quinta-feira, setembro 30, 2010

Recolha de Dados de Novos Voluntários

O FASRondas, realiza hoje, 30 de Setembro, uma Sessão de Esclarecimento para novos voluntários, às 20h00 no CREU, localizado na Rua Oliveira Monteiro, 562 (Localização).

Convidamos todos os interessados(as) a estarem presentes.

Mais informamos que os interessados(as) em integrarem o grupo têm agora aos dispôr um Formulário Online, para preencherem os seus Dados de Inscrição no FASRondas, este Formulário está disponível através desta ligação - Ficha de Inscrição - ou através do menu do lado direito do Blog, no separador Novo Voluntário.

Contamos com a sua Colaboração.

segunda-feira, setembro 20, 2010

O FASRondas precisa das tuas mãos!

A sessão de esclarecimento será no dia 30 de Setembro no CREU, pelas 20h00.


Olá!

Queres dedicar dois minutos do teu tempo e ganhar algo com a visualização deste vídeo:

Experimenta, clica no link:

from youtube: FASRondas


O FASRondas é um grupo de voluntariado social, que actua em cinco vertentes diferentes Famílias, Aldeias, Sem Abrigo, Imigrantes e Séniores.

Neste momento estamos a precisar de pessoas que tenham vontade de ajudar, dar um pouco de si e cuidar do outro. Todos juntos poderemos fazer mais e melhor e contribuir para uma cidade mais solidária e fraterna.

Se te identificas com esta missão junta-te ao nosso grupo!

Precisamos de:


Vertente Famílias

5 Vagas

Nesta vertente visitamos famílias ou pessoas singulares da cidade do Porto. O apoio pode ser dado a pessoas que vivam em solidão, a doentes, alguém com problemas psico-motores, ou ainda a crianças. Nesta relação que vamos desenvolvendo, vão sendo criados alicerces para a construção de algo maior!


Vertente Aldeias

8 Vagas

Nesta vertente efectuámos visitas a 4 aldeias de Amarante, com uma população idosa maioritariamente feminina, que nos recebe com um grande sorriso, e apenas precisamos de tempo para estar e ouvir. Estas visitas marcam a diferença na vida de todas as pessoas que acompanhámos. São criados laços de amizade, onde está presente a partilha e com o intuito de tornar a solidão menos notória.


Vertente Sem Abrigo

4 vagas (2 elementos sexo masculino, 2 elementos sexo feminino)

Na vertente temos cinco trajectos diferentes, cada um deles composto por cinco elementos.

Aos nossos amigos da rua levamos carinho, amizade, vontade de estar e ouvir!


Vertente Séniores

4 Vagas

Nesta vertente dinamizam-se actividades de animação para as pessoas que frequentam o Centro de Dia do Bairro do Bom Pastor da Cruz Vermelha (CDBBPCV). O objectivo é a realização de diferentes actividades com as pessoas de forma a trazer um pouco de animação ao seu dia.

Aos nossos idosos levamos carinho, animação, companhia, ginástica e muita alegria para que os seus dias sejam mais solarengos!


Vertente Imigrantes

2 Vagas

Centro Comunitário de São Cirilo

Projecto em fase de planificação e arranque. Visitamos os imigrantes que se encontram no Centro Comunitário de São Cirilo, desenvolvendo e provendo actividades que vão de encontro ao seu projecto de vida e sejam facilitadores da sua integração no país.

2 Vagas

Unidade Habitacional de Santo António

Dinamização de actividades para as pessoas detidas na Unidade Habitacional de Santo António (UHSA) que, na maioria dos casos, aguardam repatriamento. Procura-se assim aliviar um pouco o momento difícil por que estão a passar e facilitar uma melhor integração e estadia na UHSA



Se nos quiseres conhecer um pouco melhor espreita o blog:

http://fasrondas.blogspot.com/

Podes enviar um e-mail para fasrondas@gmail.com, no caso de estares interessado(a) especificamente nestas vertentes, ou em qualquer uma das outras, até ao dia 27 de Setembro.

A sessão de esclarecimento será no dia 30 de Setembro no CREU, pelas 20h00.



Esperamos por ti!

Um abraço.

FASRondas

quarta-feira, setembro 01, 2010

Crónica Aldeias-31.07.2010

Mais um Sábado com um tempo fantástico e boa disposição para mais uma visita.

Hoje foi dia de irem os 2 Grupos fazer as visitas. E como de costume, encontramo-nos às 11h perto do Fas e partimos para a nossa visita.

Almoçamos à sombra da igreja de Candemil , tomamos café no local do costume e separamo-nos para realizarmos as visitas.

Hoje foi um dia diferente na nossa aldeia devido a uma partida de quem debulha mais feijões.

Esta partida começou na casa do D. Emília e do Sr. Aurélio, onde a Sónia e o Adriano deram o seu melhor a ver quem ganhava a referida disputa. Os anfitriões estavam muito bem dispostos e acharam piada ao facto de estarem a ajudar na debulha.

Na casa da D. Fernanda terminou a disputa com a vitória clara da Sónia, mesmo com a tentativa feita por parte do Adriano de dar a volta ao Júri.

De seguida fomos visitar a D. Celeste que se encontrava na casa da vizinha. Falamos com ela e com as vizinhas sobres o trabalho que estavam a desenvolver que é coser sapatos, trabalho este que é desempenhado por algumas senhoras da aldeia.


A nossa visita terminou na casa da D. Maria que como sempre correu muito bem. Estava muito bem-disposta e muito bem vestida J.

E assim terminou o nosso última dia de visitas antes das férias.

Até Setembro…
Mónica Azevedo - Bustelo

terça-feira, agosto 10, 2010

Crónica da Coordenação 01.08.2010

Chegados ao fim do ano, cabe à Coordenação uma crónica porque não são só os voluntários que as fazem.
Já se falou sobre o que é ser voluntário, o que é ser fazer rondas mas ser coordenador tem os seus "quês". O Coordenador tem sempre que chegar a horas, certificar-se de que tudo está bem, corre bem, tem que ajudar a "tapar buracos".
Aposto que estão a pensar que ser coordenador é difícil e que é por isso que é tão difícil pensar em ocupar este lugar… confesso que estão enganados! Ser coordenador não é difícil quando há colaboração e ajuda dos outros voluntários… é mais um nome do que um posto porque, na realidade, nunca deixamos de ser voluntários e de estar ao lado da nossa ronda, de estar com as pessoas! Não vou dizer que não existem dias mais difíceis e que não há Domingos em que desejávamos ter apenas que nos preocupar com as coisas da "nossa" ronda mas assumimos este compromisso porque foi necessário. Quem sabe um dia assumirão outras pessoas…
No final de um ano exigente importa agradecer aos voluntários (mesmo aos que já saíram) porque a Coordenação não faz sentido se não houver nada que coordenar, agradecer aos donativos/patrocínios que temos e que fazem a diferença nas rondas, agradecer à Coordenação Geral, sempre disponível.
Em Setembro, depois de um período em que as rondas têm menos voluntários por causa das férias, voltaremos em força e contamos com todos para dar continuidade a este trabalho.
Estamos abertos a receber novos voluntários…precisamos sempre de reforços! Mandem-nos um email para fasrondas@gmail.com e teremos oportunidade de conversar.

