segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Crónica da ronda 19.02.2006 (Boavista)

Numa típica noite de Inverno, depois de rechearmos os sacos com bolos e fruta e fazermos a nossa oração conjunta, lá partimos nós para mais uma “missão”.
A primeira paragem foi em Damião de Góis, no Sr. B. Deitado como sempre, lá aceitou um cafezinho, enquanto o questionávamos pelo facto de ainda não ter ido para casa do amigo, onde estaria em maior segurança. Responde-nos sempre que aquele é um bom local e que a sair dali seria para Orense, porque “em Espanha é que é bom”. Depois de tomado um segundo café partimos para Faria Guimarães.
A primeira abordagem ao Sr. JJ foi difícil. Estava escondido por baixo dos cobertores e ao contrário do habitual, não mostrava a cara, nem sequer falava. Após alguma insistência da nossa parte mostrou-se, estava um “farrapo”, era um Sr. JJ que não estávamos acostumados a ver. Tinha estado a beber e as palavras diluíam-se naquela noite, dificultando a nossa conversa. Ele esperava por nós... já esperava pelo Domingo à noite para ter os “jovens” com quem falar. Sentia-se sozinho, muito sozinho como transmitia no seu poema que nos declamava e as lágrimas começavam-lhe a escorrer pela cara. Enquanto isso, o Jorge e a Ana falavam com o C. que esta semana já não dormia lá porque tinha conseguido ir para uma pensão. Ficou por ali com o seu amigo X. a falar das suas aventuras e grandes confusões. Mesmo ao lado o Sr. JJ perguntava-nos “Vocês acreditam em Deus?”. Ele acreditava e como forma de agradecimento pelo “amor, amizade e ajuda” que dizia que lhe levávamos ofereceu a mim, à Miriam e ao Rui uma cruz. São estas pequenas coisas que nos dão força para continuarmos mesmo quando sentimos o nosso coração partir-se aos bocadinhos e a boca a ficar seca de palavras.
Já passava das 0h30 quando nos dirigimos para a Boavista. Pelo adiantado da hora já só estava lá o C. e o Z.F. em busca da última moeda, numa”noite má”. O Z.F. ainda levou um cobertor que lhe estava a fazer falta e enquanto bebia o café deu dois dedos de conversa.
Quando nos aproximamos da bomba de gasolina, lá estava o Sr J. das alcatifas, mas desta vez de pé, à nossa espera, reclamando o nosso atraso. Estava revoltado, “queria uma casa” e segundo ele nem a segurança social o ajudava nem tinha uma estrelinha de sorte. Tentamos que ele lutasse um pouco mais por aquilo que quer e oferecemos-lhe a nossa ajuda, apesar de não ter sido aceite logo à partida.
Já tinham dado as 2 badaladas quando chegamos ao Foco. O M. dormia mas despertou e comeu, comeu...comeu. Não tivemos coragem de o interromper com conversas, só olhar para ele e pensar “foi o saco mais bem entregue da noite”.
Nesta noite muita intensa chegava a casa e pensava “eles precisam de voltar a ter vontade de viver, e isso depende de nós”. Obrigada por esta noite...

Joana Gomes

Crónica da ronda 19.02.2006 (Areosa)

Desta vez o grupo da Areosa encontrava-se um pouco desfalcado, à semelhança, aliás, da ronda em geral, mas com uma pequena particularidade: não estavam presentes os elementos femininos desta ronda. Resultado: um carro só de gajos! Mas rapidamente compreendemos a desvantagem de tal situação: nenhum dos cromos se lembrou de trazer café, tal não é o encosto - “ah, a Joaninha costuma levar”!
Voltando à ronda... a primeira paragem, que efectivamente não o chegou a ser, seria junto à Blockbuster das Antas, no entanto o senhor com o qual se havia combinado encontrarmo-nos na ronda passada não estava no local, pelo que fizemos uma busca rápida pelas imediações, mas sem resultados. De lá, seguimos para o prédio da Fernão Magalhães, o tal abandonado por construtores e entidades camarárias, mas não por aqueles que não teêm um tecto para dormir. Chegados ao local, o pisca-pisca e a buzinadela da praxe, e a resposta pronta, algures do 4º ou 5º andar: “Oi! Vamos descer!”. Primeiro o senhor J, em passo de corrida, simpático e afável como sempre, apressado em ir embora por causa do frio, o que não censurámos. Em seguida, o N, mais um baixinho, do qual não sabemos o nome, mas que passa a vida a resmungar; e ainda uma rapariga, com o ar infeliz de quem tem um vício que a consome todos os dias... Apenas N ficou um pouco a conversar connosco, falou-nos de como continuava a consumir, e da sua determinação em não deixar que a namorada T voltasse àquela vida, após a preciosa ajuda da Joana. Com esta esperança nos deixou, para em seguida aparecer o senhor ucraniano, cheio de sede, que recebeu avidamente o Guaraná (há que fazer a devida publicidade, né?!), e entre um e outro golo, perguntou-nos se haviamos arranjado algum advogado que o pudesse ajudar, ao que respondemos com pesarosa negativa.
Na rotunda da Areosa encontrámos os já habituais sr M e sr J. Felizmente o sr M encontrava-se com visível boa disposição. Durante a conversa muito se lamentou da falta das meninas, obrigando-nos a jurar a pés juntos que as mesmas não se encontravam doentes. Mesmo assim não se mostrou muito convencido, tendo ficado com ar preocupado na hora da despedida. O sr J lá estava, com as habituais queixas “estou farto de estar aqui” e as inevitáveis “arranjei ali um quarto...” e “para a semana é que é!”. Enfim, pouco crentes, mas sempre com esperança, despedimo-nos com os também habituais “esperamos já não o encontrar aqui para a semana!”, “veja lá que no próximo domingo estamos cá outra vez!”. Nos entretantos, passaram algumas caras já conhecidas a perguntar por comida, o que tivemos que negar com bastante pesar, pois os sacos “estavam à conta”.
Por último, fomos ter com a I. Mostrava-se, como quase sempre, com um ar agastado debaixo do sorriso acolhedor. Genuinamente preocupados, insistimos mais uma vez para procurar um outro caminho para a sua vida, conselho recebido com compreensão mas sem a vontade necessária. Disse-nos que algures esta semana iria a casa, pois já deveriam estar preocupados. Despedimo-nos mais uma vez com palavras de encorajamento e amizade.
Terminada a ronda, fizemos a oração perto da casa do Nuno, terminando com um Pai-Nosso debaixo de chuva (este S. Pedro...).

