segunda-feira, junho 19, 2006

Crónica da Ronda de 18.6.2006 ("ronda experimental")

A "ronda experimental" não ficou - como se pôde ler, concluída, pelo que decidimos investir numa nova procura de paragens.
Como fizemos várias passagens pelos mesmos locais é preferível fazer um resumo da ronda não respeitando a cronologia dos acontecimentos.
Assim passámos pelas arcadas do Hospital de Santo António onde apenas encontrámos vestígios da presença de algum sem-abrigo. Constatámos que existem pelo menos 3 carrinhas de distribuição de comida (de grupos diferentes) que lá efectuam paragem.
Voltámos a não encontrar o P, o alemão, quer nos Congregados quer em frente à Cunha, ou mesmo em toda Sá da Bandeira.
Em Alexandre Herculano dormia um rapaz, tão profundamente que, por não nos ouvir chamar, desistimos de o acordar. Passámos lá mais tarde e, sem sairmos do carro, reparámos que havia gente (que não era sem-abrigo nem nos pareceu que fosse de algum grupo de apoio) que conversava com a espanhola e o companheiro (dos tempos áureos da "vivenda silva"). Como nos pareceu que discutiam, decidimos não avançar e seguimos. O rapaz ainda dormia.
Em Passos Manuel encontrámos o átrio do Sr. J sem a sua presença. Esperámos e alguns minutos depois apareceu, subindo a rua em esforço com uma garrafa de água da fonte da Sé. Lúcido e simpático conversou um pouco connosco sobre os seus (e nossos) afazeres para conseguir a certidão de nascimento e os próximos passos a dar até conseguir um quarto, um emprego...motivação não falta - dele e nossa!
Voltámos ao sítio que a Mónica nos tinha falado. Não encontrámos ninguém, mas o sítio tinha ar de ser habitado por sem-abrigo, apesar da arrumação.(não resisto à private joke de mencionar esses fantásticos exemplares da arte milenar que é o grafiti, ilustrando a mais antiga profissão do mundo, que naquela rua se fazia visível em doses, como dizê-lo...industriais. tencionamos, portanto, voltar)
Ainda nos juntámos à nossa ronda-mãe, a da Batalha, a que faltava um saco - onde também se cruzou connosco o Fernando, na sua grande carrinha e igual boa disposição.
Regressámos ao CREU. Rezámos juntos. Houve ainda tempo de subir as escadas exteriores do edifício onde parámos e onde estavam dois sem-abrigo(!). Deixámos um saco, o último (como que guardado para aquele lugar) ao rapaz que não dormia, e prometemos voltar para uma conversa menos apressada.

[a questão das novas paragens está a revelar-se crítica, mas julgámos que há vários factores que nos impedem o sucesso: as carrinhas de distribuição de comida são um enorme chamariz que desloca os sem-abrigo (e não só) do sítio onde normalmente dormem; as duas últimas rondas foram feitas no período normal das rondas, ou seja, saímos tarde, tivemos pressa de acabar cedo - porque se trabalhava cedo no dia seguinte, o que fez com que nos sentíssemos menos à vontade para procurar paragens com calma. por isso vamos tentar fazer uma nova ronda de pesquisa à semana. por isso também, apelo a todos os membros do FAS e a todos os leitores do blog que nos avisem de sítios onde durmam pessoas sem-abrigo. precisamos deles :) escrevam-me: joaobateira@gmail.com]

João Bateira

2 comentários:

Anónimo disse...

João: Falamos nisto melhor amanhã e 5ª-Feira, no entanto, quando estavam a pensar fazer a ronda de prospecção?

Um abraço,

Nuno

Anónimo disse...

Vou procurar estar atento; quando detectar alguma pessoa s.a. a estacionar em local que não seja habitualmente frequentado pelas equipas do CREU avisarei. Pelos relatos que tenho lido parece-me que não há muitos locais que escapem às vossas visitas. Não se tratando de um local específico mas de uma zona, a minha mais recente experiência tem-me mostrado que, à semelhança do Aleixo e da zona oriental ao S. João de Deus, também a zona da Sé é paradeiro de gente que, a altas horas, costuma desembocar na Batalha e em S. Bento, pelo menos. Mas creio que isso também jé é do vosso conhecimento. Quer num quer noutro posto costumam aparcer casos muito sérios...
Aproveito para deixar uma palavra de ânimo a todos num perfeito espírito de Caridade (não há Caridade swem Amor!)e de recordar a passagem da Carta de S. Paulo aos Hebreus, Cap. 13, versículos 1 a 3.
E continuem!