Famílias, Aldeias e Sem Abrigo estas são as nossas áreas de acção. Um grupo de jovens do Porto, que no CREU têm uma casa, lançam mãos aos desafios que lhes surgem.
quinta-feira, janeiro 22, 2009
Crónica da Ronda da Areosa - 18.01.2009
Hoje soubemos que perdemos um amigo: chama-se Z. C. e tem um sorriso do tamanho da verdade.
O Z. é rezingão, tem a piada de quem resmunga por tudo e por nada. Tem na voz uma rouquidão que lhe fica mesmo bem.
Tem um gorro vermelho e um sobretudo, porque não pode apanhar frio.
Gosta do café com leite com açúcar, e já não me lembro se gosta de bolachas, mas não faz diferença. Ah, não gosta nada de salsichas, gosta é de atum.
O Z. é um homem bonito, tem pinta, tem charme. Tem dois filhos e uma mulher.
Tem uma vontade de os amar e parte-se todo para poder voltar para eles; levanta-se, cai, volta a levantar-se com o sorriso de quem já caiu muitas vezes e sabe que o caminho se faz de pé.
O Z. C. partiu. Sei que continua a resmungar por aí...
Pedro Pardinhas
quarta-feira, janeiro 21, 2009
Ida às Aldeias - próximo sábado
Agradeço, desde já, a todos pela participação.
Vamos ver se desta o tempo não nos impede!
sexta-feira, janeiro 09, 2009
Crónica da visita aos imigrantes - 28.12.2008
Assim, começámos por fazer o lanche e depois passarmos para a sala comum, onde costumamos fazer as actividades. Começámos, como é habitual, com o "jogo do novelo" (com o qual formamos uma rede de fios depois de termos dito o nosso nome, idade e país de origem) e, apesar de a maioria deles já o conhecer e o ter jogado pelo menos uma vez, houve uma enorme adesão. Creio que estávamos cerca de 25 pessoas (num total de mais ou menos 35), de entre os quais se destacavam algumas que já conhecíamos de outras visitas como o grupo de croatas, o grupo de sérvias e alguns africanos (Marrocos, Nigéria). Depois disto dividimo-nos naturalmente em alguns grupos para fazermos alguns jogos ou simplesmente para conversarmos ou ouvir música. Estive quase todo o tempo com as croatas e sérvias que já conhecia e devo dizer que nem dei pelo tempo passar. Para além de me terem ensinado alguns jogos de cartas, truques de magia e me terem lido o futuro, conversámos bastante na nossa mistura de línguas (espanhol/italiano/português).
Para não variar, foi outra visita única e difícil de descrever, não só em termos objectivos, como também em termos pessoais, já que considero que se trata de uma experiência de enorme partilha em que mesmo com muitas dificuldades de comunicação acabamos sempre por dar algo de nós e receber bastante de quem, por adversidades da vida, está numa situação tão difícil e inglória.
quinta-feira, janeiro 08, 2009
Janeiras nas Aldeias - próximo Sábado
Agradeço, desde já, a todos pela participação.
CRÓNICA RONDA DA BOAVISTA - 4 JANEIRO 2009
ALEGRIA – A nossa primeira paragem na D.F tem sido cada vez mais animada. Conseguimos sempre rir nem que não seja pela sua adoração ao dragão e ódio às águias. É bom vê-la quase todos os Domingos acompanhada por um dos filhos e a intimidade que têm. Claro que também já é um hábito o "estava a precisar daquele medicamento que me faz muito bem".
CALENDÁRIOS – Este Domingo no lar, para além do pão e dos bolos, tinham um verdadeiro saco de Pai Natal cheio de Bolos-reis. Vieram abrir o portão e a irmãzinha fez questão de nos dar calendários para 2009 e claro "levam um também para a Benedicta" (já és famosa no lar).
VINHO – O Sr.G tinha o lugar semi-ocupado por um novo jovem que acabava de sair de uma instituição e tinha voltado ao vício. Quando nos viu, o Sr.G pediu para esperarmos um pouco e… presenteou-nos com "2garrafas de vinho do bom". Prometemos que íamos dividir por todos num jantar da equipa em breve. Ele ficou muito contente por nos poder dar um presente porque está sempre a dizer que o ajudamos muito.
SORRISO – O Sr.Z estava muito conversador. Estava a curar uma gripe ou melhor… a "afogar" o vírus porque segundo ele funciona melhor que o antigripal. Não há vírus que resista e consiga nadar! Estava com vontade de ir tomar um banho e fazer a barba.
