Famílias, Aldeias e Sem Abrigo estas são as nossas áreas de acção. Um grupo de jovens do Porto, que no CREU têm uma casa, lançam mãos aos desafios que lhes surgem.
quinta-feira, julho 03, 2008
Crónica Aliados (ex-"6ºtrajecto") 29.06.2008
Espanha acabava de ganhar no futebol, aos poucos chegávamos e começávamos a preparar os sacos. Rezamos juntos e pouco depois seguimos para o sítio do Sr. JC. Já dormitava quando chegamos mas pôs-se a pé num ápice e com a sua natural simpatia começou a inevitável conversa sobre o a final do europeu. Aguarda a próxima entrevista na segurança social, mas a esperança de vir a ter um quarto é pouca. O verão faz com que vá aguentando a bronquite e espantando a solidão com as cartas batidas durante as tardes de S. Lázaro. Temos reparado que, mal saimos, come imediatamente o que lhe deixamos.
Seguimos ao encontro do nossos amigos de C. De entre todos (o Sr. A e o amigo A, o J, a. AM e o amigo A) a AM era a mais espirituosa, e naquela noite estava particularmente inspirada. A ânsia pelos dias quentes, que entretanto chegaram, acumulava a necessidade de extravazar tristezas, de tomar um banho de mar, outro de sol, e limpar as angústias que a chuva insistia em manter. Foi esse o testemunho que ela nos deu: por detrás do bronze apurado irradiava felicidade naquela vaidade tão feminina, pontuando o momento de provocações meio eróticas a propósito de um cigarro cravado ao Sr. A. Só pudemos rir juntos naquela cumplicidade que também a nós nos alenta.
Depois estivemos com o Sr. E que já se embrulhava nos cobertores preparando o sono. Desta vez falhamos na camisa azul que nos pediu, mas pudemos compensar com uma de outra cor e ainda uma t-shirt. Entretanto chegava o M (o mais alto). Vinha sozinho e foi pena ver que continua a arrastar o seu ar pesaroso pelas ruas, ainda sem força para assumir o compromisso de um tratamento. Não quis conversar muito, recolheu ao seu espaço, meio envergonhado, meio triste.
Na última paragem o Sr. F estava, como sempre, mergulhado no seu plástico negro, numa camuflagem que tantas vezes nos faz duvidar da sua presença. Chamamos por ele e logo destapou a cabeça, olhando com aquele ar malandro de quem (ele garante) nunca dorme. Estava mais sossegado desta vez, pouco falou, apenas concordava com o que diziamos. A conversa foi curta e desta vez sem estórias mirabulantes e difíceis de acreditar. Nem sempre se resiste á melancolia e é inevitável sucumbir-se ao silêncio e á escuta, como se fosse importante por vezes lembrar-nos a dureza da vida na rua. Pouco depois cobriu-se novamente enquanto voltávamos ao carro. E assim terminava a ronda.
Vamos continuar trazer as noites de Domingo, vamos continuar a traze-las à luz do dia, o luminoso dia de sermos todos feitos do mesmo sopro.
terça-feira, julho 01, 2008
Crónica Areosa 29.06.2008
De mala bem recheadinha, seguimos para casa da D. A. Custa um bocadinho não levar o Sr. J. connosco. Como ficou doente, o filho veio buscá-lo ao Porto e levou-o para V. Sentimos saudades e vontade de estar com ele. Faz mesmo falta o jeitinho dele doce, sereno e agradecido.
Chegados a casa da D. A., o nosso passo feliz e quase desprendido cruzou o passo silencioso e desconfiado dos bichinhos de estimação do pai da D. A. Sim, os dois cães simpáticos e nada ameaçadores não estavam afinal do lado oposto do muro, à espera do momento certo para representar o seu numero preferido (saltar e saltar e saltar e saltar e ladrar e ladrar…), como de resto já nos têm vindo a habituar. Estavam sim, do mesmo lado que nós, ou seja cá fora!...Achamos por bem comunicar com a D. A. via telefone, antes mesmo de arriscar as calças do Nuno, os calções da Andreia, as pernas do Pedro ou o vestido da Joaninha. A D. A. não estava lá, disse-nos que já tinha ido para a casa da Senhora de quem toma conta. Deixámos o saco e partimos para a rotunda. Depois de passarmos no cantinho da I., e termos verificado que ela não estava lá, fomos ter com o Sr. M. O Sr. M. estava muito calmo, sorridente, que saudades eu já tinha de o ver assim. Precisa de cortar a barba e o cabelo e disse-me que gostava mais do Inverno do que do Verão. O problema é o Sr. M., o senhor que está a dormir lá ao lado. Fica o tempo todo a dizer mal do Sr. M., a dizer que ele não toma banho, que cheira mal, que assim não pode ser. Enfim, é uma pessoa notoriamente revoltada com tudo e com todos. Vamos ver como será. Depois de algum tempo na rotunda, partimos para o prédio. Já lá estavam o B. e a R. à nossa espera. A R. contou-nos que a mãe do B. foi às compras e trouxe roupinha para os dois. Ela trata a R. como se também fosse filha dela, é incrível! Também nos disseram que foram ao centro de emprego inscrever-se num curso de formação e estavam à espera de ser chamados. Parece-nos que o B. continua sem muita vontade de trabalhar, enfim. Esta dependência que ele ganhou às carrinhas que distribuem comida e roupa, também não parece estar a ajudar muito. A R. vai saber agora as notas, vamos ver se passou de ano.
