segunda-feira, junho 05, 2006

Crónica da Ronda de 4.6.2006 (Batalha)

A Inês, a Mónica, a Manela, eu e, extraordinariamente, a Teresa visitámos primeiro o Sr. D que já dormia. Tentámos o diálogo, mas sem sucesso. Ficou apenas o saco.
Estranhamente o Sr. F não estava no seu sítio. Procurámo-lo por ali, mas foi em vão. Acabámos por oferecer o saco dele a uma (julgamos nós) prostituta e toxicodependente, visivelmente em ressaca e com muito fome – acompanhada pelo devido chulo, mais asseado e arrogante que chegue, como manda a lei.
Infelizmente ainda encontramos o Sr. E. O emprego por Bragança atrasou, não aceitou logo o de Leça porque ainda tem esperança de ir para Trás-os-Montes onde as condições são melhores. Lá também estava o P, mas desta vez com um amigo, o L de 20 anos apenas, toxicodependente, experimentou já “um pouco de tudo” – inclusive a perda da mãe, talvez o início de tudo…
Procurámos o Sr J junto ao teatro e depois na praça (Carlos Alberto). Não o vimos.
Passámos pelos Congregados e seguimos para a Sá da Bandeira à procura do P. Também o procurámos nas redondezas, igualmente sem sucesso. Tentaremos novamente até acertarmos com os seus desconhecidos horários.


Enquanto a blogger resolve pôr-se a funcionar vou escrevendo qualquer coisa sobre a ronda, qualquer coisa que valha a pena relatar como o que de essencial captamos das noites de Domingo, como aquela conversa com o chulo, visivelmente mentiroso, Cheiinhos de fome, dizia, e à nossa sugestão de passarem pelo Carregal onde talvez parasse o Fernando acrescentava, Fartos de andar estamos nós, de ingratidão estampada no rosto. Ou sermos educadamente convidados a abandonar o local onde conversávamos para que o “caneco duplo” (é assim, Fernando?) começasse a trabalhar a branca – é o espaço deles, foram educados, também não queremos assistir, saímos, pois.
São as voltas e mais voltas à “caça” deles – que isto de querer ajudar também gera dependência, é o frio e o calor, é, às vezes, o mundo todo contra (onde anda Deus?), e as nossas pernas à procura, e as nossas cabeças à cata de mais assuntos, Ora está bom o tempo, está, e essa semana foi boa? às vezes sem percebermos que eles se apercebem de tudo, Você hoje está muito calado, anda triste?, porque a perspicácia talvez seja construída na dureza de uma vida que obriga a abrir os olhos, e que se percebermos isto podemos ser muito mais cúmplices com eles, rir com eles, fazer a diferença naquela noite, naquela semana, que é como quem diz, retribuir a diferença que já fizeram nas nossas vidas, Você já viu aquele poema que está ali escrito? Então vá lá espreitar e depois diga-me alguma coisa…, a diferença naquele pedaço de mármore que eu desconhecia, por cima da Leitura, com o início da Tabacaria do Álvaro de Campos,

“Não sou nada
Nunca serei nada
Não posso querer ser nada
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”

ironicamente situado ao lado do sítio onde dormia, Não posso querer ser nada, repetia, enquanto eu fazia as contas ao quanto ganhara naquela noite.

João Bateira

6 comentários:

Anónimo disse...

anita?
(esta coisa de assinarem com os nomes verdadeiros deixa-me baralhado...)

Anónimo disse...

eu sabia que eras tu, era só para a minha crónica ficar com muitos comentários

Anónimo disse...

Eu até queria comentar a crónica, mas parece que o cronista já está com o ego bem inchado!! :)

Gostei imenso da crónica! Corresponde ao 'pedido', e mantém o sentimento vivo do que partilhamos nestas noites tão mágicas!
Obrigada aos meus colegas de ronda por tudo..
;)

Anónimo disse...

Obrigado João por estas palavras... gostei muito.
Um abraço
Jorge

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