CORTE DE CABELO – Passando para o outro lado da "ponte" percebemos a vontade do Sr.Z. O Sr.A da frente tinha cortado o cabelo e a barba e realmente estava muito melhor. Tem andado um pouco volante entre a casa do amigo e a "ponte" onde retorna sempre que o amigo não está tão sóbrio. Apesar da tristeza pelo resultado do Benfica não desmotivou porque um jogador tinha dito no seu rádio que em Maio seriam campeões (vamos acreditar!!!)
GRANDE PASSAGEM DE ANO – Ao contrário do que estávamos à espera a D.G já na paragem contou-nos que foi muito boa a passagem de ano com a filha (ainda resmungona), o genro (que até tem um bom carro e veio buscá-la no dia de passagem de ano para uma longa viagem) e os 3netos que adoraram os presentes (Obrigada Imaginarium!!!)
TRABALHO – O Sr.A estava à nossa espera como todos os Domingos. Anda mais animado e continua no seu trabalho comunitário, o que para nós é uma vitória. É bom ouvi-lo dizer que no dia a seguir tem que se levantar cedo para ir trabalhar mas… já esperamos a frase seguinte… "o que eu gosto mesmo é de não trabalhar".
Ainda deixámos um saco ao JP e ao Sr.A que já dormiam. Espero que este ano seja um ano de mudanças para os dois. Cada um com o seu vicio…mas qual deles o mais agarrado.
Foi bom irmos para casa cheios de "presentes" neste primeiro Domingo de ronda de 2009!!!
Bom ano para todos.
Joana Gomes
CRÓNICA RONDA DA BOAVISTA - RONDA DE NATAL
Conforme é habitual, enchemos os sacos com os vários alimentos de donativos das Padarias, etc. Hoje vinham caras novas, pois era a ronda de Natal! Depois da azáfama inicial, concentrámo-nos numa oração improvisada pela Benedita. Sorridentes e -alguns- de gorros de Pai Natal na cabeça, lá partimos. Pelo festejo que era, levávamos presentes para cada um. Coisas que fomos recolhendo ou que comprámos para esta noite.
1º a D.F. Lá estava, sentadinha à nossa espera, com a (acho) namorada? de um dos filhos e o Sr.V. que, entretanto, também chegou. Ficaram contentes de nos ver! (A D.F. que tantas vezes tinha perguntado por mim e eu sem dar grandes notícias...!). Falaram-nos da ceia de Natal que tiveram. Também ficaram mt contentes por nos verem com presentes para eles. A D.F. abriu e pôs logo o casaco! Conseguimos tirar umas fotografias e terminar ali com uma música de Natal cantada pela anfitriã do espaço! Nota-se cada vez mais a cumplicidade do grupo com os SA, cada vez mais acreditam em nós e no nosso trabalho.
Depois deste bocadinho, passámos no lar para deixar o pão.
Seguidamente encontrámo-nos com o Sr.G. Lá estava, sorridente como sempre! Também recebeu o presente que lhe cabia, agradecido. Ia passar a ceia de Natal com a mulher, pois os filhos "já saíram de casa, já foram às vidas deles há muito tempo". É triste pensar que isto acontece entre pais e filhos...
Passámos também no Sr.Z. Estava "caído", não quis grandes conversas, n.º~so tem grandes esperanças quanto a mudanças no seu futuro. Mas agradeceu muito o nosso presente e facto de nos termos lembrado dele. Do outro lado da rua, estava o Sr.A., que lá saiu do seu sítio, vagaroso, dizendo-nos que andava a dormir bastantes vezes em casa de uns amigos e que era bom. Podia ver TV, tinha comido, dormia às horas que queria... è bom saber que há gente que o acolhe.
No B.S. já não apanhámos a D.G. que tinha saído mais cedo. Mas foi bom reencontrar o J.P, que está bastante mais magro, mas com o caminho "relativamente bem orientado", e o Sr.Al. que nos recebeu também com um sorriso. Abriram os presentes, e também nos deixaram fotografar. Ficou bem gira! Mesmo no final, ainda tive oportunidade de rever o orgulho do Sr.Al. ao dizer que os filhos estavam a estudar e a trabalhar, algo que há uns tempos era impensável!
O Sr. Ar. já estava a dormir, por isso deixámos-lhe apenas o saco e o presente, sem grandes conversas.
Por fim, parámos no JC, que estava cheio de pressa para apanhar o autocarro, falámos com a L., que também sorriu ao ver um presente para ela e nos disse que continua a pensar sair daquela vida (só não disse quando...) e com um rapaz, que estava de passagem, onde não houve espaço para grandes conversas, para além do nome, que agora não me lembro.
Terminámos a ronda com orações e pensamentos de cada um, por uma ronda que nos encheu os corações e que encheu de sorrisos, mesmo que ténues, os nossos amigos da rua. Como terá mesmo sido a ceia de Natal? Será que viram alguém da família?
