Todas histórias começam geralmente por era uma vez e esta não vai ser excepção.
A acção passa-se há sensivelmente 4 anos atrás:
Era uma vez uma noite de domingo. Essa noite não foi, para mim, como as outras.
Foi marcada por duas pessoas extraordinárias, o Filipe, que eu já conhecia e cujo conhecimento fui aprofundando, graças ao facto de pertencer ao mesmo grupito "beato" de oração, a CBX-Marginal, e a Mafalda, sua amiga na época. Fomos fazer uma visita aos seus amigos nocturnos, que eu até então desconhecia.
A minha primeira reacção foi : "Jesus onde é que eu me estou a meter!" Mas depois pensei, a vida sem aventura não tem graça nenhuma por isso e à boa maneira portuense, siga a rusga.
Serve isto, para explicar, que sem a vontade destes dois "miúdos", o FASrondas, grupo de acção e voluntariado do CREU, não tinha sentido nem existido. Eles deram de facto o pontapé de saída.
A forma mudou, ficámos mais "profissionais", mas a essência, essa manteve-se combater a solidão dos "invasores da via pública" e afins.
Hoje, tudo mudou, e a vida do Filipe vai mudar radicalmente a partir de domingo: entrar na Companhia de Jesus.
Esta será certamente, a sua maior aposta, e que o irá acompanhar para o resto da sua vida e, desculpa o "mitranço" Filipe, das nossas vidas também.
Todos os que te conheceram não ficaram indiferentes à tua beleza interior, à tua alegria, à tua generosidade, à tua sensibilidade, e paramos por aqui porque senão ficas demasiado pavãozito e não é isso que se quer num futuro Senhor Padre da Companhia de Jesus.
Termino dizendo: Até já Filipe e obrigada por seres quem és-um AMIGO!
1 beijo e um abraço do tamanho do Mundo
Luísa Cardoso
Famílias, Aldeias e Sem Abrigo estas são as nossas áreas de acção. Um grupo de jovens do Porto, que no CREU têm uma casa, lançam mãos aos desafios que lhes surgem.
sexta-feira, setembro 29, 2006
quinta-feira, setembro 28, 2006
Crónica da ronda de 24/09/2006 (6º trajecto)
Apesar deste percurso ser muito reduzido, na "vivenda", a única paragem, há muito para trabalhar!
Estavam inicialmente 5 pessoas, depois apareceram mais duas.
A D como sempre muito “animada”, efeitos do álcool. Infelizmente não foi internada para iniciar o tratamento.
O J nesta semana que passou não leu nenhum jornal como é habitual, não sabemos se por inércia ou porque não o deixam entrar na biblioteca. Ainda não temos a certidão de nascimento para ele tratar do seu B.I. Põe a hipótese de ir trabalhar para Espanha. É uma pena que este jovem de 29 anos ainda sem vícios esteja na rua, pois tem grandes potencialidades para uma vida melhor.
O Sr. J contou que foi enfermeiro durante muitos anos, falou muita da sua experiência de vida. Além de enfermeiro também trabalhou na pesca do bacalhau (enfermeiro do barco???). Mas o álcool, mais uma vez, fe-lo vir para o desemprego!
O Sr. F também faltou à consulta para o tratamento (álcool – desintoxicação). Está sempre muito sorridente, e, parece que há uma pessoa que lhe está a tratar da certidão de nascimento para o B.I.( não tem documentos).
Apareceu o Sr. J que costuma ir fazer companhia às pessoas que estão na vivenda Silva, conseguiu ultrapassar os seus problemas, sabe o que é estar na rua!
O J que diz estar a trabalhar numa construtora civil, passou por lá para conversar.
Estava um Sr. que ainda não sabemos o nome. É novo nesta paragem, não falamos com ele pois estava a dormir.
Depois de uma ronda anterior desanimadora, conseguimos ver que ainda há muito trabalho para fazer e que existem pessoas que apesar dos seus problemas têm vontade de falar connosco. Aquele conforto por estarmos um bocadinho de Domingo com eles pode significar alguma luz! Esperemos que dias melhores possam vir para esta gente!
“ Podes ser somente uma pessoa para o Mundo, porém, para alguma pessoa tu és o seu Mundo” Gabriel Garcia Marquez
Maria Antónia Read
ps - entretanto chegou a certidão de nascimento do J !
Estavam inicialmente 5 pessoas, depois apareceram mais duas.
A D como sempre muito “animada”, efeitos do álcool. Infelizmente não foi internada para iniciar o tratamento.
O J nesta semana que passou não leu nenhum jornal como é habitual, não sabemos se por inércia ou porque não o deixam entrar na biblioteca. Ainda não temos a certidão de nascimento para ele tratar do seu B.I. Põe a hipótese de ir trabalhar para Espanha. É uma pena que este jovem de 29 anos ainda sem vícios esteja na rua, pois tem grandes potencialidades para uma vida melhor.
O Sr. J contou que foi enfermeiro durante muitos anos, falou muita da sua experiência de vida. Além de enfermeiro também trabalhou na pesca do bacalhau (enfermeiro do barco???). Mas o álcool, mais uma vez, fe-lo vir para o desemprego!
O Sr. F também faltou à consulta para o tratamento (álcool – desintoxicação). Está sempre muito sorridente, e, parece que há uma pessoa que lhe está a tratar da certidão de nascimento para o B.I.( não tem documentos).
Apareceu o Sr. J que costuma ir fazer companhia às pessoas que estão na vivenda Silva, conseguiu ultrapassar os seus problemas, sabe o que é estar na rua!
O J que diz estar a trabalhar numa construtora civil, passou por lá para conversar.
Estava um Sr. que ainda não sabemos o nome. É novo nesta paragem, não falamos com ele pois estava a dormir.
Depois de uma ronda anterior desanimadora, conseguimos ver que ainda há muito trabalho para fazer e que existem pessoas que apesar dos seus problemas têm vontade de falar connosco. Aquele conforto por estarmos um bocadinho de Domingo com eles pode significar alguma luz! Esperemos que dias melhores possam vir para esta gente!
“ Podes ser somente uma pessoa para o Mundo, porém, para alguma pessoa tu és o seu Mundo” Gabriel Garcia Marquez
Maria Antónia Read
ps - entretanto chegou a certidão de nascimento do J !
quarta-feira, setembro 27, 2006
Crónica da Ronda de 17+24.09.2006 (Batalha)
Inês/Manela + Ção + Pedro
No Infante não encontrámos ninguém.
