No passado domingo, após a alegria da vitória da nossa selecção, à mesma hora, no mesmo sítio, estávamos ali unidos pelo mesmo objectivo: dar um pouco do nosso amor, carinho e atenção. É tão bom sentir que com a nossa simples presença ajudamos bastante. É bom ouvir atentamente os problemas e dificuldades da semana dos que muitas vezes não têm com quem falar e quem os tente compreender! Fico ao ver o brilho no olhar e o sorriso agradecido naqueles rostos… é uma partilha que enriquece os dois corações…
Depois da habitual oração, unidos pela corrente do amor, lá partimos à descoberta pela calada da noite…em busca de uma realidade por muitos desconhecida…
Fomos ao jardim do Bonfim… Já a algumas semanas que não encontramos o Sr. A… Quando lá chegamos não o vimos, outra vez! Perguntamos ali ao ladinho no café se sabiam onde se encontrava agora. Tinha sido visto pela rua das flores e pela corjeira… Lá fomos nós, ver em que paragem se encontrava… Na rua das flores, não o vimos. Estava lá um senhor acompanhado com o seu cão (muito brincalhão por sinal) que nos disse que por ali não tinha visto nenhum senhor na condição de sem-abrigo.
Tínhamos ainda a Corjeira para procurar… Lá fomos, e com grande espanto nosso, lá estava o Sr. A. deitado (se assim posso dizer) à porta de uns prédios em cima da pedra de mármore… Completamente desconfortável… Enfim lá nos disse que tinha mudado de sítio porque tinha sido assaltado… Como é possível? É mesmo inacreditável pensar que existe gente suficientemente maldosa para roubar aqueles que pouco ou nada têm…
O Sr. A foi à procura de um lugar mais seguro… Por isso estava ele mesmo em frente à PSP…
Falamos novamente da possibilidade de ir para um lar… Ali não tinha conforto, nem o mínimo de condições… O Sr. A. agradecia a preocupação mas insistia em dizer que estava bem assim… Falei-lhe da terra, e notei que ficou feliz por saber qual a sua terra natal…Por fim, lá nos despedimos do Sr. A com a promessa que iríamos tratar da sua situação. Aquele lugar, definitivamente não era apropriado para ninguém pernoitar…
Fomos depois ao encontro do Sr. R. e do Sr, P. na Avenida dos aliados…
Lá estava o Sr. P., com “ar de poucos amigos”… Não parecia muito feliz… O dia não lhe devia ter corrido muito bem… Numa primeira abordagem, depois de lhe oferecer um cigarro, falou normalmente da sua semana… Para o final, já estava um pouco agitado… Disse-nos que para a próxima semana não queria receber o kit com a comida… Não explicava o porquê, mas dizia insistentemente que não o queria… Depois, entretanto vinha do outro lado da avenida o Sr. R , sempre pacato… Falou-nos de um senhor que lá tinha ido para oferecer emprego, mas nunca mais tinha aparecido… Mostrava desesperança e indignação no olhar… O Sr. R. perguntou também pelo P., e disse que não foi tratar do BI com ele. Ficou a promessa de resolver isso com ele o mais rapidamente possível. Por fim ainda demos uma tshirt a cada um… O Sr. P dirigiu-se logo ao carro, e o Sr. R. em tom de brincadeira disse “Vai escolher a melhor!”. Lá nos despedimos, com alguma dificuldade pois o Sr. P. não nos queria deixar ir embora.
Seguidamente estivemos com o Sr. Z.R., estava com um bom ar… Decidiu ir ao Porto Feliz… Logo nos disponibilizamos a acompanhá-lo. Quarta ficou marcado uma visita à instituição… Espero do fundo do coração que tenha a força suficiente para encarar e vencer o vício da droga…
Ao lado do Sr. Z.R. lá estava o P.. Abriu o kit e passou um senhores que habitualmente ali não se encontravam e pediu-nos algo para comer… Já não tínhamos nada… Então o P. muito amavelmente lá deu um pacote de bolachas ao senhor…
Ficamos ali a conversar um bocadinho àcerca da semana e depois fomos um pouco ao lado onde estava o Sr. Z. e o a Sr. C.. Perguntaram se trouxemos o cobertor que pediram na semana passada, e logo lhe explicamos que não o trazíamos porque o sítio onde costumam estar guardados estava fechado e não tínhamos a chave…
Estava ali a Sr. C completamente ressacada, quase que nem se mexia, os movimentos para abrir o kit eram lentos e descoordenados… O Sr. Z. demonstrava o seus problemas mentais, pelo seu discurso desorganizado e pouco fluído. Mostrava orgulho em ter como companheira uma menina de 25 anos enquanto ele era um quarentão. Dizia que estão juntos há 9 anos e são muito felizes… Havia um certo distanciamento entre as palavras e a realidade, tentando ser mais convincente começou a beijá-la… Enfim… Dizia que era “meiguinho para ela”, que ao contrário daqueles que aparecem na televisão não a obrigava a andar na vida para ter dinheiro…
Por fim, lá nos despedimos… Acabou esta ronda pelo mundo nocturno citadino…Até domingo…
Juliana
1 comentário:
The narrow lanes and quaint remains a minor player in PCs, with just more than 100 people. Mr Thaksins departure was just a show He told pilots in his memo that the
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