E fico a pensar também do que é feito do Sr. R, Sr.Z., P&P, ZC e tantos outros de quem perdemos o rasto...
Um bj a todos.
Já tenho saudades dos Domingos!
Ana
segunda-feira, dezembro 22, 2008
Crónica da visita aos imigrantes -14-12-2008
Persistia, no mais íntimo da minha consciência, a missão programada para a USHA e todo o conteúdo humanitário que a mesma continha, razão mais do que suficiente para desafiar as agruras meteorológicas e desafiar o alcatrão escorregadio, indo ao encontro da Ana Aguiar, Nuno, Cláudia, Amélia e eu.
O objectivo, previamente definido, era passar uma tarde de convívio e de partilha com os imigrantes. Para tal preparamos um pequeno lanche, conbstituído por bolo rei, pão de ló e sumos, elementos essenciais para se abordar as tradições gastronómicas e culturais dos seus países de origem. Foi de comovente agrado observar as sentidas lágrimas a brotarem de olhos tímidos, sinónimo da saudade que tinham das suas origens.
Após o lanche, fomos para a Sala de Convívio e com eles participamos em diversos jogos de lazer, ajudando-os a minimizar, ainda que por curto espaço temporal, os problemas com que se debatem.
Em jeito de conclusão e em termos de reflexão, acredito que nada perdi ao abandonar o conforto do meu lar naquela tarde invernosa, bem pelo contrário, creio que vale mais o calor difundido por cada olhar de gratidão, por cada gesto de amor trocado.
André Catalão
quinta-feira, dezembro 04, 2008
Crónica da Visita aos Imigrantes - 30.11.2008
Como já e rotina, assim que entramos no estabelecimento prisional (porque, ao fim ao cabo, eles estão ali presos) dirigimo-nos a sala onde guardamos os nossos instrumentos (jogos, leitor de CD, balde com bolas, etiquetas, guitarra, entre outros), instrumentos esses que nos vão servir de ponte e nos ajudarão a estabelecer contacto com os retidos. Como sempre, a expectativa é grande (principalmente para os voluntários novos e/ou aqueles que já não vinham há algum tempo), pois nunca se sabe o que se espera: podem ser muitos ou poucos imigrantes, podem vir de qualquer parte do mundo, podem ou não estar interessados em interagir connosco, enfim, uma variada lista de situações das quais não temos controlo e que somos "obrigados" a saber lidar na hora.
Ajudando-nos uns aos outros, carregamos o material para a sala onde os imigrantes se encontram, a queimar o tempo que, para a maioria deles, não passa. Pelo corredor, encontram-se algumas caras já conhecidas que nos recebem com um olá ou um sorriso: imigrantes que ainda permanecem no estabelecimento e nos reconhecem de visitas passadas. A sua boa recepção ao nos verem, ainda que distante, e vista por nos como um sinal de que o nosso tempo ali passado não é em vão e que de facto eles valorizam a nossa disponibilidade em ir passar a nossa tarde de Domingo (ainda que bastante chuvosa e fria) na companhia deles.
Entramos por fim na sala. À primeira vista, parecem ser bastantes, cerca de 25, 30. Alguns olham-nos com ar desconfiado, outros (entre eles) comentam, outros mostram-se entusiasmados com caras novas, outros simplesmente ignoram-nos o que, como é lógico, tal acto não é julgado por nós, pois estão no direito deles.
Após apresentação do nosso grupo, cantámos a música. A adesão não e muita, por isso passamos a etapa seguinte: o jogo do novelo/da rede. A adesão aí já é maior: alguns participam voluntariamente, outros são motivados por nós, outros recusam-se a participar, mas nem por isso deixam de estar atentos ao que se esta a passar. Através deste jogo, percebemos que as nacionalidades predominantes naquele dia são brasileira e croata. Depois um ou outro oriundos da Ucrânia, Nigéria, Marrocos….
