segunda-feira, junho 28, 2010

Crónica das Aldeias - 05.06.2010


fitas largas amarelas por D.Alda

O passado dia 5 de Junho foi mais uma das nossas aventuras em terras de Amarante. O bom tempo há muito que tem chamado por nós, por isso, fomos mais cedo para aproveitar uns bons momentos à beira do rio no parque da praia fluvial de Larim. A refeição foi repleta de vários tipos de fruta para lembrar que o Verão se aproxima a passos largos. Depois de umas boas gargalhadas e brincadeiras iniciamos as visitas às nossas senhoras.
Nesse dia tivemos uma companhia nova (pelo menos para mim), a Beta, e lá fomos nós “palmilhar” os caminhos de Candemil seguindo fielmente os passos incansáveis da D. Aurélia. No meio de muita conversa e até silêncio para admirar as paisagens, ouvimos atentamente ensinamentos, provérbios e lengalengas, que eu já só ouço num sábado de cada mês.
“- Pedi a Deus a morte e ele disse que não ma dava. Disse-me para pedir antes a vida que a morte certa estava.”
Como é tradição a seguir damos duas ou mais de letra em casa da D. Alda. Ela contou-nos as novidades da terra, dos vizinhos e que ia cantar o salmo na missa naquele dia (Estava ansiosa!). Como ela própria diz: “a voz sai do peito e ecoa na garganta”. Nisto recordamos as gravações que fizemos em visitas passadas de músicas como as “Fitas Longas Amarelas” (música cantada pelos quintanistas de Medicina num teatro que fizeram quando ela estava internada aos 18 anos de idade).
Com muita música e boa disposição vos deixo! Não é só pelo que damos, mas também pelas boas recordações que ganhámos, que se torna difícil deixar de aparecer por uns tempos…

Mariana | Candemil

quinta-feira, junho 17, 2010

9ª Crónica das Famílias - Maio de 2010

“ O indivíduo só sobrevive pela relação.”
Carla Reigada, Formação em “Assistência e Rede Social”, Creu, 13 de Março de 2010

Este mês destacamos na nossa crónica mensal a formação em "Assistência e Redes Sociais", ocorrida no âmbito da vertente das Famílias.

A noção de que o ser humano é um ponto entre constelações e ligações permite-nos interiorizar com maior profundidade o acréscimo na necessidade de um "ponto-humano-isolado": está em estado SOS, alerta vermelho sobre a construção das suas matrizes sociais.
Quanto maior o alargamento da esfera social de cada indivíduo (relações interpessoais) mais integra é a dimensão intrapessoal do próprio ser humano. A existência de um quadro social e comunitário saudável desperta estados de saúde individual.
As pessoas que ajudamos, pessoas desamparadas e extremamente sós, serão sempre mais vulneráveis aos impactos de uma rede social descosida, esburacada ou inexistente.
Os voluntários das Famílias devem procurar desenvolver esta consciência e atender permanentemente ao aprofundamento e à prática desta acção. A ajuda na construção desse suporte social, externo e além do próprio voluntário, tem que ser um dos objectivos principais dos acompanhamentos. Uma Família em relação estritamente solitária com os voluntários é uma Família debilmente dependente, incompleta e aprisionada, e este um voluntariado deficiente e pouco esclarecido. Somos passagem – ou passagens podemos ser. A rede social de cada pessoa, porém, é parte da sua existência concreta, do seu mundo irrepetível, da sua história única. Quanto mais densa, coesa, descentralizada e distribuída maior a probabilidade de, em caso de "anomalias", não surgirem colapsos irredutíveis.
Durante cerca de duas horas de formação a assistente social Carla Reigada expôs procedimentos, direitos e deveres integrados neste tema de extrema relevância. Com exemplos práticos de casos em curso na vertente esclareceram-se dúvidas relativas à assistência médica e à assistência social. Uma formação foi muito importante e útil.

À Carla o nosso sincero agradecimento pela disponibilidade, assertividade, explicação e simpatia.

Raquel Henriques


"Linhas", de Nuno Miguel Rosa, in http://olhares.aeiou.pt/linhas_foto2435711.html

8ª Crónica das Famílias - Abril de 2010

Na crónica deste mês expomos um ponto de situação dos casos de Família acompanhados.

1) D. R. e C.
A dupla tem funcionado de modo mais coeso e dialogante. A Ana tem sido essencial na articulação destas sinergias e autonomias.
A D.R. continua a viver uma fase económica particularmente complicada e difícil. Conseguimos entregar-lhe alguns alimentos advenientes de uma doação feita ao FASrondas. Mas esta é uma solução pontual, um remendo, pelo que as voluntárias deste caso têm estado atentas aos apoios sociais a que a D. R. poderá eventualmente ter direito.
As consultas médicas também têm sido alvo de particular atenção; porém, e para desagradado das voluntárias, a D. R. faltou à última consulta marcada.
As visitas decorrem entre os habituais temas de conversas e muitos queixumes, o discurso natural da nossa querida R.. No seu espaço habitável fizeram-se simples alterações que poderão proporcionar ambientes mais felizes, higiénicos, ventilados e iluminados. A hipótese de arranjar um pequeno animal, como a D.R. revelou ser seu desejo, está a ser ponderada em grupo.
Relativamente ao c., não têm sido feitas visitas dada a fase mais exigente que a D.R. atravessa, a necessidade de consolidação deste acompanhamento e desinteresse manifestado pelo próprio c.

