Este Domingo começou num lugar diferente. Na Praça Rainha D.Amélia (junto ao CAT oriental), fomos encontrar o Sr JC. Está na rua provisoriamente, segundo ele, até esta semana, já que está prestes a receber “uns dinheiros em atraso”. O café é, sem dúvida, uma excelente forma de os fazer falar um bocadinho sobre a vida. De regresso ao carro, veio ao nosso encontro o Sr O. Já trabalhou como picheleiro, mas agora, com a falta de trabalho que há, só vai fazendo uns biscatezinhos, de vez em quando. Encontrou uma porta aberta numa casa velha em frente à praça. Apesar de a casa estar ocupada com os pertences de alguém, ia tentar passar a noite lá. Aceitou o saco e o café quente. Depois de mais uns dedos de conversa, partimos para o edifício abandonado. Estivemos, como de costume com o J., que mostrou mais uma vez a vontade “de sair desta vida”, e com a companheira dele. A D. gritou pela janela por um saco de comida para ela e para o marido, mas dissemos que isso só seria possível se eles descessem. Como esta situação já aconteceu, desta vez não demos mesmo. Estivemos com duas pessoas novas: a T. e o N.. São muito novos (a T. tem 22 anos), têm duas filhas que vivem com os avós. Ela já trabalhou na pizza hut, na Suiça, mas teve que voltar porque o contrato acabou. Diz que tem procurado emprego mas como “nós vamos ficando mais sujos por viver na rua” torna-se muito difícil. Ficou de me dar um papel (tipo carta de recomendação que trouxe da Suiça) que está escrito em alemão, para eu traduzir. Poderá ser uma ajuda para procurar trabalho, por enquanto.
A caminho outra vez, fomos ter com o Sr. M.. Encontramo-lo tristinho com a vida, mas nada que dois minutos de conversa e um sumo (já tinha passado a carrinha das bebidas quentes) não resolvesse. Incrível este Sr. M.. Passou por nós um rapaz que costuma dormir perto do Hospital de S. João. Demos-lhe um saco e um cafezinho. O Sr. J. estava perturbado (o “preto”, como ele lhe chama, estava a dormir lá ao lado, completamente pedrado…), mas tomou o segundo café da noite e deixou-nos mais uma vez com a mesma promessa de sempre: “para a semana ninguém me encontra aqui”. Passou mais tarde por nós, enquanto falávamos com a D. I.. Estava mesmo perturbado.
A I. já se preparava para dormir, na lojinha das fotografias, quando lá chegamos. Disse-nos que ia ao hospital tirar a borbulha que tem na boca (cresceu imenso esta semana). Muito conversadora, como sempre, aceitou o saquinho e bebeu um cafezito com leite.
Terminamos a ronda no Aleixo. Foi uma ronda com nova paragem, com mais sorrisos e promessas. O trabalho pela cidade continua :). Boa semana e até domingo.
Joana Simões
2 comentários:
Joana: Parabéns pela crónica. Fiquei orgulhoso!
1 bj., NSB.
Acabei de me cruzar com o novo casal do prédio da Fern. de Magalhães: Vinham do Bairro de S. João de Deus...
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