato tal era a fome mas a alegria era muita! Via.se que todos se tinham arranjado muito bem para ir a este jantar!
Tinhamos levado violas e tavamos a ver se chegava mais alguem para nos ajudar com a animação e com as musicas mas, visto que ninguem aparecia, e a pedido do Padre e o Sr, Carlos, eu e o Filipe saltamos para o palco e começamos a cantar musicas de Natal... um verdadeiro "ensaio no palco"! Foi um maximo ver a cara deles todos contentes e os que nos conheciam melhor a acenar todos contentes e a dizer ao do lado "eu conheço, são meus amigos"!!!
Depois fizemos uma pausa enquanto serviam o vinho do porto e o cafe e depois, recomeçamos ja com a preciosa ajuda das salvadores Maria Rocha e Ines Archer que vieram a correr prontas para fazer o que fosse preciso!! Aí começaram as musicas mais populares e todos de animaram mais. Uns dançavam, outros cantavam... o Sr. J veio cantar uma musica e uma senhora cantar um faduncho.... qua alegria!
Entretanto começaram a ir embora aos bocadinhos da mesma maneira como tinham chegado mas MUITO MAIS CONTENTES, com a barriguinha quentinha e com a alegria de terem ido a uma festa patra eles! Ainda ficaram uns nas mesas a conversar mais um bocado!
Ainda fomos levar a Dna E e o Sr F a casa... sempre os dois a reclamarem um com o outro!
Foi muito bom ver alegria e os olhos a brilhar daqueles que as vezes têm o coração com tao pouco. Sabemos que o que fazemos aos domingos com estes amigoa, faz a diferença e entra mesmo no coração deles e isso nem é preciso perguntar, ve-se em todos aqueles sorrisos que msmo sem saberem tambem fazem tanto por nos!
Um beijinho para todos e um grande sorriso!
mafalda
Famílias, Aldeias e Sem Abrigo estas são as nossas áreas de acção. Um grupo de jovens do Porto, que no CREU têm uma casa, lançam mãos aos desafios que lhes surgem.
sexta-feira, dezembro 30, 2005
terça-feira, dezembro 27, 2005
Aldeia - Festa de Natal Candemil! 18.12.2005
Partiu-se muito cedo para um Domingo, ou pelo menos tentou-se!! Feitos à estrada 14 meninos da cidade, lá fomos nós para o campo, mais precisamente para a Serra... Não sabíamos o que nos esperava, mas coisa boa ia ser de certeza!
Chegámos mesmo a tempo da missa às 11h na igreja de Candemil. Lá estava o nosso amigo Padre Vilar a celebrar, com a sua voz potente! Um tenor sem dúvida! Eu que tento acompanhar aquelas senhoras num tom estridente, cheio de força, não consigo...e acho que nenhum de nós!
Depois de almoçar e dos incansáveis preparativos, a festa começou! Da varanda, formando um pinheiro, as crianças e jovens cantaram "o pinheiro " diferente da música que conhecemos, com gestos e tudo! E nós, em baixo, tentávamos acompanhar... As catequistas treinam bem aquela criançada toda!
As 140 pessoas (mais coisa menos coisa) foram em seguida divididas em 3 escalões etários: dos 6 aos 9; dos 10 aos 25 (é lá!!); 25 aos 70 (ou mais...).
O primeiro grupo, dos piquininos, estiveram a ouvir a Luísa a contar um conto de Natal com fantoches e tudo! O diabo até ficou bem disfarçado... Também fizeram desenhos de Natal que até foram afixados! Claro que aqui tiveram a preciosa ajuda do nosso artista Tiago e da mãe de todos nós, a Teresa!
O segundo grupo esteve, ao mesmo tempo, a jogar uma fantástica gincana! Eram 6 postos: o dos rebuçados na farinha e o tiro às latas com o Rodrigo (olha a bodeguice!!!); o tiro ao alvo com o Pedro e com instrumentos muito sofisticados arranjados pelo Daniel; a corrida com a colher e a noz liderada pela Mónica (o perigo e a audácia!); a cena artista com a minha pessoa (vamos lá tentar desenhar o pai natal entalado na chaminé.); e a preparação da oração com a Benedita e a sua voz doce e calma!
Os mais velhos estiveram com o Jorge e com o Pedro Cruz, a jogar ao Loto ou será que foi o Bingo? Mas não ficaram por aqui! Também jogaram a "Petanca" na companhia do senhor dos jogos, o Daniel!
Depois de tudo jogado , os grupos receberam várias peças de um puzzle...o que seria? A montagem do puzzle foi de chorar a rir, eram as peças que caíam, eram os pequeninos que não viam...mas lá se conseguiu...um presépio! Mas o menino Jesus não estava..
A oração foi a seguir, cada um com uma palavra e uma palhinha na mão, ajudou a construir a manjedoura para o menino! Foi aqui a emoção! Até os mais pequeninos queriam ajudar... a delícia! Acabou com mais uma música ensaiada pelas catequistas.
Todos nós ficámos encantados e só faltava o lanche!! O comer e o beber em que a São teve um papel essencial!
As pessoas gostaram e o Padre também..até os olhos brilhavam!
No fim viemos cheios e com a esperança de voltar e mudar mais um bocadinho, lá e cá dentro.
Maria
Chegámos mesmo a tempo da missa às 11h na igreja de Candemil. Lá estava o nosso amigo Padre Vilar a celebrar, com a sua voz potente! Um tenor sem dúvida! Eu que tento acompanhar aquelas senhoras num tom estridente, cheio de força, não consigo...e acho que nenhum de nós!
Depois de almoçar e dos incansáveis preparativos, a festa começou! Da varanda, formando um pinheiro, as crianças e jovens cantaram "o pinheiro " diferente da música que conhecemos, com gestos e tudo! E nós, em baixo, tentávamos acompanhar... As catequistas treinam bem aquela criançada toda!
As 140 pessoas (mais coisa menos coisa) foram em seguida divididas em 3 escalões etários: dos 6 aos 9; dos 10 aos 25 (é lá!!); 25 aos 70 (ou mais...).
O primeiro grupo, dos piquininos, estiveram a ouvir a Luísa a contar um conto de Natal com fantoches e tudo! O diabo até ficou bem disfarçado... Também fizeram desenhos de Natal que até foram afixados! Claro que aqui tiveram a preciosa ajuda do nosso artista Tiago e da mãe de todos nós, a Teresa!
O segundo grupo esteve, ao mesmo tempo, a jogar uma fantástica gincana! Eram 6 postos: o dos rebuçados na farinha e o tiro às latas com o Rodrigo (olha a bodeguice!!!); o tiro ao alvo com o Pedro e com instrumentos muito sofisticados arranjados pelo Daniel; a corrida com a colher e a noz liderada pela Mónica (o perigo e a audácia!); a cena artista com a minha pessoa (vamos lá tentar desenhar o pai natal entalado na chaminé.); e a preparação da oração com a Benedita e a sua voz doce e calma!
Os mais velhos estiveram com o Jorge e com o Pedro Cruz, a jogar ao Loto ou será que foi o Bingo? Mas não ficaram por aqui! Também jogaram a "Petanca" na companhia do senhor dos jogos, o Daniel!
Depois de tudo jogado , os grupos receberam várias peças de um puzzle...o que seria? A montagem do puzzle foi de chorar a rir, eram as peças que caíam, eram os pequeninos que não viam...mas lá se conseguiu...um presépio! Mas o menino Jesus não estava..
A oração foi a seguir, cada um com uma palavra e uma palhinha na mão, ajudou a construir a manjedoura para o menino! Foi aqui a emoção! Até os mais pequeninos queriam ajudar... a delícia! Acabou com mais uma música ensaiada pelas catequistas.
Todos nós ficámos encantados e só faltava o lanche!! O comer e o beber em que a São teve um papel essencial!
As pessoas gostaram e o Padre também..até os olhos brilhavam!
No fim viemos cheios e com a esperança de voltar e mudar mais um bocadinho, lá e cá dentro.
Maria
sexta-feira, dezembro 23, 2005
Crónica do Projecto "Rua em Rede"
No dia 20, na rua Duque de Loulé, na Casa da Rua, a partir das 14h 30m, realizou-se a sessão de trabalho n.º 2 do PROJECTO "RUA EM REDE".
O projecto CONGREGA os contributos de várias instituições, e de grupos de voluntários, que AJUDAM AS PESSOAS SEM-ABRIGO de múltiplas maneiras, mas que têm o objectivo de vir a trabalhar em conjunto de modo a CRUZAR informações e a FORNECER ajudas entre si.
Ao interligarem-se estas diferentes vertentes seria possível apoiar as Pessoas Sem-Abrigo com maior eficácia. Deste modo, estas poderiam vir a ter ACESSO aos meios de prevenção de exclusão social, de intervenção de emergência, de acompanhamento e de reintegração da Rede. ("Será que algum de vocês, ao ler isto, achará que este projecto é utópico? Gostava que tivessem visto e ouvido uma das médicas que esteve connosco: o seu olhar, a sua voz, as suas mãos, o seu andar, a sua paixão encarnavam o valor ACREDITAR!").
PARTICIPAM neste projecto a Casa da Rua, o Coração da Cidade, a Esc. Paula Frassinetti, o Governo Civil do Porto, a Legião da Boa Vontade, a Liga Portuguesa de Profilaxia Social, MDM, Fundação para o Desenvolvimento Social do Porto – Porto Feliz, os Samaritanos, o Espaço Pessoa, a Ronda dos Sem-abrigo (sim!! Alguns de nós –do CREU- estiveram lá, mas também apareceu o Fernando, "O Destemido", respeitado e admirado por todos nós, que vinha acompanhado por alguém da sua ronda), etc.
Importa referir que já se conseguiu, nesta reunião, DISTRIBUIR certas tarefas por algumas das entidades e grupos de voluntariado presentes.
As rondas dos sem-abrigo (a do CREU e a do Fernando) responsabilizaram-se pela "3.1. Mobilização imediata das actividades de apoio social, psicológico e de saúde": A. Activação imediata dos responsáveis de rede B. Encaminhamentos com atendimento imediato C. Mobilização imediata das intervenções necessárias" D. Alimentação, vestuário, alojamento.
Foi-lhes ainda pedido que, na PROXIMA REUNIAO, (21/3/06, às 14h, na rua da Bonjóia – Campanhã), apresentassem uma estratégia bem delineada correspondente à tarefa que lhes foi atribuída.
Queria acabar este texto com um GRANDE OBRIGADO aos Médicos do Mundo que foram e são o motor dinamizador deste Projecto!
Mónica Claro
O projecto CONGREGA os contributos de várias instituições, e de grupos de voluntários, que AJUDAM AS PESSOAS SEM-ABRIGO de múltiplas maneiras, mas que têm o objectivo de vir a trabalhar em conjunto de modo a CRUZAR informações e a FORNECER ajudas entre si.
Ao interligarem-se estas diferentes vertentes seria possível apoiar as Pessoas Sem-Abrigo com maior eficácia. Deste modo, estas poderiam vir a ter ACESSO aos meios de prevenção de exclusão social, de intervenção de emergência, de acompanhamento e de reintegração da Rede. ("Será que algum de vocês, ao ler isto, achará que este projecto é utópico? Gostava que tivessem visto e ouvido uma das médicas que esteve connosco: o seu olhar, a sua voz, as suas mãos, o seu andar, a sua paixão encarnavam o valor ACREDITAR!").