Boas férias e boas rondas (porque as pessoas da rua não vão de férias)

João Pedro Varela
Maria Freitas

segunda-feira, agosto 09, 2010

Crónica das Aldeias - 17.07.2010

Um sol maravilhoso, avizinha-se um dia quente nas nossas queridas Aldeias.
De cada vez mais tenho vontade de partilhar convosco o que é ser voluntário nesta vertente, já que a cada visita há sempre algo que me surpreende, me vai enriquecendo, e alargando o meu sorriso.
Somos um grupo de pessoas diferentes, das mais diversas formações, personalidades, formas de estar que se encontra às 11h00 de sábado, de 15 em 15 dias, com uma missão muito clara no coração de cada um: levar alegria, carinho, companhia, sorrisos e a si próprio(a). Esta missão mantém-nos unidos e fiéis ao compromisso.
É surpreendente ver a partilha entre todos e aqueles que visitámos, a disponibilidade para dar e também para receber!
Mais um dia, em que agradeço a companhia os sorrisos, o dar, o receber, a partilha, a compreensão e a alegria que levámos e trazemos!

Sara Gonçalves | Candemil

terça-feira, julho 27, 2010

Crónica das Aldeias 03.07.2010

Envoltos num quase silêncio das montanhas do Marão, já longe do buliço da cidade, é tempo de estender a toalha na relva e preparar a barriguinha para mais uma tarde de missão. Rissóis, pizza, bolinhos… temperam uma amena conversa, desta vez só no feminino, e bem!
Tudo a bom ritmo, pois é preciso visitar a D. Aurélia, que por impedimento dos voluntários de Candemil teve de ser assegurada pelos das restantes aldeias. Sem uma visita, ainda que breve, é que não poderia ficar! Sempre cheia de vida a nossa nonagenária! O passeio da paróquia desta vez não a convenceu... muito calor, a missa por um familiar… razões bastantes para ficar por terra desta vez. Afinal, parece que o maior interesse destes passeios "é mais comer que outra coisa!" Numa breve conversa e apesar da nossa pressa, ainda nos contou como "Deus nos fala por pequeninas coisas".
Separam-se os voluntários, eu e a Cláudia dirigimo-nos para Ansiães. A tia Rita já está à nossa espera! Sempre airosa e com um sorriso acolhedor ou não fosse um dos seus maiores ensinamentos: "não devemos incomodar os outros com o nosso mau humor e além disso não nos serve de nada a má disposição!" Contudo, não deixou de nos partilhar algumas das suas preocupações. Movimentos de dinheiro pouco claros no banco levaram a uma conversa longa ao telefone com a nora, além disso a crise cardíaca que a conduziu há tempos ao hospital ainda necessita de medicação. Como se não bastasse, a bronquite está também a precisar de uma atenção especial! Com tudo isto, como lhe explicar, não podendo ela ler, como tomar seis medicamentos com regimes posológicos completamente diferentes: uns a horas certas, outros à refeição, outro ainda começam com uma dose mais forte que depois vai diminuindo!!! Tentando simplificar o mais possível e repetindo várias vezes lá tentamos ajudar, mas de facto o melhor conselho que podemos dar creio que foi o de pedir ajuda na vizinhança!
Subindo a ladeira, à sombra dos castanheiros e aproveitando cada pequenina brisa para refrescar, encontramos a D. Aldina, sempre com um sorriso meigo, acompanhada de duas vizinhas. Juntamo-nos ao trio e ali estivemos a conversar de temas vários. Apesar de tudo pareceu-nos mais tranquila, talvez por o filho estar mais por perto.
Por fim, e não sem antes nos refrescarmos com a água da fonte, é altura de partir para o lugar do Casal onde vive a D. Ondina. A nossa chegada veio substituir a televisão que ressoava enquanto esperávamos que nos abrisse a porta. Mais uma vez tivemos de fazer uma pequena introdução, a D. Ondina ainda não tinha compreendido bem que não temos nada que ver com a associação para a qual ela contribui e que lhe traz as refeições. "Nós só visitamos pessoas sozinhas e não recebemos nada por isso". Uma lógica difícil de compreender nos nossos dias, é verdade!!! Uma vez convidadas a sentar só precisamos introduzir o tema, sempre muito faladora ela própria conduz a conversa. Os temas de história parecem ser um dos preferidos. "O meu marido lia num livro e contava-me. Sim, porque nós já fomos dos espanhóis. Mas, um dia, estavam os homens no campo de batalha e os espanhóis tinham a nossa bandeira que não nos queriam dar. Até que um português foi lá e zumba retirou-lhes a bandeira e atirou-a para o nosso lado. Claro que ele já sabia que ia morrer, mas às vezes é preciso assim uns homens animosos! E foi assim que Portugal conquistou a independência."
E foi assim mais uma tarde de missão, de combate à solidão, de conversa em conversa, de troca de sorrisos, de simplicidade em simplicidade…

Marta Rego | Ansiães

domingo, julho 18, 2010

Crónica da Ronda da Batalha - Julho

Mais um Domingo, este de Julho depois da vitória de Espanha sobre a Holanda...

Passámos pelo lugar habitual do sr. F, como não havia sinais de ter estado por lá, seguimos viagem e voltámos + tarde.
Encontrámo-lo, então, já a descansar. Contudo tivemos tempo para pôr a conversa em dia, falou-nos das suas caminhadas de quando era + novo,
da importância da higiene e arrumação sendo sem-abrigo. Continua a queixar-se das pernas, da má circulação. Disse-nos ainda que o sr N, a quem começámos a visitar há 3 semanas, não tem dormido no lugar que conhecemos. Fica a pergunta no ar: Será que o voltaremos a encontrar?