2) D. F.
Alguma perturbação económica derivada de atrasos muito prolongados nos apoios sociais, geradora de ansiedade na F.. A Maria João e a Sofia têm procurado inteirar-se de mais dados relativamente à rede social da D.F. (Que assistências médicas? Que assistências sociais? Que procedimentos, direitos e deveres?). Psicologicamente, e apesar desta instabilidade externa, a D.F. apresenta-se novamente mais firme e bem-disposta. Mantém o tratamento em vigor e as respectivas terapias de apoio. As visitas têm decorrido bem.

3) F. F.
Dois novos voluntários integraram finalmente esta família. A alegria foi imensa! As expectativas da Catarina e do João não foram defraudadas e os miúdos – especialmente os miúdos! –ficara, fascinados com a presença, nos encontros, de gente mais nova e do género masculino. Como tínhamos presente, confirma-se o imenso benefício da diversidade de idades e géneros no acompanhamento à F.F. Que o entusiasmo e o ânimo persistem e possam vir a ser trampolins para a recepção aberta das várias ajudas de que necessitam.
A nível escolar: as notas foram positivas, o que é de enaltecer! Prova superada. Um obrigada especial à Filomena. As explicações continuam a ser uma das principais tarefas dos voluntários.
Recentemente a F.F. mudou de residência, o que trouxe alguma variação na atmosfera familiar e nas rotinas semanais dos voluntários. Porém temos em crer que, com tempo, estas serão totalmente absorvidas e a naturalidade impor-se-á.

4) L.
Nos últimos meses muita agitação tem ocorrido em torno das ajudas neste caso. Uma das acções desenvolvidas foi a recolha de tampinhas de plástico com o propósito de reduzir o custo do equipamento terapêutico. Várias têm sido os contributos. À Rosinha, e seus alunos, um especial obrigada!
Outras iniciativas idênticas têm decorrido paralelamente, algumas ainda em curso. A assistência social da L. alega não dispor de verbas e as indicações médicas, a par do seu estado físico sem melhoras, impõem esta boa agitação. A Carla Reigada e a Sofia Rodrigues têm sido um suporte importantíssimo para a Benedita, a L. e a L.. A elas e a todos os que têm ajudado, inclusive a todos os rostos desconhecidos, o nosso sincero obrigada!
No mês passado a L. teve que ser internada de urgência. Actualmente essa situação já foi, felizmente, ultrapassada.
Entretanto a situação profissional da L. complicou-se um pouco… e agora tudo dependerá das decisões que tomar sobre o seu futuro e papel familiar.
A L. este mês completará mais um lindo aniversário!

5) L. e T.
Continua a trabalhar, feliz e entusiasmada. Os voluntários sublinham que esta situação retribui-lhe uma segurança e tranquilidade insubstituíveis.
Os encontros semanais têm decorrido entre cafés, almoços e boa disposição. A L. é uma lutadora e o T. move a sua persistência, a mudança no seu dia-a-dia e a afinação do seu coração. Desejamos que consigam continuar a percorrer este trilho.

6) M.
Num período um pouco mais incontactável, tem sido menos fácil estar com ele com a regularidade desejável. Nas conversas/desabafos que tem feito a Gabel tem percebido que o M. vive um período algo agitado por "dúvidas existenciais". Pensou-se em integrar novas pessoas neste caso mas percebemos que tal seria prejudicial ao M. Queremos que sinta, e confie, que as pessoas que o ajudam não são trabalhadores e substitutos uns dos outros, que lidam com ele por obrigação… e vão e veêm…
Entretanto retomou a medicação, entre idas a consultas com respectivos técnicos. Conseguimos também ajudá-lo pontualmente com alguns bens alimentares advenientes de uma doação feita ao FASrondas. E repensou a situação da ida para a P. da P. - veremos como decorre a experiência...
A Gabel tem feito um grande esforço para esticar o seu tempo pessoal e poder estar próxima dele nesta fase algo particular.

7) ZM1.
Têm sido meses exigentes neste caso. O Z. vive um período muito depressivo, e é no álcool e na irritação que encontra compensações para esse imenso sentimento de vazio interior. Está desencantado, sente a vida palpitar-lhe sem sentido. Verificamos que as incertezas e atrasos nos apoios sociais têm agravado estados de ansiedade e de tensão. O atraso na medicação também é um problema, psicológico e físico. As consultas médicas, por sua vez, não ocorrem há cerca de 6 meses por ausência da própria médica. As dívidas e as decepções recentemente vividas com alguns ex-companheiros da R.d.S. são os condimentos finais e picantes.
As ajudas do Miguel têm-se concentrado na companhia, na procura de uma eventual ocupação ( pesquisa até ao momento inglória) e no contacto com os técnicos deste caso, com o desejo de tentar perceber se terá direito a um pedido de reforma por invalidez, já que a sua condição física condiciona a sua capacidade laboral.
Com a família mantém a sua postura resistente e orgulhosa. Com o E. o contacto continuo que oscila entre rufias e as partilhas amigáveis.
Durante este mês completará meio século de existência!