PARTICIPAM neste projecto a Casa da Rua, o Coração da Cidade, a Esc. Paula Frassinetti, o Governo Civil do Porto, a Legião da Boa Vontade, a Liga Portuguesa de Profilaxia Social, MDM, Fundação para o Desenvolvimento Social do Porto – Porto Feliz, os Samaritanos, o Espaço Pessoa, a Ronda dos Sem-abrigo (sim!! Alguns de nós –do CREU- estiveram lá, mas também apareceu o Fernando, "O Destemido", respeitado e admirado por todos nós, que vinha acompanhado por alguém da sua ronda), etc.
Importa referir que já se conseguiu, nesta reunião, DISTRIBUIR certas tarefas por algumas das entidades e grupos de voluntariado presentes.
As rondas dos sem-abrigo (a do CREU e a do Fernando) responsabilizaram-se pela "3.1. Mobilização imediata das actividades de apoio social, psicológico e de saúde": A. Activação imediata dos responsáveis de rede B. Encaminhamentos com atendimento imediato C. Mobilização imediata das intervenções necessárias" D. Alimentação, vestuário, alojamento.
Foi-lhes ainda pedido que, na PROXIMA REUNIAO, (21/3/06, às 14h, na rua da Bonjóia – Campanhã), apresentassem uma estratégia bem delineada correspondente à tarefa que lhes foi atribuída.
Queria acabar este texto com um GRANDE OBRIGADO aos Médicos do Mundo que foram e são o motor dinamizador deste Projecto!
Mónica Claro
quinta-feira, dezembro 22, 2005
HISTÓRIA ANTIGA
Queridissímos amigo(a)s,
Venho, óbviamente desejar a todos sem excepção (e respectivas famelgas), um Santo Natal e um 2006 CHEIO!
E, porque, achei bonito e que fazia todo sentido por isso e "à propos", mando para todos este poema que achei absolutamente delicioso.
Muito Beijos e abraços de cortar a respiração,
Luísa Cardoso
HISTÓRIA ANTIGA
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga
Antologia Poética
Coimbra, Ed. do Autor, 1981
Venho, óbviamente desejar a todos sem excepção (e respectivas famelgas), um Santo Natal e um 2006 CHEIO!
E, porque, achei bonito e que fazia todo sentido por isso e "à propos", mando para todos este poema que achei absolutamente delicioso.
Muito Beijos e abraços de cortar a respiração,
Luísa Cardoso
HISTÓRIA ANTIGA
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga
Antologia Poética
Coimbra, Ed. do Autor, 1981
quarta-feira, dezembro 21, 2005
1ª Crónica de 18.12.05 (Areosa)
A nossa ronda começou, como sempre, com a boa disposição do Sr. M.. Depois de nos pregar outro belíssimo susto, bebeu um cafezinho connosco e contou-nos que levou 24 pontinhos na perna. Vai tirá-los esta semana! Demos um pulinho ao Sr. J., que estava ferradíssimo a dormir, mas lá acordou para mais dois dedos de conversa. Enquanto estivemos nesta paragem, recebemos a visita de três senhores que estavam de passagem. O Sr. M. (penso que era este o nome, senão corrijam-me por favor), que dorme junto do Hospital de S. João, o Sr. J. e um outro. Todos receberam um saco de comida e voltaram aos seus abrigos mais quentinhos, depois de um leitinho com café. Passamos pela I. que esta semana estava um pouco mais em baixo, mas que nos deu duas beijocas de despedida e um sorriso.
De volta à estrada, depois de pararmos novamente o carro, ligarmos os piscas e darmos três buzinadelas, aparece-nos o Sr. J. que veio finalmente acompanhado pela sua companheira. A esposa do Sr. brasileiro (ainda não temos o nome de todos) contou-nos que ele estava no hospital. Ainda surgiu um outro senhor que nos ajudou a esvaziar a caixinha dos pastéis.
Logo de seguida, partimos para Campanha, na esperança de encontrarmos alguns arrumadores que param por lá. Mas, infelizmente, a hora já ia avançada e todos tinham recolhido. Esta semana não visitamos o Sr. D. nem o C., por isso fomos ter com o Sr. J., em frente à casa da música. Levamo-lo para o Foco, onde ia dormir junto de um conhecido. Foi espancado enquanto dormia na loja da avenida da Boavista, e por isso agora tem medo de dormir sozinho. Ainda assim, encontramo-lo revoltadíssimo com a vida. Estivemos a conversar com ele durante algum tempo, para ver o que era possível fazer para o ajudar. Algum tempo depois, de regresso ao Aleixo, verificámos que a mala do carro ainda estava cheia de sacos de comida. Como já era tarde, não estava muita gente a pedir comida, por isso demos alguma roupa e o resto ficou a espera de ser congelado.
É caso para dizer que se torna, de facto, urgentíssimo organizar uma quarta ronda (ou arranjar outra hipótese), de forma a controlar os tempos mais eficazmente e não sobrar nada nas malas. É a segunda vez que isto acontece!
Muitos perguntaram se dia 25 íamos à ronda. Notaram o mesmo brilhozinho nos olhos deles, que eu? ….
Um Santo Natal…para a semana cá estaremos de volta!
Joana Simões
De volta à estrada, depois de pararmos novamente o carro, ligarmos os piscas e darmos três buzinadelas, aparece-nos o Sr. J. que veio finalmente acompanhado pela sua companheira. A esposa do Sr. brasileiro (ainda não temos o nome de todos) contou-nos que ele estava no hospital. Ainda surgiu um outro senhor que nos ajudou a esvaziar a caixinha dos pastéis.
Logo de seguida, partimos para Campanha, na esperança de encontrarmos alguns arrumadores que param por lá. Mas, infelizmente, a hora já ia avançada e todos tinham recolhido. Esta semana não visitamos o Sr. D. nem o C., por isso fomos ter com o Sr. J., em frente à casa da música. Levamo-lo para o Foco, onde ia dormir junto de um conhecido. Foi espancado enquanto dormia na loja da avenida da Boavista, e por isso agora tem medo de dormir sozinho. Ainda assim, encontramo-lo revoltadíssimo com a vida. Estivemos a conversar com ele durante algum tempo, para ver o que era possível fazer para o ajudar. Algum tempo depois, de regresso ao Aleixo, verificámos que a mala do carro ainda estava cheia de sacos de comida. Como já era tarde, não estava muita gente a pedir comida, por isso demos alguma roupa e o resto ficou a espera de ser congelado.
É caso para dizer que se torna, de facto, urgentíssimo organizar uma quarta ronda (ou arranjar outra hipótese), de forma a controlar os tempos mais eficazmente e não sobrar nada nas malas. É a segunda vez que isto acontece!
Muitos perguntaram se dia 25 íamos à ronda. Notaram o mesmo brilhozinho nos olhos deles, que eu? ….
Um Santo Natal…para a semana cá estaremos de volta!
Joana Simões
Uma crónica diferente
Quando se fala em sem-abrigos uma pessoa tem geralmente uma ideia mas não sabe exactamente que sensações escolher para sentir. Se de pena, se de enfado, se…. São dois extremos que se tocam e na mesma altura, precisamente. E, por isso, não se deve querer decidir entre uma ou outra ou até pensar em mais alternativas.
Pensar e trabalhar num universo como este é tanto mais sedutor que embrenharmo-nos num mundo brilhante e sumptuoso onde as facilidades acontecem, numa rotação ainda mais acelerada e estonteante.
A vida na rua corre sem pressas, sem expectativas. É um palco, por excelência mas não o nosso. Nosso de quem lê este texto num computador, entre paredes que estão a ser pagas a um banco por 30 anos de uma vida.
A rua é um palco, uma espécie de parateatro. Um teatro paralelo àquele que se paga para ver uma quantidade de gente a actuar em cena, sincronizadamente. Gente que está morta, que finge vida mas está morta. Como as flores. As flores de uma jarra que são tão bonitas mas onde a beleza provém da morte a que pertencem: porque as flores estão cortadas no pé, mortas. Vão mirrar daqui a bocadinho. E as pessoas do palco também vão para casa, quando acabar a peça de hoje. E o pano fechar-se-á. Mas a rua não tem tecido suficiente para fechar uma cortina onde caibam todos os sem-abrigo. Neste sentido, têm muito mais liberdade que os actores do palco do quotidiano.
Num palco onde não se ouvem os passos dos actores ao entrar em cena por o solo ser revestido de linóleo macio e num palco onde não se ouvem os tacões dos actores por estes não possuírem sapatos sequer.
Num palco em que se enfrenta o público com receio de se enganar na deixa, de falhar ou num palco onde se enfrentam as pessoas com o estigma de quem já falhou e que, por isso, já não têm receio de voltar a falhar, porque para eles, eles sabem que falharam.
Num palco onde uma mulher recolhe uma flor do chão e agradece e num palco onde uma criança oferece o mais querido dos peluches a um rapaz que apenas o conhece da rua, por apenas gostar do seu nome, porque sentiu empatia. Este gesto que comove o rapaz e o faz querer informar-se na Unesco de como ir fazer voluntariado para Timor ou Angola, onde julga ser mais necessário lá, que neste palco frio da rua.
Num palco onde se bate palmas à actuação virtuosa do violinista russo de nome impronunciável e um palco onde se bate o dobro das palmas a alguém que decidiu cortar o cabelo para ir a uma entrevista de emprego.
Num palco onde, no final de uma boa actuação, se recebe em dinheiro ou num palco onde num final de dia de domingo se recebe em géneros.
Enfrentar a noite com uma camisa colada à pele, num chão que, para ser o mais parecido possível com o linóleo do outro teatro, se utiliza a caixa de cartão desmembrada, esparrachada, ocupando toda entrada do multibanco da zona. Multibanco onde se levanta dinheiro para a entrada do teatro ou onde se deitam, na noite, a própria noite. A noite que arrefece o cobertor que se recebeu nesse domingo de uma carrinha desconhecida que pára onde quer que estejam esses actores de rua. Uma carrinha apadrinhada pela noite, com duendes lá dentro: mágicos.com roupas, palavras, comidas, cobertores, palavras quentes que ajudam a passar melhor essa noite de domingo.
Domingo. Talvez seja esta a única expectativa desses actores. Que chegue o domingo para mostrar o João Paulo de 11 anos de gravata e sapatos a condizer. É uma espécie de agradecimento, esta maneira de nos receberem.
Num palco onde não se sabem quem são os actores ou quem é público, cruzam-se os lugares. E há domingos onde os personagens são uma massa uniforme, homogénea que actuam, sincronizados, num teatro de conformidade e segurança comuns, debaixo das mesmas paredes, virados para as mesmas cadeiras vazias, resquícios de espectadores que se levantaram das cadeiras e decidiram actuar, também, ao mesmo tempo, no palco.
Ronda dos Sem-Abrigo – 18 Dec 2005 Lia Bettencourt Gesta
Pensar e trabalhar num universo como este é tanto mais sedutor que embrenharmo-nos num mundo brilhante e sumptuoso onde as facilidades acontecem, numa rotação ainda mais acelerada e estonteante.
A vida na rua corre sem pressas, sem expectativas. É um palco, por excelência mas não o nosso. Nosso de quem lê este texto num computador, entre paredes que estão a ser pagas a um banco por 30 anos de uma vida.
A rua é um palco, uma espécie de parateatro. Um teatro paralelo àquele que se paga para ver uma quantidade de gente a actuar em cena, sincronizadamente. Gente que está morta, que finge vida mas está morta. Como as flores. As flores de uma jarra que são tão bonitas mas onde a beleza provém da morte a que pertencem: porque as flores estão cortadas no pé, mortas. Vão mirrar daqui a bocadinho. E as pessoas do palco também vão para casa, quando acabar a peça de hoje. E o pano fechar-se-á. Mas a rua não tem tecido suficiente para fechar uma cortina onde caibam todos os sem-abrigo. Neste sentido, têm muito mais liberdade que os actores do palco do quotidiano.
