Famílias, Aldeias e Sem Abrigo estas são as nossas áreas de acção. Um grupo de jovens do Porto, que no CREU têm uma casa, lançam mãos aos desafios que lhes surgem.
quinta-feira, outubro 30, 2008
quarta-feira, outubro 29, 2008
MUUDA "FAS Ronda" no fim-de-semana. Participe!
Rua do Rosário, 294, Porto
EM DESTAQUE |
SÁBADO, 1 DE NOVEMBRO Sensível a esta conjuntura e aos reflexos que se sentem actualmente no nosso país e no mundo, o MUUDA dedica o próximo Sábado a uma recolha de roupa para o Inverno dos mais carenciados. Traga camisolas, casacos, cobertores, mantas e outros agasalhos e terá DESCONTO DE 10% nas compras desse dia. Os produtos oferecidos serão distribuídos logo no Domingo, dia 2, aos sem-abrigo do Grande Porto. Esta iniciativa é feita em parceria com a FAS Rondas, um grupo de voluntários que se reúne no CREU, desde 2003, e promove acções de apoio a Famílias, Aldeias e Sem-abrigo através da angariação e entrega de bens de primeira necessidade. NOTA: O desconto mencionado só é válido no dia 1 de Novembro e não é acumulável com qualquer promoção. |
Mais informação em www.muuda.com/ MUUDA - Rua do Rosário, 294, Porto; telf: 222011833 |
Crónica dos Aliados - 26.10.2008
A ronda de hoje começou com bastante frio e um voluntário novo, o Guilherme, além de nós. Iniciamos a ronda pela zona de Cedofeita, desta vez com uma autêntica feira. De facto, apareceram os habituais Sr A. e Sr. A.2, bem como o J., que aparece de vez em quando, apenas quando não está ocupado com alguma das suas quatro namoradas do costume… Para além destes, apareceram o E. e J.A.. Para além das conversas habituais de futebol, que é sempre um dos temas de conversa abordados (apenas para quebrar o gelo), recebemos todos massagens do J., que devia começar a cobrar em saquinhos de arroz ou massa, pois tem imenso jeito (além de endireitar as costas). O E. e J.A., que já não víamos há algum tempo, estiveram-nos a contar as suas artimanhas de arrombar as portas das casas antigas para conseguir dormir com o mínimo de conforto. Afinal também aprendemos alguma coisa nas rondas…
Passámos à próxima paragem, onde esperávamos encontrar o J.C. e o J.. No entanto, apesar de termos esperado algum tempo, não os encontrámos lá. Vamos tentar passar lá esta semana para ver se os vemos. Temos vindo a acompanhar o J.C. há algum tempo. É um senhor de meia-idade muito afável e muito lutador por aquilo que quer. Quando o conhecemos ele estava a dormir na rua, e estava a tentar arranjar um quarto pela assistente social, com a ajuda de umas meninas de uma associação de apoio aos sem-abrigo (a C.A.S.A.). Neste caso, nós apenas acompanhávamos e proporcionávamos alguma companhia. No entanto, era visível pelo brilho dos olhos dele a alegria da nossa companhia, o que também nos enchia de alegria. Recentemente conseguiu arranjar um quarto, fiado na conversa da dona do quarto, que dizia que o quarto tinha duas janelas, o que o fez aceitar logo, devido ao seu problema de bronquite asmática. O que a senhora se esqueceu de dizer é que o prédio tem uma casa de banho de menos de 1mx1m para três pisos de quartos, o quarto era num sótão a cair de podre com as paredes amarelas do mofo, mal cabe a cama, não tem cómodas nem guarda-fatos. Como tal, encontra-se neste momento a tentar arranjar outro quarto… Esperemos que consiga arranjar!
De seguida, fomos falar com o P. e o F., embora só lá estivesse o primeiro. No entanto, estava lá com uns tubinhos e uns limões, e disse-nos educadamente que não era boa altura, embora nos tivesse prometido que na semana seguinte estaria lá à nossa espera com outra disposição. Que coincidência estes sem-abrigos andarem todos com limões, deve ser para beberem limonada antes de adormecer (eh eh).