Seguimos para a rua do "trio maravilha".
O M. disse-nos que esta semana já estaria de volta à terra dele... mas não foi isso que aconteceu.
O J. vai andando bem disposto esta semana, reparámos que continua com um andar estranho -segundo ele doem-lhe os pés!
Ficámos a saber que por terem sido acusadops de roubar galinhas viram-se obrigados a mudar de tecto. Deizaram a casa abandonada junto ao parque de estacionamento e mudaram-se para a Axa... o problema é que a rega automática começa a funcionar bem cedo... já tendo atingido o J e o M.
O P "continua dentro"... assim nos informaram.

Depois de duas passagens pelo seu lugar do costume, à terceira foi de vez!
Sabíamos que tinha saído de casa há já 3 dias, a tentativa de voltar a casa não tinha sido bem sucedida.
Por tudo isto, foi bom encontrar o N, tivémos tempo para ouvir a sua versão da história e confrontámos diferentes pontos de vista.
Apercebemos um pouco mais da frustação que é sair de casa e sentir que ninguém o procura, do que é a desconfiança natural dos pais que recebem de novo o filho.
Disse-nos que no dia seguinte ligaria para casa para saber como estavam as coisas após a saída repentina de casa... Ficamos à espera de updates.
Do C não há novidades, o N não o viu durante os 3 dias passados - Esperamos que esteja bem!

João Marques

quinta-feira, julho 08, 2010

Crónica das Aldeias 19.06.2010

Eram 10.30 da manhã quando os primeiros voluntários apareceram no local do costume. O sol já brilhava alto, avizinhava-se um belo dia de Verão! Minutos mais tarde, após os inevitáveis e já espectáveis atrasos, dois carros repletos de voluntários partiram alegremente rumo às Aldeias.
O piquenique foi desta vez junto ao rio... Foi lá que, entre a patanisca e o croquete, ao som das pequenas cascatas de água, os voluntários conversaram, riram e partilharam as suas últimas semanas...
Após a sempre reconfortante ida ao café mais próximo, os voluntários despediram-se e partiram rumo à missão que os traz mensalmente às Aldeias de Amarante.
A minha é pois a bonita aldeia de Basseiros, que soalheira e pintada de verde como sempre nos espera. E assim, num grupo puramente feminino (apesar de todas a perguntas e ânsias pelo nosso "Brasileiro") fomos ao encontro das nossas senhoras.
Começamos por visitar a Dª Hermínia, animada como sempre recebeu-nos em sua casa e contou-nos as peripécias da sua família e tão queridos netinhos...
Em seguida seguimos o já habitual caminho pelas apertadas e caricatas ruelas rumo à nossa segunda paragem. À sombra e a saborear a leve brisa da tarde, encontramos a Dª Maria e a Dª Deolinda acompanhadas pela sempre amigável e trabalhadora família. Foi lá que pusemos a conversa em dia, comentámos a actualidade e ficámos a saber dos acontecimentos mais recentes e vindouros da Aldeia.... Esta crónica não ficava pois completa se não referíssemos a presença do conquistador sobrinho que, com a ajuda das casamenteiras senhoras, por pouco alguma das voluntárias já saia casada!... :)
Seguindo caminho.... comprámos pão na carrinha do padeiro .... a grande subida... Upa, Upa!.... E chegamos ao nosso último destino: a casa da Dª Dulce!
Lá encontramos a mesma, a sua irmã Dª Arminda, o marido e a filha, todos no terraço a contemplar a bonita vista.... Bem dispostos conversamos, rimos e relaxamos até chegar a hora da despedida.
Já com os restantes voluntários partilhamos as nossas experiências e sentimentos resultantes da sempre calorosa tarde nas Aldeias, comemos um pequeno lanchinho e de coração cheio e sorriso na cara regressamos ao Porto!

Lúcia Antunes | Basseiros

sábado, julho 03, 2010

Crónica das Famílias - Junho de 2010

10ª Crónica das Famílias Junho de 2010

"- Onde fica o fim?"

Sei-me de abalada, por isso vou tomar a ousadia de fazer desta crónica uma apropriação pessoal do meu momento de despedida. Espero que ninguém fique incomodado com esta pequena excentricidade. Entendam que este é um momento particularmente especial para mim.
A minha presença e desempenho na vertente, e no grupo, terminam no final deste mês de Junho, ano 2010. Por motivos diversos, e após uma consciente reflexão interior, percebi que é momento de preparar-me para novos trilhos, alguns deles desejos adiados pelo compromisso que assumi com o FASrondas. O respeito que tenho pelo grupo e, especialmente, a consideração imensa que sinto por cada Família ajudada, contribuíu para a decisão da minha saída no momento presente. Para que ambos possamos prosseguir integramente, o FAS precisa ficar "disponível sem mim" e eu “disponível sem o FAS”.
Este processo tem sido preparado durante os últimos três meses decorridos. Três meses pareceu um período temporal adequado ao acompanhamento e à integração gradual das pessoas que me substituirão. Por outro lado Junho precede o fim do ano lectivo, altura em que o grupo efectua uma reflexão sobre o voluntariado praticado no ano transacto e pensa sobre o ano futuro – uma sobreposição de fins propícia à “libertação” do meu lugar.
Aproveito para sublinhar um procedimento que reconheço como essencial à saúde do grupo: a importância da promoção de dinâmicas de transversalidade no seu funcionamento interno. Ou seja: a possibilidade de qualquer voluntário poder participar/executar/envolver-se/experimentar/liderar. Acredito no contributo único que cada nova pessoa, nova e diferente pessoa, possui somente em si mesma e que só ela poderá dar a qualquer missão. Todavia é responsabilidade do grupo o estabelecimento de janelas e de espaços que facultem esta possibilidade. O dom único de cada voluntário servirá o FASrondas, neste caso especificamente as Famílias, se dermos a sentir votos permanentes de absoluta crença nas capacidades únicas, maravilhosas e insubstituíveis de todo e qualquer ser humano.
As Boas-Vindas a quem me substituir e abraçar o desafio da coordenação das Famílias! Estou certa que as tuas valências contribuirão para um compromisso social do FASFamilias cada vez mais profundo, assertivo e eficaz junto de todos os seres humanos invisíveis, solitários e sofridos que caminham na cidade do Porto.
O meu sincero obrigada a 5 amigos que foram amparo nesta missão de coordenação: o Jorge, a Sara, a Inês e, mais recentemente, a Ana e a Rosinha.
A todos por quem passei e com quem me cruzei, no grupo e nas ruas, ao longo destes 5 anos … um sorriso imenso, de peito totalmente aberto…
Sou hoje, sinto-o, uma pessoa invariavelmente um pouquinho melhor. Nas rondas e nas Famílias recebi um retorno que nunca aí esperei encontrar: um certo reencontro comigo mesma e com o caminho/missão de Vida. No FAS descobri e aprendi muito sobre as exigências das relações humanas… a imensidão, o mistério e a beleza dos homens… sobre o "Zé" da ronda, a família da “Ritinha”, a timidez do voluntário "João" e o papel do grupo na sociedade... Que consiga manter-vos sempre, sempre num lugar especial no meu coração.
Parto repleta porque só recebi, e recebi, e recebi…

“ - Onde fica o fim?
- Onde residem os inícios.”

