quinta-feira, julho 06, 2006

Crónica da Ronda de 2.7. 2006 (Batalha)

Este é o meu primeiro testemunho de uma ronda. Para mim ainda é tudo um bocado novidade tento assimilar todas as novas realidades com que me deparei na noite portuense. Na noite de Domingo de 2 de Julho de 2006 eu a Manela e a Inês fomos fazer a ronda da Batalha.

Começamos pelo Sr. F, que estava no seu local habitual e apanhamo-lo, literalmente com a “boca na botija”. Quando nos dirigimos a ele, talvez por respeito, escondeu a sua amiga garrafa debaixo do braço. Não havia muito a esconder pois o cheiro sentia-se a léguas…
Estava bem disposto, sempre a cumprimentar-nos, a rir-se e a falar connosco meio em português, meio num dialecto que ninguém percebe e que se calhar nem ele sabe o que quer dizer.
Ficou agradecido pelo saco de comida e não quis mais um casaco. Apenas nos queria a nós, chegando mesmo a pedir para ficarmos mais um pouco, quando dissemos que tínhamos de ir embora. E ali ficamos a conversar, ou pelo menos a tentar, mas com a certeza de que ele estava a sentir-se bem, divertido com a nossa presença, com o nosso esforço, com a nossa amizade.
Chegando a hora da despedida e depois de dezenas de cumprimentos, lá fomos nós para mais uma paragem, com o coração cheio.

Ainda na Trindade, marcamos com a Sra. A, mas esta faltou ao seu primeiro encontro.

Chegamos ao Sr. D na R. Sta Catarina.
Pediu-nos umas calças, mas como não tínhamos nenhumas, falamos que a levávamos para a semana, mas mostrando o seu mau humor habitual, disse que para a semana já não as queria.
Queixou-se que a vida estava difícil e que era difícil governar-se. Queixou-se imenso, mas coçou-se ainda mais. Tentamos convencê-lo a tomar banho, mas parecia que a alergia à água era maior que a coceira.
Não tossiu nada e tinha um saco cheio de bolos para além do nosso saco de comida.

O Sr. M voltou a não estar em sua casa em Carlos Alberto.

No Lusitano estava um sem-abrigo com uma seringa injectada no braço. Estava imóvel e com a cabeça para baixo, não dando para reconhecer a cara, mas pela fisionomia desconfiamos que poderia ser o P.

Na R. 31 de Janeiro encontramo-nos com o Sr. J e com a ronda experimental. Descobrimos que o Sr. J morou 27 anos em Espanha e que esteve casado oito meses com uma espanhola que morreu de acidente de viação.

No encontro com o Sr. P, nos Congregados, não deu para falarmos muito. Ele trazia o seu amigo A, de quem já nos tinha falado e que dorme no mesmo sítio dele. Juntamente apareceram um grupo de flutuantes que apenas queriam o saco de comida. Não queriam conversar, não queriam a nossa ajuda, apenas a sobrevivência desta noite. Costumam ir ao Bairro do Aleixo. Pegaram na comida e desapareceram…
Tentamos falar com o Sr. P mas ele não podia, pois tinha que acompanhar os seus amigos. Tinha “business” a tratar com eles. Os seus negócios habituais: quatro cigarros por uma lata de sardinhas; um pacote de bolachas por uma bebida…
Despedimo-nos dele preocupados, mas com a sensação de que se encontrava bem, com bom aspecto e bem arranjado.

A oração final foi feita em conjunto com a ronda experimental e a ronda de Sta Catarina.

Beijos e abraços

Fernando Gonçalves

2 comentários:

Anónimo disse...

Fernando:

Boa estreia. A experiência não é muita, mas o apoio e empenho tem sido significativo. Aproveito para te agradecer as tuas participações nas rondas de prospecção.

Um abraço e até logo,

NSB

Anónimo disse...

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