Na nossa última paragem desta ronda, fomos falar com o F.. Mas, como diz o ditado, o melhor fica para o fim! De facto, este senhor, de meia-idade e com uma grande barba, é simplesmente o máximo! Isto porque tem sempre histórias mirabolantes para nos contar, dos seus tempos de juventude e não só. As suas anteriores ocupações também levam sempre a interessantes conversas, embora eu ache melhor não aprofundar muito este assunto… Diz-nos também que nunca dorme, apenas descansa a vista. No entanto, algumas vezes passamos lá e somos capaz de jurar que estava a ressonar, mas deve ser impressão nossa. Nesses dias acabamos a ronda tristinhos, pois perdemos o melhor momento da noite … A "suite" que ele constrói para dormir é também um factor da nossa admiração. De facto, o F. dorme mais confortável do que num colchão pikolin, pois deita-se em cima de 5 ou 6 sacos de viagem cheios de roupa (que às vezes nos quer oferecer). Além disto, tapa-se completamente com um conjunto de plásticos estrategicamente atados com cordéis à fachada do edifício onde está (tal como num remendo de um pano), o que lhe permite abrigar-se do vento e da chuva. E com esta visita terminámos a ronda de hoje, cheios de vontade de voltar a encontrar estas pessoas a quem o mundo voltou as costas…
Raul Campilho
Passámos à próxima paragem, onde esperávamos encontrar o J.C. e o J.. No entanto, apesar de termos esperado algum tempo, não os encontrámos lá. Vamos tentar passar lá esta semana para ver se os vemos. Temos vindo a acompanhar o J.C. há algum tempo. É um senhor de meia-idade muito afável e muito lutador por aquilo que quer. Quando o conhecemos ele estava a dormir na rua, e estava a tentar arranjar um quarto pela assistente social, com a ajuda de umas meninas de uma associação de apoio aos sem-abrigo (a C.A.S.A.). Neste caso, nós apenas acompanhávamos e proporcionávamos alguma companhia. No entanto, era visível pelo brilho dos olhos dele a alegria da nossa companhia, o que também nos enchia de alegria. Recentemente conseguiu arranjar um quarto, fiado na conversa da dona do quarto, que dizia que o quarto tinha duas janelas, o que o fez aceitar logo, devido ao seu problema de bronquite asmática. O que a senhora se esqueceu de dizer é que o prédio tem uma casa de banho de menos de 1mx1m para três pisos de quartos, o quarto era num sótão a cair de podre com as paredes amarelas do mofo, mal cabe a cama, não tem cómodas nem guarda-fatos. Como tal, encontra-se neste momento a tentar arranjar outro quarto… Esperemos que consiga arranjar!
De seguida, fomos falar com o P. e o F., embora só lá estivesse o primeiro. No entanto, estava lá com uns tubinhos e uns limões, e disse-nos educadamente que não era boa altura, embora nos tivesse prometido que na semana seguinte estaria lá à nossa espera com outra disposição. Que coincidência estes sem-abrigos andarem todos com limões, deve ser para beberem limonada antes de adormecer (eh eh).