Bem-hajam.

Raquel

segunda-feira, junho 28, 2010

Crónica das Aldeias - 05.06.2010


fitas largas amarelas por D.Alda

O passado dia 5 de Junho foi mais uma das nossas aventuras em terras de Amarante. O bom tempo há muito que tem chamado por nós, por isso, fomos mais cedo para aproveitar uns bons momentos à beira do rio no parque da praia fluvial de Larim. A refeição foi repleta de vários tipos de fruta para lembrar que o Verão se aproxima a passos largos. Depois de umas boas gargalhadas e brincadeiras iniciamos as visitas às nossas senhoras.
Nesse dia tivemos uma companhia nova (pelo menos para mim), a Beta, e lá fomos nós “palmilhar” os caminhos de Candemil seguindo fielmente os passos incansáveis da D. Aurélia. No meio de muita conversa e até silêncio para admirar as paisagens, ouvimos atentamente ensinamentos, provérbios e lengalengas, que eu já só ouço num sábado de cada mês.
“- Pedi a Deus a morte e ele disse que não ma dava. Disse-me para pedir antes a vida que a morte certa estava.”
Como é tradição a seguir damos duas ou mais de letra em casa da D. Alda. Ela contou-nos as novidades da terra, dos vizinhos e que ia cantar o salmo na missa naquele dia (Estava ansiosa!). Como ela própria diz: “a voz sai do peito e ecoa na garganta”. Nisto recordamos as gravações que fizemos em visitas passadas de músicas como as “Fitas Longas Amarelas” (música cantada pelos quintanistas de Medicina num teatro que fizeram quando ela estava internada aos 18 anos de idade).
Com muita música e boa disposição vos deixo! Não é só pelo que damos, mas também pelas boas recordações que ganhámos, que se torna difícil deixar de aparecer por uns tempos…

Mariana | Candemil

quinta-feira, junho 17, 2010

9ª Crónica das Famílias - Maio de 2010

“ O indivíduo só sobrevive pela relação.”
Carla Reigada, Formação em “Assistência e Rede Social”, Creu, 13 de Março de 2010

Este mês destacamos na nossa crónica mensal a formação em "Assistência e Redes Sociais", ocorrida no âmbito da vertente das Famílias.

A noção de que o ser humano é um ponto entre constelações e ligações permite-nos interiorizar com maior profundidade o acréscimo na necessidade de um "ponto-humano-isolado": está em estado SOS, alerta vermelho sobre a construção das suas matrizes sociais.
Quanto maior o alargamento da esfera social de cada indivíduo (relações interpessoais) mais integra é a dimensão intrapessoal do próprio ser humano. A existência de um quadro social e comunitário saudável desperta estados de saúde individual.
As pessoas que ajudamos, pessoas desamparadas e extremamente sós, serão sempre mais vulneráveis aos impactos de uma rede social descosida, esburacada ou inexistente.
Os voluntários das Famílias devem procurar desenvolver esta consciência e atender permanentemente ao aprofundamento e à prática desta acção. A ajuda na construção desse suporte social, externo e além do próprio voluntário, tem que ser um dos objectivos principais dos acompanhamentos. Uma Família em relação estritamente solitária com os voluntários é uma Família debilmente dependente, incompleta e aprisionada, e este um voluntariado deficiente e pouco esclarecido. Somos passagem – ou passagens podemos ser. A rede social de cada pessoa, porém, é parte da sua existência concreta, do seu mundo irrepetível, da sua história única. Quanto mais densa, coesa, descentralizada e distribuída maior a probabilidade de, em caso de "anomalias", não surgirem colapsos irredutíveis.
Durante cerca de duas horas de formação a assistente social Carla Reigada expôs procedimentos, direitos e deveres integrados neste tema de extrema relevância. Com exemplos práticos de casos em curso na vertente esclareceram-se dúvidas relativas à assistência médica e à assistência social. Uma formação foi muito importante e útil.

À Carla o nosso sincero agradecimento pela disponibilidade, assertividade, explicação e simpatia.

Raquel Henriques


"Linhas", de Nuno Miguel Rosa, in http://olhares.aeiou.pt/linhas_foto2435711.html

8ª Crónica das Famílias - Abril de 2010

Na crónica deste mês expomos um ponto de situação dos casos de Família acompanhados.

1) D. R. e C.
A dupla tem funcionado de modo mais coeso e dialogante. A Ana tem sido essencial na articulação destas sinergias e autonomias.
A D.R. continua a viver uma fase económica particularmente complicada e difícil. Conseguimos entregar-lhe alguns alimentos advenientes de uma doação feita ao FASrondas. Mas esta é uma solução pontual, um remendo, pelo que as voluntárias deste caso têm estado atentas aos apoios sociais a que a D. R. poderá eventualmente ter direito.
As consultas médicas também têm sido alvo de particular atenção; porém, e para desagradado das voluntárias, a D. R. faltou à última consulta marcada.
As visitas decorrem entre os habituais temas de conversas e muitos queixumes, o discurso natural da nossa querida R.. No seu espaço habitável fizeram-se simples alterações que poderão proporcionar ambientes mais felizes, higiénicos, ventilados e iluminados. A hipótese de arranjar um pequeno animal, como a D.R. revelou ser seu desejo, está a ser ponderada em grupo.
Relativamente ao c., não têm sido feitas visitas dada a fase mais exigente que a D.R. atravessa, a necessidade de consolidação deste acompanhamento e desinteresse manifestado pelo próprio c.