8) ZM2.
Também o ZM2. ultrapassa um período complexo e delicado. Temos em crer que terá muito provavelmente retomado os consumos. A distância que subtilmente mostra à Sara e à Inês, o perceptível desejo de afastamento, as conversas com lacunas e contrariedades facilmente detectáveis, as rotinas diárias em ambientes menos adequados, as conversas sobre temas da actualidade que servem de bóias de salvação aos temas pessoais, são para nós indicadores de que algo se passa...
O grupo sente que é hora de deixá-lo autor "autónomo e solitário" do seu próprio caminho. As voluntárias, juntamente com a coordenação, ponderam a alteração dos encontros para uma rotina excepcionalmente quinzenal. A nossa intenção é a clara transferência da responsabilidade e da iniciativa/ poder de decisão para o ZM2., criando uma janela temporal que poderá ajudar a perceber melhor todos os sinais, gerar novas necessidades e dar-lhe o espaço que parece exigir. O estado, esse, será sempre um estado de alerta e uma postura de reflexão de "dentro-para-fora", ou seja, uma postura que permite decidir em função do que verdadeiramente acreditamos ser o melhor para ele.

Por fim assinalamos a eventual solicitação da associação "Vida Norte" para novos apoios e a "transferência" do Sr.JC. das visitas dominicais do FASrondas para o acompanhamento nas famílias. Já tudo está a ser preparado para recebê-lo com o peito plenamente aberto.
Entretanto recebemos duas voluntárias novas, a Maria Lima e a Catarina Castelo-Branco. Às duas as nossas Boas-Vindas!

A todos uma boa semana,

Raquel Henriques

quarta-feira, junho 16, 2010

Crónica das Aldeias - 23.05.2010

Depois de uma semana de trabalho, chegou um fim-de-semana bem soalheiro e mais uma visita às aldeias.

Sugeriram um local diferente do habitual para almoçarmos… Fizemos o piquenique num sítio calmo, com uma pequena cascata e uma lagoa. No final do almoço, depois de descansarmos um pouco e da habitual ida ao café partimos para as nossas visitas.

Cada grupo partiu para a sua aldeia e eu fui com o meu padrinho (destas andanças :-) ) até Bustelo. Começamos pela casa da D. Pedra mas mais uma vez ela não se encontrava em casa e ainda não foi desta que a conheci. Depois visitamos o Sr. Aurélio e a D. Emília, que se encontravam com as suas filhas, e lá estivemos na conversa… Até que olhamos para o relógio e era hora de continuarmos as nossas visitas. Fomos à procura da D. Fernanda, mas esta senhora cheia de vida, não se encontrava nem no campo nem em casa. Seguimos caminho e passamos pelo café para tomarmos uma água, porque o calor era muito e a sede também. :-) A D. Celeste estava à nossa espera com outra senhora lá da aldeia. Falamos sobre emigração, saúde mental e quando demos conta já estávamos atrasados para a última visita. A D. Celeste encheu-nos as garrafas com água e seguimos viagem até à D. Maria. A D. Maria lá estava sentada na varanda toda catita com o seu fato de treino verde. A nora desta senhora veste-a sempre com cores alegres e com acessórios a combinar. Recebeu-nos toda bem-disposta mas o tempo que estivemos com ela foi muito pouco. O tempo que passamos com estas senhoras e senhor pode não ser muito, mas vale sempre a pena e aprendemos sempre alguma coisa com as histórias que nos contam.

Regressamos a casa com o coração a transbordar de alegria e aposto que não foi só o nosso coração… o deles também.

Abraço Hospitaleiro,

Sónia Cristina Serra | Bustelo

quinta-feira, junho 10, 2010

7ª Crónica das Famílias - Março de 2010

Por vezes questionamos a importância de reunirmos mensalmente os voluntários da vertente das Famílias, dada a autonomia conferida aos voluntários na organização das visitas e à disparidade dos casos acompanhados.

Lembro-me da reunião da vertente no mês de Abril, na qual a partilha dos casos surgiu quase espontaneamente, suscitando interesse por entre todos os voluntários presentes. Apesar da particularidade de cada caso, é inegável a existência de questões transversais: a carência e dificuldades de gestão financeira, o desconhecimento dos apoios disponíveis e adequados, a solidão, a falta de auto-estima...

Contribuir para o bem-estar das pessoas que acompanhamos, promovendo o seu desenvolvimento integral, pressupõe a tentativa de nos mantermos informados e atentos, em prol das necessidades das pessoas que visitamos, daí realço não só a importância dos momentos de formação, como também da interacção entre os voluntários.

A troca de experiências enriquece. Não há verdades absolutas, nem soluções exactas quando lidamos com pessoas, mas há caminhos paralelos com circunstâncias similares e sobretudo mais pessoas a pensar em conjunto. Acredito no FasFamilias como uma equipa pois, fundamentalmente, creio num objectivo comum, embora direccionado para cada caso em concreto.

Em suma, pergunto-me se seria possível FasFamilias sem os encontros mensais, pois creio que sim... Mas, com certeza, não seria a mesma coisa!!!

(Obrigada a todos os voluntários pelo empenho e envolvimento que têm colocado nas reuniões e, especialmente, à Raquel pelo esforço na preparação das mesmas.)