Em José Falcão longa conversa com Sr. E. especialmente animado em vésperas de entrar na ajuda do PortoFeliz. O P. tem aparecido aqui para dormir, o que parece querer dizer que a desintoxicação no Cat não anda pelos melhores caminhos... O Sr. E. tem pouca paciência para o aturar, começa a evitá-lo preferindo vaguear durante toda a noite!
O Sr. F. na Trindade esteve sóbrio e portanto com melhor aspecto mas menos falador.
O Sr. D. em StaCatarina mais falador e sempre céptico perante as ajudas. De novo discurso surreal sobre dinheiro falso e dinheiro verdadeiro... Ficou a ideia de jogar umas cartas mas depois, quando aparecemos noutra noite para o fazer, não aceitou porque não podia jogar de estômago vazio - e de facto nós nessa noite íamos só com cartas e boa disposição...
No Bingo de Ricardo Jorge SA diferentes...
Em 31Jan ou Passos Manuel aparece e desaparece o Sr.J. - e a mulher.
No Infante não encontrámos ninguém.
Em José Falcão longa conversa com Sr. E. especialmente animado em vésperas de entrar na ajuda do PortoFeliz. O P. tem aparecido aqui para dormir, o que parece querer dizer que a desintoxicação no Cat não anda pelos melhores caminhos... O Sr. E. tem pouca paciência para o aturar, começa a evitá-lo preferindo vaguear durante toda a noite!
O Sr. F. na Trindade esteve sóbrio e portanto com melhor aspecto mas menos falador.
O Sr. D. em StaCatarina mais falador e sempre céptico perante as ajudas. De novo discurso surreal sobre dinheiro falso e dinheiro verdadeiro... Ficou a ideia de jogar umas cartas mas depois, quando aparecemos noutra noite para o fazer, não aceitou porque não podia jogar de estômago vazio - e de facto nós nessa noite íamos só com cartas e boa disposição...
No Bingo de Ricardo Jorge SA diferentes...
Em 31Jan ou Passos Manuel aparece e desaparece o Sr.J. - e a mulher.
domingo, setembro 24, 2006
Leituras
Sobre sem-abrigo:
Secção a actualizar com sugestões de leitura sobre as três temáticas do FAS. Podem deixá-las nos comentários ou enviá-las para o mail do grupo. Escrevam-nos!
- "Os Sem-Abrigo: Que Cidadania? - Breve Reflexão Crítica" - Vanessa Massano Cândido [novo!]
- "Sem Abrigo" - Manuel Belo Rebelo de Andrade (ex-sem-abrigo), Coolbooks
- "Quando o excluído se torna o eleito" - Michel Collard e Colette Gambiez, Ed. Paulinas
- "Nos rastos da solidão" - José Machado Pais, Ambar
- "SEM-AMOR SEM-ABRIGO" - António Bento e Elias Barreto, Climepsi Editores
Secção a actualizar com sugestões de leitura sobre as três temáticas do FAS. Podem deixá-las nos comentários ou enviá-las para o mail do grupo. Escrevam-nos!
Crónica da Ronda de 17/09/2006 (6º trajecto)
No último Domingo, o vento da noite envolveu o tambor das nossas vivências. Mãos de diferentes cores fizeram-no falar...
Um azul intenso, de pinceladas largas, quentes que respiraram elos de ternura e saudades na despedida feita ao Daniel! Foi para longe estudar, mas continua perto porque a sua mansidão ganhou raízes em nós;
um rosa de descoberta, acolhedora, generosa, estampado no rosto do Padre Nuno, que chegou a uma nova casa e a enfeitou de sorrisos;
um cinzento de tempestade, que não avizinhávamos, refugiado na expressão de aço da G. Fomos arranhados pelos picos da sua armadura e mandados embora sem contemplações. Insinuou, a G., que lhe fizemos mal...Na sua falta de espaço pessoal ela delineou fronteiras psicológicas que não integram o nosso tempo;
um verde pálido na face do J. que se deixa arrastar por um coração que sobrevive, mas que não consegue, ou não sabe, que pode fazer viver! Tentamos ouvir com os nosso olhos o que a sua boca não diz: o seu olhar muda de cor quando nos vê a chegar. Nele, brota um grito tímido de contentamento. (O João ficou com os seus dados pessoais e pediu a sua certidão de nascimento pela net).
Ainda, na "Vivenda Silva", soubemos que a Dn. não chegou a aparecer no hospital de modo a fazer a desintoxicação do álcool...
Conhecemos, ainda, o V., emigrante de Leste, que nos pediu comida. Mora numa pensão, que não paga há meses. O patrão mandou-o dar uma volta de mãos a abanar...A sua magreza descarada e o suor que limpava constantemente do rosto pareciam querer ser a fotografia do que dizia: "A minha vida é como uma rua sem saída";
um laranja vivo, (já no Aleixo), de brincadeira pegada, a trepar sem vergonhas por nós acima!Disparámos risos de cumplicidade sem olhar a custos...
Poderia terminar esta crónica dizendo: "A noite terminou com...", todavia, passei a semana a ler os ecos das cores libertadas pelo tambor: "Fazemos o que podemos e, não, o que queremos fazer..."
Mónica Claro
Um azul intenso, de pinceladas largas, quentes que respiraram elos de ternura e saudades na despedida feita ao Daniel! Foi para longe estudar, mas continua perto porque a sua mansidão ganhou raízes em nós;
um rosa de descoberta, acolhedora, generosa, estampado no rosto do Padre Nuno, que chegou a uma nova casa e a enfeitou de sorrisos;
um cinzento de tempestade, que não avizinhávamos, refugiado na expressão de aço da G. Fomos arranhados pelos picos da sua armadura e mandados embora sem contemplações. Insinuou, a G., que lhe fizemos mal...Na sua falta de espaço pessoal ela delineou fronteiras psicológicas que não integram o nosso tempo;
um verde pálido na face do J. que se deixa arrastar por um coração que sobrevive, mas que não consegue, ou não sabe, que pode fazer viver! Tentamos ouvir com os nosso olhos o que a sua boca não diz: o seu olhar muda de cor quando nos vê a chegar. Nele, brota um grito tímido de contentamento. (O João ficou com os seus dados pessoais e pediu a sua certidão de nascimento pela net).
Ainda, na "Vivenda Silva", soubemos que a Dn. não chegou a aparecer no hospital de modo a fazer a desintoxicação do álcool...
Conhecemos, ainda, o V., emigrante de Leste, que nos pediu comida. Mora numa pensão, que não paga há meses. O patrão mandou-o dar uma volta de mãos a abanar...A sua magreza descarada e o suor que limpava constantemente do rosto pareciam querer ser a fotografia do que dizia: "A minha vida é como uma rua sem saída";
um laranja vivo, (já no Aleixo), de brincadeira pegada, a trepar sem vergonhas por nós acima!Disparámos risos de cumplicidade sem olhar a custos...