Na nossa última paragem desta ronda, fomos falar com o F.. Mas, como diz o ditado, o melhor fica para o fim! De facto, este senhor, de meia-idade e com uma grande barba, é simplesmente o máximo! Isto porque tem sempre histórias mirabolantes para nos contar, dos seus tempos de juventude e não só. As suas anteriores ocupações também levam sempre a interessantes conversas, embora eu ache melhor não aprofundar muito este assunto… Diz-nos também que nunca dorme, apenas descansa a vista. No entanto, algumas vezes passamos lá e somos capaz de jurar que estava a ressonar, mas deve ser impressão nossa. Nesses dias acabamos a ronda tristinhos, pois perdemos o melhor momento da noite … A "suite" que ele constrói para dormir é também um factor da nossa admiração. De facto, o F. dorme mais confortável do que num colchão pikolin, pois deita-se em cima de 5 ou 6 sacos de viagem cheios de roupa (que às vezes nos quer oferecer). Além disto, tapa-se completamente com um conjunto de plásticos estrategicamente atados com cordéis à fachada do edifício onde está (tal como num remendo de um pano), o que lhe permite abrigar-se do vento e da chuva. E com esta visita terminámos a ronda de hoje, cheios de vontade de voltar a encontrar estas pessoas a quem o mundo voltou as costas…
Raul Campilho
domingo, outubro 26, 2008
Crónica da Boavista - 05.10.2008
Encontramos a D. F. no lugar do costume. Sentada no seu velho banco ao ar livre, junto ao edifício localizado no parque de estacionamento, aguardava a vinda de um dos filhos. O frio de Outono fazia-se sentir mas parecia não lhe fazer diferença, pelo menos não o suficiente para a demover dali e abrigar-se na barraca escondida por detrás do edifício, onde vive com o marido. O local tornou-se estratégico. Quem a procura sabe onde a encontrar. Queixou-se novamente sobre o seu estado de saúde. A juntar-se às dores de barriga, um dente infeccionou e estava hesitante em ir ao Centro de Saúde.
Seguimos para a zona da Boavista onde, invariavelmente, o Sr. G. ocupa o "posto" de arrumador nocturno de carros. Continua com o mesmo colete de sinalização e, à falta de melhor, com o mesmo crachá que um dia achou no chão de um participante do I Seminário Ibérico sobre "a madeira como elemento construtivo". Acha que lhe dá um ar mais profissional, visto de longe é claro. Apesar dos seus setenta e tal anos não pensa em desistir e recebeu-nos, como sempre, com um sorriso. Falamos do Volvo que lhe deram (quase sucata). Não anda, ainda. Mas com uns arranjitos está esperançado que vai ter ali uma bela máquina para passear com a sua senhora!
Seguimos depois para debaixo da ponte onde mora o Sr. A., de um lado, e o Sr. Z., do outro, que não estava. O Sr. A. contou-nos que lhe tinham furtado meio pacote de batatas fritas e um pacote de filipinos. Devia ter sido alguém com fome. O sítio não estava muito limpo. Havia lixo espalhado encosta abaixo. Incentivamos o Sr. A. a fazer uma limpeza. Falamos de vinho, bebida que o Sr. A. aprecia bastante, das voltas que faz e também dos "clientes certos" que lhe costumam dar algum dinheiro.
Fomos por fim ao encontro do Sr. Al., do Sr. Ar. e da D. G. Infelizmente, o Sr. Ar. não estava. Há dias que não era visto. Soubemos que alguém lhe tinha furtado um cobertor. O Sr. Al. parecia cansado mas mostrou-se contente com a nossa presença. A conversa foi curta. Falamos das dificuldades da vida. A D. G. teve entretanto de apanhar o autocarro para ir para casa, momento em que nos despedimos de ambos. E assim terminou mais uma ronda.
Sónia Bartolomeu
Seguimos para a zona da Boavista onde, invariavelmente, o Sr. G. ocupa o "posto" de arrumador nocturno de carros. Continua com o mesmo colete de sinalização e, à falta de melhor, com o mesmo crachá que um dia achou no chão de um participante do I Seminário Ibérico sobre "a madeira como elemento construtivo". Acha que lhe dá um ar mais profissional, visto de longe é claro. Apesar dos seus setenta e tal anos não pensa em desistir e recebeu-nos, como sempre, com um sorriso. Falamos do Volvo que lhe deram (quase sucata). Não anda, ainda. Mas com uns arranjitos está esperançado que vai ter ali uma bela máquina para passear com a sua senhora!
Seguimos depois para debaixo da ponte onde mora o Sr. A., de um lado, e o Sr. Z., do outro, que não estava. O Sr. A. contou-nos que lhe tinham furtado meio pacote de batatas fritas e um pacote de filipinos. Devia ter sido alguém com fome. O sítio não estava muito limpo. Havia lixo espalhado encosta abaixo. Incentivamos o Sr. A. a fazer uma limpeza. Falamos de vinho, bebida que o Sr. A. aprecia bastante, das voltas que faz e também dos "clientes certos" que lhe costumam dar algum dinheiro.
