Famílias, Aldeias e Sem Abrigo estas são as nossas áreas de acção. Um grupo de jovens do Porto, que no CREU têm uma casa, lançam mãos aos desafios que lhes surgem.
terça-feira, outubro 21, 2008
Ida às Aldeias 25/10
As visitas às aldeias estão marcadas para o próximo sábado, dia 25 de Outubro, com saída às 11h, do Porto. O encontro é no local habitual, em frente à Igreja Nossa Senhora de Fátima.
Neste sábado é a vez dos visitadores do Grupo A.
Não faltes!
quarta-feira, outubro 15, 2008
Noite de Abertura do CREU - 10.10.2008
Pois é... =) No Passado dia 10 de Outubro, foi a noite de arranque do CREU, e o FAS mostrou um pouco do que fazia...
com conversas paralelas... com esclarecimentos... com testemunhos...
e com um novo vídeo de apresentação:
Ver em ecrã inteiro (Recomendado)
Também temos algumas fotos:
![]() | |
SlideShow |
quinta-feira, outubro 09, 2008
Crónica da Areosa - 05.10.08
A noite estava bela, mas sarcasticamente fria. Iniciamos a ronda visitando a ilha, onde esperávamos encontrar a D. A e a S. Não tivémos muita sorte desta vez: tanto uma como outra não estavam em casa. Deixámos um saco junto ao anexo da S, como habitualmente, para que ela sentisse aquando da chegada que os seus amigos de sempre estiveram lá para mais umas boas conversas. Quanto à D. A, para além do saco, resolvemos também deixar-lhe um bilhete que a informava acerca das horas a que costumávamos lá passar todos os domingos, de forma a podermos vê-la e falar-lhe mais regularmente; no final, não nos privamos de lhe desejar uma óptima semana.
Dirigimo-nos de seguida para junto do Sr. J, pessoa que nos dá uma lição semanal da verdadeira essência da vida. Foi desconcertante a situação em que o encontrámos. Dormia sobre um papelão, tremia de frio e envergava um semblante que nem adormecido escondia o sofrimento pela condição. Apressámo-nos a arranjar um cobertor que se pudesse atenuar o seu frio, juntamente com uma sopa quente. Como sempre, o Sr. J agradeceu-nos amavelmente, concedendo-nos a honra de achar que podemos estar a criar grandes laços de amizade com ele. Ele retomou o descanso mais aquecido, e nós seguimos a nossa ronda.
Na paragem seguinte tentámos encontrar I, sem sucesso. Não havia sinais dela junto ao local onde costuma pernoitar, logo propusemos voltar lá um pouco mais tarde.
Rumamos então ao prédio em busca de R e B, na esperança de os encontrar bem. Quando os avistamos, ainda no carro, pareciam estar a discutir, dada a gesticulação. Quando os abordamos, percebemos que não se passava nada de alarmante. B informou-nos do seu novo emprego, falando dele com entusiasmo e esperança. A conversa direccionou-se para a vontade dos dois em arranjar casa, tendo estado o Pedro - o economista de serviço - a ajudá-los no cálculo e previsão das despesas de tal iniciativa. Como sempre, R mostrava-se céptica quanto à ideia, ao passo que o B mostrava-se bastante resoluto e optimista. Enquanto conversávamos com o B e a R (que parecia estar mais atenta à música do seu telemóvel do que às nossas perguntas), recebemos uma inesperada visita: o Sr. A. Estava bem vestido, bem cuidado, mas a solidão habitava tanto o seu rosto como o seu discurso. Pediu-nos algo quente para beber e algumas bolachas, falando-nos da sua intenção de se mudar para Lisboa nas próximas semanas. Pedimos-lhe que se encontrasse connosco antes de partir e que compilasse, como prenda de despedida, todos os poemas que gostava de nos escrever. Ele concordou com a ideia, mostrando-se até contente pelo interesse pela sua arte. Após alguns dedos de conversa com ele, com B e com R (que substituira a música do telemóvel pelos bocejos de sono), despedimo-nos todos com desejos de boa semana, antes de partirmos novamente em busca da I, tentativa que se revelou novamente infrutífera.