Num palco onde não se ouvem os passos dos actores ao entrar em cena por o solo ser revestido de linóleo macio e num palco onde não se ouvem os tacões dos actores por estes não possuírem sapatos sequer.
Num palco em que se enfrenta o público com receio de se enganar na deixa, de falhar ou num palco onde se enfrentam as pessoas com o estigma de quem já falhou e que, por isso, já não têm receio de voltar a falhar, porque para eles, eles sabem que falharam.
Num palco onde uma mulher recolhe uma flor do chão e agradece e num palco onde uma criança oferece o mais querido dos peluches a um rapaz que apenas o conhece da rua, por apenas gostar do seu nome, porque sentiu empatia. Este gesto que comove o rapaz e o faz querer informar-se na Unesco de como ir fazer voluntariado para Timor ou Angola, onde julga ser mais necessário lá, que neste palco frio da rua.
Num palco onde se bate palmas à actuação virtuosa do violinista russo de nome impronunciável e um palco onde se bate o dobro das palmas a alguém que decidiu cortar o cabelo para ir a uma entrevista de emprego.
Num palco onde, no final de uma boa actuação, se recebe em dinheiro ou num palco onde num final de dia de domingo se recebe em géneros.
Enfrentar a noite com uma camisa colada à pele, num chão que, para ser o mais parecido possível com o linóleo do outro teatro, se utiliza a caixa de cartão desmembrada, esparrachada, ocupando toda entrada do multibanco da zona. Multibanco onde se levanta dinheiro para a entrada do teatro ou onde se deitam, na noite, a própria noite. A noite que arrefece o cobertor que se recebeu nesse domingo de uma carrinha desconhecida que pára onde quer que estejam esses actores de rua. Uma carrinha apadrinhada pela noite, com duendes lá dentro: mágicos.com roupas, palavras, comidas, cobertores, palavras quentes que ajudam a passar melhor essa noite de domingo.
Domingo. Talvez seja esta a única expectativa desses actores. Que chegue o domingo para mostrar o João Paulo de 11 anos de gravata e sapatos a condizer. É uma espécie de agradecimento, esta maneira de nos receberem.
Num palco onde não se sabem quem são os actores ou quem é público, cruzam-se os lugares. E há domingos onde os personagens são uma massa uniforme, homogénea que actuam, sincronizados, num teatro de conformidade e segurança comuns, debaixo das mesmas paredes, virados para as mesmas cadeiras vazias, resquícios de espectadores que se levantaram das cadeiras e decidiram actuar, também, ao mesmo tempo, no palco.
Ronda dos Sem-Abrigo – 18 Dec 2005 Lia Bettencourt Gesta
Sites muito interessantes
Olá a todos, ontem tomei conhecimento de uma série de sites que falam de Sem Abrigo e de empresas com responsabilidade social.
Aqui vão eles:
www.feantsa.org/ (the European Federation of National Organisations working with the Homeless)
http://www.grace.pt/ (contém uma série de documentos muito interessantes)
http://www.ethos.org.br
www.pobrezazero.org
Se descobrirem mais, enviem,
Jorge
Aqui vão eles:
www.feantsa.org/ (the European Federation of National Organisations working with the Homeless)
http://www.grace.pt/ (contém uma série de documentos muito interessantes)
http://www.ethos.org.br
www.pobrezazero.org
Se descobrirem mais, enviem,
Jorge
quinta-feira, dezembro 15, 2005
licenciado sem-abrigo II
um segundo post com os últimos desenvolvimentos do caso do sr. j. pelo que me relatou a ana hoje ao telefone e depois o próprio, o sr. j foi agredido hoje de noite, enquanto dormia na já referida loja de carpetes (tentará encontrar outro sítio..). entretanto, ter-se-à deslocado à casa de um familiar (uma casa em v.n.gaia sem água nem luz) onde ocasionalmente deixava os seus pertences e terá encontrado o espaço completamente vazio. há alguns dias assaltaram a casa. “levaram tudo.. mobília e tudo..”
escrevo não para relatar o desespero dele (que foi grande.. terá falado à ana em suicídio..) mas para acrescentar algumas novidades. talvez o sr. j. possa resolver a questão do financiamento/empréstimo de €5000 sem os documentos. terá para tal de contactar uns amigos gregos (em zaragoza) envolvidos no processo e deslocar-se a lisboa para assinar o contrato. falta-lhe vestuário adequado (já arranjei um fato), contudo torna-se obsoleta a proposta que lancei no final do último post, do bilhete de autocarro para zaragoza.
entretanto, graças à simpatia de algumas pessoas que se disponibilizaram a ajudá-lo, tem já a promessa de uma senhora que lhe pagará o gasóleo para o carro, quando o recupere e possa recomeçar a trabalhar. contudo, o grande dilema dele é recuperar a viatura, instrumento imprescindível para o trabalho na área das vendas. mais uma vez me referiu que a ajuda poderá não ser mais do que um empréstimo que, nos primeiros meses em que trabalhe, se compromete a pagar.
escrevo não para relatar o desespero dele (que foi grande.. terá falado à ana em suicídio..) mas para acrescentar algumas novidades. talvez o sr. j. possa resolver a questão do financiamento/empréstimo de €5000 sem os documentos. terá para tal de contactar uns amigos gregos (em zaragoza) envolvidos no processo e deslocar-se a lisboa para assinar o contrato. falta-lhe vestuário adequado (já arranjei um fato), contudo torna-se obsoleta a proposta que lancei no final do último post, do bilhete de autocarro para zaragoza.
entretanto, graças à simpatia de algumas pessoas que se disponibilizaram a ajudá-lo, tem já a promessa de uma senhora que lhe pagará o gasóleo para o carro, quando o recupere e possa recomeçar a trabalhar. contudo, o grande dilema dele é recuperar a viatura, instrumento imprescindível para o trabalho na área das vendas. mais uma vez me referiu que a ajuda poderá não ser mais do que um empréstimo que, nos primeiros meses em que trabalhe, se compromete a pagar.
wrote by carlos machado e moura at 19:11
quarta-feira, dezembro 14, 2005
1ª Crónica de 11.12.05 (Batalha)
Depois da reunião no CREU, onde ficamos com contactos valiosissimos, partimos para as paragens do costume.
Na Sé, nada de nada... Será que o Sr E. continua internado? Terá a assistente social do hospital orientado o senhor? A esclarecer nos próximos capítulos...
Em Alexandre Herculano, para nosso espanto, ninguém na "vivenda"! Depois de umas apitadelas, lá apareceu o J., vindo do "apartamento" em frente. Continua a dormir no prédio abandonado. Já tem a certidão de nascimento mas está preguiçoso, ainda não foi tratar do BI. Está a precisar de energia!!
Apareceu também o M.. Continua na pensão. Está a trabalhar num restaurante em Matosinhos, almoço e jantar incluídos; já lhe pagaram a 1ª semana de trabalho; adiantou algum na pensão e guardou o resto; está de olho num apartamento lá prós lados do restaurante, dentro do orçamento. É bom vê-lo com projectos!
O J. e a C. trouxeram boas notícias! Estão numa pensão graças à assistente social. A C. está a trabalhar num restaurante ali perto, gosta do ambiente e de estar activa outra vez! O J. está à espera de resposta de vários sitios onde se mostrou interessado. Que continuem nesta boa onda!
O ZC, que já conheciamos da Sé, também veio ao saquinho, ao cafézinho e a dois dedos de conversa. Está tb no prédio abandonado, assim como mais uns 7 ou 8. Parece que a maioria deles são toxicodependentes. Mandamos recado para descerem todos os que quiserem na próxima semana.
O E. e o A. não estavam. Foram durante 10 dias pró CAT. Rezemos para que lhes corra bem!
Entretanto tivemos visita de 2 caras novas. Uma delas foi tão rápida que nem deu pra nos lembrarmos do nome. É conhecida do J. Foi buscar o saco e pirou-se. A investigar na próxima ronda...
A T., de 30 e poucos anos mas com aspecto de mais alguns, veio de mansinho, bebeu o café quentinho e,depois de ver que eramos malta porreira :-), contou-nos algumas desventuras da vida. Uma relação complicada com a mãe, um casamento que correu mal, consumo de drogas, 2 filhos que estão sob a custódia da avó e que não pôde ver no fim de semana porque a mãe "não estava prá aturar"... Chorou, purgou um bocado a revolta e a tristeza que a consomem... Insiste em ajudar alguns "amigos", mas tem-se esquecido dela própria. Tentamos fazê-la ver que vale a pena lutar, que ela vale a pena! Vai aparecer na missa; lá estaremos pra lhe dar força!
Seguimos para o Silo. P. e R.? Nem vê-los! Lá estão as mantinhas e os seus haveres. Já não estamos com eles há 2 semanas. Como andarão? Será que o P. continua com vontade de mudar de vida?
Nas traseiras, estivemos com o Sr J. e o N.. A D R. estava com dor de dentes, nem aceitou um cafézinho. O Sr J. pediu ajuda com papelada (quer renovar o BI). Perguntamos acerca do emprego. Respostas evasivas... O N. vai passar o Natal à aldeia com a família; vem uma tia buscá-lo. Mas não vai para ficar! O fascínio deste rapaz pela Invicta vai trazê.lo de volta já para a passagem de ano! Apesar de benfiquista, lá continua a arrumar carros nas Antas, com o "pai adoptivo".
O M. estava a "namorar" (quem foi á reunião sabe ao que me refiro). Deixamos-lhe o saco e seguimos para o Aleixo, onde voaram os restantes...
Oramos por 3 almas que se foram...
E marcamos rendez-vous para a próxima 4ª, na Trindade.
Até lá, Renata.
Na Sé, nada de nada... Será que o Sr E. continua internado? Terá a assistente social do hospital orientado o senhor? A esclarecer nos próximos capítulos...
Em Alexandre Herculano, para nosso espanto, ninguém na "vivenda"! Depois de umas apitadelas, lá apareceu o J., vindo do "apartamento" em frente. Continua a dormir no prédio abandonado. Já tem a certidão de nascimento mas está preguiçoso, ainda não foi tratar do BI. Está a precisar de energia!!
Apareceu também o M.. Continua na pensão. Está a trabalhar num restaurante em Matosinhos, almoço e jantar incluídos; já lhe pagaram a 1ª semana de trabalho; adiantou algum na pensão e guardou o resto; está de olho num apartamento lá prós lados do restaurante, dentro do orçamento. É bom vê-lo com projectos!
O J. e a C. trouxeram boas notícias! Estão numa pensão graças à assistente social. A C. está a trabalhar num restaurante ali perto, gosta do ambiente e de estar activa outra vez! O J. está à espera de resposta de vários sitios onde se mostrou interessado. Que continuem nesta boa onda!
O ZC, que já conheciamos da Sé, também veio ao saquinho, ao cafézinho e a dois dedos de conversa. Está tb no prédio abandonado, assim como mais uns 7 ou 8. Parece que a maioria deles são toxicodependentes. Mandamos recado para descerem todos os que quiserem na próxima semana.
O E. e o A. não estavam. Foram durante 10 dias pró CAT. Rezemos para que lhes corra bem!
Entretanto tivemos visita de 2 caras novas. Uma delas foi tão rápida que nem deu pra nos lembrarmos do nome. É conhecida do J. Foi buscar o saco e pirou-se. A investigar na próxima ronda...