2) D. F.
Alguma perturbação económica derivada de atrasos muito prolongados nos apoios sociais, geradora de ansiedade na F.. A Maria João e a Sofia têm procurado inteirar-se de mais dados relativamente à rede social da D.F. (Que assistências médicas? Que assistências sociais? Que procedimentos, direitos e deveres?). Psicologicamente, e apesar desta instabilidade externa, a D.F. apresenta-se novamente mais firme e bem-disposta. Mantém o tratamento em vigor e as respectivas terapias de apoio. As visitas têm decorrido bem.

3) F. F.
Dois novos voluntários integraram finalmente esta família. A alegria foi imensa! As expectativas da Catarina e do João não foram defraudadas e os miúdos – especialmente os miúdos! –ficara, fascinados com a presença, nos encontros, de gente mais nova e do género masculino. Como tínhamos presente, confirma-se o imenso benefício da diversidade de idades e géneros no acompanhamento à F.F. Que o entusiasmo e o ânimo persistem e possam vir a ser trampolins para a recepção aberta das várias ajudas de que necessitam.
A nível escolar: as notas foram positivas, o que é de enaltecer! Prova superada. Um obrigada especial à Filomena. As explicações continuam a ser uma das principais tarefas dos voluntários.
Recentemente a F.F. mudou de residência, o que trouxe alguma variação na atmosfera familiar e nas rotinas semanais dos voluntários. Porém temos em crer que, com tempo, estas serão totalmente absorvidas e a naturalidade impor-se-á.

4) L.
Nos últimos meses muita agitação tem ocorrido em torno das ajudas neste caso. Uma das acções desenvolvidas foi a recolha de tampinhas de plástico com o propósito de reduzir o custo do equipamento terapêutico. Várias têm sido os contributos. À Rosinha, e seus alunos, um especial obrigada!
Outras iniciativas idênticas têm decorrido paralelamente, algumas ainda em curso. A assistência social da L. alega não dispor de verbas e as indicações médicas, a par do seu estado físico sem melhoras, impõem esta boa agitação. A Carla Reigada e a Sofia Rodrigues têm sido um suporte importantíssimo para a Benedita, a L. e a L.. A elas e a todos os que têm ajudado, inclusive a todos os rostos desconhecidos, o nosso sincero obrigada!
No mês passado a L. teve que ser internada de urgência. Actualmente essa situação já foi, felizmente, ultrapassada.
Entretanto a situação profissional da L. complicou-se um pouco… e agora tudo dependerá das decisões que tomar sobre o seu futuro e papel familiar.
A L. este mês completará mais um lindo aniversário!

5) L. e T.
Continua a trabalhar, feliz e entusiasmada. Os voluntários sublinham que esta situação retribui-lhe uma segurança e tranquilidade insubstituíveis.
Os encontros semanais têm decorrido entre cafés, almoços e boa disposição. A L. é uma lutadora e o T. move a sua persistência, a mudança no seu dia-a-dia e a afinação do seu coração. Desejamos que consigam continuar a percorrer este trilho.

6) M.
Num período um pouco mais incontactável, tem sido menos fácil estar com ele com a regularidade desejável. Nas conversas/desabafos que tem feito a Gabel tem percebido que o M. vive um período algo agitado por "dúvidas existenciais". Pensou-se em integrar novas pessoas neste caso mas percebemos que tal seria prejudicial ao M. Queremos que sinta, e confie, que as pessoas que o ajudam não são trabalhadores e substitutos uns dos outros, que lidam com ele por obrigação… e vão e veêm…
Entretanto retomou a medicação, entre idas a consultas com respectivos técnicos. Conseguimos também ajudá-lo pontualmente com alguns bens alimentares advenientes de uma doação feita ao FASrondas. E repensou a situação da ida para a P. da P. - veremos como decorre a experiência...
A Gabel tem feito um grande esforço para esticar o seu tempo pessoal e poder estar próxima dele nesta fase algo particular.

7) ZM1.
Têm sido meses exigentes neste caso. O Z. vive um período muito depressivo, e é no álcool e na irritação que encontra compensações para esse imenso sentimento de vazio interior. Está desencantado, sente a vida palpitar-lhe sem sentido. Verificamos que as incertezas e atrasos nos apoios sociais têm agravado estados de ansiedade e de tensão. O atraso na medicação também é um problema, psicológico e físico. As consultas médicas, por sua vez, não ocorrem há cerca de 6 meses por ausência da própria médica. As dívidas e as decepções recentemente vividas com alguns ex-companheiros da R.d.S. são os condimentos finais e picantes.
As ajudas do Miguel têm-se concentrado na companhia, na procura de uma eventual ocupação ( pesquisa até ao momento inglória) e no contacto com os técnicos deste caso, com o desejo de tentar perceber se terá direito a um pedido de reforma por invalidez, já que a sua condição física condiciona a sua capacidade laboral.
Com a família mantém a sua postura resistente e orgulhosa. Com o E. o contacto continuo que oscila entre rufias e as partilhas amigáveis.
Durante este mês completará meio século de existência!

8) ZM2.
Também o ZM2. ultrapassa um período complexo e delicado. Temos em crer que terá muito provavelmente retomado os consumos. A distância que subtilmente mostra à Sara e à Inês, o perceptível desejo de afastamento, as conversas com lacunas e contrariedades facilmente detectáveis, as rotinas diárias em ambientes menos adequados, as conversas sobre temas da actualidade que servem de bóias de salvação aos temas pessoais, são para nós indicadores de que algo se passa...
O grupo sente que é hora de deixá-lo autor "autónomo e solitário" do seu próprio caminho. As voluntárias, juntamente com a coordenação, ponderam a alteração dos encontros para uma rotina excepcionalmente quinzenal. A nossa intenção é a clara transferência da responsabilidade e da iniciativa/ poder de decisão para o ZM2., criando uma janela temporal que poderá ajudar a perceber melhor todos os sinais, gerar novas necessidades e dar-lhe o espaço que parece exigir. O estado, esse, será sempre um estado de alerta e uma postura de reflexão de "dentro-para-fora", ou seja, uma postura que permite decidir em função do que verdadeiramente acreditamos ser o melhor para ele.

Por fim assinalamos a eventual solicitação da associação "Vida Norte" para novos apoios e a "transferência" do Sr.JC. das visitas dominicais do FASrondas para o acompanhamento nas famílias. Já tudo está a ser preparado para recebê-lo com o peito plenamente aberto.
Entretanto recebemos duas voluntárias novas, a Maria Lima e a Catarina Castelo-Branco. Às duas as nossas Boas-Vindas!