Poderia terminar esta crónica dizendo: "A noite terminou com...", todavia, passei a semana a ler os ecos das cores libertadas pelo tambor: "Fazemos o que podemos e, não, o que queremos fazer..."
Mónica Claro
sexta-feira, setembro 22, 2006
Aldeia - Partida Amanhã Sábado (23/09) - 9:30h
Olá a todos, vamos amanhã às Aldeias, dia 23, às 9:30, no sítio do costume (frente à Igreja NS Fatima).
Vamos fazer visitas, as primeiras desde Julho.
Temos de sair mesmo às 9:30 pois eu tenho agendada uma reunião com a PROGREDIR às 10:30 (desde Julho que deixou de haver tolerância de 15 minutos, 9:30 é a hora de saída dos carros). Estamos poucos, apenas 6 confirmados. Aguardo mais respostas, positivas ou não. Quem não for, avise por favor. Temos uma nova pessoa na equipa.
Não se esqueçam do almoço para partilharmos.
Bom trabalho, um abraço a todos e até amanhã.
Jorge
Ps - Se o tempo estiver bom não esqueçam o fato de banho...
Vamos fazer visitas, as primeiras desde Julho.
Temos de sair mesmo às 9:30 pois eu tenho agendada uma reunião com a PROGREDIR às 10:30 (desde Julho que deixou de haver tolerância de 15 minutos, 9:30 é a hora de saída dos carros). Estamos poucos, apenas 6 confirmados. Aguardo mais respostas, positivas ou não. Quem não for, avise por favor. Temos uma nova pessoa na equipa.
Não se esqueçam do almoço para partilharmos.
Bom trabalho, um abraço a todos e até amanhã.
Jorge
Ps - Se o tempo estiver bom não esqueçam o fato de banho...
terça-feira, setembro 19, 2006
Resultados da reunião de planeamento na Aldeia
No passado sábado dia 9 realizou-se a reunião de planeamento do próximo ano do projecto "Aldeias". Compareceram os presidentes das juntas de freguesia de Ansiães e Candemil, além da Progredir, da Actijovens e das pessoas do Núcleo Dinamizador.
Apresentamos a todos o FASrondas, e o nosso projecto e os seus objectivos e debatemos o que será mais necessário realizar neste próximo ano.
A reunião correu bem. Como consequências desta vai haver uma reunião das pessoas do Núcleo Dinamizador para definirem as prioridades para a reunião que teremos no dia 23. Também no dia 23, teremos uma reunião com a Progredir para apresentar o relatório elaborado pelo "team" Rui/Daniel/São (RDS), e ver sinergias com as nossas visitas.
Tentaremos ter a curto prazo uma reunião com a Segurança Social de forma a facilitar trocas de informação e tomar conhecimento dos trabalhos que cada lado está a realizar.
Assim este fim de semana deveremos ter mais novidades num melhor e mais participativo planeamento deste novo ano.
Apresentamos a todos o FASrondas, e o nosso projecto e os seus objectivos e debatemos o que será mais necessário realizar neste próximo ano.
A reunião correu bem. Como consequências desta vai haver uma reunião das pessoas do Núcleo Dinamizador para definirem as prioridades para a reunião que teremos no dia 23. Também no dia 23, teremos uma reunião com a Progredir para apresentar o relatório elaborado pelo "team" Rui/Daniel/São (RDS), e ver sinergias com as nossas visitas.
Tentaremos ter a curto prazo uma reunião com a Segurança Social de forma a facilitar trocas de informação e tomar conhecimento dos trabalhos que cada lado está a realizar.
Assim este fim de semana deveremos ter mais novidades num melhor e mais participativo planeamento deste novo ano.
segunda-feira, setembro 18, 2006
Crónica da ronda de 10-09-06 (Boavista)
Grande afluência nesta semana! Infelizmente na nossa ronda isso não se notou muito. Partimos três: Joana, Jorge e Rui rumo às habituais visitas. No primeiro ponto de paragem encontramos o M., mas desde logo decidimos não nos aproximar pois este estava a meio do seu ritual de consumo. Seguimos depois em busca do Sr. B, há muito longe das nossas vistas, desta vez a prospecção teve alguns resultados: falámos com um Sr. do Coração da Cidade, o tal que o convenceu a dar banho, que nos disse que o havia avistado à coisa de três dias. Entretanto a Joana sentiu-se indisposta e decidiu que o melhor era voltar para casa. Novo ponto de paragem: família Q. A D. F estava sozinha desta vez, mas como de costume muito conversadora. Após uns bons minutos de conversa lá partimos. Fomos ter com o Sr. V e o F. O F deve arranjar emprego no ofício dele no final do mês fora do Porto, no entanto a falta de documentos pode ser um problema. Informei-me e mesmo tendo o auto da polícia sobre o roubo dos documentos, ele precisa de ter 2 documentos, a certidão de nascimento (que se pode encomendar no mesmo dia no Arquivo Central do Porto na rua Visconde de Setúbal e um segundo documento comprovativo que pode ser o bilhete de identidade de uma pessoa dos seu núcleo familiar (pais, irmãos, avós ou filhos, não dá para tios e primos) ou uma certidão na junta de freguesia onde está registado como residente (que pode ser longe do Porto), que terá de ser passada na junta na presença do mesmo e de duas testemunhas.
A conversa com eles foi muito boa, depois fomos ao Sr. A, que continua na mesma, com sorrisos e muito contar mas com a mesma pena de a vida não mudar para melhor. Abordamos o P, será uma nova companhia?
Fomos ao Aleixo com Sta Catarina, havia iogurtes (que tal substituir os leites achocolatados no saco?) que foram logo motivo de alegria e bolos. Encontramos o M, que vinha a mancar das duas pernas, apoiado num pequeno pau, o que deu um retrato que me ficou marcado no coração. Tem 3 hematomas, um no braço e um em cada perna. Demos-lhe boleia até ao sítio "onde ele mora". Foi-me difícil, lidar com tudo isto.
Acabamos na boa conversa já habitual, eu e o Rui, partilhamos e fomos recarregar baterias. Amanhã há trabalho e são 2:00... Há noites difíceis. Amanhã é um novo dia.
Até domingo,
Jorge
A conversa com eles foi muito boa, depois fomos ao Sr. A, que continua na mesma, com sorrisos e muito contar mas com a mesma pena de a vida não mudar para melhor. Abordamos o P, será uma nova companhia?