A T., de 30 e poucos anos mas com aspecto de mais alguns, veio de mansinho, bebeu o café quentinho e,depois de ver que eramos malta porreira :-), contou-nos algumas desventuras da vida. Uma relação complicada com a mãe, um casamento que correu mal, consumo de drogas, 2 filhos que estão sob a custódia da avó e que não pôde ver no fim de semana porque a mãe "não estava prá aturar"... Chorou, purgou um bocado a revolta e a tristeza que a consomem... Insiste em ajudar alguns "amigos", mas tem-se esquecido dela própria. Tentamos fazê-la ver que vale a pena lutar, que ela vale a pena! Vai aparecer na missa; lá estaremos pra lhe dar força!
Seguimos para o Silo. P. e R.? Nem vê-los! Lá estão as mantinhas e os seus haveres. Já não estamos com eles há 2 semanas. Como andarão? Será que o P. continua com vontade de mudar de vida?
Nas traseiras, estivemos com o Sr J. e o N.. A D R. estava com dor de dentes, nem aceitou um cafézinho. O Sr J. pediu ajuda com papelada (quer renovar o BI). Perguntamos acerca do emprego. Respostas evasivas... O N. vai passar o Natal à aldeia com a família; vem uma tia buscá-lo. Mas não vai para ficar! O fascínio deste rapaz pela Invicta vai trazê.lo de volta já para a passagem de ano! Apesar de benfiquista, lá continua a arrumar carros nas Antas, com o "pai adoptivo".
O M. estava a "namorar" (quem foi á reunião sabe ao que me refiro). Deixamos-lhe o saco e seguimos para o Aleixo, onde voaram os restantes...
Oramos por 3 almas que se foram...
E marcamos rendez-vous para a próxima 4ª, na Trindade.
Até lá, Renata.
terça-feira, dezembro 13, 2005
licenciado sem-abrigo
venho falar-lhes de um caso que gostaria que fosse discutido na próxima reunião (quinta, 15 dezembro), na qual não poderei comparecer. trata-se do caso do sr. j. que dorme na av. boavista, numa loja de alcatifas no gaveto com agramonte e é regularmente visitado pela ronda da areosa. habitualmente pouco conversador, teve ocasião de no passado domingo se encontrar connosco no aleixo, onde "estava mais à vontade para desabafar e contar a história dele".
já sabia (de uma das rondas da areosa em que participei) que o sr. j. é licenciado em marketing e vendas, fala 6 idiomas e é sem-abrigo por um azar que a vida lhe pregou há cerca de um ano. fiquei agora a par do resto da história e vou partilhá-la para que se possam pronunciar da pertinência de lançar um projecto para o ajudar.
pelo que percebi, o sr. j. morava com a esposa e o filho de 2 anos em zaragoza, onde ainda tem uma casa. motivado pela mulher, que queria regressar ao porto, veio até cá, onde se tentou estabelecer, tendo concorrido a um projecto de financiamento com uma proposta de montar um restaurante grego, para o qual dispunha já do material necessário. a proposta foi aprovada e foram-lhe atribuídos €5000. contudo, a uma semana da assinatura do contrato, terá sido assaltado tendo ficado sem dinheiro e sem os documentos, imprescindíveis para a concretização do processo.
de forma progressiva, foi-se tornando sem-abrigo. inicialmente ainda terá conseguido trabalhar como vendedor (optimus, uma firma espanhola, etc), mas a crescente dificuldade em manter-se asseado e apresentável impediu-o de continuar o trabalho na área. terá tentado recorrer a ajudas, mas pôde facilmente concluir que “em portugal só se ajudam os toxicodependentes”. tendo sido toxicodependente há muitos anos atrás, não teve dificuldades em fazer-se passar por um, apresentando-se num cat para ter acesso às inúmeras regalias que a estes são atribuídas. contudo, foi atraiçoado pelas análises que lhe negaram a toxicodependência e deitaram o plano por terra..
o apelo que nos fez o sr. j. foi o de montar um projecto que lhe permitisse dispôr de cerca de €350, verba necessária para recuperar o automóvel (toledo tdi a gasóleo), actualmente parado num mecânico. para além de lhe ser imprescindível para trabalhar, o automóvel servir-lhe-ia para deslocar-se a zaragoza, onde faria novos documentos que, por sua vez, lhe permitiriam alcançar a quantia que o projecto de financiamento lhe atribuiu.
deixo este tema à discussão sugerindo, obviamente, o cuidado e as reservas que uma história do género sempre requerem. imagino que seja útil falar com o sr. j. para cobrir os buracos na história que me relatou e, no caso de se decidir avançar com alguma coisa, ponderar algumas hipóteses alternativas.. um bilhete de autocarro para zaragoza para começar por resolver a questão dos documentos, por exemplo..
já sabia (de uma das rondas da areosa em que participei) que o sr. j. é licenciado em marketing e vendas, fala 6 idiomas e é sem-abrigo por um azar que a vida lhe pregou há cerca de um ano. fiquei agora a par do resto da história e vou partilhá-la para que se possam pronunciar da pertinência de lançar um projecto para o ajudar.
pelo que percebi, o sr. j. morava com a esposa e o filho de 2 anos em zaragoza, onde ainda tem uma casa. motivado pela mulher, que queria regressar ao porto, veio até cá, onde se tentou estabelecer, tendo concorrido a um projecto de financiamento com uma proposta de montar um restaurante grego, para o qual dispunha já do material necessário. a proposta foi aprovada e foram-lhe atribuídos €5000. contudo, a uma semana da assinatura do contrato, terá sido assaltado tendo ficado sem dinheiro e sem os documentos, imprescindíveis para a concretização do processo.
de forma progressiva, foi-se tornando sem-abrigo. inicialmente ainda terá conseguido trabalhar como vendedor (optimus, uma firma espanhola, etc), mas a crescente dificuldade em manter-se asseado e apresentável impediu-o de continuar o trabalho na área. terá tentado recorrer a ajudas, mas pôde facilmente concluir que “em portugal só se ajudam os toxicodependentes”. tendo sido toxicodependente há muitos anos atrás, não teve dificuldades em fazer-se passar por um, apresentando-se num cat para ter acesso às inúmeras regalias que a estes são atribuídas. contudo, foi atraiçoado pelas análises que lhe negaram a toxicodependência e deitaram o plano por terra..
o apelo que nos fez o sr. j. foi o de montar um projecto que lhe permitisse dispôr de cerca de €350, verba necessária para recuperar o automóvel (toledo tdi a gasóleo), actualmente parado num mecânico. para além de lhe ser imprescindível para trabalhar, o automóvel servir-lhe-ia para deslocar-se a zaragoza, onde faria novos documentos que, por sua vez, lhe permitiriam alcançar a quantia que o projecto de financiamento lhe atribuiu.
deixo este tema à discussão sugerindo, obviamente, o cuidado e as reservas que uma história do género sempre requerem. imagino que seja útil falar com o sr. j. para cobrir os buracos na história que me relatou e, no caso de se decidir avançar com alguma coisa, ponderar algumas hipóteses alternativas.. um bilhete de autocarro para zaragoza para começar por resolver a questão dos documentos, por exemplo..
wrote by carlos machado e moura at 23:20
segunda-feira, dezembro 12, 2005
FESTA DE NATAL CANDEMIL 18DEZ
O projecto das aldeias terá o seu início formalizado no próximo domingo 18dez.
Partiremos cedo porque haverá uma festa de natal a preparar. De manhã celebramos eucaristia lá e depois temos um tempo para ultimar a festa que começa às 14h30.
Partiremos cedo porque haverá uma festa de natal a preparar. De manhã celebramos eucaristia lá e depois temos um tempo para ultimar a festa que começa às 14h30.
quinta-feira, dezembro 08, 2005
Crónica da ronda 4.12.2005 (Areosa)
Mais uma noite, na noite do Porto!!!
Areosa O relógio já há alguns minutos tinha ultrapassado as 22 e 30, quando chegamos à rotunda da Areosa. Iniciávamos ali mais uma ronda, por sinal a minha primeira. Como habitual dirigimo-nos até junto do refúgio habitual do Sr. M. e do Sr. J. mas, qual o nosso espanto quando, em poucos trajes, estava outra pessoa de todos desconhecida. Enquanto eu me dirigi até ela, as minhas colegas ficaram junto do Sr. M., que parecia já ter entrado no sétimo sono. Descobri que se chamava F. e que naquele momento apenas aguardava que a D. Gabi – que habita paredes-meias – lhe trouxesse um pratinho de sopa, para lhe aquecer o corpo e a alma. Apesar de ter tentado algum diálogo, acabei por deixar o saco e ouvir do Sr. F. um “Obrigado”. Do outro lado, já o Sr. M. dava duas de prosa, sempre com o seu espírito alegre e de piada fina, quando nos disse que outro dos inquilinos, o Sr. J., se tinha ausentado, mas que voltaria…pelo que lhe confiamos o saco para o amigo.
Fernão de Magalhães Três sinais sonoros! De pronto o Sr. J. e esposa reivindicaram do quarto andar a sua presença e, não demorando mais que um instante, o Sr. J. chegou junto de nós, com um sorriso nos lábios e uma satisfação visível pela nossa chegada. Pediu um saquito para a sua esposa e também para um amigo que, ausente por trabalho, havia pedido também guarnição. Não demorou muito chegou a D. D., também ela a necessitar de um cafezito quente e do seu saco de mantimentos. O Sr. JM não se encontrava em casa, esta noite…
St.ª Catarina Coincidência das coincidências, a porta da repartição das finanças é residência habitual do Sr. D.. Ele que, já envolvido pelo sono, lá acordou à nossa chegada. A Raquel e a Ana foram perguntando, o porquê de ele não ter aparecido na sexta-feira, conforme haviam combinado… pelo que a resposta se foi enrolando pelo sono que o afectava. Perante alguma insistência, foi tomando um cafezito quente e visionando algumas roupas que lhe havíamos dado.
Trindade Nesta paragem, tempo apenas para levar um café e o saquito de mantimentos ao Sr. F. e, num tom algo imperceptível, dar dois dedos de conversa…
D. João I Poucos minutos depois de o grupo do nosso colega Fernando ter passado, lá chegamos à Praça D. João I. Neste local, três pessoas dividiam o espaço de uma das entradas do edifício “Millenium”. Iniciada uma pequena prosa com a D. S. e com o Sr. L., lá foi chegando o Sr. M.… que desde logo tomou a nossa atenção, com as duas desventuras e, sem acusar ninguém, com a sua triste sina.
Boavista Ao cimo desta avenida, fizemos uma pequena paragem mas, sem sucesso. O nosso amigo estava envolvido no sono de pés e cabeça. Metros mais à frente paramos novamente, desta feita eram dois, os amigos com os quais íamos falar. A. e S. de seus nomes, que lá nos pediram uns cobertores… pedido que não podemos satisfazer. Mas, tentamos compensar com uns mantimentos e com um cafezito para aquecer o corpo.
Aleixo Neste local de reunião dos diversos grupos, quero apenas falar sobre uma vida que, relatada na primeira pessoa, me deixou bastante consternado. A menina S., na jovialidade dos seus 19 anos, já tem mais histórias para contar, que muitos de nós nunca iremos sequer pensar. Mas aquilo que mais me ficou na memória, foram estas palavras… “O meu sonho era ter uma casa, aonde pudesse viver. Mas preciso de alguém que me ajude, para poder sair deste buraco…”
Areosa O relógio já há alguns minutos tinha ultrapassado as 22 e 30, quando chegamos à rotunda da Areosa. Iniciávamos ali mais uma ronda, por sinal a minha primeira. Como habitual dirigimo-nos até junto do refúgio habitual do Sr. M. e do Sr. J. mas, qual o nosso espanto quando, em poucos trajes, estava outra pessoa de todos desconhecida. Enquanto eu me dirigi até ela, as minhas colegas ficaram junto do Sr. M., que parecia já ter entrado no sétimo sono. Descobri que se chamava F. e que naquele momento apenas aguardava que a D. Gabi – que habita paredes-meias – lhe trouxesse um pratinho de sopa, para lhe aquecer o corpo e a alma. Apesar de ter tentado algum diálogo, acabei por deixar o saco e ouvir do Sr. F. um “Obrigado”. Do outro lado, já o Sr. M. dava duas de prosa, sempre com o seu espírito alegre e de piada fina, quando nos disse que outro dos inquilinos, o Sr. J., se tinha ausentado, mas que voltaria…pelo que lhe confiamos o saco para o amigo.