Na nossa última paragem visitámos o Sr. M. Desta vez, o seu sono era tão profundo que optamos por não o acordar, deixando os sacos junto à sua cama e acompanhados de um bilhetinho assinado por todos que continha desejos de uma boa semana.
Terminava assim mais uma ronda que, apesar de atípica, nos ensinou muito. É curioso sentir os valores de todas as coisas na nossa vida darem cambalhotas a cada ronda, fazendo-nos perceber que os melhores momentos da nossa existência provém da nossa relação com todo o tipo de pessoas, mesmo aquelas que parecem estar num cantinho de mundo esquecidas pelo mesmo. Mas por nós, nunca.
Luís Mouta Dias
Crónica dos Imigrantes - 28.09.08
Apesar de não termos tido férias, o presente domingo parecia o “regresso” da equipa, na medida em que pudemos contar com 9 dos elementos do grupo. Nomeadamente a Ana Aguiar, Ana Sampaio, Ana Deiros, Ana Pinho, Diogo, Salomé, Nuno, Miguel e eu, a Sónia.
Quanto aos imigrantes, apesar de poucos, contamos desta vez com uma grande diversidade em termos culturais, visto que era cada um de seu país. Um chinês, um italiano a residir em Espanha, um ucraniano, um angolano e por último, já nosso conhecido da última visita, um marroquino. Este último não muito participativo, devido ao facto de ser muçulmano e estar a cumprir o “Jejum Espiritual” – o Ramadão.
Notamos que estavam presentes mais pessoas, no entanto estas descansavam no quarto.
No inicio, à nossa chegada, somos nós próprios os imigrantes. Os estranhos que invadem um espaço onde quem lá está, geralmente joga de uma forma pacifica, num dialogo surdo, cartas ou xadrez e não raramente assiste à televisão.
É pela motivação de lhes proporcionar um momento agradável que avançamos. Sempre com o cuidado de tentar que as actividades eleitas sejam abrangentes em termos culturais, mas neutras em termos de convicções e valores. Isto porque a sociedade já é suficientemente agressiva a este nível. Não obstante o facto de que para tentar colmatar essa agressividade, esforçamo-nos por estar o mais disponível possível para receber o que eles têm para nos dar. E num limite posso mesmo dizer que recebemos muito mais do que aquilo que damos.
Como sabemos bem, as diferenças no mundo originam deslocações de pessoas de uns lugares para outros, em função das oportunidades que se lhes mostram mais ajustadas para melhorarem a sua vida. Neste plano não existe qualquer lei que impeça seja quem for de imigrar. O povo português sabe que esta é uma questão incontornável, pois apesar das muitas leis que os proibiam de emigrar, nenhuma delas foi capaz de os impedir de tomar tal decisão. Esta é a ideia que tentamos passar numa das actividades que desde o primeiro dia esteve presente – a da rede (novelo de lã).
Esta actividade consiste em fazer desenrolar um novelo de lá, que vai sendo atirado de uns para os outros, que em simultâneo vão dizendo o seu nome, idade e naturalidade. Como a ordem é aleatória, o resultado final é uma rede. E a mensagem que passamos é precisamente a de que “apesar de sermos todos de sítios diferentes, estamos naquele dia ali todos juntos, ligados pela rede”.
Neste domingo decidimos que cada um podia expressar o seu desejo ou o seu sonho depois da leitura de um poema aquando ainda da rede formada. O ideal colectivo que ali emergia era sem dúvida o da liberdade. Liberdade esta, que se traduzia no sonho de viver numa sociedade multicultural, assente na igualdade de direitos e respeito pela diferença de todos os seres humanos, independente da sua nacionalidade, etnia, crença, condição social, etc…
Os resultados desta actividade levam-me assim a pensar que a imigração não pode ser dissociada da garantia dos direitos humanos universais.
Penso que para eles será mais um dia que têm de permanecer lá… para nós uma tarde a cumprir o nosso dever. E é neste ciclo de solidariedade e troca de experiências que nos vamos cruzando com o Mundo…
Sónia Ferreira
segunda-feira, outubro 06, 2008
Ida às Aldeias 11/10
As visitas às aldeias estão marcadas para o próximo sábado, dia 11 de Outubro, com saída às 10h45h, do Porto. O encontro é no local habitual, em frente à Igreja Nossa Senhora de Fátima.