Fomos ao Aleixo com Sta Catarina, havia iogurtes (que tal substituir os leites achocolatados no saco?) que foram logo motivo de alegria e bolos. Encontramos o M, que vinha a mancar das duas pernas, apoiado num pequeno pau, o que deu um retrato que me ficou marcado no coração. Tem 3 hematomas, um no braço e um em cada perna. Demos-lhe boleia até ao sítio "onde ele mora". Foi-me difícil, lidar com tudo isto.
Acabamos na boa conversa já habitual, eu e o Rui, partilhamos e fomos recarregar baterias. Amanhã há trabalho e são 2:00... Há noites difíceis. Amanhã é um novo dia.
Até domingo,
Jorge
sexta-feira, setembro 15, 2006
Crónica da Aldeia (9/9/2006)
O grande regresso as aldeias estava agendado para este dia! A expectativa para o novo ano é elevada e o nosso entusiasmo não lhe fica atrás. Neste sábado o momento central seria a reunião com as pessoas da aldeia, bem como, se possível, a realização das habituais visitas domiciliárias. Entretanto, a malta foi chegando…um, dois, três, quatro, cinco, e eis que surge o primeiro dilema: dado que seríamos seis voluntários, optávamos por levar um carro ou dois? Resolvemos levar apenas um carro (a escolha mais económica, mas também a menos confortável). Lá partimos, tendo chegado a Candemil por volta das 12h00. Fomos almoçar ao rio. O tempo estava maravilhoso e a água convidava ao mergulho, infelizmente, só o Nuno é que se lembrou de trazer o “equipamento de mergulho”, tendo a restante comitiva ficado a olhar. Seguiu-se uma séria troca de ideias sobre o rumo que o projecto das Aldeias deverá seguir e sobre as nossas expectativas para a reunião, “condimentada” com um belo repasto. A reunião ( cujos resultados serão conhecidos mais tarde) prolongou-se por cerca de duas horas e na nossa opinião correu bem; a afluência foi, à excepção de dois presidentes de Junta, total.
Por volta das 17h00 metemo-nos no carro e fizemo-nos à estrada rumo ao Porto. A importância de reunião e a falta de mais colaboradores impediram-nos de fazer as tão desejadas visitas, mas daqui a duas semanas há mais!
Boa semana.
Rui Mota
Por volta das 17h00 metemo-nos no carro e fizemo-nos à estrada rumo ao Porto. A importância de reunião e a falta de mais colaboradores impediram-nos de fazer as tão desejadas visitas, mas daqui a duas semanas há mais!
Boa semana.
Rui Mota
quinta-feira, setembro 14, 2006
Crónica da ronda de 10/09/2006 (6º trajecto)
Recentemente li que o voluntariado assenta em dois princípios: o da solidariedade e o da subsidiariedade. A solidariedade traduz-se na nossa sensibilidade em relação a outro ser humano e na vontade consciente de o querer ajudar. A subsidiariedade resulta da capacidade de actuarmos, não remetendo para instâncias superiores acções que estão ao nosso alcance. Todavia, serão palavras suficientes para comportar o que deveras se sente ?
A noite iniciou-se com a habitual reunião dos membros das rondas e organização dos sacos. Antes do começo das rondas, em círculo reflectiu-se metaforicamente sobre a importância do passado, presente, futuro, acerca do realmente importante na vida. O passado, escrito está. O futuro, por escrever ainda. Mas o presente é o que temos pela frente, o que devemos e temos que encarar e viver. E quem é a pessoa mais importante na nossa vida ? É essa pessoa que está aí, bem na tua frente, à qual te podes entregar e ajudar. Esse é o culminar da eterna e incessante busca da felicidade.
De rosto triste nos recebeu a G, a qual não esperávamos encontrar por nos ter dito que ia receber o rendimento mínimo. Ainda não tinha sido naquela semana que recebera o esperado rendimento, nem seria tão cedo. Através de uns pontos em comum, fomos falando com ela. No início ela recusou o saco, o que estranhámos. Com medo de adormecer, ela não queria aceitar o saco. Ela desabafou como eram os seus dias e o seu constante medo de ser atacada, daí não querer dormir.
Na “vivenda” apenas estava acordado o J. Contou-nos como tem passado. Lentamente acordaram a Dona D e o Sr F. Inicialmente a Dona D estava muito triste por ir no dia seguinte para o hospital para desentoxicação e por estar longe dos filhos. Todavia, entre o discurso agitado sobre a sua vida, os filhos, um sorriso se ia esboçando. Alternava entre uma saudade exasperante pelos filhos e o desejo de ter uma vida independente e distante. É complicado chegar a compreender o que vai nas almas destes nossos amigos, escondidas na bruma do álcool e da alienação social. O Sr F estava muito animado e ia na semana seguinte também para desentoxicação.
No fim da ronda reunimo-nos e reflectimos sobre um poema de Alberto Caeiro. Citanto :
“
PENSAR EM DEUS
Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou...
Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos! ...
“
Em nota de aparte, gostaria de referir que estou muito contente de participar nesta iniciativa e neste grupo. Espero com a experiência poder ajudar estes nossos amigos, nem que seja com um simples sorriso e um escutar atento, compreensivo.
“Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores”
Até domingo !
Gabriela Soares
A noite iniciou-se com a habitual reunião dos membros das rondas e organização dos sacos. Antes do começo das rondas, em círculo reflectiu-se metaforicamente sobre a importância do passado, presente, futuro, acerca do realmente importante na vida. O passado, escrito está. O futuro, por escrever ainda. Mas o presente é o que temos pela frente, o que devemos e temos que encarar e viver. E quem é a pessoa mais importante na nossa vida ? É essa pessoa que está aí, bem na tua frente, à qual te podes entregar e ajudar. Esse é o culminar da eterna e incessante busca da felicidade.
De rosto triste nos recebeu a G, a qual não esperávamos encontrar por nos ter dito que ia receber o rendimento mínimo. Ainda não tinha sido naquela semana que recebera o esperado rendimento, nem seria tão cedo. Através de uns pontos em comum, fomos falando com ela. No início ela recusou o saco, o que estranhámos. Com medo de adormecer, ela não queria aceitar o saco. Ela desabafou como eram os seus dias e o seu constante medo de ser atacada, daí não querer dormir.