Fernão de Magalhães Três sinais sonoros! De pronto o Sr. J. e esposa reivindicaram do quarto andar a sua presença e, não demorando mais que um instante, o Sr. J. chegou junto de nós, com um sorriso nos lábios e uma satisfação visível pela nossa chegada. Pediu um saquito para a sua esposa e também para um amigo que, ausente por trabalho, havia pedido também guarnição. Não demorou muito chegou a D. D., também ela a necessitar de um cafezito quente e do seu saco de mantimentos. O Sr. JM não se encontrava em casa, esta noite…
St.ª Catarina Coincidência das coincidências, a porta da repartição das finanças é residência habitual do Sr. D.. Ele que, já envolvido pelo sono, lá acordou à nossa chegada. A Raquel e a Ana foram perguntando, o porquê de ele não ter aparecido na sexta-feira, conforme haviam combinado… pelo que a resposta se foi enrolando pelo sono que o afectava. Perante alguma insistência, foi tomando um cafezito quente e visionando algumas roupas que lhe havíamos dado.
Trindade Nesta paragem, tempo apenas para levar um café e o saquito de mantimentos ao Sr. F. e, num tom algo imperceptível, dar dois dedos de conversa…
D. João I Poucos minutos depois de o grupo do nosso colega Fernando ter passado, lá chegamos à Praça D. João I. Neste local, três pessoas dividiam o espaço de uma das entradas do edifício “Millenium”. Iniciada uma pequena prosa com a D. S. e com o Sr. L., lá foi chegando o Sr. M.… que desde logo tomou a nossa atenção, com as duas desventuras e, sem acusar ninguém, com a sua triste sina.
Boavista Ao cimo desta avenida, fizemos uma pequena paragem mas, sem sucesso. O nosso amigo estava envolvido no sono de pés e cabeça. Metros mais à frente paramos novamente, desta feita eram dois, os amigos com os quais íamos falar. A. e S. de seus nomes, que lá nos pediram uns cobertores… pedido que não podemos satisfazer. Mas, tentamos compensar com uns mantimentos e com um cafezito para aquecer o corpo.
Aleixo Neste local de reunião dos diversos grupos, quero apenas falar sobre uma vida que, relatada na primeira pessoa, me deixou bastante consternado. A menina S., na jovialidade dos seus 19 anos, já tem mais histórias para contar, que muitos de nós nunca iremos sequer pensar. Mas aquilo que mais me ficou na memória, foram estas palavras… “O meu sonho era ter uma casa, aonde pudesse viver. Mas preciso de alguém que me ajude, para poder sair deste buraco…”
wrote by francisco mahazito at 22:30
quarta-feira, dezembro 07, 2005
2ª Crónica da ronda 4.12.05 (Batalha)
A possibilidade de uma Noite de Rondas menos participada em virtude do fim de semana “After Xav” acabou por não se confirmar. Às 22h00 estávamos os suficientes para, como habitual, partirmos rumo às diferentes paragens.
Na Sé, contrastando com o que se passara na semana anterior, não apareceu ninguém, pouco movimento, tudo muito morto.
Já em Alexandre Herculano fomos como sempre bem recebidos, ficando a sensação de que já existe uma “relação” com este grupo. Nota para o café - que ninguém recusa – e para o sucesso do reforço proveniente da Pastelaria Tavi.
Entretanto, uma cara nova: o sr. JM, “20 anos de rua”, amargura, tristeza e revolta qb mereceram a nossa atenção, bem como a do grupo do sr. F. que também apareceu.
Pena foi não termos estado com o E., que deve ter iniciado esta última Terça-feira um programa de desintoxicação do “Porto Feliz”. Queríamos dar-lhe mais uma vez aquela força... Esperamos que consiga vencer esta primeira batalha.
O esforço para tentar perceber a situação de cada um não se tem mostrado totalmente infrutífero o que diminui as dificuldades associadas às tentativas de ajuda. Por outro lado, é de realçar a aplicação suplementar empreendida por alguns no sentido de materializar o espírito destas Rondas durante a semana, nomeadamente com as idas à Segurança Social.
No Silo Auto, voltámos a não encontrar ninguém dos que procurávamos, muito embora e infelizmente acabe por surgir sempre alguém semi-escondido debaixo de um qualquer tecto mais abandonado.
Paragem ainda no Foco. Era dia de aniversário... parabéns ao M. pelos seus 30 anos, apesar de parte deles dedicados à droga e passados na rua.
Azáfama final no Aleixo e por fim, já perto das 2h00 da manhã, encerrou-se mais uma Ronda, não sem antes se acertar detalhes acerca da missa do próximo dia 14 e da desde já intitulada “Campanha de Cobertores”.
Na Sé, contrastando com o que se passara na semana anterior, não apareceu ninguém, pouco movimento, tudo muito morto.
Já em Alexandre Herculano fomos como sempre bem recebidos, ficando a sensação de que já existe uma “relação” com este grupo. Nota para o café - que ninguém recusa – e para o sucesso do reforço proveniente da Pastelaria Tavi.
Entretanto, uma cara nova: o sr. JM, “20 anos de rua”, amargura, tristeza e revolta qb mereceram a nossa atenção, bem como a do grupo do sr. F. que também apareceu.
Pena foi não termos estado com o E., que deve ter iniciado esta última Terça-feira um programa de desintoxicação do “Porto Feliz”. Queríamos dar-lhe mais uma vez aquela força... Esperamos que consiga vencer esta primeira batalha.
O esforço para tentar perceber a situação de cada um não se tem mostrado totalmente infrutífero o que diminui as dificuldades associadas às tentativas de ajuda. Por outro lado, é de realçar a aplicação suplementar empreendida por alguns no sentido de materializar o espírito destas Rondas durante a semana, nomeadamente com as idas à Segurança Social.
No Silo Auto, voltámos a não encontrar ninguém dos que procurávamos, muito embora e infelizmente acabe por surgir sempre alguém semi-escondido debaixo de um qualquer tecto mais abandonado.
Paragem ainda no Foco. Era dia de aniversário... parabéns ao M. pelos seus 30 anos, apesar de parte deles dedicados à droga e passados na rua.
Azáfama final no Aleixo e por fim, já perto das 2h00 da manhã, encerrou-se mais uma Ronda, não sem antes se acertar detalhes acerca da missa do próximo dia 14 e da desde já intitulada “Campanha de Cobertores”.
wrote by manuel coelho at 23:30
Crónica da ronda 4/Dez (Batalha)
A chuva espreitava na noite fria, o inverno chega sem pedir licença - é a hora do frio, era também a nossa hora. Aos poucos aconchegamo-nos à porta da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, comentava-se o que cada um tinha trazido - muita comida, desta vez, café quente também, e um "brilhozinho nos olhos" traduzido em vontade de ajudar. A oração devolvia-nos as forças que o frio tinha roubado, e empurrava-nos cheios de ânimo para dentro dos carros. Começava a ronda.
Primeira passagem rápida pelo Palácio (voltamos a não encontrar ninguém, nem vestígios sequer, desistimos de voltar - o segurança de um dos prédios confirmou: àquela hora dificilmente "o" encontraríamos); seguimos para a Sé - teria voltado o Sr. E.? estaria à nossa espera o mar de gente que nos surpreendeu na semana anterior?
Ninguém, de novo (o Sr. E. não voltara - bom ou mau sinal?). Esperámos dentro dos carros até que apareceu o C., com o mesmo ar afável, apesar de ter ficado sem direito às refeições numa casa de apoio em Gaia. Irá esta semana à segurança social pedir comprovativos da sua situação social - foi espantoso saber que o C. está desde Março do ano passado sem consumir drogas (com a ajuda preciosa dos medicamentos), e ainda perceber-lhe uma certa repugnação pela vida de toxicodependente que não pretende voltar a viver. Seguimos para Alexandre Herculano - nem suspeitávamos das surpresas à nossa espera...
A "vivenda Silva" estava arrumada, sem ponta de cartão ou cobertor, no seu lugar o M. explicava que passou a morar na mesma pensão que o J. e a C., quarto pago por um-advogado-amigo-de-um-tio-que-resolveu-ajudá-lo... "a vida vai dar uma volta de 360 graus" anunciava, esperançoso ("esperemos que não", pensei eu, na minha parca sabedoria trigonométrica...). O J. tinha ido morar para o prédio em frente (a descrição que nos fizeram do local foi tudo menos apaziguadora). Depois de alguns berros lá desceu, ensonado, renovado por fora (inexplicavelmente com roupa novinha em folha, assim como o M.) e também por dentro: tinha ligado à mãe, que lhe enviasse a certidão de nascimento (para a morada de uma vizinha) a fim de se inscrever na Segurança Social. Faltou descobrir se foi só a chuva que o empurrou para o assustador prédio, ou se mais alguma coisa sucedeu para que tomasse iniciativa de começar a pensar em sair da rua.
O J. e a C. queixaram-se de ameaças feitas pela dona da pensão quando soube que tinham tentado inscrever-se na Segurança Social...notámos, novamente, um tom de revolta nas palavra do J. que deu a entender não querer ficar lá por muito mais tempo - não conseguimos descortinar o porquê... A C. ía a uma entrevista esta semana e insite no passe dos STCP - Matosinhos tem mais oferta de trabalho, sobretudo cafetaria e cozinha, áreas em que se sente mais à vontade.
Apareceu também o F., bem disposto e de barriga cheia, já não quis comer nada. Sentado nos degraus estava o Sr. J. (de passagem?), bêbado que nem um cacho, barafustando contra tudo e todos - muitíssimo mal humorado! Está na rua há 20 anos...caso sério.
Espreitamos a esquina, estava lá o A. embrulhado em cobertores. Aceitou café e bolos (os bolos que o Rodrigo levou foram preciosos!). Continua motivado para o Porto Feliz que começaria na 3ª feira, dia 6, com o E.. Prometeu aparecer dali a 10 dias, depois do tratamento - já pensa num futuro emprego no estrangeiro, "longe daqui", não vá o diabo tecê-las...(esperemos que corra tudo bem!)
No Siloauto só encontramos "mobília"...passamos no JN, também não encontramos ninguém. Rumamos, então, ao Foco..
O M. fazia anos, 30! Enquanto o comprimentávamos fomos repentinamente interpelados por um rapaz supostamente pertencente a uma instituição de apoio a toxicodependentes... a minha ingenuidade deu-lhe 2 euros (para fúria do M., que já o conhece e sabe com quantos dentes nos mentiu). Depois de alguma chantagem emocional ("os piores é que têm sempre sorte...!") e com o dia de anos jogando a seu favor, lá ficou com um cachecol, umas meias, e umas luvas - não se livrando da oportuna reprimenda da Mónica (durante a semana tinha já recebido vários presentes nossos, era altura de parar a resmunguice). Depois saiu disparado na sua bicicleta - a ressaca já tinha avançado demais - e com o Natal à porta o melhor era mesmo não parar, não pensar muito (na namorada, nos filhos...).