Às vezes quando chego a casa, no fim da ronda sinto-me triste. Penso inevitavelmente no tempo que vai passando, por nós e por eles. Penso no tempo que vai passando por mim. E durante esse bocadinho, desisto.
Outras vezes, acontece como hoje, em que chego a casa e só me lembro do olhar do Sr. M., do sorriso do Sr. A. Agradeço a Jesus poder ter tocado na mãozinha do Sr. M., agradeço a fragilidade dele de hoje, que ás vezes parece não existir, e que hoje, só hoje, nos torna tão próximos. E é nessa fragilidade e nesse olhar, que eu insisto.
Desisto e insisto. Obrigada.
*Joaninha.
quarta-feira, junho 25, 2008
Crónica da Ronda da Areosa - 22.6.2008
A primeira paragem foi mesmo antes do arranque: a S. foi lá ter connosco. Já não estavamos com ela havia alguns meses...
Desentendemo-nos! Mas ela, também não tem estado em casa ao domingo à noite. Valeu, por poder vir a ser o princípio do reatamento da nossa relação. Isto porque a S., continua a falar no mesmo: aquilo que gerou o nosso desentendimento.
Seguimos para a ilha da D. A. Ela não estava, porque tem ido tomar conta de uma senhora de idade, durante a noite. Deixámos-lhe aquilo que lhe levávamos, à porta da cozinha nova.
Rumámos ao extremo da nossa ronda, à procura da D. I. Estavam os seus pertences, mas não estava a própria. Fomos ter com o sr. M. Lá estava, acordado e acompanhado pelo sr. M. Desta vez este passou os limites: até nos insultou. Definitivamente, se queremos falar com o sr. M., temos que, com bom senso, evitar encetar qualquer espécie de diálogo com o outro. É que ele não se cala, monopoliza a conversa e canaliza as nossas melhores atenções, para si. Antes de partir: um momento de maior pressão: eu e a Andreia tínhamos sangue numa das mãos! O sr. M. tinha uma ferida e sujámo-nos ao cumprimentá-lo.
A nossa última paragem foi com o casal de jovens e com o sr. A. Este não aparece muitas vezes e tem uns temas de conversa pouco confortáveis. Digamos que é uma pessoa difícil de acompanhar. O casal com as relações recentemente reatadas, estava como dantes. Ela a acabar as aulas e ele sem trabalhar. Ficámos com a impressão de que passam algumas dificuldades durante o dia: alimentam-se mal!
Beijos, abraços e até breve,
Nuno de Sacadura Botte
terça-feira, junho 17, 2008
Crónica Boavista – 15.6.2008
Primeira paragem, d. f., pagode total, estavam lá os filhos e o sr v. Claro que nos fartamos de rir, claro que relembrou mais uma vez a Ana dos seus anos, estava ainda meia dorida das costelas.No domingo passado tinha oferecido um cinzeiro de Portugal à Joana a dizer que era do benfica, para nossa surpresa este domingo tinha mais um cinzeiro mas desta vez era mesmo do benfica!
A muito custo, porque a conversa é boa, descemos a constituição e fomos deixar o pão que sobrou dos sacos ao lar. Esta também é já uma paragem obrigatória e sempre cheia de aventuras!!!Saco de pão preso no portão, farinha para todos os lados, os homens a fazer escadinha para a pão passar para o lado de lá, e da janela sempre surje "es lo pãn??".
Seguimos ao encontro do sr G. que já lá estava à nossa espera, mais umas mezinhas, a mulher está bem, não há movimento, e por isso a noite acaba cedo.
Paragem seguinte, o nosso heroi sr z. Mais falador, mostrou-nos a arma que estava a trabalhar nos últimos dias "nunca se sabe o que pode acontecer". Do outro lado não encontramos o sr A. que muito provavelmente deve ter-se perdido na festarola da passagem de Portugal aos quartos de final, conclusão, um domingo sem discussão futebolistica!
