quarta-feira, outubro 22, 2008

Ronda da Batalha - 12.10.2008

Se no domingo passado me tivessem perguntado como ia ser a ronda, não hesitaria em responder que seria idêntica às das últimas semanas, já que, por circunstâncias diversas, o número de casos que visitamos tem vindo a diminuir, e as visitas a fazer pareciam então bastante previsíveis.
Essencialmente, o que queria deixar aqui registado, e partilhado, é a forma como o encontro com uma destas pessoas foi diferente do habitual... e no entanto, todos somos os mesmos, ele e nós! A única coisa que mudou foi o tempo, que entretanto foi passando, e que só por si – e quase sem darmos por isso – tratou de criar laços, enraizar relações e permitir confiança, a partir de uma presença continuada de ambas as partes.
Neste encontro não se repetiu uma das situações habituais em que, ora a conversa é animada e sem sentido, por influência do álcool, ora – por falta deste – abunda o silêncio, e ao primeiro momento em que nós nos calamos, nos sugere que prefere ficar sozinho... Neste encontro a conversa não foi animada pelo álcool, mas houve tempo para estar e ficar... houve silêncio e houve palavras, mas fez-se sentir o prazer da presença mútua. Acima de tudo houve cumplicidade, traduzida em sorrisos, em olhares nos olhos, no facto de nos ter deixado ficar mesmo quando não nos ocorreu o que dizer... apenas porque há uma relação, construida com o tempo, e para que ela se manifestasse, no domingo passado, bastou a presença.

João Aires

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