Ainda dentro do jogo do novelo, lemos o poema " Não me chames Estrangeiro". Embora durante o jogo houvesse ainda algum ruído de fundo (provocado pelos imigrantes que não aderiram ao circulo), é-nos notório que, na leitura do poema, o silêncio instala-se e há um interesse especial em perceber a mensagem que queremos transmitir: a que de independentemente da nacionalidade e situação de cada um, somos todos iguais. De certo modo, o poema colocou-os mais a vontade e facilitou a nossa relação com eles durante as restantes actividades que se seguiram. De facto, e após dissolver o circulo do novelo, o grupo espalhou-se pela sala, e cada um se entreteve com uma determinada actividade: uns a ouvir musica, outros a jogar com as bolas, outros a jogar ao Uno, outros a jogar as cartas, etc. Era de reparar que na maioria dos subgrupos que estavam na sala, poucos eram aqueles que não tinham um voluntário inserido neles. A partilha de jogos que eles próprios conheciam e que nós nos disponibilizamos a aprender foi algo que funcionou muito bem e que nos permitiu ainda mais aproximarmo-nos deles. Mais para a frente e depois do "gelo quebrado", houve oportunidade de realmente falarmos com eles, muito mais desinibidos e comunicativos, de sabermos um pouco mais sobre as suas vidas, do que eles sentiam naquele momento, dos seus desejos para o futuro. Foi curioso o facto de uma imigrante brasileira, que não estava na altura da apresentação e que chegou mais tarde à sala, quando nos viu, tão dispersos e integrados, comentou com outra imigrante que pensava que nos éramos novos imigrantes que tinham chegado ao estabelecimento.
Contudo, para nós o tempo passou rápido, e quando nos demos conta já passava das 18:30h, da nossa hora de saída. Despedimo-nos de todos com um abraço e um até breve, sendo notório em alguns, alguma tristeza de nos verem partir, o que nos fez sentir que, pelo menos desta vez aquelas 2horas passaram também rápido para eles.
Cláudia Henriques
terça-feira, dezembro 02, 2008
Ida às Aldeias 06/12 - Grupo A
No próximo Sábado (6 de Dezembro) temos ida às Aldeias para o Grupo A.
O local de encontro será em frente à igreja N.ª S.ª de Fátima. A hora de partida: 11h00.
Confirmem, p.f., a presença/ausência.
domingo, novembro 30, 2008
Nunca sabemos o que nos espera do lado de dentro. Mais um dia de visita à UHSA.
Conto-vos como é aquilo:
Muros altos, impenetráveis; alta segurança inviolável; pessoas perdidas num mundo que lhes fechou a porta, por um momento, talvez, vamos confiar que sim!
Quando entramos naquele sítio, temos a clara noção do vazio que transparece de cada olhar, da desconfiança como que a perguntar: "Quem são estas pessoas? O que pensam que vêem aqui fazer? Mudar a nossa vida? Resolver os nossos problemas pendentes? Ajudar-nos a ultrapassar estes obstáculos que a vida nos colocou, e que parecem tão intransponíveis? Que pensam eles? Que só porque cá estão a vida nos irá sorrir?".
Por vezes é complicado sentirmo-nos tão impotentes, termos a noção que não basta um gesto, um sorriso, uma palavra, para que estas pessoas, concretamente, se encham de vontade de lutar, e encarem o mundo de outra forma.
No dia 16 de Novembro, quando lá chegámos, o frio que lá fora se fazia sentir por momentos parecia que lá dentro se propagava.
Eram bastantes os imigrantes que lá se encontravam detidos, 27, não sei, não consigo precisar ao certo. Mas cada um deles tinha o mesmo sentimento de distância e frieza para connosco. Desta vez foi bastante complicado para o grupo iniciar qualquer uma das actividades que nos propusemos dinamizar. Muitos estavam num seu mundo, solitário, com o olhar fixo e vazio na televisão; atentos, outros, a jogar cartas; e ainda outros fechados no seu silêncio, enfim…foi difícil.
Desde logo deparámo-nos com a barreira da língua. Inglês quase ninguém entendia, o francês nós também não nos sentíamos muitos à vontade, até isto, nesse dia, não parecia estar muito a nosso favor.
As nacionalidades eram muito variadas, desde um grande grupo de croatas; um russo; brasileiros; um senegalês; nigerianas; um italiano; um angolano; um afegão…
Mas quem disse que dar tudo de nós, em troca dum ensinamento de vida e de um pequeno gesto é uma tarefa fácil? Não é! Aquelas pessoas, "plantadas" naquele lugar, distante do nosso mundo, sentem a falta da família, do seu país de origem…da sua LIBERDADE! Reagem com os outros com nenhum apreço aparente. E porque seria diferente? Não nos conhecem, nunca nos viram, não somos amigos, nem família, nem compatriotas, somos o quê? Para eles somos nós, simplesmente estranhos. Sabem que não temos o poder de fazer mudar o que quer que seja!
Mas mesmo assim não desistimos e, de 15 em 15 dias lá estamos nós, nada nos demove, nem mesmo a conversa no silêncio nos faz fraquejar.
Nesse dia começámos, como é habitual, pela música NoXuKuRéLá e, ao contrário de outros "tempos", poucos foram os que connosco vieram cantar, enquanto isso, outros encaravam tudo com distância.