Abraços apertados
Tiago Cabeçadas

5ª Crónica de 05.02.06 (Stª Catarina)

Numa ronda desfalcada dos seus elementos habituais, juntaram-se à Sílvia alguns voluntários, entre os quais eu próprio.
Sta Catarina acima. Primeira paragem: o senhor alemão. Oportunidade para exercitar o inglês, conversámos um pouco com este amigo. Aproveitou a oportunidade para nos perguntar as horas e acertar o despertador, acabando por nos confidenciar que não gostava de ali se encontrar quando surgia o dia, pelo que se levantava cedo.
Em seguida, a casa da d. E e do sr F. Também lá se encontravam o sr L e o sr M. Aproximação complicada, perante os olhares que acompanhavam as perguntas “e a Mafalda e o Filipe?”, lá nos apresentámos, se bem que nunca conseguimos que baixassem completamente a “guarda”. Nem o café aceitaram. Após a conversa possivel, concedemos boleia ao sr M, para a residencial em que agora se encontra, sempre agradecido ao “Filipe que me arranjou este quartinho”.
Finalmente, fomos ter com o sr D. Enquanto ouvíamos (ou não) a sua resmunguice habitual, episódio curioso: aproximou-se senhora de cor, brasileira, simpática, relatando que era amiga do sr D. Vinha pois perguntar-lhe se queria um galão, o que já era um hábito, segundo ela. Acabou por nos dizer que trabalhava “na rua”, e já conhecia o sr D há alguns anos, desde o tempo em que este, noutra rua, observava “as meninas a trabalharem”. Despediu-se com um sorriso, deixando no entanto adivinhar a tristeza que lhe provém da “profissão mais velha do mundo”. Também o sr D lá ficou, um pouco mais aquecido pelo café providenciado.
Após ronda sucinta, acabámos por ser os primeiros a chegar ao Aleixo, onde esperámos um pouco pelos restantes, para fecharmos a noite na habitual oração final.

Abraços apertados
Tiago Cabeçadas

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Crónica da ida à aldeia (18/02)

Sábado partimos atrasados mas com um sorriso enorme para ver o que a aldeia tinha preparado para nós, na reunião que íamos ter.
A reunião correu muito bem, a aldeia propôs-nos muitas áreas em que gostavam do nosso auxílio e alinhamos agulhas. A Maria, a Benedita e o Daniel animaram os jovens de Morgido (eram 4, têm entre 15 e 16 anos) que apareceram e de tarde 3 deles foram connosco visitar as pessoas. O que foi um passo muito importante para nós!
Para almoço foram-nos oferecidas muitas coisas por diversas pessoas, o que fez com que acabassemos o almoço com mais comida do que começamos!!
As visitas correram muito bem (visitamos 7 casas), sentimos que podemos ter margem de manobra para ajudar mais pessoas. Começamos a ter alguns ecos e algumas mudanças de casos a ajudar, mas tudo se resolve pelo melhor.
Ainda provamos o javali da montaria que decorreu durante o dia. Que maravilha (como diria o Pedro)!
Regressamos cedo para preparar o magnífico jantar em casa da Teresa, não sem antes termos executado um "rito iniciático" aos jovens que agora vêm connosco.
Voltaremos no dia 5, e devemos sair às 9:15. [A missa é às 9:30]. Não há aqui gralhas, parece-me que a missa é demasiado cedo para irmos.
Um abraço a todos,
Jorge

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Crónica da ronda 19.02.2006 (Batalha)

Desta vez a chuva não era só ameaça e o frio aparecia junto. Cafés e chás, sacos e roupa prometida, saímos para a Batalha. À nossa espera o N. e o C. aceitaram a comida, o café, e como nada de novo, fugiram de nós, da chuva. Caras novas, o S. e o M. J.. O S. discutira com a mãe, zanga ainda fresca para reconciliação. Conhecia a rua há umas semanas apenas, tempo suficiente, garantiu procurar ajuda na segurança social. (quem falou com o M. J.?). Com eles o M. portista, boné novo, o mesmo sorriso desdentado e aquela alegria inexplicável a ensinar-nos tudo. A roupa, não nos esquecêramos da sua roupa. Sorriso ao quadrado. Partiam com o frio: boa semana!
Mais atrasados chegavam a dona L. e o sogro, o senhor F.. Ofegante, ela, tropeçando em desculpas e reivindicações, aflições serenadas pelas palavras. Uma conversa arrancava-lhe um sorriso - perguntava-se-lhe pelo namorado; ao lado o sr. F. lamentava as tropelias e o mau feitio - "ele é mau!" - do filho, que só tem 3 anos e se chama S., como o S. de cima. Subitamente granizou. Esperámos juntos que parasse. Em frente o prédio fechado, tijolos nas portas e janelas - para onde terão ido os outros? Seguimos, cada um para seu lado: boa semana também!
31 de Janeiro, a rua. Os amigos A. e A. esperavam com novidades: A. tinha ido à segurança social! Porque na sexta as fichas tinham acabado, outra ida, na 2ª, estava já marcada. Objectivo: arranjar quarto e comida para o amigo A. - um exemplo de amizade, não me canso de referir. De olhos sempre muito abertos e brilhantes, contava a iniciativa com empenho. Pelo meio ralhava a A., que nos não dissesse palavrões - a dignidade, quando imposta por um S.A. a outro, tornar-se mais pura, mais alta...Aparecia também o L. regressado de uma estadia nada acolhedora - como não imaginava - não entrara em exigências injustas, preferia a rua, o sossego. Conhecemos o L. de D. Joao I. É para lá que vai voltar, sozinho - perdera-se o rasto ao sr. M. (o das BD), confirmava ele aos colegas do Bonfim que entretanto chevavam com sacos de recurso. (A comida às vezes (demasiadas vezes) é o mais importante para os que vêm ter connosco - já o não é para os que visitamos ao domicílio, onde as palavras contam mais (as nossas, as deles...). Já pudémos abastecer todos, incluíndo o L. (outro L., o que se queixou, assim como o Sr. A., de levar corajosas bastonadas de um polícia) e um amigo. Deixava, no entanto a promessa em forma de aviso (como já antes fizera), ir com o outro para o Porto Feliz. Que a união faça realmente a força, ficamos a torcer por isso. Também a L. e o romeno apareciam entretanto - ou já teriam aparecido antes? Muito antes, aliás (cabeça a minha) já em Alexandre Herculano, sorridentes, apesar de não termos conseguido as sport para o rapaz calçar. Ainda recebem visitas do F. que agora trabalha em Espinho. Do A. é que não sabem - e preferem nem saber. Ficaram com o quarto mal este saiu para Cinfães.
Não encontrámos mais ninguém. Reunimos abrigados em Nª Srª de Fátima. Ouvimos um poema do Alba - que foi jornalista, professor e sem-abrigo em Braga, e onde certo dia um carro lhe trouxe a paz que não conseguiu encontrar no álcool.
Despedimo-nos, meio enregelados - boa semana para nós também! - até dali a oito dias.



Quando nascemos entramos
no nome pela voz dos pais:
- Dinis Albano...
Íntima e sonora identidade.
Chamam-me e volto
a cabeça, dissuadido.
Na voz duma mulher
os nomes são
interiores a nós.
(Na dum polícia, desprendem-se,
como se apenas
os envergássemos).
Um amigo dirige-se-nos,
e as letras do nome
- tu?! - correm de doçura.
Um dia, o nome,
por capricho duma veia ou dum fonema,
ocultamente, esvai-nos.
E por detrás dele,
alheados dos ritos,
nem sabemos da sua
cessação.


Sebastião Alba

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Crónica da ronda 19.02.2006 (Sta. Catarina)

Filipe Mafalda Raquel + Pedro Benedita
7sacos + mt fruta e pão e bolos e compotas (fizémos mts mais sacos com sacosplásticos q havia no carro)

Na paragem do F na trindade encontrámos mais dois novos SA: G português, sotaque espanhol - lá trabalhou - primeiras noites na rua, mas já dormia portanto pouco falou. outro senhor, ucraniano, com uns copos de vinho que dificultaram o pouco que sabia da nossa língua.
F já dormia, simpático mas curtíssimo no agradecimento.
Ainda um casal, C+P, ela dorme numa pensão todas as noites menos domingo, ele em casa do tio - mas domingo faz-lhe companhia na rua... Precisam cobertores e roupa para a semana - Raquel ficou de tratar.