Na “vivenda” apenas estava acordado o J. Contou-nos como tem passado. Lentamente acordaram a Dona D e o Sr F. Inicialmente a Dona D estava muito triste por ir no dia seguinte para o hospital para desentoxicação e por estar longe dos filhos. Todavia, entre o discurso agitado sobre a sua vida, os filhos, um sorriso se ia esboçando. Alternava entre uma saudade exasperante pelos filhos e o desejo de ter uma vida independente e distante. É complicado chegar a compreender o que vai nas almas destes nossos amigos, escondidas na bruma do álcool e da alienação social. O Sr F estava muito animado e ia na semana seguinte também para desentoxicação.
No fim da ronda reunimo-nos e reflectimos sobre um poema de Alberto Caeiro. Citanto :
“
PENSAR EM DEUS
Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou...
Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos! ...
“
Em nota de aparte, gostaria de referir que estou muito contente de participar nesta iniciativa e neste grupo. Espero com a experiência poder ajudar estes nossos amigos, nem que seja com um simples sorriso e um escutar atento, compreensivo.
“Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores”
Até domingo !
Gabriela Soares
quarta-feira, setembro 13, 2006
Crónica da Ronda de 10/9/2006 (Sta Catarina)
Apesar dos 20 que animaram o Nuno, neste percurso fui só com a Ana Pinheiro...
Batalha, boa disposição geral.
O M. ainda não conseguiu entrar para o centro de desintoxicação do qual tinha contacto porque estava cheio, mas já tinha um outro que ia tentar.
A F. viu os filhos na semana passada! Estava mesmo contente! Em relação à casa que pensaram alugar, mudança de ideias. Mas já surgiu outra que vão ver.
D.E espera que o filho passe no exame de condução e Sr. F. sem olho vermelho. Levámos um cobertor e finalmente conheci o quarto da pensão onde dormem.
Aqui deixámos 12sacos porque entretanto apareceram muitas pessoas não fixas.
Sta. Catarina, 3sacos na Zara. O T. e dois novos amigos madeirenses. Tudo com esperança de deseintoxicações... Deixámos roupa também. Mais um saco para a T. que acordámos e portanto não nos convidou a viagens alucinadas...
Rematámos no Aleixo com uma dúzia de sacos, pouco movimento porque o Fernando já tinha passado. O M. estava lá com hematomas nas pernas de tal modo que quase não conseguia andar... Está mesmo a ir-se abaixo... A B. sorriu sempre pensando só no beijo que a Mafalda mandou.
Rezei também pelos Leigos que tiveram neste dia, no CUPAV, a missa de envio. Inspiram-me muito...
Batalha, boa disposição geral.
O M. ainda não conseguiu entrar para o centro de desintoxicação do qual tinha contacto porque estava cheio, mas já tinha um outro que ia tentar.
A F. viu os filhos na semana passada! Estava mesmo contente! Em relação à casa que pensaram alugar, mudança de ideias. Mas já surgiu outra que vão ver.
D.E espera que o filho passe no exame de condução e Sr. F. sem olho vermelho. Levámos um cobertor e finalmente conheci o quarto da pensão onde dormem.
Aqui deixámos 12sacos porque entretanto apareceram muitas pessoas não fixas.
Sta. Catarina, 3sacos na Zara. O T. e dois novos amigos madeirenses. Tudo com esperança de deseintoxicações... Deixámos roupa também. Mais um saco para a T. que acordámos e portanto não nos convidou a viagens alucinadas...
Rematámos no Aleixo com uma dúzia de sacos, pouco movimento porque o Fernando já tinha passado. O M. estava lá com hematomas nas pernas de tal modo que quase não conseguia andar... Está mesmo a ir-se abaixo... A B. sorriu sempre pensando só no beijo que a Mafalda mandou.
Rezei também pelos Leigos que tiveram neste dia, no CUPAV, a missa de envio. Inspiram-me muito...
terça-feira, setembro 12, 2006
Crónica da Ronda de 10/9/2006 (Areosa)
Já eramos mais de 20, este Domingo. É uma alegria grande!
A oração inicial andou à volta de um segredo para a felicidade que passa pelo amor ao próximo, como Jesus nos ensinou.
A ronda da Areosa partiu com a Maria, a Andreia e eu. Dirigímo-nos a casa da S. Estava bastante deprimida, mas com a companhia do sr. J. Este continuava com a mesma dor na boca (de dentes ou de gengiva). A S. tinha passado o dia na cama. Mesmo como os médicos não querem! A nossa preocupação foi passar uma mensagem de esperança e fazer um balanço de pontos positivos que tem tido nestes últimos dias. Já tinha ido à advogada oficiosa que a vai patrocinar na acção da pensão de alimentos. Apresentou-nos quase todos os documentos que a advogada lhe tinha pedido. Fico contente que a S. consiga ir tratando destas coisas por ela!
Deixámos o sr. J. em casa e passámos no video-clube. O sr. P. não estava... Seguímos para o prédio. Lá estava o sr. J. M. à nossa espera. Parece que cada vez que o vemos está mais animado. Lá perguntou pelos algarvios, principalmente porque o nosso Sporting tinha ganho! Continua o tratamento e à procura de emprego: Parece estar no bom caminho. Depois apareceu o sr. J. com o sr. A. Só vinham aos sacos... O sr. J. trazia uns iogurtes que distribuiu (como que a concorrer connosco) pelos vizinhos. É que, entretanto, desceram do prédio o sr. E. e o sr. J. O sr. E. ficou pouco; partiram todos e ficou o sr. J. A conversa alongou-se... Falou-se nos biscates que tem feito para pessoas dali de perto e como toda a gente os tem elogiado e valorizado. Isso tem-lhe feito muito bem, até para não passar a vida a chorar a distância a que a sua musa se encontra. Quando já estávamos a falar de fé, deixei-lhe o texto da oração inicial, pedi-lhe para o rezar e partilhar connosco no próximo Domingo: Estou ansioso.
Seguimos para o sr. M. Estava com a companhia do primo que trabalha em Espanha. Com algum custo, o sr. M. lá veio connosco até ao carro e até ao sr. J., no Banco. Estava mal disposto por o termos acordado, mas acabou por mudar de humor à medida que o tempo ia passando e os assuntos se iam sucedendo. O sr. J. continua sem se mexer quando lá vamos: Temos que mudar de táctica de abordagem. Deixámos o sr. M. e partimos à procura da D. I. Inicialmente, nada. Quando já nos iamos embora, eis que lá estava ela numa rua perto, de costas. Foi uma visita curta, e sem conversa, quase.
A partilha final foi à porta de casa da Andreia. À medida que nos vamos identificando mais com os sem-abrigo que visitamos e mais nos entregamos à ronda, mais frutos recolhemos no final.
Beijos e abraços.