Vi, contudo, a emoção estampada na face do senegalês que, enquanto cantava, recordava, quem sabe, a sua terra, as suas lembranças tão dele e de mais ninguém. Bem! Parece que conseguimos, através da nossa música, aconchegá-lo, demos-lhe a possibilidade de se rever lá, naquele país distante em quilómetros mas tão perto de nós como de todos os outros. É esta a nossa missão, tentar mostrar-lhes que somos iguais a todos eles, que somos humanos, todos, sem excepção, que merecemos todos, igualmente, oportunidades, ser felizes, rir, chorar, sonhar, ansiar, pensar, abraçar…todos pertencemos à mesma essência, que é viver unidos, e à mesma existência que é a vida, o Nosso Mundo.
Seguidamente tentámos fazer o jogo do novelo, a adesão, mais uma vez, foi pouca. Entretanto, parte deles já tinham virado as costas à nossa tentativa de aproximação. A iniciativa das etiquetas autocolantes, coladas em cada um de nós, e escritas com o nosso nome, para que possamos conhecer-nos melhor, pelo menos sabendo o nome de cada um, pois a distância assim torna-se mais curta, também se mostrou complicada.
O jogo das bolas parece que foi, na minha opinião, o mais aceite. Senti que foi um momento curto, mas que proporcionou alguma alegria.
O jogo da mímica também ele teve pouca receptividade por parte de todos eles.
Tomei, juntamente com a Amélia, a iniciativa de propor jogar cartas com alguns deles, divertimo-nos todos, foi giro, gostei!
Por último, e antes de sairmos e dizermos adeus a todos eles, cantámos a música "Imagine", momento que idealizámos como perfeito para encerrar a nossa visita, mas que não foi igualmente muito participativo.
Esta foi, então, a nossa tarde!
Saímos todos com alguma tristeza, diria eu, desapontados por não termos conseguido unirmo-nos uns aos outros, por não termos conseguido criar o tal EU, uma só pessoa, a dita Humanidade, que somos todos nós, e que nos caracteriza por sermos um só…não interessa a cor, a nacionalidade, a língua, a religião, os costumes, os hábitos…nós não somos nós, nós somos EU…existe um todo…somos todos diferentes nas convicções mas iguais porque somos humanos, porque lutamos pelo mesmo, queremos porque queremos VIVER!
Nunca é fácil aproximá-los de nós, nesse dia ainda foi mais difícil do que nos anteriores, mas também não podemos querer que nos abram os braços e nos acolham, assim sem mais! Podemos sim, e temos essa liberdade, ficar na expectativa de…eles se aproximarem…de se mostrarem um pouco mais…
São pessoas amarguradas com a vida, com uma grande relutância em aceitar os outros.
Tiro uma lição de vida desta visita e desta experiência que é o FAS Imigrantes: "Quero continuar a fazer parte deste grupo, que é um todo, unido num mesmo propósito, dar sem esperar receber nada…dar sem querer obrigatoriamente receber. E quero acreditar que, nem que seja por 5 minutos, a nossa presença faz toda a diferença. Há que esperar que num dos dias, sem que estejamos à espera, recebamos do outro lado uma palavra, um gesto, um ensinamento para toda a vida!".
Mariana
segunda-feira, novembro 24, 2008
Acolhimento para novos voluntários
Tendo o FASRONDAS vagas para as Aldeias, Famílias, Imigrantes e para a nova vertente no Lar de Idosos, vimos informar que haverá nova reunião de acolhimento para novos voluntários no dia 28 de Janeiro de 2009, às 19h30 no CREU.
A Formação de Voluntariado para novos voluntários já está marcada para o dia 11 de Fevereiro, às 21H30 no CREU.
Para mais informações ou confirmações:
e-mail: beneditasalinas@hotmail.com ou mariatfreitas@hotmail.com
Obrigada
GENTEFAS
quarta-feira, novembro 19, 2008
Ida às Aldeias 22/11 - Grupo B
No próximo Sábado (22 de Novembro)temos ida às Aldeias para o Grupo B. A saída do Porto está marcada para as 11h, no local habitual. Será a primeira vez para os seis novos voluntários! Não faltes!
terça-feira, novembro 11, 2008
Crónica da Ronda da Boavista - 02.11.2008
Depois dum período de mudanças, da Ana partir para os Açores, da Joana estar em Paris, do sérgio voltar á faculdade, decidimos que precisavamos de mais um elemento para completar a nossa ronda.
E, assim entrou a Manela. Bem vinda!!!
Para mim e para a Manela o domingo de rondas começou bem mais cedo que o habitual. Fomos ao MUUDA buscar as roupas da campanha e passamos a tarde a arrumar e a retirar já alguns casacos quentinhos, cobertores, cachecois que iriamos precisar para a noite.