O atraso foi grande e portanto em sta catarina dividimo-nos. Foram a casa do casal que estava furioso - pude ouvi-lo à distância; cá fora na rua M visitou-nos - está na pensão de Álvares Cabral. Precisa de uma canadiana para fazer par com a que tem; está convencido que a SSocial arranja mas se alguem souber...
Pararam tb M+_ que dormem numa casa abandonada na Lapa; esta semana iam à SSocial.
Aqui ainda demos mais uns sacos a pessoas que pararam e andaram...
O P tb já dormia mas ainda meteu shakehand.

Deixámos M na pensão e seguimos numa tentativa frustrada de encontrar alguém numa casa abandonada na Foz.

Aleixo para rematar. Logo ao início uma cena fantástica de uma senhora a guiar uma Espace acompanhada por um homem não com tão bom aspecto. Pelos vistos tb ela ia abastecer, deixou-lhe a chave do carro e tipo super-avozinha correu à torre.. Quando subiu irrompeu pela nossa mala querendo servir-se sozinha; ficámos algo desconcertados, aparentemente não precisaria...
O grupo do Fernando já tinha passado, portanto a afluência foi custosa. Pouco a pouco porém foi tudo o q tínhamos!
Já quase quando partíamos apareceu M que estava furioso com o vandalismo na sua torre e determinado a mostrá-lo! Só pudemos evitar não a torre crítica; descemos mais além, vimos os elevadores de facto cheios da espuma azul dos extintores; para contrabalançar, a bonita imagem do saguão cheio de roupa pelos 14 pisos acima.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Aldeia -Reunião 3a (21/02) das 19:45 às 20:30

Olá a todos, depois da ida à Aldeia, no passado sábado, o grupo das Aldeias vai encontrar-se esta Terça-feira - amanhã -(21 de Fevereiro), no CREU para preencher os relatórios de visita, pôr a par as pessoas que não poderam ir neste sábado, analisar as propostas da aldeia e trocar ideias sobre casos. Vamos outra vez no dia 5 de Março. Até amanhã Jorge

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Aldeia - Saída amanhã (18/02) às 8:30

Olá a todos, temos reunião amanhã, em Candemil, às 10:00h com os reaponsáveis de paróquia. Por isso temos de nos encontrar às 08:30h junto ao CREU em NS Fatima para partirmos para a aldeia.
Como habitual levem almoço, eu levo sopa :)
Até amanhã Jorge

Jantar do FASrondas - Amanhã - 18/02 (Sábado)

Olá a todos,
as conclusões da reunião de ontem só devem seguir daqui a uns dias pois estou atulhado em trabalho. No entanto é urgente e pertinente que seja dada a informação relativa ao jantar de amanhã.
O jantar geral, é facultativo, já estamos vinte e conco pessoas. Por facilidade de praticar a arte da culinária, o jantar vai ser em casa da Teresa Pereira, em Vila do Conde. Jantares em casa são sempre outra coisa, ainda mais nesta casa :)
O ponto de encontro será à porta do CREU, às 19:45, partilharemos carros.
Às 20:00 EM PONTO, os carros sairão. O Filipe 919959510 vai estar lá.
Quem tiver o carro cheio e souber onde é pode ir directamente para lá, a casa fica no centro antigo de Vila do Conde, junto ao mercado, é uma casa branca que faz esquina, portão verde. O n. da Teresa é 966160880.
Direcções:
IC1 para Viana, saida Vila do conde (escrito em placa branca), 1ª rotunda em frente, 2ª rotunda à esquerda (bomba da galp), semaforos em frente, 200 metros à frente virar à direita [o que equivale a virar no final de um parque / mercado] (por esta zona do lado direito tem estacionamento podem parar aí).
A casa é a seguir ao turismo (do lado contrário à farmácia) , do lado esquerdo [lado do rio], n.º 151 (n se vê o n da porta), na rua 25 de Abril.
A casa é por cima da loja de roupa ROUPAL e supermercado da Praça.
As pessoas que não foram ontem à reunião devem falar à Maria (para ela saber quantos somos). Maria 938614251.
Quem tiver, que leve bancos de sua casa, pois n devem haver para todos e levem tb agasalho pois a casa é grande.
O Nuno é o responsável pelo dinheiro, levem 5 euros, o jantar não ficará por mais de 5 euros a cada um. No inicio faremos as contas, o gasto pelos presentes.
Até lá, e para quem vai à aldeia até amanhã às 8:30 em NS Fatima.
Jorge

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

3ª Crónica de 12.02.06 (Boavista)


A ronda da Boavista de domingo passado, parecia desfalcada... Estávamos
apenas dois (o Jorge e eu), mas a nós juntou-se o Pedro e a coisa ficou
mais composta!...
Depois da oração em conjunto, algo sempre bom e que alimenta, partimos para
a nossa noite. Depois de um salto a casa do Jorge (que aproveitei para
conhecer!) para fazer mais sacos, partimos para as nossas mais recentes
paragens. Fomos em direcção ao Sr. B, em Damião de Gois, que apesar de já
deitado, atendeu logo ao nosso sinal com satisfação. Oferecemos-lhe guaraná
e bolo-rei, que foi comendo enquanto a conversa andava...Disse-nos que
tinha um amigo que queria que ele fosse para uma casa e ele talvez vá, ia
ver...!
Continuamos rumo ao outro nosso novo poiso em Faria Guimarães, onde
encontramos o Sr. J. acompanhado de um jovem de 21 anos, o C. Ao contrário
das outras vezes, e por incrível que pareça, o Sr. J. quase não falou
connosco e estivemos, sim, a ouvir a história da vida do C. Foi muito bom
ouvi-lo! Um rapaz que, além dos sonhos da idade, tem muita garra, tentando
sempre concretizar todos os seus objectivos! Dorme há pouco tempo na rua,
por questões familiares e adorava andar de feira em feira de diversão, a
montar e desmontar os carrinhos de choque. A maior alegria foi ouvir ”Por
acaso estou a ficar contente de vos conhecer!”
Depois, partimos para a zona da Boavista - agora sim!- mas nem J.P,
nem Sr. C., nem Zé F., nem L. lá estavam, talvez pelo tardar da hora e
então subimos em direcção ao Sr. J., o “ex- Sr.J. das alcatifas”. Este, que
já foi de muitas palavras, estava já deitado, e tão depressa se mexeu para
receber o saco, como para se virar para o outro lado.
Ali também, conhecemos o Sr. A., um homem muito simpático, de 60
anos, que não é sem-abrigo, mas que ali estava para recolher uns trocos.
Tem casa, luz, água e até telefone, mas tem é dois filhos com quase 30
anos, que nunca trabalharam...! Uns mandriões segundo ele! Despediu-se com
um forte abraço, e passamos pela Galiza, local que nos tinham dito que
havia gente, e encontramos o Z., um rapaz de 25 anos, toxicodependente, e
ao que parece, tem uma vida bastante solitária. Apesar dos “preparos”,
falamos bastante, e pareceu-nos receptivo, o que nos faz crer que para a
semana lá estará a nossa espera. Vamos a ver...!
Antes de chegarmos à última paragem, passamos pelo prédio da SIC mas não
encontramos ninguém e assim, fomos para o Foco, onde encontramos o M. já a
dormir e cheio de fome. Sem grandes novidades e mudanças da parte dele,
deixamo-lo rumo ao Creu, onde acabamos a noite em oração partilhada.
Foi uma ronda abençoada, com boas surpresas e alegrias e que funcionou
muito bem.
Um bom abraço a todos, como o do Sr. A. e até 5ª,
Ana Barbosa de Carvalho