A todos uma boa semana,

Raquel Henriques

quarta-feira, junho 16, 2010

Crónica das Aldeias - 23.05.2010

Depois de uma semana de trabalho, chegou um fim-de-semana bem soalheiro e mais uma visita às aldeias.

Sugeriram um local diferente do habitual para almoçarmos… Fizemos o piquenique num sítio calmo, com uma pequena cascata e uma lagoa. No final do almoço, depois de descansarmos um pouco e da habitual ida ao café partimos para as nossas visitas.

Cada grupo partiu para a sua aldeia e eu fui com o meu padrinho (destas andanças :-) ) até Bustelo. Começamos pela casa da D. Pedra mas mais uma vez ela não se encontrava em casa e ainda não foi desta que a conheci. Depois visitamos o Sr. Aurélio e a D. Emília, que se encontravam com as suas filhas, e lá estivemos na conversa… Até que olhamos para o relógio e era hora de continuarmos as nossas visitas. Fomos à procura da D. Fernanda, mas esta senhora cheia de vida, não se encontrava nem no campo nem em casa. Seguimos caminho e passamos pelo café para tomarmos uma água, porque o calor era muito e a sede também. :-) A D. Celeste estava à nossa espera com outra senhora lá da aldeia. Falamos sobre emigração, saúde mental e quando demos conta já estávamos atrasados para a última visita. A D. Celeste encheu-nos as garrafas com água e seguimos viagem até à D. Maria. A D. Maria lá estava sentada na varanda toda catita com o seu fato de treino verde. A nora desta senhora veste-a sempre com cores alegres e com acessórios a combinar. Recebeu-nos toda bem-disposta mas o tempo que estivemos com ela foi muito pouco. O tempo que passamos com estas senhoras e senhor pode não ser muito, mas vale sempre a pena e aprendemos sempre alguma coisa com as histórias que nos contam.

Regressamos a casa com o coração a transbordar de alegria e aposto que não foi só o nosso coração… o deles também.

Abraço Hospitaleiro,

Sónia Cristina Serra | Bustelo

quinta-feira, junho 10, 2010

7ª Crónica das Famílias - Março de 2010

Por vezes questionamos a importância de reunirmos mensalmente os voluntários da vertente das Famílias, dada a autonomia conferida aos voluntários na organização das visitas e à disparidade dos casos acompanhados.

Lembro-me da reunião da vertente no mês de Abril, na qual a partilha dos casos surgiu quase espontaneamente, suscitando interesse por entre todos os voluntários presentes. Apesar da particularidade de cada caso, é inegável a existência de questões transversais: a carência e dificuldades de gestão financeira, o desconhecimento dos apoios disponíveis e adequados, a solidão, a falta de auto-estima...

Contribuir para o bem-estar das pessoas que acompanhamos, promovendo o seu desenvolvimento integral, pressupõe a tentativa de nos mantermos informados e atentos, em prol das necessidades das pessoas que visitamos, daí realço não só a importância dos momentos de formação, como também da interacção entre os voluntários.

A troca de experiências enriquece. Não há verdades absolutas, nem soluções exactas quando lidamos com pessoas, mas há caminhos paralelos com circunstâncias similares e sobretudo mais pessoas a pensar em conjunto. Acredito no FasFamilias como uma equipa pois, fundamentalmente, creio num objectivo comum, embora direccionado para cada caso em concreto.

Em suma, pergunto-me se seria possível FasFamilias sem os encontros mensais, pois creio que sim... Mas, com certeza, não seria a mesma coisa!!!

(Obrigada a todos os voluntários pelo empenho e envolvimento que têm colocado nas reuniões e, especialmente, à Raquel pelo esforço na preparação das mesmas.)

Ana Malheiro

terça-feira, maio 25, 2010

Crónica das Aldeias 08.05.2010

Sábado, 8 de Maio

Já passava das 11h30 quando os carros deixaram o Porto rumo a mais uma missão nas aldeias. Atrasados como sempre. Cheios de comida também. Até aqui nada de novo. Excepto o sangue novo: Maria João, Ana e Lúcia (Esta é apenas uma de muitas apresentações que vamos ter que fazer ao longo do dia, quem sabe dias, semanas talvez). Também pouco importa o nome. Faz falta é gente com vontade de ajudar. E isso não falta no FAS.

Vamos identificá-los pelas aldeias, talvez seja mais fácil (Ansiães, Basseiros, Bustelo e Candemil). Chega a haver uma espécie de competição saudável: "A minha aldeia é melhor que a tua". Mas não há prémio. Um sorriso do outro lado basta para confortar a viagem de 70 quilómetros até Amarante.

Hoje é dia do Grupo B fazer a habitual visita às aldeias. Hoje é dia de visita no feminino. Hoje é a nossa segunda vez. Se a primeira foi difícil? Não. Fomos recebidas de braços abertos pelo grupo e pelos idosos. "Vinha um pouco receosa, mas fui muito bem recebida. Hoje já me senti em casa", conta Lúcia. "Estava indecisa em ir para os séniores e não fui, porque gostei da experiência", continua Maria João. A jovem enfermeira gosta do convívio, da experiência que os idosos transmitem, das expressões que utilizam.

"Tive a sorte de ter elementos óptimos, bem-dispostos, faladores. São muito bem-vindos. Trazem uma boa energia ao grupo", diz Margarida, outra voluntária, nestas andanças desde o início do ano.
Até agora tudo bem. Ninguém quer desistir. Durante a viagem, até se discutem ideias novas para dinamizar as visitas.
O dia está cinzento. A chuva parece não dar tréguas. A temperatura ronda os 10 graus. Hoje, o habitual almoço de partilha terá que ser na varandinha da Associação de Candemil, que serve para acomodar quiches, rissóis, folhados, pizza e muitas outras iguarias. (Por favor não tragam mais rissóis). Quiches e bolos caseiros aceitam-se. (Maria João, o bolo não estava mau, mas se estivesse um bocadinho menos seco …)

