quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Crónica da Ronda de 18/2/06 (ronda da Carla e Sónia com o trajecto da Boavista)

Nós Somos a Carla e Sónia, estudantes da Escola Secundária Almeida Garrett, em Gaia e no âmbito da execução de um projecto para um trabalho de grupo acerca de um problema social escolhemos os sem-abrigo e o FAS rondas surgiu por ser uma bastante recente e com uma enorme vontade de ajudar.

Após um primeiro contacto e com a permissão dos voluntários para tal decidimos participar numa das rondas para ficar a perceber o trabalho desenvolvido por esta instituição.

Descobrimos a forma de aproximação e a dedicação que têm para cada caso. Agora aqui vai a descrição da ronda:

Primeiramente abordamos um senhor que nunca tinha sido visto por aqueles sítios, o Sr. J, dando-lhes assim um pouco de café como forma de quebrar o gelo. Comunicamos com ele e tentamos saber se já se encontrava lá há muito tempo. Oferecemos-lhe um saco com comida e desejamos uma óptima semana como forma de despedida.

Depois fomos á procura da Sra.P e do Sr.P mas só encontramos a Sra.P que nos disse com um sorriso e entusiasmo incrível que foi com o Sr.P fazer exames e que vão ambos para uma clínica de desintoxicação. É um máximo e extremamente gratificante até para nós que não conhecemos sabermos que por iniciativa própria se vão submeter ao tratamento para se cuidarem e tentarem ter uma vida melhor.

Entretanto fomos ajudar o Sr.A que apesar de se encontrar em circunstâncias diferentes dos casos referidos anteriormente, necessita de um pouco de afecto destes voluntários de quem ele tanto gosta e se identifica. É um homem muito bem-disposto e comunicativo que nos deixou logo a vontade com o seu sorriso e as suas histórias passadas bem divertidas.

Finalmente visitamos a Sra. F e o Sr. V mas este não se encontrava lá e já não era a primeira vez.

Falamos com a Sra.F que nos pareceu bastante acolhedora, divertida e tinha um cãozinho pequeno que funciona como um companheiro. Recebeu-nos muito bem e tal como o Sr.A não tem problemas nem com álcool nem com a droga. Como todos só precisa de uma casa e um pouco de atenção e dedicação destes voluntários que a visitam todas as semanas com a mensagem de força e ajuda para continuar a viver.

Quando regressamos ao ponto de partida, participamos na oração, agradecendo toda a disponibilidade que tiveram para nos ajudarem.

Hoje, aqui, vimos não só agradecer mais um vez pela ajuda que nos deram mas também nos propomos a fazer rondas sempre que nos for possível e dizer que foi uma ronda extremamente gratificante, produtiva e fascinante para pessoas como nós que não conhecem os sem-abrigo.

Aproveitamos a ocasião para deixar uma opinião pessoal que se baseia em falarmos da consciência de cada uma para que compreendam que a sociedade está cheia de preconceito e de ideias mal formadas onde é mais fácil pensar que um sem-abrigo viver na rua por opção própria do que tentarem descobrir as razões que os levam a viverem na rua. São várias e distintas mas existem instituições, tal como o FAS-RONDAS, que ajudam quem realmente precisa. Porque não ajudar? Não custa nada e um sem-abrigo podia ser qualquer um de nós.

Hoje percebemos que nós, pessoas comuns da sociedade, andamos demasiado ocupadas para perceber a realidade dos sem-abrigo. Eles são pessoas como nós, com uma vontade e alegria de viver incríveis e com uma boa disposição sempre disponível para contagiar qualquer um! Estas pessoas que visitamos mostraram-nos que o mundo não é justo mas que quando temos alguém que nos dá uns minutos da sua atenção tudo é mais fácil de suportar.
Aconselhamos as pessoas a experimentarem serem voluntários no FAS-RONDAS! Não se vão arrepender! As pessoas são todas excelentes! Um Muito obrigado a todos por permitirem esta experiência tão gratificante. Cumprimentos a todos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei de ler a vossa crónica e de sentir o vosso entusiasmo, sensibilidade e espírito crítico diante do que vos aconteceu nessa noite!! Beijinho p vocês!

Anónimo disse...

Adorei a vossa crónica foi muito para além duma descrição do que aconteceu.
Obrigada por nos mostrarem a vossa visão da realidade, e de certa forma 'avaliarem' o nosso (e vosso) trabalho! Obrigada mesmo!!

Gostei particularmente deste ponto muito importante que referiram:
"Hoje percebemos que nós, pessoas comuns da sociedade, andamos demasiado ocupadas para perceber a realidade dos sem-abrigo."

Infelizemente é mesmo isso que se passa, estamos ocupados de mais para MUITAS realidades que nos rodeiam!! Mas o importante é que se aqui estamos é porque já alguma coisa nos move e faz estar atentos..

Bjs
Manuela Coelho