Fomos por fim ao encontro do Sr. Al., do Sr. Ar. e da D. G. Infelizmente, o Sr. Ar. não estava. Há dias que não era visto. Soubemos que alguém lhe tinha furtado um cobertor. O Sr. Al. parecia cansado mas mostrou-se contente com a nossa presença. A conversa foi curta. Falamos das dificuldades da vida. A D. G. teve entretanto de apanhar o autocarro para ir para casa, momento em que nos despedimos de ambos. E assim terminou mais uma ronda.
Sónia Bartolomeu
sexta-feira, outubro 24, 2008
Novo Calendário e Organigrama 2008/2009
Coloco aqui em destaque a actualização do Calendário relativo ao nosso próximo ano de actividade, bem como o Organigrama do FAS:
Podem sempre consultar estes documentos, na secção Informações úteis, do lado direito da nossa página.
Podem sempre consultar estes documentos, na secção Informações úteis, do lado direito da nossa página.
quarta-feira, outubro 22, 2008
Ronda da Batalha - 12.10.2008
Se no domingo passado me tivessem perguntado como ia ser a ronda, não hesitaria em responder que seria idêntica às das últimas semanas, já que, por circunstâncias diversas, o número de casos que visitamos tem vindo a diminuir, e as visitas a fazer pareciam então bastante previsíveis.
Essencialmente, o que queria deixar aqui registado, e partilhado, é a forma como o encontro com uma destas pessoas foi diferente do habitual... e no entanto, todos somos os mesmos, ele e nós! A única coisa que mudou foi o tempo, que entretanto foi passando, e que só por si – e quase sem darmos por isso – tratou de criar laços, enraizar relações e permitir confiança, a partir de uma presença continuada de ambas as partes.
Neste encontro não se repetiu uma das situações habituais em que, ora a conversa é animada e sem sentido, por influência do álcool, ora – por falta deste – abunda o silêncio, e ao primeiro momento em que nós nos calamos, nos sugere que prefere ficar sozinho... Neste encontro a conversa não foi animada pelo álcool, mas houve tempo para estar e ficar... houve silêncio e houve palavras, mas fez-se sentir o prazer da presença mútua. Acima de tudo houve cumplicidade, traduzida em sorrisos, em olhares nos olhos, no facto de nos ter deixado ficar mesmo quando não nos ocorreu o que dizer... apenas porque há uma relação, construida com o tempo, e para que ela se manifestasse, no domingo passado, bastou a presença.
João Aires
Essencialmente, o que queria deixar aqui registado, e partilhado, é a forma como o encontro com uma destas pessoas foi diferente do habitual... e no entanto, todos somos os mesmos, ele e nós! A única coisa que mudou foi o tempo, que entretanto foi passando, e que só por si – e quase sem darmos por isso – tratou de criar laços, enraizar relações e permitir confiança, a partir de uma presença continuada de ambas as partes.
Neste encontro não se repetiu uma das situações habituais em que, ora a conversa é animada e sem sentido, por influência do álcool, ora – por falta deste – abunda o silêncio, e ao primeiro momento em que nós nos calamos, nos sugere que prefere ficar sozinho... Neste encontro a conversa não foi animada pelo álcool, mas houve tempo para estar e ficar... houve silêncio e houve palavras, mas fez-se sentir o prazer da presença mútua. Acima de tudo houve cumplicidade, traduzida em sorrisos, em olhares nos olhos, no facto de nos ter deixado ficar mesmo quando não nos ocorreu o que dizer... apenas porque há uma relação, construida com o tempo, e para que ela se manifestasse, no domingo passado, bastou a presença.