Neste sábado é a vez dos visitadores do Grupo B.
Não faltes!
terça-feira, setembro 30, 2008
Crónica da Areosa – 28.09.08
Apesar do ligeiro atraso, seguimos para ver a D. A e a S. Quando nos aproximamos da ilha temos sempre medo que os cães estejam soltos e nos saltem em cima mas, desta vez, tivemos sorte porque estavam presos. Tal como das últimas vezes, a D. A. não estava mas pareceu que desta vez tinha feito um esforço para nos esperar. Em compensação, estivemos com o seu neto, o M. Estivemos um pouco a brincar com ele e demos-lhe uns brinquedos que levávamos. Ficámos a saber coisas da avó, da mãe e dele também, coisa que já não acontecia há algum tempo… A Ana e eu fomos bater a casa de S. para ver se esta estava. Quando nos preparávamos para vir embora, esta abriu-nos a porta. Fizemos-lhe a manicure e conversámos um pouco com ela em voz baixa porque o Sr. A. estava a dormir. Nessa altura apareceu o Nuno, que resolveu acompanhar-nos neste bocadinho e pôr-nos a par das melhoras do Sr. Z., que tem estado doente.
Daí partimos para o prédio. Encontramos lá R. a chorar. Tinha-se chateado mais uma vez com B. e desta vez a questão envolvia o dinheiro do rendimento mínimo de R. e a falta que o dinheiro lhe faz agora para comer. O Pedro combinou encontrar-se com ela durante a semana para a ajudar nestas questões económicas e bancárias.
A próxima paragem foi junto do Sr. J. Ao contrário da semana passada, estava acordado e falou bastante connosco. É incrível como um homem tão culto e com tantos estudos dorme agora na rua. A seu lado está sempre R, a sua fiel companheira canina, que está sempre de olho e a rosnar quando chegamos porque tem medo que façamos alguma coisa de mal ao seu dono. A meio da nossa visita cantámos os parabéns ao Pedro, que fazia anos, sopraram-se as velas e comeu-se bolo.
Já tarde, partimos para as nossas últimas paragens. Tentámos ver se encontrávamos I, com quem temos falado pouco, e desta vez conseguimos. Encontrámo-la na sua pequena caixa, tão pequena e rasgada que I nem sequer se mexeu lá de dentro para falar connosco, com medo de não conseguir “encaixar-se” depois. Prometeu-nos novamente ir cortar o cabelo, algo que teremos que esperar para ver, como temos feito de há um ano para cá. No final, estivemos com o Sr. M. A princípio, não nos queria receber, disse que era muito tarde e perguntou se não queríamos ir embora, mas depois lá ficou a falar connosco. Na sua óptica, estávamos todos bêbedos e o Pedro era o único que tinha direito, por ser o seu aniversário.
Terminámos a ronda muito tarde mas realizados com tudo o que demos e maravilhados com tudo o que recebemos das pessoas que visitámos. Há visitas que marcam e esta foi uma delas e que nos recordam da razão pela qual todos os Domingos à noite nos juntamos, independentemente do tempo, da vontade ou do cansaço.
Maria Freitas
quinta-feira, setembro 25, 2008
Crónica da Boavista - 21.09.2008
Jorge Mayer
quarta-feira, setembro 24, 2008
"Em Reportagem", RTP || "Rondas de Solidão" 18.10.2006
mais um pouco do que somos... e do que partilhamos....
do programa da RTP, "Em Reportagem", com o nome "Rondas de Solidão", temos a seguinte reportagem sobre "um pouco do que somos... e do que partilhamos...."
Parte 1
Parte 2
Ida às Aldeias - 27/09
As visitas às aldeias estão marcadas para o próximo sábado, dia 27 de Setembro, com saída às 11h, do Porto. O encontro é no local habitual, em frente à Igreja Nossa Senhora de Fátima. Neste sábado é a vez dos visitadores do Grupo A. Vamos iniciar o novo esquema para este ano. Não faltes!
domingo, setembro 14, 2008
Acolhimento de novos voluntários - 18 de Setembro (esta 5a feira)
É já esta 5a feira que quem quiser conhecer e inscrever-se no FAS o poderá fazer.
