Desta vez o 6º trajecto estava reduzido a mim, pelo que me juntei à Manela e ao Luis para juntos percorrermos os caminhos das duas rondas.
Começámos pelo Sr. D, que dormitava já. Sorriu quando nos viu, tranquilo por saber quem éramos. Aceitou umas calças e o café quente. Foi balbuciando algumas frases à medida que respondia às nossas perguntas. Voltou ao sono ainda enquanto falávamos - assistia de olhos fechados; achámos melhor sair e deixá-lo descansar.
Não encontrámos o Sr X, apenas um colchão e um monte de coisas que julgámos serem dele, ao alto, encostadas a uma coluna. O sítio estava limpo. Descemos e, aí sim, estava o casal esperado, a Sra A M e Sr Z. Muito sorridentes e carinhosos entre eles (e connosco) - foi assim que os conheci. Com o desenrolar da conversa percebi algum nervosismo da Sr A M, angustiada por estar para breve o ínicio da sua desintoxicação. Teme pela solidão do companheiro. Pediu-nos que jurássemos que o continuávamos a visitar, que o não abandonássemos. Envolta em lágrimas não parava de o olhar, afagando-lhe a barba e os cabelos. Ainda estaremos com eles mais uma vez antes da fase díficil que se aproxima.
Confirmámos que o Sr E não estava no seu sítio - fica sempre algum receio de que os internamentos não corram bem; não parece ser o caso. Procurámos o Sr VV (da nossa ronda) mas não o vimos nem aos seus cobertores... Avistamos, no entanto, alguém a dormir na entrada de uma casa, um pouco mais abaixo. Estava de tal modo embrulhado nos cobertores e dormia tão profundamente que achei por bem não acordar - tentaremos na próxima ronda.
Seguimos então para o J (também da nossa ronda). Como é costume já dormia, mas não se importa que os acordemos. Conversamos pouco, talvez pelo pouco à vontade com as novas visitas. Depois de nos despedirmos, já a Manela e o Luis voltavam ao carro, fez um desabafo, nada de importante, mas que me prendeu. E a sós já conseguiu falar um pouco mais. A exclusão começa a ser uma realidade: ser mal visto e indesejado por quem não gosta que durma ali, é desconfortável e deprimente. Não exlcui a procura do rendimento mínimo e até de formações que concretizem o potencial que tem.. Alguma vontade mostrou, a ver vamos se a preguiça não vence desta vez também.
A última paragem foi no senhor J. Estava animado, naquela semana tinha entrevista no Porto Feliz. Divagámos sobre as obras naquela rua, mas nada o desviava do dia da entrevista - por aí percebemos o quão motivado e empenhado estava. Esperemos que corra tudo como mostrou que gostava que corresse.
Acabamos a noite à porta de minha casa - que luxo! - com uma oração de esperança e confiança endereçada a cada amigo e a nós mesmos.
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