João Aires
terça-feira, outubro 21, 2008
Crónica dos Imigrantes - 19.10.08
Éramos 5, numa tarde que parecia de verão: calor, boa disposição e animação. Os famosos 5, desta vez, éramos: Valéria, Ana Pinho, Joana, Diogo e eu.
Os habitantes da UHSA eram 14: tinham entrado 7 novos, naquela semana. Eram originários do Brasil, Guiné-Bissau, Senegal, Geórgia, Quénia, China e Ucrânia. O contacto inicial foi complicado. Eles estavam maioritariamente na sala de convívio, sendo que os restantes estavam naquele espaço de compromisso exterior/interior, uns e a descansar, outros. Pensámos em fazer a apresentação e o jogo da rede com o novelo de lã no referido espaço, mas ninguém nos acompanhou até lá fora. Regressámos à sala de convívio e desafiámos todos a participar. Houve renitentes que só noutros jogos se foram entusiasmando e aderindo.
Tentámos pôr música dos respectivos países, mas também não foi fácil. Desta vez era o material de reprodução sonora que não colaborava. Valeu-nos um Georgiano que falava inglês, para nos ajudar a operar o leitor de DVD articulado com a televisão.
Partimos para o jogo das bolas-de-meias nos baldes. Sucesso total: todos aderiram, com enorme entusiasmo! Mesmo os renitentes e os de mais difícil comunicação. Venceu o Georgiano que se expressava na língua anglo-saxónica, acertando, com algum à vontade, no balde mais distante, sem necessitar sequer, de recorrer à estante como tabela.
A Valéria, que é uma nova voluntária, levou um jogo de palavras, com um tabuleiro e peças com letras. Desafiámos, então, os nossos amigos a comporem, a partir de uma letra inicial, palavras nas próprias línguas. Esta iniciativa acabou por servir de mote a várias conversas sobre a vida de cada um: origem; destino; opinião acerca de Portugal; actividade profissional; etc.
Chegou a hora da despedida e os 5 tiveram que regressar a casa. Cantámos, como no início, o NoXuCuRéLá e despedimo-nos de toda a gente, desejando boa-sorte a cada um. Eu fiquei com as palavras do Georgiano: “This has been a happy day, for me!”
Beijos e abraços,
Nuno de Sacadura Botte
Os habitantes da UHSA eram 14: tinham entrado 7 novos, naquela semana. Eram originários do Brasil, Guiné-Bissau, Senegal, Geórgia, Quénia, China e Ucrânia. O contacto inicial foi complicado. Eles estavam maioritariamente na sala de convívio, sendo que os restantes estavam naquele espaço de compromisso exterior/interior, uns e a descansar, outros. Pensámos em fazer a apresentação e o jogo da rede com o novelo de lã no referido espaço, mas ninguém nos acompanhou até lá fora. Regressámos à sala de convívio e desafiámos todos a participar. Houve renitentes que só noutros jogos se foram entusiasmando e aderindo.
Tentámos pôr música dos respectivos países, mas também não foi fácil. Desta vez era o material de reprodução sonora que não colaborava. Valeu-nos um Georgiano que falava inglês, para nos ajudar a operar o leitor de DVD articulado com a televisão.
Partimos para o jogo das bolas-de-meias nos baldes. Sucesso total: todos aderiram, com enorme entusiasmo! Mesmo os renitentes e os de mais difícil comunicação. Venceu o Georgiano que se expressava na língua anglo-saxónica, acertando, com algum à vontade, no balde mais distante, sem necessitar sequer, de recorrer à estante como tabela.
A Valéria, que é uma nova voluntária, levou um jogo de palavras, com um tabuleiro e peças com letras. Desafiámos, então, os nossos amigos a comporem, a partir de uma letra inicial, palavras nas próprias línguas. Esta iniciativa acabou por servir de mote a várias conversas sobre a vida de cada um: origem; destino; opinião acerca de Portugal; actividade profissional; etc.
Chegou a hora da despedida e os 5 tiveram que regressar a casa. Cantámos, como no início, o NoXuCuRéLá e despedimo-nos de toda a gente, desejando boa-sorte a cada um. Eu fiquei com as palavras do Georgiano: “This has been a happy day, for me!”