São 14 horas. É tempo de ir levar um pouco de nós aos idosos das aldeias. Em Basseiros, reina o silêncio. Não se vê vivalma nas ruas. Está frio, chove. O tempo não convida a grandes passeios. Foi à porta de casa que encontramos a Dona Celeste. Há duas semanas estava na eira, com a cunhada, as amigas e as vizinhas.
Cantou para nós, contou histórias do tempo em que casou, mostrou a fotografia do vestido de noiva que envergou. Hoje paira-lhe uma tristeza maior. O tempo não ajuda. As pernas e o coração também não. Esta semana passou mal. Falou das maleitas dela e dos outros. Nós ouvimos atentamente. Agradeceu a visita. Sorriu. Missão cumprida.
Próxima paragem: Dona Dulce. "Está a dormir. Está muito cansada", justifica o marido, que tão bem receber sabe. Teve de ir ao hospital. Mais um problema de rins. Deixamo-la descansar, enquanto o marido explica como ela tem passado desde a última visita. Das maleitas, rapidamente a conversa estende-se aos telemóveis da nova geração e às famílias de antigamente.
A dona Dulce é irmã da dona Arminda (visitamos regularmente também). Casaram com dois irmãos. "Naquela altura era mais normal casarmos aos pares", conta a rir o marido da dona Dulce.
A cunhada, que soma mais de 80 anos de vida, faz-lhe companhia. A única coisa que perdeu foi a visão. Tudo o resto o tempo não levou. Espalha boa-disposição, simpatia e muita sabedoria que só o povo conhece:

"Eu pedi a morte a Deus,
Ele disse que não me dava,
Que lhe pedisse antes a vida,
Que a morte certa me estava", conta com boa-disposição.

A visita hoje foi curta (algumas idosas não estavam na aldeia e outras não nos puderam receber). Mas não damos a viagem por perdida. Lembram-se do sorriso da Dona Celeste? E do ditado popular da Dona Arminda? Nós também. E, por isso, vamos voltar.

17 horas. É tempo de fazer o balanço da visita de hoje. No momento de partilha lembramos o Jorge. As idosas também não o esqueceram. Ainda hoje perguntam por ele. Rezamos por ele, que está algures no Quénia. No final, não resisti: "Desculpem, quem é o Jorge"? Todos riram. "O Jorge é um dos fundadores e impulsionadores do projecto". Esclarecida. Um bem-haja ao Jorge por iniciativas como esta.

P.S.Desculpem se exagerei nos pormenores. Tenho vontade de descrever tudo. É tudo novidade. Cada sábado é uma descoberta.

Ana Oliveira | Basseiros

terça-feira, maio 18, 2010

Crónica da Ronda da Batalha - 09.05.2009

Estava uma noite bastante agitada com a victória do Benfica… Apesar de estarmos na cidade do Porto, existem por ai muitos benfiquistas escondidos! Assim, para além de todo o barulho e trânsito devido aos festejos, estavam também algumas ruas cortadas, como a rotunda da boavista e a rua de Júlio Dinis, que fazem parte do percurso habitual da ronda da Batalha.
O primeiro a ser visitado foi o Sr. F, que quando lá chegamos estava quase a adormecer e, por isso, não mostrou grande interesse em conversar e disse que queria dormir. Nem nos chegamos sequer a cumprimentar. Deixamos então o saco e seguimos viagem.
De seguida fomos ter com o N e o C, que dormem no mesmo local, na rua de Júlio Dinis. Como a rua estava cortada, tivemos que andar um pouco a pé… mas, afinal, o que é que nós não fazemos pelos nossos meninos! Quando chegamos demostraram-se um pouco surpresos pois achavam que já não os íamos visitar por causa de toda aquela confusão. Conversamos sobre variados temas, desde futebol, N estava feliz com o resultado e C nem por isso e este último tinha o apoio de todos os elementos do nosso grupo ( somos todos do FC Porto!! ); passando por culinária e também sobre a situação em que ambos se encontram.
C, tem à quase um mês, a oportunidade de regressar a casa da mãe, visto que esta regressou de Andorra para Portugal mas, continua na rua… As justificações que nos deu para este facto foi o medo e também o facto de não querer deixar o seu amigo sozinho. Esta última razão é mais uma fuga para não voltar para casa.
N continua à espera que lhe arranjem um quarto. Já faz algum tempo que se encontra nesta situação, que parece não se resolver…
Na nossa última paragem, das três pessoas que costumámos visitar, apenas encontramos duas:  J e M. São ambos do benfica, por isso, dentro do possível, estavam satizfeitos com o resultado.
J parece ter-se conformado com a sua situação, não tendo nenhuma vontade ou, na opinião dele, motivo para mudar de vida. Assim, torna-se uma tarefa bastante difícil para nós fazer com que ele mude de atitude.
M já tem uma posição diferente da de J. Tem vontade de procurar um trabalho e sair da situação em que se encontra. Mas ainda não conseguiu arranjar nada…Despedimo-nos de M, dando-lhe alguma esperança, motivação e também alguns conselhos para continuar a tentar mudar de vida.
Assim, terminou a nossa ronda…

Pia

segunda-feira, maio 10, 2010

Crónica das Aldeias - 24.04.2010

Olá outra vez!
Para quem não me conhece sou a Joana, tenho 19 anos e faço parte do FAS-Aldeias há quase 2 anos.
Adoro fazer estas visitas e vou e venho sempre muito entusiasmada, mas desta última vez foi bastante especial. Antes de mais, já não ía há algum tempo, porque tenho estado muito ocupada com projectos da faculdade e, portanto, voltar a ir e estar com as nossas tias foi óptimo – já estava mesmo com saudades – e ainda por cima por se tratar de uma ida dos dois grupos (A+B).
Durante a viagem viemos a conversar sobre aquilo que fazemos (estudar, trabalhar em áreas como jornalismo, enfermagem, transportes, educação) e adoro como temos vidas completamente diferentes, mas todos vimos pelo mesmo motivo!
Éramos muitos e, já em Candemil (uma outra aldeia de Amarante), fizemos um piquenique de alto nível: desde os já habituais folhados e salgados variados às quiches, bolos, fruta, o famoso tomate e a grande estreia: arroz de pato! Com esta grande refeição, a apresentação das novas voluntárias, as piadas do Adriano e as tentativas de organizar um próximo jantar com todos os voluntários, estávamos já carregados de baterias prontos para animar e fazer companhia às nossas tias e tio de Amarante.
Cada um foi para a sua respectiva aldeia e, desta vez, fui só eu e a Maria João (nova voluntária) para Ansiães, porque o resto do grupo aproveitou para ir visitar um casal que antes visitávamos, mas que está agora num lar.
Gostei muito desta ida, pois conseguimos mesmo estar com as "nossas" senhoras, a conversar e a rir, e é obvio que o facto de trazer uma novidade (nova voluntária) ajudou, especialmente por se tratar de uma enfermeira. Claro que o inevitável assunto das doenças foi abordado e foi engraçada a forma como a Tia Rita e a Tia Aldina falavam com a Maria João. Entre doenças, família e os muitos filhos e suas vidas, a experiências passadas e programas de televisão, ficar sem tema de conversa foi impossível! Adoro a forma determinada com que nos expõem os seus pontos de vista e nos contam um pouco da sua madura experiência de vida, sempre cheias de fé em Deus.. É admirável!
Depois de já quase três horas de visitas, juntámo-nos todos e antes de partir para o Porto partilhámos alguns dos momentos do dia: confesso que fascino sempre que um de nós fala nesta parte, pois é espectacular a forma exaltada e inspirada com que o fazemos – realmente ajudamos e aprendemos muito! E desta vez como o grupo estava muito bem representado o impacto e a nossa marca naquelas vidas pareceu maior.. Espero que assim o seja, pelo menos nas nossas foi de certeza!!