A ronda começou aterefada, com o costume, fazer sacos, preparar carros, e o momento de pausa antes de mais uma ronda.
Lá partimos. Eu, Manela e Sérgio.
Primeira paragem já habitual e já há quase dois anos a nossa D F. Estava bem mais bem disposta que o outro domingo, que estava chateada com uma dor de dentes que foi esquecida com a fotografia que tinhamos tirado à uns tempos e que demos, com o tão esperado presente de anos e claro umas fatias de bolo, não muitas por causa dos diabetes.
Lá estava com o filho, contente por nos ver, já a usar o presente que lhe demos, foi entrevistada para uma revista e no próximo domingo mostra-nos o que disse, estava muito orgulhosa do que tinha falado para a revista, tem sido muito elogiada por quem tem lido. Com duas novas companhias, uns gatos, lá a deixamos e partimos.
Seguimos para o lar de idosos onde costumamos levar sempre o pão que nos sobra depois de fazer os sacos. Entregamos e seguimos em direcção ao S G.
Estava com um discurso bem mais positivo que no domingo anterior. Lá lhe dissemos quando era a festa de Nossa Senhora das Candeias, tinhamos-lhe prometido que iamos saber a data. Demos-lhe um casaco bem quentinho para fazer frente ao frio que estava. Ficou muito contente e ainda mais quando lhe demos também umas coisas para a mulher. Aahh, também no domingo passado lhe tinhamos dado um bolo para ele festejar os anos com a mulher e a fotografia de colete laranja que tinhamos tirado, adorou!
Apareceu o C. que já não viamos à muito tempo, mudou de sitio de dormir. As feridas da cara estavam o melhor aspecto, mas infelizmente continua na via d costume, sem grandes perpectivas de sair.
Partimos para debaixo da ponte!! O sr Z. não estava, mas no último domingo tinha-mos estado com ele, por isso imaginamos que não andasse longe. Também ficou muito orgulhoso quando lhe demos a fotografia.
Paramos do outro lado e lá estava o nosso informador MOR de futebol. Todas as ligas, todos os clubes, sejam portugueses ou não o sr A. informa-nos de tudo! Não lhe escapa nada. Sabe quem marcou, como marcou, quantos pontos tem, e claro remata sempre a conversa com os jogos da semana que vai começar.
Estava muito desaconchegado e por isso demos-lhe um casaco. Ficou contente e agradecido.
Seguimos para o Z.C.. Sempre a mil, sempre a correr, sempre a mandar nas pessoas que passam para estacionar, "estragam o espaço, usam a mais, cabia lá outro!" sempre com novidades de rua. Qualquer coisa que queiramos saber do que se passa na rua é só perguntar ao informador Z.C!!!!
Ainda não é desta que está convencido a sair daquela vida. Nem com os exemplos das pessoas que conhece tão bem como a M. ou o J.P ele se convence a deixar aquela vida.
Partimos para o J.P. Ainda não tem quarto, quase há seis meses de vitória, desintoxicação, e não há meio de lhe sair a sorte grande, um quarto.
O J. P. conseguiu sozinho sair da vida que tinha, largou o vicio, arranjou-se como podia, arranjou emprego inicialmente a lavar carros. Com a crise acabou por perder o emprego, mas não foi por isso que voltou a cair na vida que tinha antigamente. Lutou e agora já tem novo emprego. Só lhe falta mesmo um quarto, já nem pedimos casa, mas quarto é o minimo!
Finalmente encontramos a D G. Ja não a viamos à algum tempo. Tinha estado com gripe na semana passada por isso é que também não a vimos. Lá lhe demos o saco do costume, ficou agradecida, viasse que tinha saudades nossas. Contou-nos que o amigo do M. está em desintoxicação e que agora tem uma namorada "muito bonitinha".
Também não sabe de nada do sr R.
Chegamos à última paragem da noite, o mitico sr A. Continua à espera que lhe seja atribuido o trabalho comunitário que vai ter de fazer por causa do julgamento que teve. O filho continua a dizer ue não o quer ao lado dele. Mas segundo ele "o presidente da junta está a tratar do caso". Também não sabe muito do sr R, disse-lhe como lhe tinhamos pedido que o saco agora só era entregue se ele viesse ter connosco. É o segundo domingo depois deste recado que não o vemos. Parece que o vicio fala mais alto e por isso afasta-se daquela zona e percorre quilometros só para um traçinho de bagaço.