O local de encontro será às 19h, no CREU, (basta carregar no link para ver o mapa).
Estaremos lá à espera de todos os interessados para dar a conhecer um pouco o que é, e o que faz o FAS, e conhecer as expectativas de cada um sobre a forma de conversas um a um.
Será um breve encontro, com muitas conversas paralelas para as quais estaremos presentes até às 20h.
Um abraço,
Jorge Mayer
quinta-feira, setembro 04, 2008
Visita de Agosto à UHSA - 27.08.2008
Para começar cantámos o NoXuKuRéLá, música moçambicana que a Cristina trouxe para o grupo e que já consideramos nosso ícone: as palavras significam “Aleluia Senhor”, a melodia é fácil de aprender e a coreografia ajuda a marcar o ritmo e a integrar os mais tímidos.
No jogo de apresentação ficámos a saber os nomes e países de origem: do Brasil eram 6 mulheres (do Nordeste, da Baia, do Rio e do Pantanal), da Bósnia uma, de Angola um homem e de Marrocos um, outro homem foi entretanto para o quarto descansar. O marroquino manteve-se entretido, a alguma distância, e o resto do grupo foi-se instalando nos sofás a ouvir música e conversar. Falou-se de festas, de churrascos, de amizade, de família, dos filhos que ficaram lá, dos medalhados nos jogos olímpicos, compararam-se formas de reagir de brasileiros e portugueses, comentaram-se filmes recentes. Ainda houve quem ensaiasse uns passinhos de dança ao som do CD que a Ana P. trouxe. Nem dei conta que já era hora de ir embora.
Entretanto a Sónia já tinha aproveitado para pedir ao marroquino para lhe ensinar palavras em árabe e assim poder fazer crescer a já longa lista de palavras e expressões neste idioma que (com um sentido muito prático) vai anotando no seu caderninho das visitas. Nenhum de nós fala árabe e nestes últimos meses de visitas regulares à UHSA a maioria dos utentes tem sido homens cuja língua materna é o árabe; procuramos dizer pelo menos o “olá, como estás” na língua dos ouvintes.
Os jogos com bolas, com cartas, o jogo das palavras e dos desenhos que em vezes anteriores tinham resultado tão bem e servido para aproximar pessoas, não foram necessários.
“Adeus e boa sorte” dissemos na despedida “Boa sorte” dizem-nos também e “obrigada”.
Ana Aguiar
Ida às Aldeias
A todos os interessados informa-se que as visitas às aldeias do Marão vão recomeçar.
A partida está marcada para o dia 13/09, pelas 10h30, junto à Igreja N. Sr. de Fátima.
Apareçam!
segunda-feira, setembro 01, 2008
Crónica da Boavista - 31.08.2008
Depois dos sacos reforçados lá partimos em dueto, eu e o Jorge para o início de um novo ano de rondas, para mim!
Primeira paragem, D. F. Reclamação atrás de reclamação, lá pediu o presente de anos que tem sido tão reclamado. Este domingo não havia dor de dentes, por isso estava toda bem disposta, perguntou por todos os que não estavam, com ar saudoso e curioso. Um dos filhos estava com ela a fazer-lhe companhia e podemos dizer que é uma fotocópia da mãe “eu também quero saco, no próximo domingo não se esqueçam”.
Discutimos o jogo Benfica- Porto e lá chegamos à conclusão que o empate até não foi mau, porque o Porto sempre fica em vantagem. Despedimo-nos e partimos, descemos a Constituição e não vimos o Sr Z., seguimos para o lar onde deixamos o pão.
Seguimos para a próxima paragem, Sr G, que orgulhosamente nos pediu para irmos com ele ver o seu novo bebé, o seu carro, lá fomos. Estava com o seu super colete a arrumar os carros, prometemos que lhe fazíamos um crachá com o seu nome!