A oração inicial andou à volta de um segredo para a felicidade que passa pelo amor ao próximo, como Jesus nos ensinou.
A ronda da Areosa partiu com a Maria, a Andreia e eu. Dirigímo-nos a casa da S. Estava bastante deprimida, mas com a companhia do sr. J. Este continuava com a mesma dor na boca (de dentes ou de gengiva). A S. tinha passado o dia na cama. Mesmo como os médicos não querem! A nossa preocupação foi passar uma mensagem de esperança e fazer um balanço de pontos positivos que tem tido nestes últimos dias. Já tinha ido à advogada oficiosa que a vai patrocinar na acção da pensão de alimentos. Apresentou-nos quase todos os documentos que a advogada lhe tinha pedido. Fico contente que a S. consiga ir tratando destas coisas por ela!
Deixámos o sr. J. em casa e passámos no video-clube. O sr. P. não estava... Seguímos para o prédio. Lá estava o sr. J. M. à nossa espera. Parece que cada vez que o vemos está mais animado. Lá perguntou pelos algarvios, principalmente porque o nosso Sporting tinha ganho! Continua o tratamento e à procura de emprego: Parece estar no bom caminho. Depois apareceu o sr. J. com o sr. A. Só vinham aos sacos... O sr. J. trazia uns iogurtes que distribuiu (como que a concorrer connosco) pelos vizinhos. É que, entretanto, desceram do prédio o sr. E. e o sr. J. O sr. E. ficou pouco; partiram todos e ficou o sr. J. A conversa alongou-se... Falou-se nos biscates que tem feito para pessoas dali de perto e como toda a gente os tem elogiado e valorizado. Isso tem-lhe feito muito bem, até para não passar a vida a chorar a distância a que a sua musa se encontra. Quando já estávamos a falar de fé, deixei-lhe o texto da oração inicial, pedi-lhe para o rezar e partilhar connosco no próximo Domingo: Estou ansioso.
Seguimos para o sr. M. Estava com a companhia do primo que trabalha em Espanha. Com algum custo, o sr. M. lá veio connosco até ao carro e até ao sr. J., no Banco. Estava mal disposto por o termos acordado, mas acabou por mudar de humor à medida que o tempo ia passando e os assuntos se iam sucedendo. O sr. J. continua sem se mexer quando lá vamos: Temos que mudar de táctica de abordagem. Deixámos o sr. M. e partimos à procura da D. I. Inicialmente, nada. Quando já nos iamos embora, eis que lá estava ela numa rua perto, de costas. Foi uma visita curta, e sem conversa, quase.
A partilha final foi à porta de casa da Andreia. À medida que nos vamos identificando mais com os sem-abrigo que visitamos e mais nos entregamos à ronda, mais frutos recolhemos no final.
Beijos e abraços.
quinta-feira, setembro 07, 2006
Aldeia - Partida este Sábado (09/09) - 10:30h
Olá a todos, recomeçamos com as nossas idas às Aldeias este sábado, dia 9, às 10:30 (deixou de haver tolerância de 15 minutos, 10:30 é a hora de saída dos carros), no sítio do costume (frente à Igreja NS Fatima).
Temos reunião geral, às 15h, onde estarão presentes os presidentes das freguesias, os núcleos dinamizadores, a PROGREDIR, a ACTIJOVENS e nós. O Pd Vilar não pode comparecer pois está em merecidas férias.
Vamos fazer também visitas, separando-nos em dois grupos, um para a reunião e outro para as visitas. A experiência da última visita no final de Julho mostrou que com 6/7 elementos conseguimos realizar as visitas.
Não se esqueçam do almoço. Quem não for, avise por favor (a Luísa, a Célia e a Maria Rocha não vão).
Seguindo o acordado nas regras do FAS deixou de haver tolerância de 15 minutos, por isso 10:30 é a hora de saída dos carros, para os mais atrasados, façam contas para lá estar às 10:15.
Bom trabalho, um abraço a todos e até Sábado. Jorge
Temos reunião geral, às 15h, onde estarão presentes os presidentes das freguesias, os núcleos dinamizadores, a PROGREDIR, a ACTIJOVENS e nós. O Pd Vilar não pode comparecer pois está em merecidas férias.
Vamos fazer também visitas, separando-nos em dois grupos, um para a reunião e outro para as visitas. A experiência da última visita no final de Julho mostrou que com 6/7 elementos conseguimos realizar as visitas.
Não se esqueçam do almoço. Quem não for, avise por favor (a Luísa, a Célia e a Maria Rocha não vão).
Seguindo o acordado nas regras do FAS deixou de haver tolerância de 15 minutos, por isso 10:30 é a hora de saída dos carros, para os mais atrasados, façam contas para lá estar às 10:15.
Bom trabalho, um abraço a todos e até Sábado. Jorge
quarta-feira, setembro 06, 2006
Crónica da ronda de 3/9/2006 (Batalha + 6º trajecto)
É bom regressar. É muito bom, às noites de domingo. Como se fosse bom voltar à miséria - mas se não amigos, o que fazemos nós nestas horas nocturnas?
Na inicial “vivenda” muitas caras à espera. Entre elas a do televisivo Sr F feita em ponto de cruz preto, uma lástima que o sorriso infantil escondia. Outros observavam-nos os gestos, na atenta distância o esforço, contrariando o vinho, ao som de fados improvisados pela nova Dona H, já pouco suportáveis... Também lá estava o J, agora repousa por ali. Recuperou o peso e o ânimo, anunciou, como que a pedir que entrássemos em cena rumo ao futuro. “O vinho parece azeite”, o milagre na confissão de cara torcida, a imunidade aos “buracos” que o rodeiam imprime urgência à nossa volta.
Já era tarde e não encontrámos o Sr. Z C nem a cadela.
Mais à frente: ao lado do P dormia o Sr E, de volta àquele sítio. Rapidamente enxotados pelo primeiro, nem tempo tivemos de tentar acordar o Sr E. E quereria ele acordar? Ficámos os melhores amigos nas despedidas, porque desconhecemos a crueldade de alguns reencontros. Prefiro estar errado. A amizade continua, pelo menos do lado de cá.
A G irradiava felicidade: receberá esta semana o rendimento mínimo. Prometeu avisar se entretanto fosse para um quarto; queremos visitá-la, precisamos dela, embora não o saiba.
O Sr. F estava novamente cabisbaixo, mergulhado nos seus símbolos, educadamente pediu que nos retirássemos. A sobriedade permite a doença. A alternativa não ajuda à comunicação. Complicado…
O Sr D já dormia e tenho dúvidas que mesmo durante a conversa tenha acordado. Alguns pedidos de roupa bocejantes e o ronco tomava outra vez conta do homem.