Partimos para a zona do bom sucesso, com os sacos contados e com tantas pessoas ainda para ver seguimos ao encontro da d. g. Esta paragem está cada dia mais atribulada, os tres da vira airada estao de costas voltadas. D. G, Sr A. e Sr A.!!!! Vemos cada um à vez, quase como que visita de médico e sem contacto uns com os outros porque senão sai "faisca". Cabeças duras, orgulhosos, nenhum dá o braço a torcer!
Desiludidos connosco próprios falhamos os anos do Sr A. Ele estava triste, pedimos imensas desculpas, cantamos-lhe os parabens e no próximo domingo não poderá faltar um presente!
Não vimos o M nem o V, nao sabemos se foram ao CAT, deixamos-lhes um saco no sitio onde dormiam, a conversa foi pequena para nao sairem do sono.
O J.P. finalmente!Conseguimos falar com ele. Esta muito mais magro, continua na metadona, há 4 meses!!!!!Está a lavar carros, esperava que hoje não chovesse senão ia ser um dia fraco. Está entusiasmado, pediu para irmos passando e deixando o saco.
Seguimos viagem e encontramos a G, o Jorge e a Ana saem do carro e ficam no meio da rua a falar....Lá segue a G ao ver que não há "uma moedinha para uma sopinha". A L. ve-nos e corre ao encontro dum saco. Já não esta a dormir no mesmo sitio, ela e o companheiro estao a dormir na rua e à procura de novo poiso.
Mais uma ronda que acabou em bem, com os sacos todos os entregues, as pessoas visitadas, com pena de não termos visto algumas, pedindo para que essas estejam bem e que no próximo domingo a vejamos.
Benedita Salinas
segunda-feira, junho 09, 2008
Crónica Boavista . 8.6.2008
Descendo a Constituição, encontrámos o Sr. Z todo sujo pois tinha acabado de vomitar. O encontro não foi agradável e só a custo conseguimos trocar algumas palavras.
A paragem seguinte foi no Sr. G que tinha ido de propósito ao nosso encontro (o MacDonalds está em obras e por isso não há carros para arrumar). Conversámos um bocado e seguimos para o viaduto do Campo Alegre onde não estavam os nossos dois "clientes" habituais.
Na zona da Boavista, estivemos com o JC, com a D. G, com o Sr. A e com o Sr. A que nos trouxe um novo conhecido que está a precisar de apoio. Estavam todos contentes com a vitória da selecção e só o Sr. F (o amigo do Sr. A) estava preocupado com um problema de saúde de contornos estranhos. Ficámos de contactar um colega do Dr. House para tentar perceber o mistério.
Sérgio
domingo, junho 08, 2008
Crónica Boavista – 1.6.2008
Logo na partida conhecemos o Sr.A. que nos abordou a pedir um saco de comida. Tinha casa mas o atropelamento que teve impedia-o de trabalhar. Falou-nos que conhecia o Sr.R e onde o poderiamos encontrar, já que não o vemos há bastante tempo. Trazia um panfleto nosso no bolso das calças...foi bom saber que isso os ajuda.
De seguida fomos ter com a D.F. Lembrei-me muito dela quando estive fora e apesar de continuar no mesmo sítio e com os seus 1001 problemas, parecia animada pelo facto de lhe terem prometido uma casa para poder receber o filho que está para sair da prisão (será que é desta?espero que sim).
Fomos entregar o pão ao Lar e ter com o Sr.G. Ele devia escrever um livro de mezinhas. Sugeriu azeite na cabeça para as dores de cabeça...(mas não se esqueçam de lavar a cabeça depois).
A caminho do viaduto encontramos o Sr.Z que não estava para grandes conversas e rapidamente nos despachou. O Sr.A não estava e lá fomos ter com o resto dos nossos amigos...até porque a noite já ía longa.
Encontramos a L. que nos falou da dificuldade que é arranjar um sítio seguro na rua para dormir. Até entre eles que vivem todos na rua já está perigoso!!! Assim é que se pode ver a miséria que nos rodeia.
Vimos também a G. que não falou muito mas aceitou o nosso saquinho. Hoje o final da ronda tinha 2 amigos que eu ainda não conhecia, o V. E o M. que estão super entusiasmados para ir ao CAT. Tentaram a 4ª passada mas sem sucesso. Não foram atendidos. Espero que tenham
conseguido esta semana. A D.G também esteve à conversa connosco mas o Sr.Al parece que continua meio tristonho. Já não recebemos o sorriso que era característico. O Sr.Ar não estava. Contaram-nos que tem andado a beber muito. Fomos ver se ele estava a dormir mas apenas
encontramos o JP a dormir e demos-lhe o nosso último saco. Terminou a ronda e eu senti que realmente já não consigo passar um Domingo à noite sem esta "equipa" fantástica. Obrigada a todos pelo carinho neste regresso!