Ana Malheiro

terça-feira, maio 25, 2010

Crónica das Aldeias 08.05.2010

Sábado, 8 de Maio

Já passava das 11h30 quando os carros deixaram o Porto rumo a mais uma missão nas aldeias. Atrasados como sempre. Cheios de comida também. Até aqui nada de novo. Excepto o sangue novo: Maria João, Ana e Lúcia (Esta é apenas uma de muitas apresentações que vamos ter que fazer ao longo do dia, quem sabe dias, semanas talvez). Também pouco importa o nome. Faz falta é gente com vontade de ajudar. E isso não falta no FAS.

Vamos identificá-los pelas aldeias, talvez seja mais fácil (Ansiães, Basseiros, Bustelo e Candemil). Chega a haver uma espécie de competição saudável: "A minha aldeia é melhor que a tua". Mas não há prémio. Um sorriso do outro lado basta para confortar a viagem de 70 quilómetros até Amarante.

Hoje é dia do Grupo B fazer a habitual visita às aldeias. Hoje é dia de visita no feminino. Hoje é a nossa segunda vez. Se a primeira foi difícil? Não. Fomos recebidas de braços abertos pelo grupo e pelos idosos. "Vinha um pouco receosa, mas fui muito bem recebida. Hoje já me senti em casa", conta Lúcia. "Estava indecisa em ir para os séniores e não fui, porque gostei da experiência", continua Maria João. A jovem enfermeira gosta do convívio, da experiência que os idosos transmitem, das expressões que utilizam.

"Tive a sorte de ter elementos óptimos, bem-dispostos, faladores. São muito bem-vindos. Trazem uma boa energia ao grupo", diz Margarida, outra voluntária, nestas andanças desde o início do ano.
Até agora tudo bem. Ninguém quer desistir. Durante a viagem, até se discutem ideias novas para dinamizar as visitas.
O dia está cinzento. A chuva parece não dar tréguas. A temperatura ronda os 10 graus. Hoje, o habitual almoço de partilha terá que ser na varandinha da Associação de Candemil, que serve para acomodar quiches, rissóis, folhados, pizza e muitas outras iguarias. (Por favor não tragam mais rissóis). Quiches e bolos caseiros aceitam-se. (Maria João, o bolo não estava mau, mas se estivesse um bocadinho menos seco …)

São 14 horas. É tempo de ir levar um pouco de nós aos idosos das aldeias. Em Basseiros, reina o silêncio. Não se vê vivalma nas ruas. Está frio, chove. O tempo não convida a grandes passeios. Foi à porta de casa que encontramos a Dona Celeste. Há duas semanas estava na eira, com a cunhada, as amigas e as vizinhas.
Cantou para nós, contou histórias do tempo em que casou, mostrou a fotografia do vestido de noiva que envergou. Hoje paira-lhe uma tristeza maior. O tempo não ajuda. As pernas e o coração também não. Esta semana passou mal. Falou das maleitas dela e dos outros. Nós ouvimos atentamente. Agradeceu a visita. Sorriu. Missão cumprida.
Próxima paragem: Dona Dulce. "Está a dormir. Está muito cansada", justifica o marido, que tão bem receber sabe. Teve de ir ao hospital. Mais um problema de rins. Deixamo-la descansar, enquanto o marido explica como ela tem passado desde a última visita. Das maleitas, rapidamente a conversa estende-se aos telemóveis da nova geração e às famílias de antigamente.
A dona Dulce é irmã da dona Arminda (visitamos regularmente também). Casaram com dois irmãos. "Naquela altura era mais normal casarmos aos pares", conta a rir o marido da dona Dulce.
A cunhada, que soma mais de 80 anos de vida, faz-lhe companhia. A única coisa que perdeu foi a visão. Tudo o resto o tempo não levou. Espalha boa-disposição, simpatia e muita sabedoria que só o povo conhece:

"Eu pedi a morte a Deus,
Ele disse que não me dava,
Que lhe pedisse antes a vida,
Que a morte certa me estava", conta com boa-disposição.

A visita hoje foi curta (algumas idosas não estavam na aldeia e outras não nos puderam receber). Mas não damos a viagem por perdida. Lembram-se do sorriso da Dona Celeste? E do ditado popular da Dona Arminda? Nós também. E, por isso, vamos voltar.

17 horas. É tempo de fazer o balanço da visita de hoje. No momento de partilha lembramos o Jorge. As idosas também não o esqueceram. Ainda hoje perguntam por ele. Rezamos por ele, que está algures no Quénia. No final, não resisti: "Desculpem, quem é o Jorge"? Todos riram. "O Jorge é um dos fundadores e impulsionadores do projecto". Esclarecida. Um bem-haja ao Jorge por iniciativas como esta.

P.S.Desculpem se exagerei nos pormenores. Tenho vontade de descrever tudo. É tudo novidade. Cada sábado é uma descoberta.