No Aleixo a noite é sempre mais fria e ventosa. As caras enrugadas e os corpos magros surgem como formigas irrequietas. Cumpre-se o ditame: "depois do Aleixo nada sobra". E com os últimos sacos se vão os bolos do Rodrigo, os cafés, as últimas palavras de consolo, os últimos desabafos - as últimas forças - e, "fechando o ciclo", a oração, que bebemos juntos como chá quente à volta de uma Fogueira.
joão bateira
Primeira passagem rápida pelo Palácio (voltamos a não encontrar ninguém, nem vestígios sequer, desistimos de voltar - o segurança de um dos prédios confirmou: àquela hora dificilmente "o" encontraríamos); seguimos para a Sé - teria voltado o Sr. E.? estaria à nossa espera o mar de gente que nos surpreendeu na semana anterior?
Ninguém, de novo (o Sr. E. não voltara - bom ou mau sinal?). Esperámos dentro dos carros até que apareceu o C., com o mesmo ar afável, apesar de ter ficado sem direito às refeições numa casa de apoio em Gaia. Irá esta semana à segurança social pedir comprovativos da sua situação social - foi espantoso saber que o C. está desde Março do ano passado sem consumir drogas (com a ajuda preciosa dos medicamentos), e ainda perceber-lhe uma certa repugnação pela vida de toxicodependente que não pretende voltar a viver. Seguimos para Alexandre Herculano - nem suspeitávamos das surpresas à nossa espera...
A "vivenda Silva" estava arrumada, sem ponta de cartão ou cobertor, no seu lugar o M. explicava que passou a morar na mesma pensão que o J. e a C., quarto pago por um-advogado-amigo-de-um-tio-que-resolveu-ajudá-lo... "a vida vai dar uma volta de 360 graus" anunciava, esperançoso ("esperemos que não", pensei eu, na minha parca sabedoria trigonométrica...). O J. tinha ido morar para o prédio em frente (a descrição que nos fizeram do local foi tudo menos apaziguadora). Depois de alguns berros lá desceu, ensonado, renovado por fora (inexplicavelmente com roupa novinha em folha, assim como o M.) e também por dentro: tinha ligado à mãe, que lhe enviasse a certidão de nascimento (para a morada de uma vizinha) a fim de se inscrever na Segurança Social. Faltou descobrir se foi só a chuva que o empurrou para o assustador prédio, ou se mais alguma coisa sucedeu para que tomasse iniciativa de começar a pensar em sair da rua.
O J. e a C. queixaram-se de ameaças feitas pela dona da pensão quando soube que tinham tentado inscrever-se na Segurança Social...notámos, novamente, um tom de revolta nas palavra do J. que deu a entender não querer ficar lá por muito mais tempo - não conseguimos descortinar o porquê... A C. ía a uma entrevista esta semana e insite no passe dos STCP - Matosinhos tem mais oferta de trabalho, sobretudo cafetaria e cozinha, áreas em que se sente mais à vontade.
Apareceu também o F., bem disposto e de barriga cheia, já não quis comer nada. Sentado nos degraus estava o Sr. J. (de passagem?), bêbado que nem um cacho, barafustando contra tudo e todos - muitíssimo mal humorado! Está na rua há 20 anos...caso sério.
Espreitamos a esquina, estava lá o A. embrulhado em cobertores. Aceitou café e bolos (os bolos que o Rodrigo levou foram preciosos!). Continua motivado para o Porto Feliz que começaria na 3ª feira, dia 6, com o E.. Prometeu aparecer dali a 10 dias, depois do tratamento - já pensa num futuro emprego no estrangeiro, "longe daqui", não vá o diabo tecê-las...(esperemos que corra tudo bem!)
No Siloauto só encontramos "mobília"...passamos no JN, também não encontramos ninguém. Rumamos, então, ao Foco..
O M. fazia anos, 30! Enquanto o comprimentávamos fomos repentinamente interpelados por um rapaz supostamente pertencente a uma instituição de apoio a toxicodependentes... a minha ingenuidade deu-lhe 2 euros (para fúria do M., que já o conhece e sabe com quantos dentes nos mentiu). Depois de alguma chantagem emocional ("os piores é que têm sempre sorte...!") e com o dia de anos jogando a seu favor, lá ficou com um cachecol, umas meias, e umas luvas - não se livrando da oportuna reprimenda da Mónica (durante a semana tinha já recebido vários presentes nossos, era altura de parar a resmunguice). Depois saiu disparado na sua bicicleta - a ressaca já tinha avançado demais - e com o Natal à porta o melhor era mesmo não parar, não pensar muito (na namorada, nos filhos...).
No Aleixo a noite é sempre mais fria e ventosa. As caras enrugadas e os corpos magros surgem como formigas irrequietas. Cumpre-se o ditame: "depois do Aleixo nada sobra". E com os últimos sacos se vão os bolos do Rodrigo, os cafés, as últimas palavras de consolo, os últimos desabafos - as últimas forças - e, "fechando o ciclo", a oração, que bebemos juntos como chá quente à volta de uma Fogueira.
joão bateira
terça-feira, dezembro 06, 2005
também já sou bloguista!
Pela primeira vez, estou a escrever num blog!
Tive pena de não ter estado na última ronda...espero que tenha corrido bem!
O motivo foi bastante válido...celebrar a vida de S. Francisco Xaxier!
Correu tudo muito bem e no final, por coincidência, ao mesmo tempo que começava a ronda no Porto, também em cernache, os que foram ao after-xav e que fazem parte do Fas, estavam a trabalhar mas de outra forma - a limpar o refeitório! Foi bom!
Abraços para todos + + + filipe
Tive pena de não ter estado na última ronda...espero que tenha corrido bem!
O motivo foi bastante válido...celebrar a vida de S. Francisco Xaxier!
Correu tudo muito bem e no final, por coincidência, ao mesmo tempo que começava a ronda no Porto, também em cernache, os que foram ao after-xav e que fazem parte do Fas, estavam a trabalhar mas de outra forma - a limpar o refeitório! Foi bom!
Abraços para todos + + + filipe
Crónica da ronda 4.12.2005 (St.ªCatarina)
Embora livre em relação a todos, fiz-me servo de todos, para ganhar o maior número. Fiz-me fraco com os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a qualquer custo. (Carta de S. Paulo aos Coríntios, 9, 19; 22-23)
Mesmo com o "desfalque" proporcionado pelo After-Xav 2005, as rondas foram asseguradas por bastantes aderentes. No grupo de St.ª Catarina, tivémos que mobilizar dois carros, cada um com quatro elementos. Contámos com três novas participações que mostraram interesse em se "inscrever" e continuar. Tratou-se da Raquel que estuda na E.S.E. e está a desenvolver um trabalho curricular com a Joana Inês sobre os Sem-Abrigo; o Luís McDade ex-catequista do Centro de Catequese de N.ª Sr.ª de Fátima, dos Jesuítas do Porto; e o Francisco Miguel, colaborador da AMI e do INEM, já com experiência de rua e missionária.
O primeiro destino foi o edifício da Câmara Municipal do Porto. Tínhamos tido indicações da presença de sem-abrigo, que por lá pernoitavam. Numa volta criteriosa ao edifício não encontrámos ninguém. Seguímos para a Pç. D. João I, edifício sede do Banco Comercial Português. Na soleira de uma sucursal desactivada do banco, encontrámos seis pessoas, com "um apartamento montado que mais parecia um loft" (sic). Foi a primeira paragem da noite com distribuição de sacos individuais e café com leite que, por ainda estar tão quente, queimou alguns mais afoitos. Houve tempo para ouvir a história da vida de um recente toxicodependente com grande experiência de pastelaria, mas que uma má experiência no último trabalho desanimou o suficiente para não considerar a possibilidade de procurar outro emprego. Entretanto já passava das onze horas, pelo que não arriscámos passar por aquele senhor que dorme "stressado" com as horas a que se tem de levantar no dia seguinte.
Seguimos para a rua de St.ª Catarina. Lá estivémos com o sr. P. que continua na pensão e a trabalhar na construção civil. Confidenciou-nos que o chefe está contente com ele e que a actividade o tem motivado muito para a vida. Fomos ter com o sr. Z. que tinha um amigo novo ao lado. Este só quis conversar pouco antes da meia-noite, altura em que nos íamos embora. Quando ali estávamos, apareceu-nos a D. E. e o marido, sr. F., a refilar por termos ficado por ali e não termos subido a rua até casa dela. Transmitimos-lhe que vai haver uma eucaristia no dia 14 e que gostávamos de a levar lá com o marido. Pediu-nos mais medicamentos e falou-nos das suas maleitas que continuam. Última paragem, mais acima ainda, para ouvir a T. e deixar alguma coisa ao sr. P.. Este, desta feita, aceitou um saco e café com leite quente. Aquela retomou a estória da rainha dos bichos da seda, a que todos assistimos sentados no chão em semi-círculo.
Aproximava-se a uma hora da manhã e considerámos ser melhor ir até ao Jardim do Carregal, onde ainda estivémos com o grupo do Fernando. Aí já estava a acabar a distribuição, mas ainda houve tempo para apresentar a Raquel Henriques à Anita, que vai passar a acompanhar no estudo e nos trabalhos da escola.
A ronda terminou no Bairro do Aleixo, onde tivémos oportunidade de distribuir bolos, pasteís doces e salgados, que altruisticamente algumas pastelarias do Grande Porto nos têm dispensado para este fim. Fica sempre a sensação de que era pouco... Há sempre mais alguém que gostaría de tomar um café, beber um leite ou comer um pouco de bolo-rei.
Mesmo com o "desfalque" proporcionado pelo After-Xav 2005, as rondas foram asseguradas por bastantes aderentes. No grupo de St.ª Catarina, tivémos que mobilizar dois carros, cada um com quatro elementos. Contámos com três novas participações que mostraram interesse em se "inscrever" e continuar. Tratou-se da Raquel que estuda na E.S.E. e está a desenvolver um trabalho curricular com a Joana Inês sobre os Sem-Abrigo; o Luís McDade ex-catequista do Centro de Catequese de N.ª Sr.ª de Fátima, dos Jesuítas do Porto; e o Francisco Miguel, colaborador da AMI e do INEM, já com experiência de rua e missionária.
O primeiro destino foi o edifício da Câmara Municipal do Porto. Tínhamos tido indicações da presença de sem-abrigo, que por lá pernoitavam. Numa volta criteriosa ao edifício não encontrámos ninguém. Seguímos para a Pç. D. João I, edifício sede do Banco Comercial Português. Na soleira de uma sucursal desactivada do banco, encontrámos seis pessoas, com "um apartamento montado que mais parecia um loft" (sic). Foi a primeira paragem da noite com distribuição de sacos individuais e café com leite que, por ainda estar tão quente, queimou alguns mais afoitos. Houve tempo para ouvir a história da vida de um recente toxicodependente com grande experiência de pastelaria, mas que uma má experiência no último trabalho desanimou o suficiente para não considerar a possibilidade de procurar outro emprego. Entretanto já passava das onze horas, pelo que não arriscámos passar por aquele senhor que dorme "stressado" com as horas a que se tem de levantar no dia seguinte.
Seguimos para a rua de St.ª Catarina. Lá estivémos com o sr. P. que continua na pensão e a trabalhar na construção civil. Confidenciou-nos que o chefe está contente com ele e que a actividade o tem motivado muito para a vida. Fomos ter com o sr. Z. que tinha um amigo novo ao lado. Este só quis conversar pouco antes da meia-noite, altura em que nos íamos embora. Quando ali estávamos, apareceu-nos a D. E. e o marido, sr. F., a refilar por termos ficado por ali e não termos subido a rua até casa dela. Transmitimos-lhe que vai haver uma eucaristia no dia 14 e que gostávamos de a levar lá com o marido. Pediu-nos mais medicamentos e falou-nos das suas maleitas que continuam. Última paragem, mais acima ainda, para ouvir a T. e deixar alguma coisa ao sr. P.. Este, desta feita, aceitou um saco e café com leite quente. Aquela retomou a estória da rainha dos bichos da seda, a que todos assistimos sentados no chão em semi-círculo.