Joana
quinta-feira, maio 29, 2008
Ida à aldeias este sábado - 31 de Maio
Gostaria de relembrar que este fim de semana temos visitas.
Peço a todos que um esforço extra para estarem presentes, atendendo a que temos estado poucos e algumas pessoas já avisaram que não poderão ir.
A partida será às 10:30h junto à igreja N.ª S.ª de Fátima.
Confirmem, p.f., a presença/ausência nesta proxima ida comigo, pois o Rui não vai.
Obrigado. Beijinhos e abraços,
Jorge
segunda-feira, maio 26, 2008
Crónica de 24.05.08 (Boavista)
É notório como o facto de estarmos menos, faz com que ela fale e se abra muito mais, deixando de lado aquele "falar alto e cheio de asneiras".
Assim, lá descemos a rua. Não encontrámos o Sr.Z. Fomos ao lar deixar o pão e seguimos p Sr. G. Aqui, não houve grande novidades. Mais ou menos a conversa de sempre, sobre mezinhas. Apenas nos disse, quando lhe perguntámos o que ainda fazia ali, com aquela chuva, "que estava à espera das pessoas que lhe faziam bem".
Continuamos para o viaduto. O Sr. Z. não estava, por isso fomos ter com o Sr.A. Não nos falou no futebol, confidenciou-nos o quanto bebia- que é mesmo muito!- e disse-nos tamém que não sabia bem o que lhe tinha dado para acabar neste tipo de vida.
Como já passava um bocadinho da meia-noite, fomos num instante ao trio.A D.G estava já na paragem, a tentar abrigar-se da enorme chuvada, juntamente com o M. O M. estava mesmo à nosa espera, para saber novidades do CAT. Quer muito entrar para a metadona, o que nos deixou muito contentes. Com ele, um amigo também, o V. que está na esma situação. Vão tentar ir na 4f, para começarem no máximo na próxima semana com o tratamento e poderem arranjar emprego de vez. O Sr. Ar. e Sr.Al. apareceram mais tarde. O Sr. Al. estava muito em baixo, disse que queria morrer, que não fazia nada aqui. Tentámos animá-lo, aconselhá-lo, fazer-lhe ver que, às vezes, a forma como age não é a melhor, e que deve insistir quando alguém falha, (Como por exemplo com a cáritas, ou Seg. Social). Apesar de não parecer ao longo da conversa, que nos desse qquer ouvidos, no fim lá nos agradeceu "esta meia hora de conversa".
Sem sacos, não passámos pela zona do Conv. e seguimos os dois, para a oração final, no Creu.
Boa semana a todos,
Ana
terça-feira, maio 20, 2008
Crónica de 18.05.08 (Boavista)
A solidariedade entre trajectos, e a minha mala do carro - que parece um armazém - ajudaram a preparar os onze sacos que levamos no carro do Sérgio.
A D.F estava tristonha por diversos motivos, os cobertores estavam todos molhados, o FC Porto tinha sido derrotado - provavelmente a principal razão - está mal da garganta e o Sr. V ainda não tinha chegado. Deu-nos uma óptima notícia, o filho já sabe quando será posto em liberdade, o que foi a melhor notícias da noite. Perguntou pelo pedido que fez à Ana, e se havia chá mas nós não conseguimos dar resposta. Talvez esta semana consiga arranjar a barraca. Tentamos animá-la.
Entregamos o pão em boas mãos, e falamos com Sr. G, que estava extremamente animado, tanto que saímos de lá mais alegres do que quando chegamos - ainda há quem diga que não há esperança, nem alegria nas pessoas que estão na rua! - vai cortar o cabelo para a semana e lá nos falou de sapos e bonecas o que não nos deixou muito à vontade....
O Sr. Z estava animado e contente, tinha dois autocarros "a seu cargo", com planos de expansão da "moradia", e venda de algumas sucatas. O Sr. A foi a pessoa que mais estranheza nos causou, pois estava a falar de coisas totalmente desconexas e foi difícil compreende-lo, até que ele voltou ao tema favorito, o Esférico, e muito escutamos sobre a taça UEFA e Champions.
As suas mãos lindas e sujas, fez-me pensar nas pessoas que visitamos, como por debaixo das roupas gastas, cabelos degrenhados, e sujidade se encontra uma pessoa com todo o seu valor à espera de ser revelado...
Começou a chover tanto que esperamos um pouco que ela abrandasse. Não vimos o JC.
Com tanta chuva, não encontramos o "trio amigo" no local do costume, o Sr. A estava à parte, ainda continua amuado. Os outros tinham companhia, que querem entrar num programa de desintoxicação, vamos tentar ajudá-los.