Ana Oliveira | Basseiros

terça-feira, maio 18, 2010

Crónica da Ronda da Batalha - 09.05.2009

Estava uma noite bastante agitada com a victória do Benfica… Apesar de estarmos na cidade do Porto, existem por ai muitos benfiquistas escondidos! Assim, para além de todo o barulho e trânsito devido aos festejos, estavam também algumas ruas cortadas, como a rotunda da boavista e a rua de Júlio Dinis, que fazem parte do percurso habitual da ronda da Batalha.
O primeiro a ser visitado foi o Sr. F, que quando lá chegamos estava quase a adormecer e, por isso, não mostrou grande interesse em conversar e disse que queria dormir. Nem nos chegamos sequer a cumprimentar. Deixamos então o saco e seguimos viagem.
De seguida fomos ter com o N e o C, que dormem no mesmo local, na rua de Júlio Dinis. Como a rua estava cortada, tivemos que andar um pouco a pé… mas, afinal, o que é que nós não fazemos pelos nossos meninos! Quando chegamos demostraram-se um pouco surpresos pois achavam que já não os íamos visitar por causa de toda aquela confusão. Conversamos sobre variados temas, desde futebol, N estava feliz com o resultado e C nem por isso e este último tinha o apoio de todos os elementos do nosso grupo ( somos todos do FC Porto!! ); passando por culinária e também sobre a situação em que ambos se encontram.
C, tem à quase um mês, a oportunidade de regressar a casa da mãe, visto que esta regressou de Andorra para Portugal mas, continua na rua… As justificações que nos deu para este facto foi o medo e também o facto de não querer deixar o seu amigo sozinho. Esta última razão é mais uma fuga para não voltar para casa.
N continua à espera que lhe arranjem um quarto. Já faz algum tempo que se encontra nesta situação, que parece não se resolver…
Na nossa última paragem, das três pessoas que costumámos visitar, apenas encontramos duas:  J e M. São ambos do benfica, por isso, dentro do possível, estavam satizfeitos com o resultado.
J parece ter-se conformado com a sua situação, não tendo nenhuma vontade ou, na opinião dele, motivo para mudar de vida. Assim, torna-se uma tarefa bastante difícil para nós fazer com que ele mude de atitude.
M já tem uma posição diferente da de J. Tem vontade de procurar um trabalho e sair da situação em que se encontra. Mas ainda não conseguiu arranjar nada…Despedimo-nos de M, dando-lhe alguma esperança, motivação e também alguns conselhos para continuar a tentar mudar de vida.
Assim, terminou a nossa ronda…

Pia

segunda-feira, maio 10, 2010

Crónica das Aldeias - 24.04.2010

Olá outra vez!
Para quem não me conhece sou a Joana, tenho 19 anos e faço parte do FAS-Aldeias há quase 2 anos.
Adoro fazer estas visitas e vou e venho sempre muito entusiasmada, mas desta última vez foi bastante especial. Antes de mais, já não ía há algum tempo, porque tenho estado muito ocupada com projectos da faculdade e, portanto, voltar a ir e estar com as nossas tias foi óptimo – já estava mesmo com saudades – e ainda por cima por se tratar de uma ida dos dois grupos (A+B).
Durante a viagem viemos a conversar sobre aquilo que fazemos (estudar, trabalhar em áreas como jornalismo, enfermagem, transportes, educação) e adoro como temos vidas completamente diferentes, mas todos vimos pelo mesmo motivo!
Éramos muitos e, já em Candemil (uma outra aldeia de Amarante), fizemos um piquenique de alto nível: desde os já habituais folhados e salgados variados às quiches, bolos, fruta, o famoso tomate e a grande estreia: arroz de pato! Com esta grande refeição, a apresentação das novas voluntárias, as piadas do Adriano e as tentativas de organizar um próximo jantar com todos os voluntários, estávamos já carregados de baterias prontos para animar e fazer companhia às nossas tias e tio de Amarante.
Cada um foi para a sua respectiva aldeia e, desta vez, fui só eu e a Maria João (nova voluntária) para Ansiães, porque o resto do grupo aproveitou para ir visitar um casal que antes visitávamos, mas que está agora num lar.
Gostei muito desta ida, pois conseguimos mesmo estar com as "nossas" senhoras, a conversar e a rir, e é obvio que o facto de trazer uma novidade (nova voluntária) ajudou, especialmente por se tratar de uma enfermeira. Claro que o inevitável assunto das doenças foi abordado e foi engraçada a forma como a Tia Rita e a Tia Aldina falavam com a Maria João. Entre doenças, família e os muitos filhos e suas vidas, a experiências passadas e programas de televisão, ficar sem tema de conversa foi impossível! Adoro a forma determinada com que nos expõem os seus pontos de vista e nos contam um pouco da sua madura experiência de vida, sempre cheias de fé em Deus.. É admirável!
Depois de já quase três horas de visitas, juntámo-nos todos e antes de partir para o Porto partilhámos alguns dos momentos do dia: confesso que fascino sempre que um de nós fala nesta parte, pois é espectacular a forma exaltada e inspirada com que o fazemos – realmente ajudamos e aprendemos muito! E desta vez como o grupo estava muito bem representado o impacto e a nossa marca naquelas vidas pareceu maior.. Espero que assim o seja, pelo menos nas nossas foi de certeza!!

Joana Leite de Castro | Ansiães

terça-feira, abril 27, 2010

Crónica das Aldeias 10.04.2010

Hoje escrevo para partilhar o sentimento de pertença ao FASRondas, em particular na vertente das Aldeias.

Para além das paisagens maravilhosas do Marão, e do convívio que se gera pelo facto de fazermos a viagem juntos e partilharmos o almoço, existem as pessoas das aldeias que visitámos que nos unem e nos permitem esta identificação como Aldeões!

Apenas posso dizer que trago sempre muito mais do que aquilo que levo, trago tranquilidade, paz e um enorme sorriso por tudo o que recebo, da natureza, das conversas partilhadas com os meus queridos aldeões e, especialmente das nossas queridas senhoras e senhores, que nos vão contando deliciosas histórias das suas vidas compridas e muito cheias de coisas boas e coisas menos boas, mas preciosas.