Beijos e abraços,
Nuno de Sacadura Botte
Magusto nas Aldeias - Reunião 30/10
Olá a todos os "Fasedores de Rondas"
O Magusto nas Aldeias está marcado para o dia 09 de Novembro, pelas 14h. Os voluntários das aldeias vão reunir-se no dia 30/10, no CREU, pelas 21h30, para organizarem este evento,mas todos estão convidados a ajudar na organização e a participar na festa de S.Martinho. Se quiseres, aparece!
O Magusto nas Aldeias está marcado para o dia 09 de Novembro, pelas 14h. Os voluntários das aldeias vão reunir-se no dia 30/10, no CREU, pelas 21h30, para organizarem este evento,mas todos estão convidados a ajudar na organização e a participar na festa de S.Martinho. Se quiseres, aparece!
Ida às Aldeias 25/10
Olá "Aldeões"
As visitas às aldeias estão marcadas para o próximo sábado, dia 25 de Outubro, com saída às 11h, do Porto. O encontro é no local habitual, em frente à Igreja Nossa Senhora de Fátima.
Neste sábado é a vez dos visitadores do Grupo A.
Não faltes!
As visitas às aldeias estão marcadas para o próximo sábado, dia 25 de Outubro, com saída às 11h, do Porto. O encontro é no local habitual, em frente à Igreja Nossa Senhora de Fátima.
Neste sábado é a vez dos visitadores do Grupo A.
Não faltes!
quarta-feira, outubro 15, 2008
Noite de Abertura do CREU - 10.10.2008
Olá!!!
Pois é... =) No Passado dia 10 de Outubro, foi a noite de arranque do CREU, e o FAS mostrou um pouco do que fazia...
com conversas paralelas... com esclarecimentos... com testemunhos...
e com um novo vídeo de apresentação:
Ver em ecrã inteiro (Recomendado)
Também temos algumas fotos:
Pois é... =) No Passado dia 10 de Outubro, foi a noite de arranque do CREU, e o FAS mostrou um pouco do que fazia...
com conversas paralelas... com esclarecimentos... com testemunhos...
e com um novo vídeo de apresentação:
Ver em ecrã inteiro (Recomendado)
Também temos algumas fotos:
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quinta-feira, outubro 09, 2008
Crónica da Areosa - 05.10.08
Numa efeméride que colidiu desafortunadamente com um domingo, iniciamos mais uma jornada de sorrisos, como gentilmente gosto de a pensar. Em dia de comemoração da implantação da República, eu, a Ana, o Pedro, a Maria e a Andreia partimos rumo à implantação de alguma cor no dia-a-dia de quem perdeu os seus lápis de cera na longa rua da vida. A nossa tarefa (da qual sei que nos orgulhamos) é fazer com que estas pessoas não percam a vontade de pintar a sua vida, por mais taciturno que o desenho lhes possa parecer.
A noite estava bela, mas sarcasticamente fria. Iniciamos a ronda visitando a ilha, onde esperávamos encontrar a D. A e a S. Não tivémos muita sorte desta vez: tanto uma como outra não estavam em casa. Deixámos um saco junto ao anexo da S, como habitualmente, para que ela sentisse aquando da chegada que os seus amigos de sempre estiveram lá para mais umas boas conversas. Quanto à D. A, para além do saco, resolvemos também deixar-lhe um bilhete que a informava acerca das horas a que costumávamos lá passar todos os domingos, de forma a podermos vê-la e falar-lhe mais regularmente; no final, não nos privamos de lhe desejar uma óptima semana.
Dirigimo-nos de seguida para junto do Sr. J, pessoa que nos dá uma lição semanal da verdadeira essência da vida. Foi desconcertante a situação em que o encontrámos. Dormia sobre um papelão, tremia de frio e envergava um semblante que nem adormecido escondia o sofrimento pela condição. Apressámo-nos a arranjar um cobertor que se pudesse atenuar o seu frio, juntamente com uma sopa quente. Como sempre, o Sr. J agradeceu-nos amavelmente, concedendo-nos a honra de achar que podemos estar a criar grandes laços de amizade com ele. Ele retomou o descanso mais aquecido, e nós seguimos a nossa ronda.