No fim da noite de estreia da Gabriela lemos uma parte de um poema do José Tolentino Mendonça. Continua a ser bom desenhar círculos, fechá-los assim, aos Domingos à noite. Até já.
O esterco do mundo
Tenho amigos que rezam a Simone Weil
Há muitos anos que reparo em Flannery O’Connor
Rezar deve ser como essas coisas
que dizemos a alguém que dorme
temos e não temos esperança alguma
só a beleza pode descer para salvar-nos
quando as barreiras levantadas
permitirem
às imagens, aos ruídos, aos espúrios sedimentos
integrar o magnífico cortejo sobre os escombros
Os orantes são mendigos de última hora
remexem profundamente através do vazio
até que neles
o vazio deflagre
São Paulo explica-o na Primeira Carta aos Coríntios,
«até agora somos o esterco do mundo»,
citação que Flannery trazia à cabeceira
Na inicial “vivenda” muitas caras à espera. Entre elas a do televisivo Sr F feita em ponto de cruz preto, uma lástima que o sorriso infantil escondia. Outros observavam-nos os gestos, na atenta distância o esforço, contrariando o vinho, ao som de fados improvisados pela nova Dona H, já pouco suportáveis... Também lá estava o J, agora repousa por ali. Recuperou o peso e o ânimo, anunciou, como que a pedir que entrássemos em cena rumo ao futuro. “O vinho parece azeite”, o milagre na confissão de cara torcida, a imunidade aos “buracos” que o rodeiam imprime urgência à nossa volta.
Já era tarde e não encontrámos o Sr. Z C nem a cadela.
Mais à frente: ao lado do P dormia o Sr E, de volta àquele sítio. Rapidamente enxotados pelo primeiro, nem tempo tivemos de tentar acordar o Sr E. E quereria ele acordar? Ficámos os melhores amigos nas despedidas, porque desconhecemos a crueldade de alguns reencontros. Prefiro estar errado. A amizade continua, pelo menos do lado de cá.
A G irradiava felicidade: receberá esta semana o rendimento mínimo. Prometeu avisar se entretanto fosse para um quarto; queremos visitá-la, precisamos dela, embora não o saiba.
O Sr. F estava novamente cabisbaixo, mergulhado nos seus símbolos, educadamente pediu que nos retirássemos. A sobriedade permite a doença. A alternativa não ajuda à comunicação. Complicado…
O Sr D já dormia e tenho dúvidas que mesmo durante a conversa tenha acordado. Alguns pedidos de roupa bocejantes e o ronco tomava outra vez conta do homem.
No fim da noite de estreia da Gabriela lemos uma parte de um poema do José Tolentino Mendonça. Continua a ser bom desenhar círculos, fechá-los assim, aos Domingos à noite. Até já.
O esterco do mundo
Tenho amigos que rezam a Simone Weil
Há muitos anos que reparo em Flannery O’Connor
Rezar deve ser como essas coisas
que dizemos a alguém que dorme
temos e não temos esperança alguma
só a beleza pode descer para salvar-nos
quando as barreiras levantadas
permitirem
às imagens, aos ruídos, aos espúrios sedimentos
integrar o magnífico cortejo sobre os escombros
Os orantes são mendigos de última hora
remexem profundamente através do vazio
até que neles
o vazio deflagre
São Paulo explica-o na Primeira Carta aos Coríntios,
«até agora somos o esterco do mundo»,
citação que Flannery trazia à cabeceira
Crónica da ronda de 27/8/2006 (Batalha + 6º trajecto)
A primeira paragem foi na Ribeira com o Sr. Z C que nos disse não ter ido para Espanha trabalhar porque não deixaram ir a sua cadela de estimação. A seguir passamos pela vivenda Silva, não paramos porque estava lá a Cruz Vermelha e como sempre nessas alturas está sempre uma confusão de pessoas.
Seguindo o percurso habitual passamos pelo P, a visita foi curta porque tinha que ir trabalhar, no entanto veio ao local de propósito porque sabia que devimos estar a chegar. Falou que o Sr. E estava lá, ficamos baralhados e pensamos que ele podia ter confundido o nome.
A G desta vez não se encontrava no banco habitual, mas sim na paragem de autocarro, foi agredida na noite anterior por uns rapazes. Teve vontade de conversar e aceitou desta vez o saco.
O Sr. X estava bêbado, aceitou o saco. Responde sempre que está mais ou menos. Foi simpático e tinha muita vontade de apertar as mãos.
O Sr. D como sempre de poucas palavras, perguntou se tínhamos calças. Novamente fechou os olhos, é difícil comunicar com este Sr.!
Maria Antónia Read
Seguindo o percurso habitual passamos pelo P, a visita foi curta porque tinha que ir trabalhar, no entanto veio ao local de propósito porque sabia que devimos estar a chegar. Falou que o Sr. E estava lá, ficamos baralhados e pensamos que ele podia ter confundido o nome.
A G desta vez não se encontrava no banco habitual, mas sim na paragem de autocarro, foi agredida na noite anterior por uns rapazes. Teve vontade de conversar e aceitou desta vez o saco.
O Sr. X estava bêbado, aceitou o saco. Responde sempre que está mais ou menos. Foi simpático e tinha muita vontade de apertar as mãos.
O Sr. D como sempre de poucas palavras, perguntou se tínhamos calças. Novamente fechou os olhos, é difícil comunicar com este Sr.!
Maria Antónia Read
Crónica da Ronda de 03/09/06 (Boavista)
Depois de uma ausência pelas férias do mês de Agosto, voltei às rondas de domingo à noite!!...
Começámos, como sempre, pelo Sr. B. que mais uma vez não estava no seu “poiso”; ainda o procurámos por ali perto, mas nada de o ver. Esta semana vamos ver se o seguimos ao fim da tarde, pois sabemos mais ou menos por onde anda durante o dia, para descobrirmos onde dorme.
Logo de seguida dirigimo-nos ao M., que não estava outra vez, provavelmente estava nas “compras”. Desta vez não lhe deixámos saco. Esperemos encontrá-lo na próxima semana para matar saudades.
Na esperança de encontrarmos mais gente, subimos a avenida, mas a situação não mudou: não vimos o J. P. nem outros tantos que por ali passam e por isso fomos ter com o Sr. A. que está sempre ali por perto. Com ele falámos bastante: sobre a férias, sobre a guerra de Ultramar, sobre os filhos... e com alegria partimos para falarmos com a família feliz! À entrada para o carro, o Sr. J. das Alcatifas ainda nos pediu um saco, que demos porque tínhamos. Na família Q, desta vez, estavam mais desanimados pois o J. foi parar à prisão. Diz a Sra. F. que ele está a aguardar julgamento para sair, já que está inocente. Vamos rezar e aguardar mais notícias.