Depois da partilha em Bustelo, e no regresso ao Porto, sinto sempre uma enorme gratidão pelo dia e por todas as pequenas e maravilhosas dádivas que o dia me foi ofertando.

Gostaria de deixar, hoje aqui o meu agradecimento aos meus queridos companheiros aldeões, porque tudo isto apenas é possível porque o grupo se empenha em concretizar!

Sara Gonçalves | Candemil

quarta-feira, abril 14, 2010

Crónica Aldeias - 20.03.2010

O dia estava chuvoso, de tal forma, que estivemos uma parte da nossa visita debaixo de um telheiro, a aguardar que passasse um grande aguaceiro. Nesta altura estávamos na companhia da nossa querida D. Fernanda. Enquanto a chuva caía fomos comendo umas tangerinas bebés que eram uma delícia. A D. Fernanda encarregou-se logo de fazer um caminho para a água passar sem alagar o terreno. Acompanhamos a D. Fernanda a casa e ela mostrou-nos a obra que tinha feito na antiga adega - as paredes todas caiadas de branco por ela, e num curto espaço de tempo! Esta senhora tem uma força!... :) Mostrou-nos ainda mais umas vassourinhas que tinha feito com as giestas. Pedimos-lhe para nos arranjar umas tarefas agrícolas para nas próximas visitas pormos as mãos ao trabalho.


Estivemos também com o nosso querido casal - D. Emília e Sr. Aurélio - a D. Emília estava muito bem disposta neste dia, nunca a tinha ouvido a falar tanto, se calhar foi para contrapor o Sr. Aurélio que infelizmente estava muito queixoso da parte digestiva. Ficamos preocupados com ele e esperamos que melhore rapidamente. A D. Emília só dizia para ele não se queixar a nós - "Eles não são médicos", dizia ela.


Quanto à D. Maria continua a contar as suas histórias, pois silêncio não é com ela, tem sempre alguma coisa para dizer... Normalmente começa por se queixar mas depois entra numa amena cavaqueira e não há quem a pare! Desta vez rimo-nos com algumas confusões, contudo a D. Maria é que conduz a conversa e a nós cabe-nos o papel de a ouvir e tentar entender e corrigir quando necessário! Estava a cismar com a mão que não mexe, mas que já apresenta algumas melhorias, graças à ginástica que vai fazendo. Quanto à nora trata-a como se fosse a mãe dela, o que nos dá muito conforto a todos.


Finalmente a D. Celeste - Estivemos com ela dentro de casa, à mesa, e como tal começamos a falar de gastronomia, das massas que ela gosta mais e pelo que consta quando se dedica faz uns ricos petiscos. Queixou-se de cansaço, mas achei-a mais gordinha, sinal de que tem alimentado melhor. Sempre simpática, foi uma visita rápida, mas onde falamos de diversos assuntos, para variar do tempo!

Até à próxima Bustelo!

Saudades,

Sofia Meister

quinta-feira, abril 01, 2010

Crónica dos Séniores

Esta primeira crónica apresenta alguns voluntários e alguns dos nossos “Velhinhos”


D. Conceição Sr António D. Florentina

Começamos a nossa actividade, enviando esta mensagem aos voluntários inscritos na vertente, com os primeiros objectivos:

Olá voluntários/as

Boas vindas pela vossa magnífica disponibilidade de em conjunto colaborarmos na melhoria da qualidade de vida e disposição de um grupo de 15 a 20 idosos que frequentam o “ Centro de Dia Bom Pastor” (Porto).

A nossa alegria faz “ milagres” nestes idosos cujos olhos brilham quando nos vêm chegar e que ficam igualmente alegres quando partimos pois sabem que lá iremos na semana seguinte.

O nosso pedido inicial é que ponderem as vossas disponibilidades efectivas e nos digam quando e quanto podemos contar com vocês – pois que depois do vosso acordo contamos MESMO com vocês.

A Manela e o Raul tem de momento a coordenação desta vertente que se pretende ,nesta fase inicial, seja de uma visita semanal ao centro.
Já iniciamos o projecto há um ano e esta experiência deu-nos algumas rotinas que tem vindo a resultar e que vamos continuar a implementar e melhorar.

Sem grandes formalidades e reuniões propomos que comecem a aparecer no Centro de Dia nos dias de visita e a partir daí em conjunto vamos planeando e melhorando o nosso trabalho.

Dias de visita:
Terça- Feira das 14,30 ás 16 horas
Quinta- Feira das 10,30 ás 12 horas

Ficam os nossos contactos para qualquer esclarecimento:
Manuela – 967096601/938525299
Raul – 939526892
Obrigada por todos eles e um abraço

Depois disto... mãos ao trabalho... e aí vamos nós... !!!

Crónica da Ronda dos Aliados - 28.03.2010

Uma imagem vale mais do que mil palavras…


A partilhar Amor em estado líquido…

Tudo o que não se der, perde-se…” Saint-Exupéry



Maria João, Joana & Guilherme

quarta-feira, março 31, 2010

Crónica das Famílias - Janeiro de 2010

O ano novo chegou com um novo tempo também na nossa vertente: preparamos a integração dos mais recentes voluntários nas primeiras visitas a casos de família já acompanhados, bem como preparamos a captação de novos apoios para a coordenação da vertente

O ano anterior fechou com dinâmicas de alegria, de conquistas e de obstáculos, com a identificação de algumas fragilidades que podemos agora procurar melhorar.

