segunda-feira, julho 21, 2008

Crónica da Ronda da Areosa 20.07.2008

Começou bem tarde, a nossa ronda. Fui eu e a Joana.

Apesar das dúvidas, já que a D. A. não tem estado em casa, resolvemos passar lá na mesma. Correu bem: apesar de estar de saída para o seu trabalho, a D. A. ainda esperava por nós! Foi bom estar aquele bocadinho com ela. Contou-nos que o sr. J. estava internado no hospital e que a S. o tem ido visitar. Ela chama os enfermeiros pelo nosso nome, o que me deixou muito atrapalhado. Que triste, estranha e imprevista esta doença do sr. J. Deus há-de estar com ele, de certeza! Deixámos a D. A. no seu local de trabalho e seguimos para a rotunda.

A D. I. não estava, mais uma vez. O sr. M. acordou estremunhado e a rejeitar-nos, num momento inicial. Entretanto também acordou o outro sr. M., o que nos ajudou desta vez, a encetar diálogo com os dois. Entretanto o sr. M. lá aceitou a sopa que levávamos, dois dedos de conversa e o saco. Deixámo-lo bem disposto e ensonado. O outro sr. M. é que estava muito construtivo. Agora dorme no jardim do outro lado, junto ao sr. J. e ao sr. D. Fomos ter com os dois primeiros e ficámos a saber mais um pouco da vida do sr. J. Segundo conta o cunhado, ele já estava a receber uma pensão de doença, mesmo antes do tal acidente que teve nas obras. (A doença será mesmo de infância ou juventude, pelo que entendemos.) Ainda apareceu o sr. R., que quase se atirava para a frente do carro da Joana, pensando que já estávamos de debandada.

Naquele largo do costume, esperavam-nos 5 pessoas... Logo ontem que éramos poucos e tínhamos poucos sacos... Um novo sem-abrigo monopolizou um pouco a conversa. Prometemos vir melhor preparados na próxima ronda. Agora que perspectivamos uma alteração forte no percurso, é que aparece mais gente e as relações se vão aprofundando. Deus pede-nos que não desistamos: ouçamo-Lo, como diz Isaías na leitura de hoje. Conseguimos combinar com o B. e a R. encontramo-nos com eles, durante a primeira quinzena de Agosto, na rotunda. A R. está bastante dependente da visita das raparigas da nossa ronda. As estagiárias da escola, com quem se identificou mais este ano, vão-se embora no próximo e ela sentirá muito, se também nos "perder".

Foi uma ronda que puxou muito pela responsabilidade do trajecto e dos seus voluntários. É importante ter consciência que o nosso trabalho mexe muito com os sem-abrigo que visitamos. Todas as nossas acções ou omissões tem repercussões neles. Desrespeitamo-los sempre que falhamos, pois eles contam connosco!

Beijos e abraços,


Nuno de Sacadura Botte

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