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

2ª Crónica de 12.02.06 (Batalha)

Dia 12, domingo à noite, aquela noite tão especial e tão cheia de encanto. Lá estava o grupo pronto para visitar aqueles que já se tornam tão especiais para nós. Após a organização inicial e da distribuição da comida pelos diversos sacos, surgiu o momento da meditação em conjunto, que nos permite perceber a missão de cada um mais uma noite que nunca se sabe o que nos reserva de surpresas! E nada melhor como meditar nas palavras que nos fazem acreditar, e nos ensinam a sermos "Imitadores de Cristo".

Seguimos caminho.. Chegados à primeira paragem encontramos a nossa primeira surpresa menos animadora.. A famosa 'Vivenda Silva' estava com porta e janelas fechadas com tijolos e cimento. As perguntas surgiram umas atrás das outras: para onde foram? estavam preparados? terão sido bem tratados? Sabe-se lá... apenas pudemos olhar para o cenário e imaginar as respostas às nossas perguntas. Ficamos a conversar com a D. R e o seu genro. Ela mostrou-se bastante indignada pelo facto de o seu 'saquinho' não ter nem chocolates nem rebuçados.. quase nos fez parecer um crime! Mas dentro da nossa paciência lá explicamos que pode ser que para a semana tenha essas belas guloseimas para poder dar/partilhar (???) com o seu neto! Ficou também a promessa de conhecermos o neto - que é da avó, e não do pai! Como fez questão de deixar bem claro.. – quando o tempo melhorar, para podermos ver como ele é inteligente! Assim o esperamos de bom agrado..

Por sua vez, o seu genro explicava que não estava a morar com a esposa, ficando a dúvida de onde estará ele a dormir..

Aparecerem entretanto duas pessoas, que sabendo da nossa passagem ali, aproveitaram o cafezinho quente e a comida disponível, deixando o seu ‘sorriso de agradecimento, um olá e um adeus’.

Despedimo-nos da D. R que estava com pressa para ir ter com o seu namorado, que a esperava ao fundo da rua.. e estava escondido!! Continua a ser muito bem tratada por ele, e até tem roupas novas e tudo.. estava encantada :)

Partimos assim deste local, que se tornou numa visita muito rápida em relação ao normal. Ficou o desejo para que estivessem bem todos os ausentes do local... não ausentes do nosso pensamento.


Daí seguimos à procura do casal J. e C. que também não se encontravam no local habitual. Fomos então ao encontro dos amigos Ar. e Au. Este último aproveitou para desabafar um pouco das 'partidas' que o seu amigo faz... desde 'emprestar' tudo o que tem a quem passa e se aproveitar da situação, como pelo facto de nem sempre ter cuidado em manter limpa a rua... coisas que lidar diariamente não é fácil.. Não pudemos ajudar em nada mas desejamos que, pelo menos, o desabafo lhe tenha dado forças para mais uma semana. O Ar. estava bem disposto e com um novo visual - bastante radical por sinal.. :) continua com vontade de ter um quarto, é óptima a notícia! Agora é urgente fazermos qualquer coisa para que ele não desanime e recue na sua ideia de ficar mais bem instalado. Ele é uma pessoa com algum atraso e que precisa de certos cuidados senão, no tipo de vida que leva, ou tem o amigo Au. por perto a protegê-lo, ou então está sempre a ser explorado. Para o Sr Au também seria um peso enorme que sairia de cima, pois a sua preocupação poderia passar a estar mais focalizada na questão da alimentação do Ar, sabendo que este estaria em segurança.

Neste mesmo local procuraram-nos dois senhores mas estavam de passagem.. conversaram um pouco, e saborearam alguma comida - dentro da que havia...

Apareceu também a L. e o M. (o romeno), ela estava finalmente com um sorriso de alívio estampado no rosto. Falou-nos que foram os dois 'levar' o sr A. ('marido' dela – não literalmente pois nunca chegaram a casar, apenas viviam juntos) à estação de comboio, para garantir que ele ia mesmo embora do Porto. Contou-nos que o marido deixou o emprego em Guimarães, ia para Cinfães tratar de uns assuntos e, em seguida, ia para Espanha, ele na 'despedida' ainda lhe disse que não queria saber mais dela para nada. A L. continua a trabalhar numa pastelaria em Gaia, espera receber o primeiro ordenado para tratar da documentação do romeno. Ambos ficaram sem as coisas que tinham porque ficou tudo dentro da 'Vivenda Silva', o que, segundo ela, era um mal menor pois o grande problema desapareceu.. Esperemos que assim seja!!!

Apesar de ainda ser muito cedo, já estávamos a caminho da última paragem. Como de costume, estava o sr O. à nossa espera (ou não). Infelizmente constatamos, mais uma vez, que a sua alegria está muito em baixo de forma. À abordagem do 'clube feminino' da ronda, respondeu com um simples virar de costas. Com o João falou um pouco mas sempre com um nível baixo de simpatia e um certo distanciamento. Será problema nosso? Acredito que não, apenas peço que ele se 'encontre' e fique de bem com a vida. Seja qual for o motivo que o leva a ficar cada vez mais arrogante e menos paciente com tudo e todos..

Não encontramos mais ninguém neste local.. parece que estão proibidos de arrumar lá carros.. imaginamos que é por ser um passeio público e ser proibido estacionar lá... será?? :)

Meio desconsolados decidimos ir ao encontro da ronda do 'Bonfim', junto ao local do sr M., na esperança de que a sua conversa (que nunca falta) nos animasse um pouco.. Infelizmente também não estava lá!

De qualquer forma conseguimos aquecer um pouco! Ainda demos o pão que restava a uma senhora simpática que nos procurou, e pudemos partilhar um pouco entre os elementos de ambas as rondas. É óptimo este momento de partilha da ronda que fizemos e das nossas vidas. Mesmo que seja por pouco tempo a partilha, – devido ao cansaço de cada um - é bom sermos um grupo unido e pararmos um pouco para nos ouvirmos, só assim tudo faz sentido. (Obrigada a cada um de vocês por estarem lá!)

E para finalizar a nossa noite de caminhada meditamos ao som de um poema que ajudou a suavizar a noite e a voltarmos com um sorriso às nossas casas!



A ESTRADA BRANCA

Atravessei contigo a minuciosa tarde
deste-me a tua mão, a vida parecia
difícil de estabelecer
acima do muro alto

folhas tremiam
ao invisível peso mais forte

Podia morrer por uma só dessas coisas
que trazemos sem que possam ser ditas:
astros cruzam-se numa velocidade que apavora
inamovíveis glaciares por fim se deslocam
e na única forma que tem de acompanhar-te
o meu coração bate


José Tolentino Mendonça


(crónica escrita pela Manela Coelho)

terça-feira, fevereiro 14, 2006

1ª Crónica de 12.02.06 (Areosa)


"Portanto, quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa,
fazei tudo para glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo,
nem aos judeus, nem aos gentios, nem à Igreja de Deus. Fazei como eu, que
em tudo procuro agradar a todos, não procurando o meu próprio proveito mas
o de muitos, a fim de que se possam salvar. Sede imitadores meus, como eu o
sou de Cristo." 1 Cor 10,31-11,1.

