sexta-feira, abril 13, 2007

Crónica da ronda de 11/3/2007 (Sta. Catarina)

Esta foi uma ronda que começou com três grandes “Obrigada!”: o primeiro “Obrigada!” ao Luís que, após uma paragem no seu contributo para o FAS, voltava a prendar-nos (e aos nossos SA) com a sua presença, contacto, pessoa e ajuda; um segundo “Obrigada!” a todos aqueles que, com a sua renúncia na Operação Sanduíche possibilitavam mais um domingo de sacos oferecidos; e um último “Obrigada!” à Marta, namorada do Pedro, que amavelmente nos emprestava o carro, resolvendo uma peripécia de falta de transporte que nunca antes nos tinha acontecido e sem o qual poderíamos fazer a nossa ronda! Com a Mafalda a poder “partilhar-se” connosco só no momento da oração (já que a sua vida agora não se faz só pela Invicta), com um elemento novo, e após resolvido o transporte, seguimos no caminho da noite que nos leva a quem tanto amamos.

Como costuma ser clássico, a primeira paragem deu-se no actual abrigo dos nossos queridos D.E e Sr. F., do qual o filho D. tinha saído poucos minutos antes, não sendo por isso possível cruzarmo-nos com ele, infelizmente. Mantendo-se teimosamente instalados na c.v., tivemos a “sorte”de os apanhar bem dispostos, já que esta recente mudança tem levantado, por vezes, a algumas divergências. Mais uma vez abordámos a questão da segurança, da humidade para os problemas de saúde Sr. F., do perigo de derrocada, das precárias condições de higiene etc.. enfim, problemas dos quais facilmente poderiam privar-se. Mas este é sempre um ponto de discordância com a nossa querida e teimosa D.E, pequenina mas rabina, que acaba por ir levantando gradualmente o tom de voz e a velocidade com que fala, até termos a polícia (que já por ali andava…) a vir-nos perguntar o que se passava. Tratava-se de uma noite estranha, St.C. estava com um ambiente completamente insólito a pairar no ar, não muito comum e com muitos carros de patrulha nas redondezas que, com natural desconfiança, reagiram perante aquele que sabemos ser o natural modo de falar da D.E quando tocamos neste assunto. Enfim, passado este incidente, abraços fortes, repetições do “por gostarmos muito de si é que dizemos isto” e sorrisos refeitos. No meio de tanta dificuldade em entender e ceder não deixa de ter uma piada estonteante o modo como ela muda a conversa, ou não deixa falar, e os paralelismos doidos que faz, como os do gato (para quem esteve presente sabe do que falo, e aposto que se está a rir!). Esta foi uma paragem onde estivemos também com o Sr. M, bem disposto e partilhando da nossa preocupação com os instáveis candeeiros, que a qualquer momento poderão cair… Mais uma vez relembrou-nos do seu aniversário, que claro tínhamos bem presente! É tão lindo, a meu ver, como todos nós, independentemente das nossas fragilidades, condições, erros ou falhas, temos em comum uma natural empatia com o afecto, com o momento da companhia com o outro, com o contacto com o outro, com o carinho do outro ao lembrar-se de nós, nem que somente através da figura de um simples bolo e de uma desafinada cantoria… dá que pensar.

Pós Stª.C., B., onde estivemos com todos aqueles que são mais flutuantes, mas com quem vamos ganhando mais contacto e laços, aos poucos. Entre eles os fixos, como o J. e a C. já de pazes feitas (esperemos que duradouras…), o M. (sempre cómico e bem disposto, desta vez só reclamando com a pouquíssima quantidade de açúcar no café!!, dizia ele: “5colheres de sopa no mínimo, por copo!”), ou o E., que ainda que visivelmente abatido e cansado se deixou consolar com o café amargo (a cada um o seu gosto e paladar) e ficou deliciado com as fotos (e mensagens) que lhe oferecemos, retiradas do filme da Mafalda, que sem o contributo deles seria impossível fazer. O nosso Sr.L. tinha ficado na pensão por não se sentir muito bem disposto, mas também para ele enviámos fotografias e o saco, símbolo da nossa constante lembrança e carinho. Entre bolos e café, com muito frio à mistura, a nossa paragem ali acabou em quentes pedaços de Fado, fantasticamente cantados pela D.B. A noite ia ficando cada vez mais quente e a ronda, de facto, especial. Sempre estranho é o caso do S. J. com histórias de intensa perplexidade e promiscuidade, que julgando-se profeta e enviado acaba por nos contar coisas incrivelmente estranhas e surreias…

Com o E. connosco no carro (a quem oferecemos boleia para ver se ia de vez para casa descansar), seguimos ao encontro da F. e P. Ficando a aguardar dentro da viatura (já que estava muito frio cá fora), o E. esperou que ouvíssemos as boas novas sobre emprego da F., além de rirmos sobre o mau jeitinho da Raquel para a cozinha, e tentarmos, mais uma vez, sensibilizar o P. para o mesmo caminho de procura de trabalho e ocupação. Eles são os dois muito amorosos e queridos, por isso, ainda que não tendo sido uma paragem muito morosa (a F. teima em vir muito mal vestida para a rua, estando sempre a tremelicar) foi um momento de contacto intenso e intimo entre todos.

Já sem sacos ainda parámos na loja C., esperando ver o B. ou os E., de quem já não temos contacto há algum tempo. Esperemos que todos estão bem e que este sinal de ausência seja positivo… Aguardamos e vamo-nos mantendo atentos.

A nossa oração final foi ao pé da casa do Vasco: eu, o Pedro, o Vasco e o Luís. Foi uma noite, de facto, especial, uma ronda simples mas com um toque de presença e de contactos muito activos, que nos deixou a todos um pouco mais plenos, e ao Luis com as honras feitas de uma “casa dos sem casa da noite”, que se abriu no todo para o receber, com tudo o que há de mais belo e de mais feio, mas que assim o é pelo simples facto de sermos, cada um de nós e deles, pessoas incompletas e humanas, com melhores e piores momentos, mas em busca… em busca de algo maior, ainda que à medida de cada um.

A todos, Obrigada.


Raquel

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