quinta-feira, agosto 31, 2006

Crónica de 27/8/2006 (Santa Catarina)

Sempre quis começar uma crónica assim:

Era uma noite, de Verão...

Desta vez, na oração inicial, tivemos a companhia do sem-abrigo que dorme no espaço onde nos reunimos, da D. S. e do sr. Z. Estes últimos vieram, desde casa, a pé, ter connosco. A D. S., pela primeira vez: Estava felicíssima!

Parti eu e a Sílvia, para a ronda, já que o Pedro aguardava por nós, junto da D. E., do sr. F., da D. A. M. e do sr. Z. Ainda fomos levar a D. S. e parte dos da ronda da Areosa, a casa daquela. Quando chegámos ao pé do Pedro, estava a D. E. a falar com o filho ao telemóvel. (A D. E. tem estado muito bem disposta há já umas rondas. Nota-se uma inversão na atitude. Nós não sabemos bem porquê, mas esta sua faceta mais divertida é a de que mais gostamos.) O que não se inverte é a saúde do olho do sr. F. Isto é gravíssimo, porque aquele é o único olho com que vê.

Ainda se nos juntaram a D. F. e o sr. P. Parece-me que a nossa relação com eles ainda está muito dependente do saco. Aliás, o sr. P., nem se aproximou. Não se identificam com as pessoas que estão ali na praça, à noite, pelo que só lá vão para irem buscar o "kit". Hoje, iam à Segurança Social, tentar uma ajuda para pagar o quarto. O sr. P. quer tratar de arranjar emprego, para poderem deixar de ter que pedir ajuda.

O casal apaixonado, estava com um ar mais pesado, do que habitual. A D. A. M. estava preocupada com coisas da vida, o que lhe tirava alguma lucidez ao discurso.

Estivemos tanto tempo ali, que ainda fomos abordados pelo M., pelo N., amigo do primeiro, e por mais dois pedintes... O M. ainda é muito novo. Consome droga e manifestou interesse em fazer uma desintoxicação, já nesta fase, ainda inicial.

Seguiu-se a T. Foi um gosto revê-la, depois de tanto tempo que andou desaparecida. Estava bem disposta, apesar de ensonada (já dormia quando chegámos). Não houve conversas com fantasminhas nem outros seres imaginários. Foi bom!

Paragem final. Chegámos imediatamente antes dos da Ronda dos Sem-Abrigo. Tínhamos imenso pão e "croissants" dos patrocínios. Destribuímo-os, juntamente com os docinhos oferecidos pelos reclusos. Apareceu a B., o sr. P, o D., aquela senhora que mora na Torre 2... Tudo como habitual.

A partilha final foi à porta de casa do Pedro, com acções de graças pela semana que acabava e intenções para a semana que começa.

Abraço e até 5ª-Feira.

Nuno de Sacadura Botte

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