Aproximava-se a uma hora da manhã e considerámos ser melhor ir até ao Jardim do Carregal, onde ainda estivémos com o grupo do Fernando. Aí já estava a acabar a distribuição, mas ainda houve tempo para apresentar a Raquel Henriques à Anita, que vai passar a acompanhar no estudo e nos trabalhos da escola.
A ronda terminou no Bairro do Aleixo, onde tivémos oportunidade de distribuir bolos, pasteís doces e salgados, que altruisticamente algumas pastelarias do Grande Porto nos têm dispensado para este fim. Fica sempre a sensação de que era pouco... Há sempre mais alguém que gostaría de tomar um café, beber um leite ou comer um pouco de bolo-rei.
wrote by nuno botte at 14:57
sábado, dezembro 03, 2005
Crónica da ronda 27.11.2005 (Batalha)
Na última ronda estiveram connosco, pela 1ª vez, a São, a Jacinta e o Manuel! "Bem-vindos!" Foi muito bom ver nas suas expressões que estavam a sentir-se realizados!
Parámos, em 1º lugar, em frente ao Palácio de Cristal à procura de um senhor que foi lá visto, mas que a essa hora não se encontrava nesse lugar...
A seguir, partimos para a Sé à procura do senhor E...que "teimava" em não estar naquele pedaço de chão, no qual, os nossos olhos se habituaram a vê-lo,... ( Lembro-me de que, quando fizemos esta ronda, pela 1ª vez, nos disseram que ele nunca falava quando lhe diziam alguma coisa. Nem sequer sabiam como se chamava. Mas, dessa vez, quando lhe perguntaram o nome ele olhou de forma incisiva para quem lhe fez a pergunta e "resmungou": "O nome que você quiser!!" E eu não me esqueço do ar espantado e feliz de quem se apercebeu de que uma ténue ponte de comunicação acabava de ser construída!).
Voltando a este Domingo: descobriu-se, através de uns miúdos da vizinhança, que o senhor E. caiu, feriu-se na cabeça, e que está no hospital de Santo António.
Conhecemos, também, uns senhores idosos, carenciados, o Sr A. e o Sr. F., que vinham acompanhados de uma senhora. Eles começaram a falar connosco com uma espontaneidade desarmante! Mas, acima de tudo, sentia-se na firmeza da voz, dos gestos que havia, ali, experiência e sabedoria de vida para dar e vender... Se aquelas rugas pudessem falar quantas histórias não contariam acerca da capacidade de enfrentar as adversidades...
Alguém da ronda travou conhecimento com a D. C.. Uma conversa longa, discreta, um murmurar profundo. Um grito no olhar! Outro rosto que respondeu com uma carícia de calor humano. Um encontro entre duas pessoas estranhas que se tornaram Irmãs, a partir do momento em que o Amor ao Próximo "começou a fazer das suas".
(A D. C. é toxicodependente, todavia, não é sem-abrigo. Ela e o marido vão entrar para o CAT em breve).
Tivemos, ainda, oportunidade de conhecer o Sr. C. ( é ex-toxicodependente e está a tratar-se no CAT Ocidental). Enquanto bebia o café, (misturado com açúcar e carinho!! ), e comia bolo, foi falando da sua vida: de como gostaria de trabalhar na montagem de cozinhas apesar de também perceber de soldadura...Não estava inscrito no Instituto do Emprego. Podíamos ver o contorno da desmotivação e da insegurança nas suas palavras, mas, também o desenho de sorrisos delicados! Tentámos motivá-lo a reagir na medida do que nos era possível...
O E., e um amigo seu, também apareceram na Sé ( habitualmente estão numa das esquinas da rua de Alexandre Herculano). Ele irá para o "Porto Feliz" fazer uma desintoxicação em inícios de Dezembro! Estava muito atormentado por já ter passado por um caminho muito sinuoso! Estava desesperado por desabafar, por confessar que tinha vivido situações muito complicadas...por revelar que tinha feito sofrer muita gente! Saltavam à vista um sofrimento interior, um sentimento de culpa, uma exaustão psicológica que o estavam a devorar por dentro...No entanto, quando se despediu ia mais leve, já sorria, até se via isso no seu olhar!
Travou-se, também, conversa com o ZC e o L. (amigos inseparáveis). São toxicodependentes e querem ir ao CAT da Boavista esta semana. Costumam dormir em albergues.
Os sacos da Ternura voaram depressa, apareceram pessoas de todo o lado, vindas "não se sabe de onde", umas atrás das outras....O frio, a chuva e o vento cortavam a pele...
Na zona do Bolhão cruzámo-nos com outro grupo que estava a fazer a ronda e que partilhou alguns sacos connosco, ( OBRIGADA), foi o que nos valeu!
Seguimos para o Silo-Alto. Nas traseiras, lá voltámos a encontrar o Sr. J. e a D. R.. Ele comentou que éramos muitos e que quase chegávamos para fazer uma equipa de futebol! Sem que lhe fizéssemos perguntas disse que tinha sido toxicodependente, mas que se encontrava limpo há vários meses...Revelou também que iria começar a trabalhar daqui a pouco tempo!
Junto deste casal vive o N., um jovem de apenas 18 anos, que trata estas duas pessoas como se fossem seus pais. Antes de vir para o Porto trabalhava como agricultor, numa herdade, em regime de escravidão. Era espancado. Fugiu...Outras pedras no caminho surgiram...Veio para o Porto arrumar carros. Todo o dinheiro que fazia ia parar às mãos de um toxicodependente que o explorava...
Continua a ser arrumador de carros e, agora, está a tratar de pôr em ordem vários documentos pessoais.
Quando voltámos para a parte da frente do Silo-Alto reparámos que o Sr. P. já tinha aparecido e que estava a desabafar as suas mágoas, revoltas com a outra parte da equipa. Dizia que já tinha ajudado muito, mas que tinha recebido ingratidão em troca...
Disse também que, em Janeiro, iria trabalhar para Guimarães e que queria deixar as drogas. No meio da conversa percebemos que houve uma zanga feia com o amigo que lhe faz companhia! O coração doía-lhe! Chorou imenso!
A paragem seguinte foi em Alexandre Herculano. O M. estava mais animado e voltou a mostrar com todo o orgulho a sua cadelinha!
O J., apaixonado pela música, estava cheio de sono e não nos brindou com os seus sorrisos ternurentos...
O A. não estava se encontrava lá...
O Sr. J. contou que a companheira, a C., não conseguiu ficar com o tal emprego na Legião da Boa Vontade e falou de outras situações que, para ele, são grandes obstáculos a ultrapassar!
A última visita que fizemos foi ao M. no Foco. É toxicodependente. Estava dentro duma das galerias sentado sobre o saco-cama. Molhado e cheio de frio! Tentámos aquecê-lo com o abraço das palavras silenciosas dos nossos olhares... Perguntou-nos se não se iria fazer uma festa de Natal nalgum albergue...mas pareceu-nos que, na verdade, desejava festejar o Natal connosco!
Parámos, em 1º lugar, em frente ao Palácio de Cristal à procura de um senhor que foi lá visto, mas que a essa hora não se encontrava nesse lugar...
A seguir, partimos para a Sé à procura do senhor E...que "teimava" em não estar naquele pedaço de chão, no qual, os nossos olhos se habituaram a vê-lo,... ( Lembro-me de que, quando fizemos esta ronda, pela 1ª vez, nos disseram que ele nunca falava quando lhe diziam alguma coisa. Nem sequer sabiam como se chamava. Mas, dessa vez, quando lhe perguntaram o nome ele olhou de forma incisiva para quem lhe fez a pergunta e "resmungou": "O nome que você quiser!!" E eu não me esqueço do ar espantado e feliz de quem se apercebeu de que uma ténue ponte de comunicação acabava de ser construída!).
Voltando a este Domingo: descobriu-se, através de uns miúdos da vizinhança, que o senhor E. caiu, feriu-se na cabeça, e que está no hospital de Santo António.
Conhecemos, também, uns senhores idosos, carenciados, o Sr A. e o Sr. F., que vinham acompanhados de uma senhora. Eles começaram a falar connosco com uma espontaneidade desarmante! Mas, acima de tudo, sentia-se na firmeza da voz, dos gestos que havia, ali, experiência e sabedoria de vida para dar e vender... Se aquelas rugas pudessem falar quantas histórias não contariam acerca da capacidade de enfrentar as adversidades...
Alguém da ronda travou conhecimento com a D. C.. Uma conversa longa, discreta, um murmurar profundo. Um grito no olhar! Outro rosto que respondeu com uma carícia de calor humano. Um encontro entre duas pessoas estranhas que se tornaram Irmãs, a partir do momento em que o Amor ao Próximo "começou a fazer das suas".
(A D. C. é toxicodependente, todavia, não é sem-abrigo. Ela e o marido vão entrar para o CAT em breve).
Tivemos, ainda, oportunidade de conhecer o Sr. C. ( é ex-toxicodependente e está a tratar-se no CAT Ocidental). Enquanto bebia o café, (misturado com açúcar e carinho!! ), e comia bolo, foi falando da sua vida: de como gostaria de trabalhar na montagem de cozinhas apesar de também perceber de soldadura...Não estava inscrito no Instituto do Emprego. Podíamos ver o contorno da desmotivação e da insegurança nas suas palavras, mas, também o desenho de sorrisos delicados! Tentámos motivá-lo a reagir na medida do que nos era possível...
O E., e um amigo seu, também apareceram na Sé ( habitualmente estão numa das esquinas da rua de Alexandre Herculano). Ele irá para o "Porto Feliz" fazer uma desintoxicação em inícios de Dezembro! Estava muito atormentado por já ter passado por um caminho muito sinuoso! Estava desesperado por desabafar, por confessar que tinha vivido situações muito complicadas...por revelar que tinha feito sofrer muita gente! Saltavam à vista um sofrimento interior, um sentimento de culpa, uma exaustão psicológica que o estavam a devorar por dentro...No entanto, quando se despediu ia mais leve, já sorria, até se via isso no seu olhar!
Travou-se, também, conversa com o ZC e o L. (amigos inseparáveis). São toxicodependentes e querem ir ao CAT da Boavista esta semana. Costumam dormir em albergues.
Os sacos da Ternura voaram depressa, apareceram pessoas de todo o lado, vindas "não se sabe de onde", umas atrás das outras....O frio, a chuva e o vento cortavam a pele...
Na zona do Bolhão cruzámo-nos com outro grupo que estava a fazer a ronda e que partilhou alguns sacos connosco, ( OBRIGADA), foi o que nos valeu!
Seguimos para o Silo-Alto. Nas traseiras, lá voltámos a encontrar o Sr. J. e a D. R.. Ele comentou que éramos muitos e que quase chegávamos para fazer uma equipa de futebol! Sem que lhe fizéssemos perguntas disse que tinha sido toxicodependente, mas que se encontrava limpo há vários meses...Revelou também que iria começar a trabalhar daqui a pouco tempo!
Junto deste casal vive o N., um jovem de apenas 18 anos, que trata estas duas pessoas como se fossem seus pais. Antes de vir para o Porto trabalhava como agricultor, numa herdade, em regime de escravidão. Era espancado. Fugiu...Outras pedras no caminho surgiram...Veio para o Porto arrumar carros. Todo o dinheiro que fazia ia parar às mãos de um toxicodependente que o explorava...