Esta foi a oração inicial que serviu de oração para a nossa missão.
Reforçámos os sacos com os patrocínios das pastelarias e fomos buscar umas
garrafas de guaraná ao Creu. Éramos poucos: As equipas tiveram que ser
compostas. A equipa da Areosa estava reduzida a dois elementos: Eu e a
Joana. Juntaram-se-nos a Mónica e o Carlos. Partimos.

Havia um novo sem-abrigo: A Joana tinha estado com ele e combinado à porta
da Blockbuster das Antas, entre as onze e as onze e meia. Dirigimo-nos,
mais uma vez sem encontrar ninguém, ao Cat Oriental. Seguimos, então, para
o referido clube de vídeo e lá estava o sr. P., como combinado. O sr. P.
além de toxicodependente, é sero-positivo, tem/teve hepatite A e B, bem
como uma pneumonia há pouco tempo. Dorme na rua, quando encontra um
cobertor
bom, ou na casa abandonada ao pé da igreja de S. Crispim, na rua de Santos
Pousada. (Há bastante gente a dormir lá, segundo nos indicou, mas que se
deita tarde, o que explica a frustração das nossas tentativas em falar com
alguém.) Enquanto se deliciava com o pedaço de pão doce e com o café com
leite que lhe oferecemos ("Sou muito guloso e isto está bom de açúcar!",
dizia), o sr. P. contou-nos um pedaço da história da vida dele. É de
Sintra; Foi criado longe dos irmãos e dos pais; Ficou pelo norte depois de
regressar do estrangeiro onde apanhou fruta; Ía hoje ao Hospital do Conde
de Ferreira para iniciar um tratamento de desintoxicação, no âmbito do
"Porto Feliz". Ele é muito simpático e educado. Tem 38 anos. Foi muito bom
falar com ele.

Esforço seguinte: Chegar cedo ao sr. M. Ele tínha-nos escorraçado na ronda
anterior, pelo que estávamos sem saber o que nos esperava. Inicialmente o
sr. M. não respondeu aos nossos apelos. O pior que receávamos, parecia
estar-se a concretizar: O sr. M. tinha-se desinteressado completamente das
nossas visitas... Fomos até ao sr. J. e não o vimos no seu "loft". Nos
colchões ao lado dormia alguém que pensávamos ser o P. Dissémos-lhe que
estávamos a deixar um saco de comida e uma garrafa de guaraná e regressámos
ao pé do sr. Mário. Voltámos a chamá-lo e nada! Desanimámos por completo...
Decidimos ir à D. I. e depois voltar. Quando regressávamos ao carro, o sr.
M. tira a cabeça de fora dos cobertores, ainda a dormir em pé. "Sr. M.!" _
Gritámos todos. Estava a ouvir a R. C. Português que estava a passar
António Variações e não se tinha apercebido dos nossos apelos. Abanou a
cabeça daquela forma vigorosa e fez um esforço para despertar. Enquanto
conversávamos explicou-nos que o P. tinha ocupado o "loft" do sr. J.
enquanto este tinha estado uns dias a dormir em casa de um amigo. E que o
sr. J. era a pessoa que estava a dormir nos colchões ao pé. Voltámos lá e
conversámos um pouco, também, com ele. Disse que tinha estado a trabalhar
uns dias em Lisboa e que hoje ia voltar para o sapateiro.

Quando, no carro, nos preparávamos para arrancar em direcção à D. Isaura,
eis que ela surge na penumbra da Areosa, qual D. Sebastião. Tinha ido
cravar um cigarro a um vigilante de um prédio perto e ía à bomba de
gasolina lá perto buscar coisas para a agasalharem de noite. Foi uma visita
rápida, esta com a D. Isaura. O cravo do lábio já tinha caído. Aliás já
estava quase sem ele no Domingo anterior. Esperemos que não volte a
desenvolver aquilo, tão cedo.

Paragem seguinte: Prédio da Fernão de Magalhães. Foi muito interessante
esta paragem: Fartámo-nos de aprender. O Carlos esteve a falar com o sr. J.
sobre a história do prédio, da sua contrução e legalização. Está a ser
vedado com taipais novos, para evitar a entrada de crianças que passem. No
entanto os sem-abrigo não terão que o abandonar, pois vai ser mantida uma
passagem. Por outro lado eu falava com o sr. T. e o sr. Ti. Este foi a
primeira vez que apareceu. Trabalham os dois para feirantes de etnia cigana
que moram no Bairro de Contumil, depois de terem saído dos blocos
destruídos do Bairro de S. João de Deus. Explicaram aquilo que faziam e
descreveram o modus vivendi dos patrões. Também desceu o N. Pediu para lhe
enchermos uma garrafa de água que trazia, com café com leite para levar à
T. que estava doente, lá em cima. Um silêncio sepulcral instalou-se! Eu e a
Joana não queríamos acreditar no que ouvíamos: A T. tinha voltado e
abandonado novamente as filhas. A Joana esteve a falar a sós com o N. Este
explicou-lhe que a T. estava sem consumir e que tinha vindo para o Porto
para ser internada: Estava tudo a correr bem.

Acabámos com a oração final e o OBRIGADO da Mónica, à porta da Sr.ª de
Fátima.

Abraços para todos, principalmente para os doentes da minha ronda que não
puderam ir ontem. As melhoras!

Nuno de Sacadura Botte

domingo, fevereiro 12, 2006

4.ª Crónica de 05.02.06 (Boavista)

A ronda começou por Damião de Góis, onde encontrámos o sr. B******, transmontano que dorme na galeria de um edifício. Demos-lhe uma palavra amiga, uma garrafa de Guaraná light e, em troca, ficámos com a promessa de que ele iria aceitar a ajuda de um amigo que se propôs a albergá-lo.
Em seguida, encontrámos o sr. J*** J******, no seu local habitual junto ao túnel de Faria Guimarães. É, efectivamente, muito simpático e conversador e recebe grande apoio dos moradores do prédio onde dorme pelo “respeito e educação” com que os trata. Levam-no ao café, pagam-lhe refeições, estão a tentar conseguir com que possa dormir dentro de uma loja desocupada no piso térreo e a há mesmo quem venha trazer-lhe (e mudar a água a) uma botija de água quente, por causa do frio...
A paragem seguinte foi na rua do arq.º Marques da Silva – entre o Hotel Fénix Tuela e o Capa Negra II – onde encontrámos vários arrumadores. Primeiro o Z* F*******, pai de dois filhos, quer deixar a droga e entrar para o Porto Feliz. Seguiu-se o J*** P****, animadíssimo e extremamente conversador, ex-jogador do Varzim, ex-operário da construção civil e ex-funcionário do Mercado Abastecedor. Está decidido a sair da droga (já largou e retomou uma série de vezes, mas agora tem uma força interior muito mais forte) e a voltar a trabalhar no M.A., onde levava uma vida responsável e lhe era reconhecido o mérito de um trabalho sério e honesto. O J*** P**** também apareceu mas não quis conversa, irritadíssimo com a escassez das moedas do estacionamento daquela noite. Finalmente, encontrámos o A*****, mais um candidato ao Porto Feliz.
A última deslocação foi curta, até à bomba da rua do Bom Sucesso, onde encontrámos o sr. J*** – o tal do carro – que dormia já, pelo que não quis conversar.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