Para já ficou a conversa inicial habitual, vamos informar-nos - como é habitual - para depois eles darem o primeiro passo.
O Sr. Ar estava muito com os copos e a brincar imenso, e a arreliar o Sr.A, que estava ensopado.
Terminamos a ronda, partilhando as muitas emoções da noite, positivas (em maior número) e negativas.
Até para a semana,
Jorge
sexta-feira, maio 09, 2008
Crónica de 4.05.08 (Boavista)
Partimos o Rui, o Sérgio, a Beni e eu. Primeira paragem: D.F. Lá estava animada com o Sr. V deitado com a habitual conversa sobre o futebol e sobre os remédios com que uma vez ajudamos, mas que já não nos lembrávamos do nome... Seria Paracetamol?
Procuramos o S. R mas sem resultados, parece que vamos ter de esperar até o reencontrar numa ocasião furtuita para sabermos como anda, visto que a casa onde estava foi trancada com tudo o que tinha lá dentro... O que vale é que ele traz quase sempre um sorriso e aposto que anda por aí a dizer "Hola! como dissem os espanhóis!".
Fomos deixar o pão que sobrou dos nossos patrocínios a quem dele também precisa. Desta vez era bastante, pois o Aleixo ainda não voltou à "normalidade" para lá voltarmos, a polícia anda muito presente.
O S. G estava bem, contou-nos mais uma "mésinha" e da ausência de fronteiras entre este mundo e o outro. O Chá mais uma vez entornou-se dentro da mochila, está a tornar-se um hábito!
O nosso jornalista pregador estava bem, mas falamos mais com o S. A que estava mais alto do que nós, por momentos pareceu-me que estaria num mini-comício! Roubaram-lhe coisas... Tantas vezes me questiono, o que passa na cabeça de alguém para roubar roupa ou um cobertor a um Sem Abrigo? É absolutamente invendável, só mesmo quem rouba para si, ou por estupidez... Estivemos a correr com o nosso pescador, JC, estava a regressar ao "trabalho" e já com vontade de ir buscar mais uma dose.
Passamos pelos "3" e além de o S.A e a D. G estarem amuados um com o outro, com o S.At a brincar com toda a situação já um pouco embalado, contaram-nos que houve um fulano que cuspiu na D.G simplesmente porque ela é portista e o fulano não... Estes episódios de crueldade são algo que mexe comigo. Não foi uma noite preenchedora como noutras vezes.
Regressamos ao ponto de partida, e depois às nossas casas.
Até para a semana,
Jorge
PS - Ontem estive com o S. Z, ele anda bem, apesar dos habituais problemas nos seus poucos dentes, vai tentar estar connosco este domingo.
segunda-feira, abril 28, 2008
Boavista - 27 Abril
Começámos por fazer um pequeno desvio e levar um amigo a casa, por isso o percurso foi diferente e começámos pelo Sr. G. Este estava bem disposto, muito penteadinho. Falámos de mezinhas e rimas. Disse-nos que continuava a ir à Caritas, que lhe faz sempre muito jeito, mesmo que seja pouco o que recebe.
Seguidamente, fomos ao viaduto. Não vimos ninguém, mas quando subiámos a rua apareceu o Sr. Z. Mais bem disposto que da última vez, deu-nos conselhos sobre o Amor e o Casamento (vá-se lá saber porquê! :)) sem esquecer uma musiquinha à mistura para acompanhar e desejou-nos uma "boa noite com Deus", como sempre.
Daqui, passámos pelo JC. Estava bem mais animado do que na semana passada, pois o "comércio" e mais fácil outra vez. Nesta zona vimos também o JP que, apesar de nos dizer que há já algum tempo está na metadona, nos parece um pouco ligado ao vício.
A paragem seguinte foi com os 3 da vida airada: D.G, Sr.Al e Sr.Ar., este último desta vez estava com uns bons copos a mais, mas manteve o discurso muito rico, o que nos confirma a suspeita de que, antes de vir para a rua, deve ter tido bastante instrução...!
O Sr. Al. contou-nos um pouco como iam os seus filhos. A D.G. estava com uma forte dor no braço e pouco agoniada, disse ser stress. Tinha-nos dito que se calhar a filha da suiça vinha cá, ou ela ia lá, pode ter a ver com isso - emoções.. Também nos disse que Esperemos que melhore. Depois, ainda passámos pelo Estádio do Dragão, pois disseram-nos ter visto um sem-brigo a arrumar carros por ali mas, pelo andar da hora, foi natural n termos visto já ninguém. Por fim fomos à D.F. Levámos-lhe um litro de leite, como prometido, o saco de sempre e o cházinho. Com ela, deitavam-se o Sr. V. e o P. que, quando ouviram falar em chá, levantaram logo as cabeças e sentaram-se, com ela, a bebê-lo, aquecendo-se da noite. Estavam muito sossegados, mas felizes. prometemos levar, para a semana, o nome do remédio para a D.F. pedir aos MdM.