Internamente buscamos encontrar neste novo ano um grau  cada vez maior  de responsabilidade no modo como cada um de nós cumpre os compromissos de voluntariado que abraçou. Não nos cansamos de repetir o quanto é importantíssimo que nos mantenhamos em contacto e em partilha com todo o grupo que constitui a vertente, bem como o quanto é imprescindível a nossa regularidade nas rotinas das visitas semanais às pessoas/famílias que ajudamos.

Este é um ano onde nos desafiamos a todos a dar um passo em frente relativamente a estes dois aspectos da nossa acção.

E esta é a mensagem que pretendo deixar nesta crónica de abertura de 2010.

Só juntos e presentes poderemos dar cada vez mais de nós a quem mais de nós precisa.

Que seja um ano de construção de alegrias!

Raquel Henriques

Crónica das Famílias - Fevereiro de 2010

"É só isto que fazemos…", dizia-me a Teresa com um sorriso aberto, que consegui ver, apesar do escuro e da pressa dos seus passos. Terminara a visita à L. e ao T., num agradável café novo na baixa, recomendado pela primeira. L. sentia-se em casa e nós fazíamos parte …

Falou-nos do trabalho novo, como já estava ambientada, dos progressos do seu pequeno T. como qualquer mãe realmente orgulhosa do seu filhote. Colocava muita energia nas suas palavras e os assuntos encadeavam-se sem querer.

Talvez tivessem passado duas horas sem que déssemos conta, entre a troca de ideias, a vivacidade das conversas e as brincadeiras do T. ,típicas de qualquer criança de quatro anos. L. não se deixava perturbar e manifestava ânimo e segurança no seu caminho e os seus olhos transmitiam paz. "Mas nem sempre foi assim", disseram-me, posteriormente, a Teresa e a Sara, voluntárias deste caso. Alegro-me por um presente mais leve e desejo que se mantenha no futuro.

Ás vezes esquecemo-nos da importância do "ouvir", sem preconceitos, nem julgamentos, sem moralismos nem ensinamentos, o simplesmente "Estar para". Na verdade, o nosso só pode valer muito para as pessoas que visitamos.
Obrigada L., T, Teresa e Sara pela aquele fim de tarde de sexta-feira.
Ana Malheiro

segunda-feira, março 22, 2010

Crónica das Aldeias 06.03.2010

Tanto se aprende e traz destas visitas ao sopé do Marão… Histórias de vida, recordadas a par e passo, em cada visita, por entre um frio gélido e um vento cortante que insistem em não dar tréguas às gentes da serra.
Com a D.ª Ondina, que nos recebe quase sempre na sua cama, porque o frio não dá para muitas aventuras, reaprende-se a geografia do planeta, geografia essa onde apenas contam coordenadas de memórias e afectos. Descobre-se um país onde apenas entram caminhos de Amarante a Portimão (de onde partem os barcos para a Madeira…), de Lisboa (onde vão abrindo bairros e mais bairros) ao Estrangeiro (que parece que começa e acaba em França), até ao fim do Mundo que (acaso ainda não tenham percebido) já foi há uns anos atrás.
Com a nossa querida D.ª Rita, a geografia é outra. A das vivências que ficaram, do amor sempre presente de filhos, netos e bisnetos na vida desta menina-avó, figura frágil, alma e coração de diamante, resistentes aos altos e baixos de uma, já longa, vida. É ela que nos acolhe no calor da sua lareira, fogueira a arder para nos aquecer e aconchegar em cada visita.
A D. Aldina é açúcar, doçura no olhar, sentir intenso nos braços que nos enlaçam a cada chegada e partida, como que a lembrar que somos parte da sua vida, a lembrar a responsabilidade que nos cabe de manter estes sorrisos luminosos e abertos no sopé do Marão.

Vanda José e Hugo Andrade | Ansiães

terça-feira, março 09, 2010

Sessão de esclarecimento . Novos Voluntários . 16Mar | 20h

Olá!

No dia 16 de Março, às 20h00 realizaremos uma sessão de esclarecimento para potenciais interessados em integrar o grupo. A sessão decorrerá no CREU.

Se estiveres interessado (a) envia por favor um e-mail para fasrondas@gmail.com

Até breve!

P´FASRondas

Sara Gonçalves

segunda-feira, março 08, 2010

Crónica Aldeias 20.02.2010

Cada dois sábados por mês temos uma bela oportunidade de esquecermos os problemas e nos dedicarmos simplesmente a ouvir os outros. Nós usamos uma expressão muito engraçada para referir as pessoas que visitamos, que é "as nossas velhinhas", acho que este termo reflecte o carinho que vai crescendo à medida que passamos mais tempo com elas e as conhecemos melhor.
As minhas senhoras são umas lutadoras e no último sábado até discutiram por causa de política. A D. Alda tem uma força invejável e é difícil parar de rir quando ela está por perto, simplesmente não tem "papas na língua".
A D. Aurélia, ao contrário dos outros dias, neste sábado, não nos levou para o passeio habitual (o frio também não ajudou muito). Mas esta senhora de 95 anos tem cá uma genica que nos leva a passear durante uma hora sem se cansar. Faz pensar que a idade não significa mesmo nada!
Uma coisa engraçada nas visitas são as palavras e conceitos novos que aprendemos como o que é um "guarda-pé" e qual o significado das velas da paz que se acendem no Natal.
Vemo-nos pelas aldeias de Amarante!