3ª Crónica de 05.02.06 (Batalha II)

Numa noite já menos fria do que o habitual e depois de fazermos a
“tradicional” oração dirigimo-nos, eu, a Francisca, a Mónica e o Manel,
para a igreja do Bonfim onde se encontrava o Sr. A. já preparado para
dormir.
Não nos deu muita conversa por isso, depois de lhe termos oferecido um café
quentinho, o saco, uns bolinhos e a garrafa de guaraná e depois de ter
recusado a roupa que tínhamos para lhe oferecer: “A roupinha chega”,
seguimos para o Silo Auto. Qual não foi o nosso espanto quando, ao
chegarmos ao “abrigo do P. e do R. não vimos lá nada. Fomos procurá-los aos
Aliados onde por vezes os encontramos a arrumar carros. Felizmente lá
estavam eles, o P. com um novo look, muito melhor aspecto e o R., sempre
pouco falador. O P. contou-nos que vai amanhã procurar emprego no “El Corte
Inglês” em Gaia e que o advogado que lhe tinha prometido emprego disse para
ele passar pelo seu escritório na 4ª feira. Vamos esperar até à próxima
semana rezando para que nos traga boas notícias. Ficámos a saber também que
se mudaram para uma casa e que agora o ponto de encontro passa a ser nos
Aliados porque, segundo o P., “Nunca mais dão com a casa”. O R. não aceitou
casacos, “Já temos muitos”, mas o P. encontrou um mesmo à medida, “Temos
muitos mas nunca são demais”. Deixámos-lhes, por fim, os sacos, o guaraná,
o café quente e os bolos e partimos para a Praça D. João I, mas não estava
lá ninguém.
Desanimados por achamos que a ronda estava a ser pouco produtiva, fomos até
aos Congregados com a ideia de voltarmos lá no fim para ver se os Ms. já
tinham regressado.
Ficámos nos Congregados a falar durante algum tempo mas, como o outro grupo
estava demorado, voltámos a D. João I onde já se encontrava o M. mais novo
que nos brindou com o seu sorriso habitual. Ficou muito agradecido com os
livros de Banda Desenhada que a Manuela lhe mandou e, enquanto tomava o seu
café, foi-nos contando que tinham mexido nas suas coisas nessa noite
levando-lhe uns livros e um casaco. O único suspeito é o seu amigo, o outro
M., mas não percebe porquê uma vez que o tal casaco “só lhe serve nas
orelhas”. Recusou ou bolos que tínhamos para oferecer porque tinha jantado
caldo verde e feijoada que lhe tinham oferecido.
Uma vez que o outro grupo já tinha chegado aos Congregados, tivemos que o
deixar, na certeza de que esta noite já se vai entreter com novas histórias
do Tio Patinhas.
Quando chegámos aos Congregados, visto que o outro grupo tinha histórias
mirabolantes para contar, metemo-nos todos no carro da Manuela, onde não
pudemos deixar de rir com aquilo que mais parecia uma telenovela mexicana.
Acabámos, assim, por não dar muita atenção ao Sr. Olímpio, mas ele também
não precisa muito porque anda sempre dum lado para o outro à procura de
carros para arrumar.
Com o coração mais cheio, demos todos as mãos para rezarmos a oração final
pedindo a Deus para nos dar força e coragem para continuarmos este
trabalho.

Inês

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Aldeia - Vamos dia 18/02 (definitivo)

Olá a todos,
após ter falado com o P. Vilar, confirmo que temos reunião com os
responsáveis paroquiais às 10:00 de dia 18/02 (Sábado) em Candemil, de
tarde iremos às (já) habituais visitas.
Tenho uma excelente noticia a dar: os jovens do Crisma de Morgido já
deverão estar connosco na reunião e nas visitas, falei também para que as
jovens de Candemil se juntassem nessa altura.
Um abraço forte com estas boas notícias,
Jorge
PS - Quem tinha marcado para 11/02 vai telefonar? O Jantar Geral como irá
ficar?

terça-feira, fevereiro 07, 2006

2ª Crónica de 05.02.06 (Batalha I)

«João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história»


Nada melhor que este "Quadrilha" de Drummond (desculpa Joana, não quis copiar-te, tu sabes, a poesia impõe-se-nos) para descrever a já apelidada "novela mexicana", o episódio mais recente da ronda da Batalha, facção Alexandre Herculano/Congregados. Numa noite em que a surpresa saiu á rua, fica o apontamento possível.

Primeira paragem, em Alexandre Herculano como habitual, encontro com A. (que corresponde ao L da crónica anterior) e F., ambos bem dispostos. A., que esperava o dia seguinte para receber o primeiro salário do emprego em Guimarães, não teve dificuldades em admitir que nunca mais lá poria os pés (no trabalho), pois era sua intenção rumar a Espanha (onde os patrões são mais honestos, se se conseguir evitar os intermediários portugueses, e os salários mais aliciantes). Bem disposto, portanto, assim demostrava o largo sorriso que exibia, fazendo saber-nos também que iria em breve voltar a poder ver os seus 4 filhos. Já F., não menos bem disposto, aproveitou para contar algumas façanhas da sua vida cigana, que incluíam a peripécia do casamento obrigatório após ameaça de morte pelo pai da rapariga prematuramente derviginada, as longas (é um eufemismo) passeatas de carro sem carta, e a experiência como braço direito do ex-sogro na vindima, algures em Espanha. Em breve irá trabalhar para a Régua, no seu habitual desenrasque.

(Pudemos rapidamente aperceber-nos que A. não estava com a esposa, L. - correspondente à M na crónica anterior - e que após indagação nossa o sorriso de A. desaparecia, sisudo e rapidamente revoltado actualizava-nos: L. tinha fugido com M., o romeno - o silêncio aos poucos impunha-se, a questão era delicada...)

Entretanto apareceu o L. voltado da arriscada ida para Espanha - não correra muito bem, fora enganado, como infelizmente previramos, voltava sozinho sem saber dos amigos, com dores no peito e tosse a ajudarem na decisão: desta vez procuraria uma assistente social, e dias mais descansados, garantiu-nos sem hesitar enquanto sorvia o café quente. Também N. apareceu, visita rápida, mas animadora: um emprego numa empresa de jardinagem, era a notícia que nos deixava - e partia a correr, o frio apertava. E também o P. - novo para nós, vive com a M. ali perto, agradeceu e fugiu, ficava outra conversa adiada. Entretanto também se juntavam a já habitual dona R. e o genro (curiosamente mais velho que ela).

(Decidimos avançar até 31 de Janeiro quando após 50 metros percorridos deparámos com L. acompanhada por M., o romeno. Iniciámos uma conversa amena, embora tensa, sem nos apercebermos que A. e F., com quem tinhamos acabo de estar, vinham na nossa direcção... as provocações não tardaram em surgir e do insulto ao segurem-me-senão-eu-mato-a foi um passinho - A. estava muito nervoso, demorámos os bons minutos a acalmá-lo e a convencer os outros a ir embora. Reunidos no carro juntamos as peças do puzzle e descobrimos que, apesar dos dois pontos de vista da zanga (mais um eufemismo) serem diferentes (o de A. e o de L.) ambos fazem sentido.)