E assim acabámos a noite, à porta do creu, como sempre.
Um bjo a tds de boa semana,
Ana B. Carvalho
quarta-feira, abril 23, 2008
Crónica de 20.04.2008 (Boavista)
Com a oração inicial feita pela Marta, apelando à simbiose entre as rondas e o nosso dia-a-dia, partimos para a D.F.
Em dia de Porto Campeão, com uma vitória acrescida ao Benfica, lá a encontrámos eufórica a festejar, juntamente com o Sr.V. e o filho P. Estavam todos bem-dispostos. Pediu-nos um litro de leite, e que viéssemos preparados para, na próxima vez, a ajudarmos a escrever ao filho. Assim, partimos em busca do Sr. R, com quem se tinha combinado encontrar-nos às 11. Andámos por lá mas não o vimos, teremos que tentar outra vez.
Por isso, continuamos a ronda, descendo no percurso. Não havia pão par o Lar, por isso, parámos no Sr.G., sempre com as suas "mezinhas", lá fizemos uns dedos de conversa, numa tentativa de perceber em que é que acredita..!
Ao mesmo tempo, por ali, fomos ter com o Ind., dando -lhe um cobertor e algumas palavras de conforto.
Desde local, continuamos para o viaduto. 1º falámos com o Sr.A., desanimado com a derrota Benfiquista e por continuar sem conseguir dormir, sucessivamente, por muito tempo e, posteriormente, com o Sr.Z, desanimado também, mas com a vida que anda levar; disse "já não saber o que queria..!". Pedindo desculpa pelo estado de espírito, lá foi dormir e nós continuamos a noite. Encontrámos o JC a ressacar, pedindo-nos para apenas deixarmos o saco com ele.
Por fim, estivemos com o Sr. Al, Sr. Ar. e D.G.. O Sr. Ar. surpreendentemente mais lúcido e bem falante, disse-nos ter feito alguns cursos. A D.G. lá estava sempre querida e o Sr. Al. com o seu feitio mais apagado, actualmente, contou-nos, feliz, a conquista de Bolsa do filho para trabalhar.
Depois de tudo, chegámos ao Creu e acabámos a noite a lembrar todos os que vimos e não vimos, assim como a Joana que vai para fora.
Um bjo a tds de boa semana,
Ana BC.
quinta-feira, fevereiro 21, 2008
Aldeias | Ida este Sábado (23.02.2007) - 11:00h
Quero relembrar a todos que este fim-de-semana há visitas na aldeia. Depois da formação em fisioterapia, teremos um fim de semana mais relaxado, só com as habituais visitas.
A hora de partida será às 11:00 horas no sitio do costume: em frente à igreja de N.ª Sr.ª de Fátima (p.f. respeitem os horários).
Não se esqueçam de levar algo para partilhar no almoço.
Peço a todos que confirmem a presença/ausência no próximo sábado.
Com este Sol e por este andar pode ser que ainda iremos ao rio! :)
Beijos e abraços,
Na ausência do Rui,
Jorge
segunda-feira, fevereiro 18, 2008
Crónica da Boavista (10.02.2008)
Depois de distribuirmos os sacos como habitualmente, fizemos uma oração com uma proposta bem gira e diferente (pelo João AP), e organizámo-nos para sair.
Começamos pela zona do viaduto, onde estão so nossos novos amigos Sr.Z. e Sr.A. Mas nenhum dos 2 estava. Ainda berramos umas vezes, mas sem sinal de nenhum.
Seguidamente, resolvemos ir ter com o Sr. G, uma vez que estávamos perto dali. Ele estava bem, com os recados das mezinhas de sempre e com a frase "o jardim do éden" ;). Pelo meio da conversa estivemos com dois novos amigos, que não me recordo o nome e a quem demos o saco e assim seguimos para a D. F.
No caminho, encontrámos o Jorge! Que não vinha à ronda mas, lá se convenceu e veio connosco fazer o resto da noite.
Assim seguimos para a D.F. os 5, como há muito não acontecia. Ela estava animada, apesar de ter ido ao hospital, como noutras vezes, por causa da diabetes, estavam a 700's! O V. também estava por lá. A barraca caiu, parcialmente, devido à chuva e agora dormem pior do que nunca, o que vale é o que ânimo estava em alta.
O Sr. R não estava "em casa" e o cadeado que lá estava, implica que vamos ter de passar a tentar encontrá-lo noutros sítios, será que o reencontraremos?
