Uma vez mais iniciámos a ronda num local e numa hora diferentes do habitual. Por volta das 21:30h entrámos no restaurante onde a P está a trabalhar, procurando saber como está a correr a vida em geral e o tratamento com metadona em particular. Infelizmente está tudo um bocado tremido. O P, companheiro da P, anda metido com umas companhias esquisitas, o que não augura nada de bom, uma vez que é grande a interdependência entre os dois e o tratamento ainda está numa fase precoce.
O grande problema neste momento prende-se com a falta de ocupação, pois enquanto ela passa os dias a lavar pratos e sem tempo para pensar em droga, ele passa os dias no café no meio de pessoal "avariado". Na guerra do Ultramar, quando não havia combates, os Capitães mandavam os Soldados cortar erva que já estava curta, pintar paredes que já estavam brancas e limpar armas que já estavam a brilhar. Era o chamado acto de "capinar". Faziam isso, pois era a única maneira de os afastar do jogo, dos copos e das recordações de casa, da família e dos amigos. Também o nosso P precisava urgentemente de "capinar" qualquer coisa, mas nem ele é Soldado nem nós Oficiais, somos apenas amigos de ocasião sem autoridade real. De qualquer forma, devemos manter a esperança... Apesar de tudo, estão os dois melhor agora do que há 1 mês atrás.
Do restaurante seguimos para a oração inicial, onde nos juntámos à Maria Antónia que nos acompanhou no nosso trajecto.
Começámos pela D. F, que não se encontrava no local habitual, muito provavelmente por ter ido festejar o título do FCP. A senhora tem muitos problemas e alguns defeitos, mas pelo menos foi sensata na escolha do clube. Deus a abençoe :)
Ao descermos a Constituição, encontrámos o Sr. Z a tomar o café que um conhecido lhe pagou. Tal como é costume, dissertou longamente sobre a natureza humana, o agradável sentimento de liberdade que advém do seu modo de vida e os caminhos tortuosos de alguns sem-abrigo. Um filósofo este nosso Z...
Seguimos depois para a Boavista para visitar o R, que nos esteve a contar o motivo porque faltou à primeira consulta no CAT. Pelos vistos houve um assalto perto do sítio onde ele costuma dormir e a polícia levou-o para a esquadra para o interrogar. Não duvidamos da história, mas nada nos garante que ele iria caso não tivesse sido preso. Uma vez que este é um caso com acompanhamento muito recente, talvez seja prudente não pressionar e tentar alcançar um pouco mais de intimidade. Numa situação algo semelhante encontra-se a P, arrumadora no Bom Sucesso, se bem que neste caso a intimidade não surja por notório afastamento da própria. É um caso complicado, onde estamos aparentemente sem soluções para irmos além da simples entrega do saco de comida. Quem tiver sugestões a fazer, é favor dirigir-se ao balcão de atendimento!
Terminámos a ronda com a visita ao Sr. A, que tem passado as noites a ver 10 canais ao mesmo tempo nas múltiplas televisões do Shopping. É o chamado zapping sem comando à distância. O que é importante é que a fase da "telha" já lhe passou e a boa disposição está de volta.
E por falar em boa disposição, está aí o merecido fim de semana, que desejo proveitoso e revigorante para todos...
Até Domingo
Sérgio Costa
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