Partimos para o sr Z e o Sr A que para nosso espanto quando lá chegamos estavam os dois á conversa. O Sr Z. atravessou e lá nos contou que por pouco não apanhou o bandido que tinha assaltado duas casas ali ao lado, ia fazer queixa à policia. O rádio não tem mesmo solução por isso prometemos um para este domingo.
Lá atravessamos em direcção ao Sr A. que estava com uma dor na perna, chegamos á conclusão que tinha sido de tanto que tinha andado! Relatou-nos todos estes primeiros jogos, golos, faltas. O Sr A sem rádio não é o mesmo, foi a melhor coisa que podíamos ter feito por ele.
O Sr Z lá acabou por vir ter connosco o que nos deixou numa felicidade, porque sabermos que os dois falam e se dão deixa-nos mais confortados, por saber que teem o apoio um do outro.
Seguimos para o B.S. encontramos o Z.C tinha tomado banho à pouco tempo, estava com outro aspecto. O negócio estava muito fraco, ainda há muitas pessoas de férias “maldito Agosto”, por isso a conversa foi curta.
Paramos mais à frente e deixamos um saco ao J.P., que há estava a dormir.
Acabamos por encontrar a D G já fora do serviço, hoje saiu cedo. Pusemos pouca conversa em dia porque o autocarro chegou logo.
Sr A. está mais do que orgulhoso dos filhos, depois de tanto tempo de preocupação estão os dois encaminhados, um para a faculdade e outro a trabalhar na junta de freguesia.
Partimos ao encontro do Sr A que depois de muito o procurarmos já estava sentado no sitio do costume à nossa espera.
Como sempre o Sr. A e o Sr A. “lutavam” entre si pela nossa atenção, e estavam felizes por verem que estamos a regressar de férias e que tudo volta ao normal.
O regresso às rondas correu mesmo bem!!!
Benedita Salinas
sexta-feira, agosto 29, 2008
Crónica da Boavista - 24.08.2008
Arrancamos eu, o Rui e a Susana, que nos veio ajudar nesta altura de menos disponibilidades. Começamos, pela primeira vez, a ronda sem entrar no carro! o Sr. Z estava a dormir no Multibanco, no meio da sua confusão habitual, está mais magro, mas limpo, falamos bastante, de fugir para a "ilha das caraíbas, mas a parte de trás"! Um sítio paradisíaco de paz. Ficou-me a frase "...mais vale viver num imaginário mundo interior de paz do que num mundo de cães."
Agora de carro chegamos à D. F, estava com dor de dentes e frio, por isso menos comunicativa. Não foi a Lisboa porque o filho esteve lá com ela. O local estava arrumadíssimo, pois tudo já está arranjado na barraca. O Sr. V não estava e o trabalho na feira é para daqui a muito tempo, ao contrário do que pensávamos.
Eslopan foi rápida (e pesada!) a entrega.
Sr. G estava imparável, tomou o banho de mar (3 mergulhos) no dia de São Bartolomeu para obter a sua protecção, e até levou uma garrafa com a água do mar para a mulher também o puder fazer em casa! Deu-nos várias receitas do Dr. Sousa Martins (como o célebre chá de cenoura, agriões e açucar mascavado).
O Sr. Z estava alegre (alcóol?), recebeu o rádio com o desafio à sua capacidade de o arranjar. Estava falador e agradecido. Prescindiu do saco ternura.
O Sr. Mãos lindas contou-nos o resultado do peditório à porta da igreja do Carvalhido e falou-se do desporto (a sua especialidade). Como faz tanta diferença e companhia um simples rádio que lhe tínhamos dado!
Encontramos a L, estava muito animada, deve entrar para a Metadona na próxima semana, a mãe está a ajudá-la, já fez análises e doenças só hepatite.
Ainda estivemos de relance como A e o seu colega (novo). Os 3 da vida airada estavam todos juntos (parece que o amuo já terminou?) e faladores. A Susana levou um beijo farfalhudo para casa como convite: " A menina apareça mais vezes!"
Ainda fomos ao Aleixo, onde tudo desapareceu num instante, estava tranquilo. Acabamos partilhando a ronda.