A. e L. têm de facto 4 filhos, mas nunca foram casados - uma das descobertas feitas hoje por uma membro do grupo num encontro com L.. L. queixa-se que A. lhe batia - o que é muito provável - e acaba de descobrir que afinal não precisa dele para reaver a custódia dos filhos, resolvendo, por isso, abandoná-lo. E resolve abandoná-lo com o M. que vai somente convencê-la a, imagine-se, casar para assim obter nacionalidade portuguesa. L. admite mesmo não sentir nada por M., que será só mesmo um favor. Do outro lado temos A., furioso por ter sido trocado, e ainda mais por saber que ela, a pior mãe que, segundo ele, os seus filhos podem ter, vai, efectivamente, poder vê-los.

Resultam das investigações recentes que, na segunda-feira, A. de facto faltou ao trabalho em Guimarães e dedicou a sua estadia no Porto para perseguir, juntamente com dois homens, a ex-companheira e o romeno. Foi-lhes hoje aconselhada por "nós" a fuga para Gaia, deixou-se-lhe, a L., o número e a morada da APAV. Disseram que tinham entrevista na AMI, amanhã, a fim de arranjarem alojamento, e marcou-se um novo ponto de encontro ao Domingo nos Congregados. Soubémos também que L. está a trabalhar e pensa, assim, juntar dinheiro para pagar os documentos a M.. Resta-nos dizer que M. tem 19 anos e admite ser, qual cereja em cima do bolo, um hacker informático.

(Aqui acaba a parte surreal da ronda. Agora impõe-se um bocadinho de realismo, que apesar de mais pesado que o que pauta as nossas vidas diárias, são peanuts, à beira do que acabei de descrever)

Domingo, novamente. Já era tarde para que encontrássemos alguém ao cimo de 31 de Janeiro. Descemos prontamente aos senhores A. e A. (isto só com iniciais tem a sua piada). Como terão percebido pelo mail que enviei, são estas as duas criaturas adoráveis que estão dispostas a ir à Segurança Social. Dois dedos de conversa para tentarmos explicar ao senhor A. (que tem uma deficiência mental) que não pode emprestar casacos ou objectos a quem passa, ao que nos respondia bocejos ternurentos de criança ensonada, enfiada na sua caminha de cobertores abertos dispostos em toda a extensão de entrada da loja - quem não sonhou já ter uma cama grande? E que belo exemplo de amizade encontrámos no outro senhor A., tomando conta do amigo como se de um filho se tratasse, protegendo-o, dando conselhos, chamando à atenção, mesmo sabendo que em vão.

Ainda houve tempo para encontrarmos o P., sempre de poucas falas, seguiu até aos Congregados, onde oferece concorrência ao senhor O. no estacionamento de carros. Ainda o encontrámos a tempo de lhe "orientar" um guaraná light - e ainda a tempo de levarmos com o temperamental senhor O., estranhamente mal educado e irritado connosco - houve algo que, definitivamente, nos escapou.
Despois da oração conjunta com a outra facção, e já a caminho do CREU, encontrámos o Z. C. que julgávamos estar no Porto Feliz. Visivelmente atrapalhado rapidamente nos despachou, virando costas e seguindo na sua estranha pressa.

Restava-nos já pouco tempo para repôr o sentido às nossas horas, um fôlego de sono rápido, um despertador tolerante, um dia novo que ajudasse a perceber a estranha noite passada...

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

1ª Crónica de 05.02.06 (Areosa)

"Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.

Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.

Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver. " (Sophia)

Este Domingo, depois de uma partida um pouco tumultuosa, partimos novamente
em "missão". E ela é muito clara: espalhar sorrisos...Desta vez, por razões
várias, chegamos a casa mais tristes. Estranho n é?...Pois muito bem. First
stop: Cat oriental. Não havia ninguém, como já calculavamos. Fomos então
para o prédio abandonado, em Fernão Magalhães. Só desceram dois, o Sr. J. e
o N. O primeiro pediu imensas desculpas, mas tinha bebido um pouquinho de
mais. Mesmo assim (e como se diz que um dos efeitos do álcool é dizer
todas as verdades;)) fez questão de nos agradecer por sermos "o seu
alento". O N. disse que tem falado com a T. quase todos os dias e que ela
ta optima;)...Ele vai amanha (terça) à ARRIMO falar com a psicóloga, para
iniciar o tratamento com metadona. Depois de uma longa conversa, e quando
estavamos de saída, apareceu o ucraniano. Desta vez, não estava muito
conversador. Bebeu o café e levou um saco para o seu cantinho. Fomos então
em busca da D. I.. O cravo está muito melhor. Disse-nos que queria mm ir
para casa, mas que antes disso tinha que fazer o tratamento (para o vicio).
Vai falar com o Sr Fernando, para ver que tipo de ajuda ele lhe pode dar.
Depois de mais dois dedos de conversa, fomos ter com o Sr. M..E aqui é que
foi uma desilusão. Estava completamente bêbado...:(...mandou-nos embora e
tratou-nos um bastante mal. Não lhe demos grande importância....só achámos
q era melhor responder ao "...vcs têm obrigação de estar aqui a
horas!!"...De qualquer forma, naquele estado, não valia a pena estarmos a
tentar fazê-lo ver o "tipo de trabalho obrigatório que fazemos todos os
domingos"...

"...Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes..."

Prosseguimos: o Sr. J n estava la...as "paredes de cartão" manteem-se n
sitio, mas sem cobertores nem roupa...será que finalmente saiu??...passarei
lá durante a semana, para ter a certeza. Estava lá o preto que nos disse
que o Sr.J foi dar uma volta...o estranho foi que n havia de facto nenhum
cobertor...

"...Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores..."

O preto estava a injectar-se quando chegamos, mas ainda o ouvimos gritar ao
Sr.M, para ele n ser mal educado connosco....Deixamos mais um saco. Passou
tb o Sr?...Começa a ser um flutuante +- fixo...muito
simpático:)..Terminamos a ronda n Aleixo. Fomos lá deixar os últimos 4
sacos...que desapareceram num instante. Já tivemos noites frias, mas esta
foi especialmente mais fria...sem os sorrisos pelos quais esperamos toda a
semana.

"...Porquê o céu e o mar...se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver. ""??

Para a semana voltaremos..:)...com a esperança de uma noite maior!! Boa
semana***Joana

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Aldeia - tudo aponta para irmos no dia 18/02

Falei com o P. Vilar e deverá ser possível reunir lá às 10:00 do dia 18/02
e assim ir visitar as pessoas de tarde.
No início da próxima semana confirmaremos definitivamente a data.
Bom fim de semana!
Jorge

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Aldeia -Crónica da ida de 28.01.2006 (Candemil)

Sábado, 28 de Janeiro de 2005. 9:15h da manhã. Muito frio e prognósticos de
precipitação em forma de neve, nas terras mais altas do continente. Os
primeiros a chegar, além do Jorge, foram os que vieram de fora da cidade:
Eu e a Teresa. O "briefing" inicial foi na "Porto Rico". Toma-se o pequeno
almoço, fuma-se o primeiro cigarro e, como já vem sendo hábito,
abastecemo-nos de comida e bebida para o almoço em Candemil.

