Foi com esta e mais algumas passagens de "O Principezinho", que a Maria Antónia deu início à oração desta ronda.
Sempre gostei muito desta frase do livro.
Criar laços....
É necessário tempo para criar laços.Com os outros, com Deus, connosco próprios.
E é assim que, Domingo após Domingo vamos criando laços comos nossos amigos Sem-abrigo.E, tal como sucedeu com o a raposa, o principezinho e a sua rosa, também estes amigos que visitamos se tornam "únicos" para nós e nós para eles.
Após a oração, cada um dos grupos partiu, para a missão que Deus nos incumbia nessa noite.
Do nosso grupo estávamos eu, a Raquel e o Pedro. Pelo caminho fomos discutindo o "problema das horas", pois saímos sempre para a ronda mais tarde do que o desejado, na Batalha demoramos sempre bastante tempo com S.A. e há pessoas que acabam por ficar imenso tempo há nossa espera e algumas(como é o caso da D.E. ) ficam bastante zangadas com a nossa demora.Acordámos então que o ideal era sair do Creu às 22h30m no máximo e demorar menos tempo na Batalha.
Na Batalha encontrámos o J. que já chegou a ter muito dinheiro quando vendia droga e chegou a estar preso.Vive num quarto e não é dos que passam mais fome.Pelo menos a física...mas afectivamente está muito em baixo pois a mulher que vivia com ele, que é toxicodependente e bastante mais nova, de vez em quando desaparece e depois regressa quando precisa de se alimentar e tomar banho por uns tempos, volta a desaparecer....ele diz que não a quer mais mas...o coração precisa mais de amor que o corpo de alimento...
Estivémos também com o E. que estava muito preocupado com o Sr. L.uma vez que este em falado em suicídio ultimamente.Pediu à Raquel que o fose visitar, pois é a que conhece melhor a sua história de vida e com quem ele se abre mais.
Relativamente ao próprio E., mais uma vez falou do curso de filosofia que não concluiu e da frustração que sente por causa disso."Filosofámos" também um bocado sobre o que é a felicidade...e mais uma vez tentámos convencê-lo que ele não tem de desistir do sonho de concluir o curso mas primeiro tem de ter ir a consultas de psiquiatria e tomar medicação para se equilibrar emocionalmente; estanto estável emocionalmente pode procurar e manter um emprego, pois recebe apenas cento e poucos euros do rendimento mínimo e só então poderá pensar no curso.Ele dá-nos razão, mas esta é uma conversa que teremos de ter com ele inúmeras vezes, até finalmente surtir efeito.
Deixámos a Batalha e fomos ter com o sr. F. e a D. E., que deixaram a pensão e regressaram à "casa velha"(por teimosia da D.E.).Ela estava furibunda, berrou connosco, porque já não eram horas, o sr. F. já tinha discutido com ela,uns rapazes que passaram tinham-na chamado de bêbeda,enfim, lá disse o que quis e finalmente acalmou-se.Fez queixas do Sr. M., que às vezes dorme lá em casa, outras vezes vai lá só para cravar cigarros ao seu "homem" e ele dá-lhos, não pode ser.
Falou também um pouco da sua infância e do modo como a mãe a tratava.No final despediu-se de nós já contente e bem disposta.
Fomos finalmente ter com a F. e o P. perto da pensão, mas só ela é que desceu, pois ele está muito em baixo porque o filho de seis anos vai ser dado para adopção, uma vez que nem a mãe nem o pai têm condições de o criar.
A F., como sempre, estava bem disposta e faladora, embora preocupada com o P.
Terminámos a ronda junto ao Creu, com a habitual oração, agradecendo a Deus por estarmos ali.
Carla
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