quarta-feira, maio 03, 2006

Crónica de 30.04.2006 (Batalha + Boavista)

“Poucos mas bons”, os resistentes ao fim-de-semana prolongado deram para os gastos, revezamo-nos bem. Saímos juntos (já perceberam pelo título) as rondas da Batalha e da Boavista.
Primeira paragem no Sr X que, apesar do álcool misturado à esquizofrenia, consegue ter já um discurso que a Mónica ajuda a tornar perceptível ou pelo menos mais fácil de descodificar. Progressos assinaláveis, estamos no bom caminho! Também encontrámos o L que dorme num quarto e continua a arrumar carros por ali – a cocaína não o deixa em paz, psicologicamente muito forte, pelo que diz; avança aos poucos na desintoxicação; promete regresso à antiga vida de técnico superior de contas, mais aprazível, por certo.
Em José Falcão – pelo caminho alguns efusivos adeptos do campeão FCP – encontrámos, como previsto, o P e o H. Por um lado bem dispostos, apesar de ambos benfiquistas, por outro ainda descrentes no apoio social – expectativas de ajuda frustradas, entrevistas adiadas – devemos andar mais atentos para perceber o que falha, se a realidade do funcionamento das instituições, se a versão dos factos.
Em St Catarina tínhamos um Sr D conversador, que é o mesmo que dizer muito carente, e com vontade de uma ida à Segurança Social (!). Estamos a delinear a estratégia, esperamos ter mais sorte que das outras vezes – se entretanto o Sr D não mudar de intenções…
Partimos depois rumo a Damião de Góis ao encontro do Sr. B. Este mostrou-se como sempre muito afável, aceitou de bom grado um café quente e conversou com uma clarividência fora do normal. Antes das despedidas mostrou interessado em tomar um banho, dado o seu já velho interesse em se fazer ao caminho rumo a Espanha “onde se está melhor”, pelo que é necessário encontrar-se asseado. Com um sorriso nos lábios percorremos mais algumas centenas de metros até Faria Guimarães para fazer a última visita da noite, no caso o Sr. JJ. O Sr. JJ encontra-se num período particularmente feliz, diz-nos que espera abandonar a rua em breve, sua “casa” nos últimos dez anos, e arranjar um emprego. Contou que fora visitado pelas assistentes sociais que lhe prometeram desbloquear o rendimento mínimo e arranjar um quarto numa pensão. A “rua” não é pródiga em “happy endings”, mas no fundo todos acreditamos neles.

Rui Mota e João Bateira

2 comentários:

Anónimo disse...

"Poucos mas bons!" Foi uma noite boa, aquela! Tivemos algumas boas surpresas...e pudemos crescer com eles mesmo quando vêmos escuridão diante de nós...
Obrigada pela vossa crónica mista e por vos poder ver, perto de mim, aos Domingos à noite!!

Anónimo disse...

Olá, mais um exemplo de uma crónica tão boa qt a ronda..
Muitos sentimentos se sentiram nos breves momentos em que partilhamos com eles um pouco das suas vidas, alegrias e desilusões!

É importante tratarmos mesmo d Sr D com a Segurança Social, e cumprimir a promessa do banho com o Sr B. É óptimo estarmos a ser cumpridores nas nossas visitas ao domingo, e de igual forma não podemos falhar nesta ajuda social, qd solicitada - que é o caso!

Bjs
Manela