Por fim, como estávamos com a ronda de Sta. Catarina e ainda havia sacos e águas, fomos dar um “saltinho” ao bairro onde encontrámos o Z.F. que, como sempre, nos falou tão bem sobre ele e sobre os filhos. Vimos muitos outros, como a Sra. Ana que no disse estar muito contente com a viagem que tem marcada para Fátima; e outros anónimo que apenas querem o saco e nada mais. Aí, fizemos a nossa oração todos juntos, rezando por cada pessoa que encontrámos em particular.
Um beijo a todos e até domingo,
Ana Barbosa de Carvalho.
Começámos, como sempre, pelo Sr. B. que mais uma vez não estava no seu “poiso”; ainda o procurámos por ali perto, mas nada de o ver. Esta semana vamos ver se o seguimos ao fim da tarde, pois sabemos mais ou menos por onde anda durante o dia, para descobrirmos onde dorme.
Logo de seguida dirigimo-nos ao M., que não estava outra vez, provavelmente estava nas “compras”. Desta vez não lhe deixámos saco. Esperemos encontrá-lo na próxima semana para matar saudades.
Na esperança de encontrarmos mais gente, subimos a avenida, mas a situação não mudou: não vimos o J. P. nem outros tantos que por ali passam e por isso fomos ter com o Sr. A. que está sempre ali por perto. Com ele falámos bastante: sobre a férias, sobre a guerra de Ultramar, sobre os filhos... e com alegria partimos para falarmos com a família feliz! À entrada para o carro, o Sr. J. das Alcatifas ainda nos pediu um saco, que demos porque tínhamos. Na família Q, desta vez, estavam mais desanimados pois o J. foi parar à prisão. Diz a Sra. F. que ele está a aguardar julgamento para sair, já que está inocente. Vamos rezar e aguardar mais notícias.
Por fim, como estávamos com a ronda de Sta. Catarina e ainda havia sacos e águas, fomos dar um “saltinho” ao bairro onde encontrámos o Z.F. que, como sempre, nos falou tão bem sobre ele e sobre os filhos. Vimos muitos outros, como a Sra. Ana que no disse estar muito contente com a viagem que tem marcada para Fátima; e outros anónimo que apenas querem o saco e nada mais. Aí, fizemos a nossa oração todos juntos, rezando por cada pessoa que encontrámos em particular.
Um beijo a todos e até domingo,
Ana Barbosa de Carvalho.
segunda-feira, setembro 04, 2006
Crónica da Ronda de 3/9/2006 (Areosa)
Foi o último fim-de-semana de férias, o que ainda se fez notar no número de voluntários. A oração começou com um excerto do livro do Pedro Strecht, "Preciso de Ti". Tratava-se do caso de um rapaz de um bairro social da nossa cidade, que nós visitamos, e que o autor compara a uma ameixa que caíu ainda verde da árvore...
Para a Areosa parti eu e a Joana Simões, com a S. e o sr. J. Conseguimos convencer o sr. J. a parar na primeira farmácia (tivémos sorte porque estava de serviço) para lhe comprar um remédio para a dor de dentes que estava a sentir. Seguimos para a casa da S. Sentámo-nos, eles tomaram o café com leite e conversámos. A S. já tinha uma advogada nomeada e ia hoje falar com ela por causa da pensão de "viuvez". Foi a visita mais agradável que fiz à S. e ao sr. J. Não me apetecia nada continuar a ronda...
Levámos o sr. J. a casa e seguimos à procura do sr. P. Nada, mais uma vez. No prédio, encontrámos o sr. J. M. o sr. J., o sr. R. e dois novos: O sr. A. e um jovem ucraniano. Vieram os dois de Madrid de um centro de desintoxicação e o sr. J. acolheu-os junto dele. O sr. J. tem um feitio complicado, mas também tem bom coração, pelos vistos. Fiquei contente!
O sr. M. voltou ao local antigo. Ontem estava às voltas sem conseguir dormir, cheio de sede e pouco lúcido. A D. I. não estava e ninguém sabia dela e o sr. J. dorme na área automática duma sucursal do Banco. O ar-condicionado estava ligado e estava mais frio lá dentro do que na rua. Deixámos o saco e fomos embora.
Ainda passámos perto daquele vídeo clube, mas não estava ninguém. A ronda acabou dentro do carro em frente à Igreja da Senhora de Fátima. Partilhámos a boa disposição com que a S. tem andado ultimamente. Deus queira que nunca a desiludamos, pois ela parece muito dependente do nosso apoio. A responsabilidade é enorme!
Um abraço a todos.
Para a Areosa parti eu e a Joana Simões, com a S. e o sr. J. Conseguimos convencer o sr. J. a parar na primeira farmácia (tivémos sorte porque estava de serviço) para lhe comprar um remédio para a dor de dentes que estava a sentir. Seguimos para a casa da S. Sentámo-nos, eles tomaram o café com leite e conversámos. A S. já tinha uma advogada nomeada e ia hoje falar com ela por causa da pensão de "viuvez". Foi a visita mais agradável que fiz à S. e ao sr. J. Não me apetecia nada continuar a ronda...
Levámos o sr. J. a casa e seguimos à procura do sr. P. Nada, mais uma vez. No prédio, encontrámos o sr. J. M. o sr. J., o sr. R. e dois novos: O sr. A. e um jovem ucraniano. Vieram os dois de Madrid de um centro de desintoxicação e o sr. J. acolheu-os junto dele. O sr. J. tem um feitio complicado, mas também tem bom coração, pelos vistos. Fiquei contente!
O sr. M. voltou ao local antigo. Ontem estava às voltas sem conseguir dormir, cheio de sede e pouco lúcido. A D. I. não estava e ninguém sabia dela e o sr. J. dorme na área automática duma sucursal do Banco. O ar-condicionado estava ligado e estava mais frio lá dentro do que na rua. Deixámos o saco e fomos embora.
Ainda passámos perto daquele vídeo clube, mas não estava ninguém. A ronda acabou dentro do carro em frente à Igreja da Senhora de Fátima. Partilhámos a boa disposição com que a S. tem andado ultimamente. Deus queira que nunca a desiludamos, pois ela parece muito dependente do nosso apoio. A responsabilidade é enorme!
Um abraço a todos.
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