Obrigado Susana pela tua ajuda!
domingo, agosto 24, 2008
Crónica da Boavista - 17.08.2008
Houve uma falha com o "pão" o que fez com que os sacos não estivessem tão cheios como tem sido hábito.
Após a pequena oração improvisada, partimos eu e o Sérgio.
A D. F talvez vá para Lisboa para a semana nas suas habituais questões com os hospitais e exames, estava bem mas com necessidade de encontrar uma sapatilhas pois já não tem calçado excepto os chinelos já em mau estado. Conversamos bastante com o Sr. V, que estava sóbrio e contou-nos as suas aventuras a trabalhar nas feiras, no Poço da Morte, quer com mota, quer com carro, deverá partir agora para voltar a trabalhar uma temporada, foi das melhores conversas que tivemos com ele.
Como não houve pão para todos os sacos, não houve "eslopan".
O Sr. G lá estava com a sua nova fatiota de trabalho, cada vez mais profissional! Temos de lhe arranjar um crachá para os anos que são em Outubro. Recomendou-nos uma mesinha com sal e lá partimos.
O Sr. Z estava pouco animado. O único sorriso veio do rádio que ficamos de lhe arranjar. O Sérgio já arranjou um para o Mãos Lindas, que estava muito contente com ele, e a ouvir baixinho para poupar as pilhas. O rádio dava "Friends will be friends" enquanto falamos do habitual futebol e jogos olímpicos. Foi um momento que me ficou gravado na memória.
Vimos rapidamente o JC, que disse para dar-mos cumprimentos às meninas quando falássemos com elas. O M não quer entrar no programa de metadona e espera entrada numa clínica terapêutica o que significará uma demora muito maior e incerta...
A D. G estava contente, veio de férias onde esteve com a família e isso via-se no sorriso e na ausência de palavras amargas.O Sr. A foi de bengala à SegSocial para ver se conseguia fugir a uma "pena" e o seu amigo fez grande farra na noite anterior.
Acabamos a ronda recordando tantos pequenos pormenores de uma das rondas que mais me tocou nos últimos meses. Não houve nada de extraordinário, apenas amigos que se encontram e geram sorrisos...
Jorge
segunda-feira, agosto 18, 2008
Crónica da Boavista - 10.08.2008
No passado dia 18 de Abril, o Parlamento Europeu adoptou a Declaração n.º 111/2007 sobre o fenómeno dos sem abrigo. Além de solicitar ao Conselho que adopte um compromisso de alcance comunitário para resolver este problema até 2015 e de solicitar à Comissão que elabore uma definição-quadro europeia do fenómeno e que registe os progressos nos Estados-membros, insta ainda os Estados-membros a elaborarem planos de emergência para o Inverno. A Declaração foi assinada por Portugal.
Preciso de confiar que a situação dos sem abrigo será encarada com seriedade pelas entidades com poder para mudar a realidade. Conheci pela primeira vez duas pessoas que moram debaixo de uma ponte da cidade do Porto, amparados entre caixotes. Os nomes não me lembro. Mas os rostos estão-me bem marcados. Assim como os de todos os outros sem abrigo que contactei nas duas rondas que fiz (Batalha e Boavista) e daqueles que mesmo com um tecto vivem na pobreza. Talvez por não ter experiência o distanciamento emocional seja mais difícil. Não que dantes pensasse que faziam parte da paisagem como diz um anúncio e só agora os tenha descoberto. A diferença está na interacção que anteriormente nunca tinha ocorrido com esta parte da sociedade.
Dois dedos de conversa e um saco de comida podem não alterar o estado das coisas, mas não são indiferentes para quem dá e recebe. O ser humano é, por natureza, um ser social. E a inclusão também se faz a partir de pequenos momentos de atenção.
Porto, 17 de Agosto de 2008.
Sónia Bartolomeu
domingo, agosto 17, 2008
Crónica da Areosa - 10.8.2008
Fomos logo prá casa da A, desta vez com ela à nossa espera, na cozinha nova e bonita; falamos da vida, dos filhos e neto que a preenchem, do trabalho, demasiado, que a sustenta; o sorriso e o carinho nunca mudam, não importa o tempo que passe, e isso sabe mesmo a casa com sol.