Descemos e fomos ter com o PeP, ele estava conversador, e falou-nos em esforços para reentrarem na metadona. Ela estava a ressacar fortemente, e fez alguns contactos que nos pareceram muito "estranhos", também lá estava o JC. Demos um saco a um rapaz que bem precisava, mas que não fixei o nome. Passamos pelo A, mas já não tínhamos sacos...
Vimos o Sr. A, a D. G e o novo companheiro que precisava de orientações, espero que ele esteja bem. Tenho sentido o Sr. A mais distante, talvez por algumas discussões que tivemos por causa da nossa ajuda e da forma como o poderemos ajudar melhor.
Terminamos com a habitual partilha. Foi bom estarmos em grupo de novo.
Ana e Jorge
domingo, fevereiro 10, 2008
Crónica das Aldeias (09.02.2008)
Na "nossa", Ansiães, nas três visitas que fizemos aprendemos muito sobre o que era o Entrudo de antigamente. Demos o nosso primeiro passeio na eira com a TC, que fez questão de nos ditar a música da Infeliz Donzela, a qual cantarolamos. Será que me lembrarei assim tão bem de coisas com 93 anos?
A alegria do passeio foi contagiante: "eu quero correr!". Estávamos nós com receio de propôr o passeio e logo à primeira ficou assente que se deverá tornar um hábito! Enfim, por vezes somos pequeninos nas nossas ideias...
No final fomos pela primeira vez ao Lar em Fregim, e atravessando o "labirinto" que é aquele edificio enorme e moderno onde 118 "séniores" residem, encontramos mais uma vez a alegria do reencontro com a DA e o SJ. Já não os víamos há 6 semanas, o Natal tinha sido em família. Ficamos muito surpreendidos com a qualidade do Lar e pela hospitabilidade das pessoas (tirando o porteiro :P). Eles estão bem, com boas cores, o SJ ainda se está a adaptar e depois da despedida ficou a vontade, e a certeza, do reencontro daqui a algum tempo.
Foi um sábado excepcional, pelo qual me sito agradecido a todos que contribuem com aquilo que têm e acima de tudo, com aquilo que são.
Um abraço forte,
sexta-feira, janeiro 25, 2008
Ida à aldeia este sábado (26 Jan), partida às 11:00h
Este fim-de-semana há aldeias. O programa desta vez é unicamentededicado às visitas domiciliárias.
Partimos às 11h ( tentem chegar a horas!) e encontramo-nos junto àIgreja de Nossa de Fátima. Levem algo para partilhar no sempreespecial almoço.
Confirmem, p.f., a presença/ausência no próximo sábado.
Beijos e abraços,
Rui.
segunda-feira, janeiro 21, 2008
Novidades nas Aldeias...
Vi a alegria do deixar a solidão encontrar a certeza de um lugar no lar. A ela se juntou um par de olhos cintilantes com 86 anos...
Porque vi partir um amigo, que muito ouvimos todos cantar, a quem cantamos os parabéns, com quem passeamos, que nos falava da tropa e dos bailes junto à lareira...
O casal do Casal foi para o lar, e apesar de não termos ainda visto o sorriso no rosto, já o ouvi pelo telefone, a dizer que estão bem, e que há visitas ao Sábado :)
Com o coração cheio por eles, quero dizer: Obrigado!
e obrigado a todos!
terça-feira, janeiro 15, 2008
Crónica da Ronda da Boavista (30.12.2007)
Depois de algumas desistências, o Rui, Jorge e eu ficámos disponíveis para mais uma noite com os nossos amigos de rua.
Era a última do ano de 2007 e também nas outras rondas se sentia a falta de gente, pela época das quadras natalícias.
Mas animados e depois de uma oração inicial de improviso, lá partimos para a nossa 1ª paragem, a D. F. Aqui encontrámo-la bem disposta, a jogar cartas com um amigo, o Sr.V. Este está a dormir num jardim ao lado, debaixo de uns prédios. Pelos visto o seu antigo poiso era próximo do Estádio das Antas mas incendiaram-lhe as coisas e a D.F. que já o conhece há algum tempo, aconselhou-o a ir para lá. Assim, têm passado o tempo juntos, a jogar umas cartas, enquanto não vão dormir. Não há vencedor, nem vencido, nem regras, apenas uma forma de passar o tempo. Ficamos a contar com ele para as próximas vezes e partimos para o próximo amigo.
O Sr.R. não estava na sua casa. Tocámos uma data de vezes, mas em vão – podia-se espreitar um escadote do lado de dentro a prender a porta… Sem saber bem onde poderia estar ele afinal, seguimos para o lar de Idosos. Depois de tocarmos uma data de vezes, lá conseguimos deixar o pão para os velhinhos.
