sexta-feira, março 03, 2006

3ª Crónica da Ronda de 26/2/2006 (Boavista)

No domindo, de 26 de fevereiro, depois de arrumarmos os sacos todos, reunimo-nos para mais uma oração. onde fomos surpreendidos com mais uma doação semanal. Constatamos que as compotas são guardadas pelos presos, ao pequeno-almoço, para depois dar aos "sem abrigo".

Partimos para mais uma ronda ! A primeira paragem foi em Damião de Góis com o sr B. Ele encontrava-se a dormir, profundamente, mas acabou por acordar para tomar um café quente. Falou-nos da sua vontade de partir para Ourense. Falou-nos, também, acerca de umas freiras que o andam a tentar convencer a sair da vida da rua. Não temos bem a certeza de à quanto tempo é que as freiras vieram falar com ele porque o sr B não tem noção do tempo e baralha-se constantemente.
Tentamos convencê-lo que talvez, seria boa ideia ir fazer uma visita ao sitio que as freiras tinham arranjado para ele.

A segunda paragem foi com o sr J.J. que nos deu , de súbito , uma má notícia. Que o C. tinha sido preso por ter assaltado uma rapariga em plena Santa Catarina, tendo , deste modo , sido apanhado por um policia que passeava à civil. o sr J.J. contou-nos que já suspeitava algo, pois de noite o C. desaparecia e voltava , constantemente , com objectos e outros pertences. O sr J.J., segundo consta , ainda tentou apelá-lo á razão mas sem grande êxito.
Finalmente acabamos por recolher alguns elementos do sr J.J.,que nos pediu , envergonhadamente , roupa.

De seguida , partimos para o Bom Sucesso onde nos deparamos com duas caras novas que ficaram em extase, por verem o café quente e os sacos que tinhamos para oferecer.
Paramos também no sr J que dormia profundamente mas não viemos embora sem antes lhe deixarmos a boa notícia de que o caso , dele, não tinha sido esquecido e que iria ser tratado na segunda-feira.
Ao virmos embora, do bom sucesso, deparamo-nos com mais um sem abrigo , o M que andava a pedir dinheiro para poder voltar à sua terra. O M tentou-nos pedir dinheiro mas nós lá lhe explicamos que só tinhamos um saco de comida para lhe oferecer. Incrédulo , ele aceitou a comida e foi embora a reenvidicar a injustiça do Mundo.
A última paragem foi no Foco com o M que se encontrava desesperado com imensa fome. Demos-lhe um saco e , de seguida , demos-lhe outro . Porque o M já não se alimentava, decentemente, desde sábado apesar de, ironicamente, os bolsos dele estarem recheados de dinheiro. Acabamos por ficar um pouco com o M que nos contou alguns acontecimentos da sua vida e perguntou-nos como é que o nosso grupo funcionava e a que sítios é que costumavamos ir .

Foi com o M que finalizamos mais uma ronda no domingo. Foi uma volta , pela cidade , repleta de histórias surpreendentes e , ao mesmo tempo, tristes .
Para nós é um prazer e um previlégio poder ajudar algumas pessoas com problemas tão distintos e complexos .

Benedita Salinas

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