Joana Leite de Castro | Ansiães

terça-feira, abril 27, 2010

Crónica das Aldeias 10.04.2010

Hoje escrevo para partilhar o sentimento de pertença ao FASRondas, em particular na vertente das Aldeias.

Para além das paisagens maravilhosas do Marão, e do convívio que se gera pelo facto de fazermos a viagem juntos e partilharmos o almoço, existem as pessoas das aldeias que visitámos que nos unem e nos permitem esta identificação como Aldeões!

Apenas posso dizer que trago sempre muito mais do que aquilo que levo, trago tranquilidade, paz e um enorme sorriso por tudo o que recebo, da natureza, das conversas partilhadas com os meus queridos aldeões e, especialmente das nossas queridas senhoras e senhores, que nos vão contando deliciosas histórias das suas vidas compridas e muito cheias de coisas boas e coisas menos boas, mas preciosas.

Depois da partilha em Bustelo, e no regresso ao Porto, sinto sempre uma enorme gratidão pelo dia e por todas as pequenas e maravilhosas dádivas que o dia me foi ofertando.

Gostaria de deixar, hoje aqui o meu agradecimento aos meus queridos companheiros aldeões, porque tudo isto apenas é possível porque o grupo se empenha em concretizar!

Sara Gonçalves | Candemil

quarta-feira, abril 14, 2010

Crónica Aldeias - 20.03.2010

O dia estava chuvoso, de tal forma, que estivemos uma parte da nossa visita debaixo de um telheiro, a aguardar que passasse um grande aguaceiro. Nesta altura estávamos na companhia da nossa querida D. Fernanda. Enquanto a chuva caía fomos comendo umas tangerinas bebés que eram uma delícia. A D. Fernanda encarregou-se logo de fazer um caminho para a água passar sem alagar o terreno. Acompanhamos a D. Fernanda a casa e ela mostrou-nos a obra que tinha feito na antiga adega - as paredes todas caiadas de branco por ela, e num curto espaço de tempo! Esta senhora tem uma força!... :) Mostrou-nos ainda mais umas vassourinhas que tinha feito com as giestas. Pedimos-lhe para nos arranjar umas tarefas agrícolas para nas próximas visitas pormos as mãos ao trabalho.


Estivemos também com o nosso querido casal - D. Emília e Sr. Aurélio - a D. Emília estava muito bem disposta neste dia, nunca a tinha ouvido a falar tanto, se calhar foi para contrapor o Sr. Aurélio que infelizmente estava muito queixoso da parte digestiva. Ficamos preocupados com ele e esperamos que melhore rapidamente. A D. Emília só dizia para ele não se queixar a nós - "Eles não são médicos", dizia ela.


Quanto à D. Maria continua a contar as suas histórias, pois silêncio não é com ela, tem sempre alguma coisa para dizer... Normalmente começa por se queixar mas depois entra numa amena cavaqueira e não há quem a pare! Desta vez rimo-nos com algumas confusões, contudo a D. Maria é que conduz a conversa e a nós cabe-nos o papel de a ouvir e tentar entender e corrigir quando necessário! Estava a cismar com a mão que não mexe, mas que já apresenta algumas melhorias, graças à ginástica que vai fazendo. Quanto à nora trata-a como se fosse a mãe dela, o que nos dá muito conforto a todos.


Finalmente a D. Celeste - Estivemos com ela dentro de casa, à mesa, e como tal começamos a falar de gastronomia, das massas que ela gosta mais e pelo que consta quando se dedica faz uns ricos petiscos. Queixou-se de cansaço, mas achei-a mais gordinha, sinal de que tem alimentado melhor. Sempre simpática, foi uma visita rápida, mas onde falamos de diversos assuntos, para variar do tempo!

Até à próxima Bustelo!

Saudades,

Sofia Meister

quinta-feira, abril 01, 2010

Crónica dos Séniores

Esta primeira crónica apresenta alguns voluntários e alguns dos nossos “Velhinhos”


D. Conceição Sr António D. Florentina

Começamos a nossa actividade, enviando esta mensagem aos voluntários inscritos na vertente, com os primeiros objectivos:

Olá voluntários/as

Boas vindas pela vossa magnífica disponibilidade de em conjunto colaborarmos na melhoria da qualidade de vida e disposição de um grupo de 15 a 20 idosos que frequentam o “ Centro de Dia Bom Pastor” (Porto).

A nossa alegria faz “ milagres” nestes idosos cujos olhos brilham quando nos vêm chegar e que ficam igualmente alegres quando partimos pois sabem que lá iremos na semana seguinte.

O nosso pedido inicial é que ponderem as vossas disponibilidades efectivas e nos digam quando e quanto podemos contar com vocês – pois que depois do vosso acordo contamos MESMO com vocês.

A Manela e o Raul tem de momento a coordenação desta vertente que se pretende ,nesta fase inicial, seja de uma visita semanal ao centro.
Já iniciamos o projecto há um ano e esta experiência deu-nos algumas rotinas que tem vindo a resultar e que vamos continuar a implementar e melhorar.

Sem grandes formalidades e reuniões propomos que comecem a aparecer no Centro de Dia nos dias de visita e a partir daí em conjunto vamos planeando e melhorando o nosso trabalho.

Dias de visita:
Terça- Feira das 14,30 ás 16 horas
Quinta- Feira das 10,30 ás 12 horas

Ficam os nossos contactos para qualquer esclarecimento:
Manuela – 967096601/938525299
Raul – 939526892
Obrigada por todos eles e um abraço

Depois disto... mãos ao trabalho... e aí vamos nós... !!!