Depois veio o Sr.G. Esteve encontrava-se todo bem-posto, com as luvas e a gabardina que lhe demos no Natal. E bom ver que este Homem aproveita tudo o que lhe damos. Contou-nos um pouco da vida passada, da mágoa com a sua filha que já morreu. Contou-nos algumas histórias no tempo da PIDE e, assim nos despedimos dele. Antes dele, tínhamos falado já com o A., que lá estava mais ou menos desanimado por ainda continuar na rua e com o C., um rapaz que penso, já nos tínhamos cruzado uma vez e que estava completamente afectado pelo vício…Pediu o saco, e seguiu.
Na zona do C., estivemos com o P. Este falou um pouco connosco, estava preocupado por não saber há algum tempo da P. Ligamos-lhe e ela disse que já ia. Não sabemos como anda a relação entre eles mas convém estarmos atentos.
Um pouco mais abaixo estivemos com o C,e stava todo “roto” de andar de um lado para o outro sempre a correr á procura de carros e lugares para os carros…falámos bastante, ele faz-nos sempre rir!
Para terminar, fomos ao encontro do Sr.A. e da D.G. Estivemos com os 2. Falaram-nos de como tinham sido os seus Natais, com alguma indiferença. Para o Ano Novo, previam uma noite como qualquer outra no ano. Ainda insistimos para a DG ir à ribeira assistir ao fogo, mas vamos ver…
Terminámos a ronda em oração e partimos para nossas casa, com a esperança de que este novo ano seja ainda melhor para nós e os nossos amigos da rua.
Ana Carvalho
terça-feira, janeiro 08, 2008
Janeiras nas Aldeias! - 12 Jan - Aberto a todos!!
no próximo sábado vamos cantar as Janeiras nas Aldeias, passando por todas as casas que visitamos.
Queremos convidar todos os voluntários do FAS para se juntarem a nós num dia cheio de alegria e camaradagem. As previsões é de que vai haver Sol e nuvens (não chuva). É um dos melhores dias para conhecer as Aldeias.
Na indisponibilidade do Rui, faço eu a convocatória para este próximo sábado em que regressamos às aldeias neste novo ano. Quem quiser alinhar, por favor, envie-me um mail. Partimos às 10h e voltamos às 18:45h.
Tragam almoço para partilhar e viola quem tiver.
É necessário alguém que seleccione as músicas (poucas) do nosso rol de canções de natal de 2007 e 2006, se alguém tiver disponibilidade fale-me.
Tal como habitual o local de encontro será em frente à igreja N.ª Sr.ª de Fátima, com partida agendada para as 10h00. Sejam rigorosos com as horas, até porque vamos percorrer todas as casas, e ainda vamos ensaiar lá antes! Um abraço cheio de esperança a todos,
Jorge
segunda-feira, janeiro 07, 2008
Crónica da ronda de 06/01/2008 (Boavista)
Partimos eu e o Rui em direcção à D.F. Ela lá estava com o seu filho Z. e o Sr.V. Jogavam às cartas mas rapidamente a conversa mudou para o seu tema preferido, o futebol. Entretanto chegou a Ana e acabamos por saber que mais uma vez a D.F tinha ido para a urgência na passagem de ano com a “pulseira azul” própria para diabéticos.
De seguida fomos visitar o Sr.R. que tinha chegado da terra onde foi visitar a família e que já com o rendimento mínimo esgotado, continua na mesma casa acompanhado pelas ratazanas…aquela casa é assustadora.
Seguimos para o Sr.G que acabava de atender a chamada da sua mulher “- Eles já chegaram? – Estão agora mesmo a chegar.” É bom saber que ele está ali à nossa espera todos os Domingos. Lá soubemos que a felicidade depende muito se vivemos numa casa ou num andar e depois de mais umas mezinhas partimos para mais uma paragem.
Nesta noite demos um saco a 3 pessoas novas, o ? que ainda tentou fazer um negócio de telemóveis connosco (surreal), a L e a G que arrumavam uns carros presas ao vicio que mais gente coloca na rua…a droga.
Estivemos ainda com o P. que acabou por falar um bom bocado connosco, parece que nos estamos a aproximar dele. A P. tinha ido ao bairro.
Fomos ter com o Sr.A que tentava arranjar mais uns trocos numa noite que para ele ainda estava a começar. Como não estivemos com a D.G. fomos entregar o saco que sobrou ao P. para dar à P e …lá estava ela. Tinha chegado do bairro naquele momento mas estavam os dois tão speedados que apenas conseguimos saber que tinham estado com as filhas no Natal.
Sem chuva acabamos mais uma ronda desejando que o Inverno não fosse tão “mauzinho” com os sem-abrigo na próxima semana.
Boa semana
Joana Gomes