São as pequenas coisas como as fotografias que fazem grande diferença, ou os casacos que tivemos da loja, ou as comidas que levamos pensando em cada um deles, ou a data da festa que o sr G tanto queria saber, que faz com que cada um deles seja especial para nós. Que faz com que durante a semana tiremos cinco minutos do nosso dia-a-dia para podermos tratar dos pedidos que nos vão fazendo. Coisas tão pequenas e que custam tão pouco, talvez insignificantes para quem não os conhece, mas que para eles são os minutos do domingo que são só para eles.
O melhor no meio de tudo não é dar o que nos pedem, mas recebermos o carinho com que todos os domingos nos recebem e perguntam e se lembram daqueles que não estão.
Benedita Salinas
domingo, novembro 09, 2008
Nova vertente do FAS: trabalho com idosos no Porto - Precisa-se de voluntários
Em Maio/Junho fomos contactados pela Cruz Vermelha no sentido de ajudarmos o Centro de Dia do Bairro do Bom Pastor (que fica na zona do Vale Formoso- perto da Constituição). Este centro de dia e os seus idosos (cerca de 15) carecem de algum tipo de animação, que actualmente não existe.
A Cruz Vermelha perguntou-nos se não seria possível ajudarmos animando uma parte de uma manhã ou de uma tarde de vez em quando (a periodicidade das visitas será de acordo com o que pudermos - apontamos actualmente para que seja uma vez por mês), apenas para vos dar uma ideia imagino que se possa programar a duração algures entre 60/90 minutos.
Esta visitas de animação seriam realizadas algures entre as 9h e as 15:30h, fora dos fins de semana. Tendo presente esta grande condicionante peço a todos, e em especial aos universitários (que são talvez aqueles que têm mais disponibilidade/flexibilidade de horário) que vejam se poderiam ajudar neste projecto, quer participando na equipa, quer liderando a equipa. Já temos dois elementos jovens na equipa, um dos quais fará a coordenção, faltam-nos mais membros.
Uma equipa de visitas apenas necessitará de ter mais ou menos 4 voluntários, e o horário e o dia das visitas será acordado entre todos os voluntários - dependendo da disponibilidade de cada um. Qualquer ajuda que possamos dar (mesmo que seja só uma vez por mês), a Cruz Vermelha ficar-nos-á muito grata, assim como todos os idosos.
Assim peço a quem tenha alguma disponibilidade e vontade de integrar este novo projecto que me diga algo e depois mais à frente, na definição do projecto e do seu horário e periodicidade, veremos o que poderemos ajudar.
Trabalharemos todos em conjunto, sempre com o apoio de todo o FASrondas e da Cruz Vermelha.
Um abraço a todos,
Jorge
PS - Qualquer dúvida que tenham, não hesitem em contactar-me por mail:jorge1mayer@gmail.com ou 938488377
quinta-feira, novembro 06, 2008
Magusto Aldeias próximo Domingo 09/11
domingo, novembro 02, 2008
Crónica da Ronda Sta. Catarina – 19.10.2008
Por motivos de logistica apenas eu e a Raquel fizemos a ronda.
Começamos a noite, como de costume, a visitar a nossa querida F. que continua com problemas em relação às ajudas da segurança social para poder pagar a pensão onde está juntamente com o seu parceiro P. O P. desta vez não desceu para falar connosco mantendo o seu conhecido mau feitio.
Depois de muitas recomendações para a F. ter cuidado com a sua alimentação seguimos caminho e fomos visitar o casal mais antigo da história do FAS. A Dona E. e o Sr. F.
A Dona E. sempre muito resmungona matou as saudades da Raquel sem nunca esquecer de perguntar pelo seu querido Vasquinho e por todos os voluntários que foram saindo da ronda ao longo destes anos.
Seguindo caminho fomos visitar a I. e o seu namorado J. Devido a uns momentos mais tensos com o J. estava um pouco expactante para ver como é que estaria o seu estado de espirito. Para minha surpresa, estavam os dois muito divertidos e bem dispostos.
O J. está muito feliz por partilhar a vida com a I. e por poder comer refeiçoes quentinhas graças ao novo micro-ondas. Como estava a dar a novela, a I. pediu para sermos rápidos nas conversas pois a novela estava numa parte bastante emocionante.
O ponto de encontro seguinte foi no local mais frio da nossa ronda, com ventos fortes, só compensados pelo calor humano dos nossos S.A. Como é costume, juntou-se o S.P., a A., o sr. J., o Sr. A. e o L.. Como só estavamos nós os dois tivemos uma conversa com todos ao mesmo tempo sem grandes novidades mas com a boa disposição e alguns filmes do costume…
Já a altas horas da noite fomos visitar o E. que está sempre dentro da sua tenda equipada com um dos melhores isolantes térmicos para não passar frio.