Com todos presentes, fez-se o plano de actividades para o dia,
distribuiram-se as pessoas pelos carros e partimos. Lá seguiu um comboínho
pela auto-estrada, com partes da faixa direita vedada ao trânsito devido ao
gêlo. O meu carro, que era o último, decidiu ficar para trás em Padornelo,
pois não resistiu à oferta matinal de pão fresco.

Em Candemil fomos ter com o pe. Vilar. Combiná-mos encontrar-mo-nos com
ele, daí a pouco, na casa paroquial, onde normalmente nos reunimos antes e
depois das actividades. A reunião foi interessante e proveitosa. Ficámos a
conhecer melhor o pe. Vilar e ele a nós. Divulgámos-lhe as nossas
experiências da última visita e ele deu-nos algum retorno do que se
comentou na nossa ausência, sobre o nosso trabalho. Manifestámos-lhe as
nossas intenções de actuação em relação aos casos de famílias em Candemil e
em Bustelo, que já conhecemos.

Chegada a hora de almoço, reunimos os "F. & B.", começou a nevar e comemos,
enquanto planeávamos a tarde. Estabelecemos que tería que haver um
responsável por caso, saído daqueles que mostraram disponibilidade em ir à
aldeia de quinze em quinze dias. Assim, em Candemil, ficaram responsáveis:
A Benedita pela D. Al.; Eu pela D. M. C.; A Mónica pela D. Ar.; O Tiago
pela D. Ad. A estes responsáveis juntar-se-ão os que não puderam assumir a
presença em todas as visitas. Neste Sábado, o Jorge acompanhou a Benedita,
a Teresa acompanhou-me a mim e a Mónica e o Tiago acompanharam-se
mutuamente, nos seus dois casos. Pelo que me transmitiram, acabaram por ir
com a D. Ar. a casa da D. Ad. A D. Ar. é muito querida e acompanha-nos
sempre que lá vamos. Tem 91 anos e só se sente cansada quando pára. Mostra
mais vitalidade do que muitas das suas conterrâneas que já conhecemos e que
são mais novas. Ainda nos convidou a todos para um chá em sua casa ao fim
do dia, convite que só foi aceite pela Mónica e pelo Tiago, uma vez que
nós, os outros, já estávamos no "debriefing".

A equipa da D. Al. e a minha também nos decidimos juntar, nas duas visitas
que tínhamos a fazer. Dirigimo-nos à casa da tal família problemática,
apesar de sabermos que poderiam estar a trabalhar no campo e de que a filha
da D. Al. não estaría. A ausência desta foi um pouco frustrante porque
temos a intenção de a ajudar a procurar emprego e, eventualmente, a
candidatar-se ao regresso do filho, que se encontra aos cuidados da
Segurança Social. Lá estavam todos os outros, menos o sobrinho e o marido
da D. Al., num campo perto de casa, a cortar erva e a apanhar mato.
Atravessámos um rio a vau e fomos falar com o filho mais novo. Ele tínha-se
escapado do nosso contacto na primeira visita. No Sábado pouco falou, mas
já não nos largou até nos irmos embora. Acompanhámos a D. Al. na recolha
das vacas, de que cuida, ao estábulo. Começou a chover e fizémo-nos ao
caminho de regresso. Em casa da D. M. C. lá estava a salamandra acesa, a
porta aberta e uma amiga a fazer companhia. Despimos os casacos molhados,
puxámos bancos e cadeiras e encetámos conversa. Foi uma amena cavaqueira a
seis. Perguntávamos coisas à nossa anfitriã e era a amiga que respondia por
ela e pela D. M. C. De tal forma que já não sabíamos se estávamos a falar
da família e das doenças da D. M. C. (aquilo que nos interessava) ou das da
amiga. Enfim: Hilariante! A D. M. C. tem oito filhos, sendo que metade vive
em França onde o falecido marido também chegou a trabalhar. Foi numa visita
aos filhos, lá, que teve o acidente que lhe causou a parilisía do braço
direito. Além disto, tem diabetes. Gostava muito de saber ler, pois
entretêr-se-ia melhor no dia-a-dia. Apesar da parilisía vive sózinha e não
precisa da ajuda de ninguém para a lida doméstica. Ainda a ajudámos a
reunir alguma lenha para a salamandra, antes de nos irmos embora, mas só
depois de termos insistido muito que a queríamos ajudar. A Teresa
lembrou-se da possibilidade de, além de lhe lermos a bíblia, de que a D. M.
C. muito gosta, ensinar-mo-la a lêr. A ideia está a animar-me muito!

No fim do dia reunimo-nos todos (dos dois grupos, das duas aldeias) para o
tal "debriefing" e para o preenchimento das fichas de caso e dos relatórios
de visita.

Nuno de Sacadura Botte

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

2ª Crónica de 29.01.06 (Boavista)

O final de cada fim-de-semana é agora vivido de uma forma diferente,
tornaram-se mais “calorosos” estes domingos à noite e a ansiedade que
antecipa o momento de “reunião das tropas” torna-se mais familiar de ronda
para ronda. Neste dia em que o país parecia atónito e algo eufórico com a
queda de neve temíamos pela situação dos nossos amigos da rua, vítimas
maiores em virtude de viverem na rua ou em habitações precárias que pouco
ou nenhuma resistência oferecem às adversidades climatéricas.
Lá partimos desta vez num carro diferente, para variar, em direcção a
Damião de Góis onde encontramos o Sr. B; este já dormitava, mas quando
chegamos acolheu-nos com o seu ar sempre bonacheirão e sorridente,
agradecendo o café quente. Seguimos ao encontro do Sr. JJ em Faria
Guimarães. O Sr. JJ é um conversador nato, tendo-nos “retido”
aproximadamente uma hora com as suas muitas histórias, recordando as
peripécias mais recentes do dia-a-dia de arrumador bem como a marcante
vivência da tropa (cheia de aventuras e desventuras). O relógio já passava
das 24h00 quando chegamos ao largo do Bom Sucesso; pelo caminho tínhamos
conhecido o ZF, um toxicodependente cujo vício lhe tinha roubado tudo:
família, amigos, trabalho e paz de espírito, felizmente, aguardava pela
chamada para uma cura de desintoxicação. O Sr. J continua a dormir nas
Bombas de Gasolina junto ao Shopping , tendo aceite de bom grado o
saquinho, embora continue um pouco zangado com a vida. Ainda no Bom Sucesso
encontramos o JP, “sempre cheio de speed”, todo orgulhoso nas suas novas
sapatilhas e o JPE que nos contou que em breve iria tentar a sua sétima
cura (sim sétima!) de desintoxicação em conjunto com o C, que não avistamos
mas que costuma estar ocupado nas redondezas a arrumar carros para fazer o
necessário para a dose. Por ultimo fomos ao Foco, já passava e muito da
01H00, tendo encontrado o M a dormir optamos por não interromper um dos
poucos momentos de tranquilidade da sua vida de dependência, deixando lá o
saquinho.
A aventura chegou então ao fim, desta vez sem a reunião final do Aleixo e
após uma pequena oração final. Cada um seguiu o seu rumo levando o coração
cheio destes pequenos momentos de partilha com os nossos amigos da rua."

Rui Mota