Continua a ser arrumador de carros e, agora, está a tratar de pôr em ordem vários documentos pessoais.
Quando voltámos para a parte da frente do Silo-Alto reparámos que o Sr. P. já tinha aparecido e que estava a desabafar as suas mágoas, revoltas com a outra parte da equipa. Dizia que já tinha ajudado muito, mas que tinha recebido ingratidão em troca...
Disse também que, em Janeiro, iria trabalhar para Guimarães e que queria deixar as drogas. No meio da conversa percebemos que houve uma zanga feia com o amigo que lhe faz companhia! O coração doía-lhe! Chorou imenso!
A paragem seguinte foi em Alexandre Herculano. O M. estava mais animado e voltou a mostrar com todo o orgulho a sua cadelinha!
O J., apaixonado pela música, estava cheio de sono e não nos brindou com os seus sorrisos ternurentos...
O A. não estava se encontrava lá...
O Sr. J. contou que a companheira, a C., não conseguiu ficar com o tal emprego na Legião da Boa Vontade e falou de outras situações que, para ele, são grandes obstáculos a ultrapassar!
A última visita que fizemos foi ao M. no Foco. É toxicodependente. Estava dentro duma das galerias sentado sobre o saco-cama. Molhado e cheio de frio! Tentámos aquecê-lo com o abraço das palavras silenciosas dos nossos olhares... Perguntou-nos se não se iria fazer uma festa de Natal nalgum albergue...mas pareceu-nos que, na verdade, desejava festejar o Natal connosco!
sexta-feira, dezembro 02, 2005
Crónica da ronda 27.11.2005 (St.ªCatarina)
Oito recrutas no jeep da Mafalda (eu, Mafalda, Luís Pedro, Rui, Raquel, Sílvia, Nuno Botte – que nos acompanha neste período em que está de férias – e a Joana Inês, que agora começou as rondas), bem apertadinhos, e estava montado o esquadrão para a ronda de St.ª Catarina. Desta vez fomos carregados com lanches, pizza, bastante café e também leite quente, muito apropriado para o frio que se começa a sentir nestas noites.
A ronda começou pela Praça de D. João I onde encontrámos dois sem-abrigo junto ao Palácio Atlântico (Millennium) que agora começaremos a visitar. Do outro lado da Praça, já em Sá da Bandeira encontrámos um outro personagem que respondeu de forma singular ao “boa noite!” do Nuno: “Que horas são? [eram 22:45] Ah, não quero nada.. tivessem vindo mais cedo. Quero dormir que amanhã tenho de estar a pé às sete. E não deixem para aí comida que os drogas levam tudo.”
Chegados a St.ª Catarina, parámos junto ao ViaCatarina, onde as meninas encontraram o sr. Z. (que lhes falou da filha de 24 anos) e nós, rapazes, o sr. P. (radiante com o novo trabalho na construção civil em S. Pedro da Cova, deliciado com o bolo de amêndoa feito pela mãe do Luís Pedro e com as lojistas que iam passando por nós ao fechar do shopping).
Seguiu-se o encontro com a D. E. e o sr. F.. A primeira, passe a imodéstia, encantada comigo, recebeu-me com beijos e abraços. “Ai, o Carlos! O meu namorado!” Já o segundo estava um pouco debilitado após um incidente com alguns jovens que o agrediram na noite anterior. O sr. M. desta vez não apareceu.
Acima encontrámos a T. que, mais uma vez, nos falou daquele mundo tão especial onde vive. “Ya sabes que soy una bruja muy especial.. mira este feitizo que te voy a hacer..” Ficámos também a conhecer o R., acompanhado pela sua guitarra e um tambor. O P., o alemão, é que nem acordou.
Passámos ainda no Carregal para a Raquel finalmente conhecer a Aninhas a quem dará explicações. Não vimos viv’alma, apenas lixo no chão que denunciava a passagem da ronda do Fernando. Soubemos, posteriormente, que terá aí havido zaragata, tendo tido o próprio Fernando de intervir para restituir a ordem e a tranquilidade. Com este imprevisto acabámos por aparecer no Aleixo com uma boa meia hora de avanço, onde esperámos (os oito dentro do carro, algo suspeito naquelas paragens..) pela chegada da camioneta do Horácio para começar as nossas funções.
A ronda começou pela Praça de D. João I onde encontrámos dois sem-abrigo junto ao Palácio Atlântico (Millennium) que agora começaremos a visitar. Do outro lado da Praça, já em Sá da Bandeira encontrámos um outro personagem que respondeu de forma singular ao “boa noite!” do Nuno: “Que horas são? [eram 22:45] Ah, não quero nada.. tivessem vindo mais cedo. Quero dormir que amanhã tenho de estar a pé às sete. E não deixem para aí comida que os drogas levam tudo.”
Chegados a St.ª Catarina, parámos junto ao ViaCatarina, onde as meninas encontraram o sr. Z. (que lhes falou da filha de 24 anos) e nós, rapazes, o sr. P. (radiante com o novo trabalho na construção civil em S. Pedro da Cova, deliciado com o bolo de amêndoa feito pela mãe do Luís Pedro e com as lojistas que iam passando por nós ao fechar do shopping).
Seguiu-se o encontro com a D. E. e o sr. F.. A primeira, passe a imodéstia, encantada comigo, recebeu-me com beijos e abraços. “Ai, o Carlos! O meu namorado!” Já o segundo estava um pouco debilitado após um incidente com alguns jovens que o agrediram na noite anterior. O sr. M. desta vez não apareceu.
Acima encontrámos a T. que, mais uma vez, nos falou daquele mundo tão especial onde vive. “Ya sabes que soy una bruja muy especial.. mira este feitizo que te voy a hacer..” Ficámos também a conhecer o R., acompanhado pela sua guitarra e um tambor. O P., o alemão, é que nem acordou.
Passámos ainda no Carregal para a Raquel finalmente conhecer a Aninhas a quem dará explicações. Não vimos viv’alma, apenas lixo no chão que denunciava a passagem da ronda do Fernando. Soubemos, posteriormente, que terá aí havido zaragata, tendo tido o próprio Fernando de intervir para restituir a ordem e a tranquilidade. Com este imprevisto acabámos por aparecer no Aleixo com uma boa meia hora de avanço, onde esperámos (os oito dentro do carro, algo suspeito naquelas paragens..) pela chegada da camioneta do Horácio para começar as nossas funções.
wrote by carlos machado e moura at 00:32
quinta-feira, dezembro 01, 2005
Crónica da ronda 27.11.2005 (Areosa)
CUBAi o jorge; CaBAi a cronica, ja que o substituí..
Areosa. Sr J. lírico como sempre, proclamando com inabalável convicção que '4ª feira deixaria a rua'. Desta vez o impedimento para ainda não estar numa casa era o facto de ter perdido a chave da porta! Mas o meu descrédito foi combatido pelo ânimo do Zé Maria. O Sr. M. apareceu vindo do café e com uma extrema dificuldade em caminhar! Preocupante; amparámo-lo até aos cobertores, mas não o convencemos a obedecer às ordens médicas de repouso absoluto (terá ido ao Hospital e falava numa hérnia...). Apareceu por acaso um B., toxicodependente, 25 anos, que ainda não decidiu deixar a droga mas começa a pensar nisso. Convidámo-lo a aparecer de futuro.
Fernão de Magalhães. As businas fizeram ouvir-se com dificuldade. Com demora lá desceu o Sr. JM, muitissimo mal-humorado, reclamando saco e roupa e calçado para si e para a sua mulher - e afirmando que não chamaria mais ninguém dos que estavam a dormir no prédio 'porque não fala p'ra eles!' -especificando a zanga com o Sr. J., que à segunda dose de chamamentos nossos lá veio à janela, estava já a dormir e pediu para deixarmos saco para si e para a sua mulher escondidos num arbusto.
Rua d' Alegria. Não tem sido paragem porque felizmente já lá não dorme o Sr. C.. Por uma daquelas coincidências inexplicáveis eis que encontrámos o homem que ia a passar! Ficou satisfeito por nos ver, e nós mais ainda quando nos disse que há 4 semanas tinha ido morar para casa de um amigo! Marcámos encontro na missa de dia 14.
Sta Catarina. O Sr. D. está velhinho e custa ouvir aquela tosse e ver sempre o mesmo cobertor fino - os outros desaparecem! A Raquel e a Ana marcaram com ele uma ida às Doze Casas na 6ª de manhã - o que implica uma ida na véspera para avivar a memória. A ver.
D. João I. Nova paragem no percurso - arcada do Millenium BCP, sete pessoas, pouco sei porque acertava pontos com o Fernando da outra ronda. Entretanto apareceu um drogado desesperado que, tremendo, nos pediu dinheiro 'para não ter de fazer asneiras'. Foi óptimo estar com o Fernando que com o seu jeito lidou com a tranquilidade necessária e o acomodou com um saco, um café e um óptimo casaco, sobrepondo um conforto ao stress do consumo. Mas foi um episódio porque ele nem costuma estar no Porto...
Trindade. Enquanto um carro já estava na Praça D. João I o outro deixou o saco no C. - que percebi estar a dormir...
Areosa. Sr J. lírico como sempre, proclamando com inabalável convicção que '4ª feira deixaria a rua'. Desta vez o impedimento para ainda não estar numa casa era o facto de ter perdido a chave da porta! Mas o meu descrédito foi combatido pelo ânimo do Zé Maria. O Sr. M. apareceu vindo do café e com uma extrema dificuldade em caminhar! Preocupante; amparámo-lo até aos cobertores, mas não o convencemos a obedecer às ordens médicas de repouso absoluto (terá ido ao Hospital e falava numa hérnia...). Apareceu por acaso um B., toxicodependente, 25 anos, que ainda não decidiu deixar a droga mas começa a pensar nisso. Convidámo-lo a aparecer de futuro.
Fernão de Magalhães. As businas fizeram ouvir-se com dificuldade. Com demora lá desceu o Sr. JM, muitissimo mal-humorado, reclamando saco e roupa e calçado para si e para a sua mulher - e afirmando que não chamaria mais ninguém dos que estavam a dormir no prédio 'porque não fala p'ra eles!' -especificando a zanga com o Sr. J., que à segunda dose de chamamentos nossos lá veio à janela, estava já a dormir e pediu para deixarmos saco para si e para a sua mulher escondidos num arbusto.
Rua d' Alegria. Não tem sido paragem porque felizmente já lá não dorme o Sr. C.. Por uma daquelas coincidências inexplicáveis eis que encontrámos o homem que ia a passar! Ficou satisfeito por nos ver, e nós mais ainda quando nos disse que há 4 semanas tinha ido morar para casa de um amigo! Marcámos encontro na missa de dia 14.
Sta Catarina. O Sr. D. está velhinho e custa ouvir aquela tosse e ver sempre o mesmo cobertor fino - os outros desaparecem! A Raquel e a Ana marcaram com ele uma ida às Doze Casas na 6ª de manhã - o que implica uma ida na véspera para avivar a memória. A ver.
D. João I. Nova paragem no percurso - arcada do Millenium BCP, sete pessoas, pouco sei porque acertava pontos com o Fernando da outra ronda. Entretanto apareceu um drogado desesperado que, tremendo, nos pediu dinheiro 'para não ter de fazer asneiras'. Foi óptimo estar com o Fernando que com o seu jeito lidou com a tranquilidade necessária e o acomodou com um saco, um café e um óptimo casaco, sobrepondo um conforto ao stress do consumo. Mas foi um episódio porque ele nem costuma estar no Porto...
Trindade. Enquanto um carro já estava na Praça D. João I o outro deixou o saco no C. - que percebi estar a dormir...
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