Estava muito mal chateado pois dois assaltantes tinham espancado uma pessoa que ficou muito mal tratada e que o E. estava a ajudar. Bebeu o seu chá, contou algumas histórias relacionadas com o que tinha sucedido e voltou para a sua tenda.
Acabamos a ronda com uma partilha final em que entregamos a noite ao Senhor e fomos para casa, já que no dia seguinte é dia de acordar muito cedo…
Luís Pedro Pires
quinta-feira, outubro 30, 2008
quarta-feira, outubro 29, 2008
MUUDA "FAS Ronda" no fim-de-semana. Participe!
Rua do Rosário, 294, Porto
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SÁBADO, 1 DE NOVEMBRO Sensível a esta conjuntura e aos reflexos que se sentem actualmente no nosso país e no mundo, o MUUDA dedica o próximo Sábado a uma recolha de roupa para o Inverno dos mais carenciados. Traga camisolas, casacos, cobertores, mantas e outros agasalhos e terá DESCONTO DE 10% nas compras desse dia. Os produtos oferecidos serão distribuídos logo no Domingo, dia 2, aos sem-abrigo do Grande Porto. Esta iniciativa é feita em parceria com a FAS Rondas, um grupo de voluntários que se reúne no CREU, desde 2003, e promove acções de apoio a Famílias, Aldeias e Sem-abrigo através da angariação e entrega de bens de primeira necessidade. NOTA: O desconto mencionado só é válido no dia 1 de Novembro e não é acumulável com qualquer promoção. |
Mais informação em www.muuda.com/ MUUDA - Rua do Rosário, 294, Porto; telf: 222011833 |
Crónica dos Aliados - 26.10.2008
Passámos à próxima paragem, onde esperávamos encontrar o J.C. e o J.. No entanto, apesar de termos esperado algum tempo, não os encontrámos lá. Vamos tentar passar lá esta semana para ver se os vemos. Temos vindo a acompanhar o J.C. há algum tempo. É um senhor de meia-idade muito afável e muito lutador por aquilo que quer. Quando o conhecemos ele estava a dormir na rua, e estava a tentar arranjar um quarto pela assistente social, com a ajuda de umas meninas de uma associação de apoio aos sem-abrigo (a C.A.S.A.). Neste caso, nós apenas acompanhávamos e proporcionávamos alguma companhia. No entanto, era visível pelo brilho dos olhos dele a alegria da nossa companhia, o que também nos enchia de alegria. Recentemente conseguiu arranjar um quarto, fiado na conversa da dona do quarto, que dizia que o quarto tinha duas janelas, o que o fez aceitar logo, devido ao seu problema de bronquite asmática. O que a senhora se esqueceu de dizer é que o prédio tem uma casa de banho de menos de 1mx1m para três pisos de quartos, o quarto era num sótão a cair de podre com as paredes amarelas do mofo, mal cabe a cama, não tem cómodas nem guarda-fatos. Como tal, encontra-se neste momento a tentar arranjar outro quarto… Esperemos que consiga arranjar!
De seguida, fomos falar com o P. e o F., embora só lá estivesse o primeiro. No entanto, estava lá com uns tubinhos e uns limões, e disse-nos educadamente que não era boa altura, embora nos tivesse prometido que na semana seguinte estaria lá à nossa espera com outra disposição. Que coincidência estes sem-abrigos andarem todos com limões, deve ser para beberem limonada antes de adormecer (eh eh).
Na nossa última paragem desta ronda, fomos falar com o F.. Mas, como diz o ditado, o melhor fica para o fim! De facto, este senhor, de meia-idade e com uma grande barba, é simplesmente o máximo! Isto porque tem sempre histórias mirabolantes para nos contar, dos seus tempos de juventude e não só. As suas anteriores ocupações também levam sempre a interessantes conversas, embora eu ache melhor não aprofundar muito este assunto… Diz-nos também que nunca dorme, apenas descansa a vista. No entanto, algumas vezes passamos lá e somos capaz de jurar que estava a ressonar, mas deve ser impressão nossa. Nesses dias acabamos a ronda tristinhos, pois perdemos o melhor momento da noite … A "suite" que ele constrói para dormir é também um factor da nossa admiração. De facto, o F. dorme mais confortável do que num colchão pikolin, pois deita-se em cima de 5 ou 6 sacos de viagem cheios de roupa (que às vezes nos quer oferecer). Além disto, tapa-se completamente com um conjunto de plásticos estrategicamente atados com cordéis à fachada do edifício onde está (tal como num remendo de um pano), o que lhe permite abrigar-se do vento e da chuva. E com esta visita terminámos a ronda de hoje, cheios de vontade de voltar a encontrar estas pessoas a quem o mundo voltou as costas…
Raul Campilho