Continuámos para a Areosa, onde a I de novo não estava. Fomos até ao pilar do M e do primo, e aí vieram ter o P e o X, gente nova com esperança para as próximas semanas; é muito mais fácil, e tentador, pensar em mudança da vida de quem mudou pra pior há pouco tempo; vamos ver se consegeum.
Chegámos à última estação, a mais povoada: estavam lá a R, o B, o A, o sr. F, o velho amigo A e o sr. Y; falámos em grupos, e soube-me bem sentir a humanidade de quem parece ser tão pouco; tenho que abrir melhor os olhos...
Eis um domingo que chama plo próximo com esperança de melhorar alguma coisa, em nós e no mundo. Obrigado.
Pedro Pardinhas
Crónica da Boavista – 3.8.2008
De passagem pelo lar onde ficaram muitas sobras, seguimos para o Sr. G. Mais uma vez ouvimos as histórias do seu carro e da necessidade urgente de um chapeiro e dissemos um olá ao A. que educadamente vai ter connosco para receber o seu saquinho.
Desta vez encontrámos o Sr.Z e o Sr.A. O primeiro agradeceu o saquinho mas tinha que continuar os seus trabalhos no cobre. Já o segundo estava mais conversador e queixoso porque lhe tinham roubado o rádio, o seu único amigo. Agora só lhe restava “olhar para a ponte à espera que ela caia... ainda por cima com os Jogos Olímpicos a começarem”. Alguém tem um rádio a pilhas que possa dar? Ficou prometido para a semana.
No Capa Negra está cada vez mais gente mas principalmente gente nova. Como não tínhamos sacos suficientes apenas demos um à L. e seguimos para o JP que já dormia no sítio habitual. Ainda abriu um olho e agradeceu o saco. Parece que está mais comunicativo.
Desta vez fomos chamar o Sr.A e o Sr.Ar ao shopping pois ainda era cedo e estes estavam entretidos a ver televisão. A D.G já tinha voltado de férias e estava toda contente com os dias que esteve com a filha e que souberam a pouco. Já há muito tempo que não conseguiamos ter os 3 a menos de 1 metro de distância a falarem. Foi bom ouvir que ficavam contentes por nós continuarmos a ir ter com eles no mês de Agosto.
Terminamos a ronda mais cedo do que o normal, mas já na 2ª feira...o dia em que a nossa Ana chega da fantástica lua-de-mel.
Ainda deu tempo para partilharmos um pouco do futuro da nossa ronda e da possibilidade de entrar um novo elemento.
Um bom solzinho para todos e obrigada aos que ficam a continuar este trabalho mesmo em pleno Agosto.
Beijinhos e até Dezembro!!!
Joana
sábado, agosto 09, 2008
Crónica da ronda de 3/8/2008 (Areosa)
partimos dois para a AREOSA. eu e a ANA. passámos pela I. mas só vimos os caixotes. seguimos, assim, para os srs. Ms. acordaram, num impulso, depois de os chamarmos algumas vezes, em simultâneo. foi engraçadíssimo! o sr. M. tem sido incorrecto no desenrolar da visita, no tratamento de alguns de nós. no domingo foi diferente: esteve sempre animado e em empatia connosco. aqui, na rotunda, juntaram-se-nos a ANDREIA e o JOÃO. a ronda duplicou o número de voluntários, despediu-se dos srs. Ms. e seguiu para o jardim. lá estava o sr. J. que também acordou assarampantado. ganhou boa disposição e falou na vida: no desemprego, na casa para onde ir no inverno, etc.
no outro local habitual, estava pela 2ª vez o sr. F. A., super bem disposto. tem ar de passar enormes privações e não se entende porquê. era importante aprofundarmos a conversa e criar mais laços. também apareceu o sr. A. que, desde que se fala em alteração no trajecto, não parte sem se assegurar de que voltaremos no próximo domingo. tem sempre assuntos relacionados com as últimas do futebol e das notícias nacionais. vem sempre na sua RAYLEIGH, antiga mas fantástica! o casal maravilha, não apareceu, o que não ficou muito esclarecido.
beijos e abraços e rondem no próximo domingo, por favor.
NUNO DE SACADURA BOTTE