Mariana Cunha - Candemil

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Crónica das Aldeias 06.02.2010

Curiosamente começo a escrever esta crónica enquanto subo o Marão em direcção a casa. Olho para a serra pontilhada de luzes e tento localizar Bustelo... Essa aldeia longínqua à qual o nosso caro Adriano ainda não consegue chegar sem GPS (e já lá vão sete meses)!
Penso se estará a D. Fernanda em frente à lareira a imaginar o seu novo portão para não ter que dar mais corridas aos intrometidos que se "penduram" à sua porta...
E o Sr. Aurélio, sempre atento às intrigas políticas e ao futebol, será que hoje conseguiu voltar a admirar a "estrela" D. Emília como quando a conheceu?
E que novidade, a partir da sua varanda com a sua toilette sempre impecável, teria hoje a D. Maria para nos contar?
E será que a D. Celeste teve hoje a visita dos seus filhos e netos dos quais fala com tanto carinho?     
Assim recordo a última visita à aldeia de Bustelo onde tenho sido sempre tão bem recebida por todos os que visitamos e pelos meus companheiros de Rondas…

Teresa Monjardino | Bustelo

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Crónica dos Séniores Janeiro de 2010

As visitas têm decorrido num ambiente muito afável e de uma forma bastante positiva. De facto temos sido muito bem acolhidos pelas nossas queridas amigas que nos recebem com muita alegria e no final de cada visita agradecem-nos sempre muito pelo tempo que passamos com elas. Sentem que durante o tempo que lá estamos as acarinhamos, lhes damos atenção, importância e tentamos proporcionar-lhes alguns momentos de alegria e distracção. Normalmente quando chegamos cumprimentamos todas individualmente com um enorme beijo e abraço, tentando depois perguntar a cada uma como tem passado desde a última visita. Levamos uma lista de músicas tradicionais portuguesas do tempo da nossa infância e com elas cantamos. Numa das visitas estivemos a jogar o jogo das cartas com perguntas sobre diversos temas (provérbios, adivinhas, nomes de cidades, curiosidades, entre outros) que tem por objectivo ir recebendo pontos por cada resposta acertada, ganhando quem reunir maior número de pontos. A maioria participa com bastante agrado e entusiasmo e até mantém um certo espírito de competição, tentando antecipar-se umas às outras nas respostas. Por vezes até "se pegam" por haver respostas ao mesmo tempo ou quando alguma responde fora da sua vez. Há uma, a D. V., que embora seja das mais velhas (86 anos) é a que mais se destaca em todo o grupo, por responder muitas vezes acertadamente denotando uma boa memória e rápido raciocínio (até lhe dizemos que parece uma enciclopédia). É por sinal das que nos preocupa um pouco pois soubemos que vive sozinha e não tem família nenhuma. De qualquer modo estamos a analisar se a poderemos ajudar de alguma forma. Depois do jogo das cartas fizemos o habitual momento de ginástica em que algumas não participam preferindo estar sentadas. Seguimos normalmente um plano com exercícios próprios para séniores que a Manuela arranjou. Na segunda visita, para além das músicas que cantámos, estivemos a jogar o jogo do Uno praticamente todo o tempo, tendo como líder do jogo o Sr. A. (um dos dois elementos masculinos deste grupo de séniores).
Por agora é tudo. Resta-me acrescentar que já temos com elas uma relação de grande carinho e que as levamos no coração sempre que saímos de lá.
Um grande abraço.
Fátima

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Crónica da Ronda da Batalha - 31.01.2010

Noite fria de Inverno… Arrancamos com toda a vontade de "aquecer" a noite aos nossos amigos!

O Sr. F estava para poucas conversas… disse-nos que tinha gostado muito da prenda de Natal, ficou uma camisola e um casaco para se aquecer, mas disse-nos que entretanto queria dormir – desejou-nos uma boa noite e seguimos viagem.

Já o nosso querido Sr. Fr estava todo enroladinho nos cobertores e disse que estava tudo bem, mas pediu delicadamente que fossemos embora.

Rumamos para ir ao encontro do N. mas infelizmente não o encontramos lá… Terá entrado num tratamento? Terá ele fugido de responder às nossas perguntas de ajuda? Vamos aguardar pela próxima semana, uma vez que não temos um contacto para saber dele.

Ora quem encontramos de seguida? O P. que ficou radiante com o saco cama, com o casaco… e o melhor de tudo o BOLO REI - é bom agradar quem menos pode, mas neste caso o P. é exigente, brincalhão e espertalhão! Desta vez até olhou para o João e lhe disse ele tinha estilo de segurança ihih, enfim.. dois dedos de conversa, tentativas para que o P. tente procurar um novo rumo!

Terminamos a noite sem ver o M., mas o J. com pressa para ir para Estarreja… Vamos esperar realmente que o J. ouça um pouco alguns dos nossos conselhos, pois até hoje… Mas pode ser que "água mole em pedra dura tanto bate e talvez fure"… Esperemos ter resultados positivos, pelo menos tentamos trazer um pouco de alento nestas noites!

Até uma próxima crónica

Sabina