Na paragem seguinte tentámos encontrar I, sem sucesso. Não havia sinais dela junto ao local onde costuma pernoitar, logo propusemos voltar lá um pouco mais tarde.
Rumamos então ao prédio em busca de R e B, na esperança de os encontrar bem. Quando os avistamos, ainda no carro, pareciam estar a discutir, dada a gesticulação. Quando os abordamos, percebemos que não se passava nada de alarmante. B informou-nos do seu novo emprego, falando dele com entusiasmo e esperança. A conversa direccionou-se para a vontade dos dois em arranjar casa, tendo estado o Pedro - o economista de serviço - a ajudá-los no cálculo e previsão das despesas de tal iniciativa. Como sempre, R mostrava-se céptica quanto à ideia, ao passo que o B mostrava-se bastante resoluto e optimista. Enquanto conversávamos com o B e a R (que parecia estar mais atenta à música do seu telemóvel do que às nossas perguntas), recebemos uma inesperada visita: o Sr. A. Estava bem vestido, bem cuidado, mas a solidão habitava tanto o seu rosto como o seu discurso. Pediu-nos algo quente para beber e algumas bolachas, falando-nos da sua intenção de se mudar para Lisboa nas próximas semanas. Pedimos-lhe que se encontrasse connosco antes de partir e que compilasse, como prenda de despedida, todos os poemas que gostava de nos escrever. Ele concordou com a ideia, mostrando-se até contente pelo interesse pela sua arte. Após alguns dedos de conversa com ele, com B e com R (que substituira a música do telemóvel pelos bocejos de sono), despedimo-nos todos com desejos de boa semana, antes de partirmos novamente em busca da I, tentativa que se revelou novamente infrutífera.
Na nossa última paragem visitámos o Sr. M. Desta vez, o seu sono era tão profundo que optamos por não o acordar, deixando os sacos junto à sua cama e acompanhados de um bilhetinho assinado por todos que continha desejos de uma boa semana.
Terminava assim mais uma ronda que, apesar de atípica, nos ensinou muito. É curioso sentir os valores de todas as coisas na nossa vida darem cambalhotas a cada ronda, fazendo-nos perceber que os melhores momentos da nossa existência provém da nossa relação com todo o tipo de pessoas, mesmo aquelas que parecem estar num cantinho de mundo esquecidas pelo mesmo. Mas por nós, nunca.
Luís Mouta Dias
A noite estava bela, mas sarcasticamente fria. Iniciamos a ronda visitando a ilha, onde esperávamos encontrar a D. A e a S. Não tivémos muita sorte desta vez: tanto uma como outra não estavam em casa. Deixámos um saco junto ao anexo da S, como habitualmente, para que ela sentisse aquando da chegada que os seus amigos de sempre estiveram lá para mais umas boas conversas. Quanto à D. A, para além do saco, resolvemos também deixar-lhe um bilhete que a informava acerca das horas a que costumávamos lá passar todos os domingos, de forma a podermos vê-la e falar-lhe mais regularmente; no final, não nos privamos de lhe desejar uma óptima semana.
Dirigimo-nos de seguida para junto do Sr. J, pessoa que nos dá uma lição semanal da verdadeira essência da vida. Foi desconcertante a situação em que o encontrámos. Dormia sobre um papelão, tremia de frio e envergava um semblante que nem adormecido escondia o sofrimento pela condição. Apressámo-nos a arranjar um cobertor que se pudesse atenuar o seu frio, juntamente com uma sopa quente. Como sempre, o Sr. J agradeceu-nos amavelmente, concedendo-nos a honra de achar que podemos estar a criar grandes laços de amizade com ele. Ele retomou o descanso mais aquecido, e nós seguimos a nossa ronda.
Na paragem seguinte tentámos encontrar I, sem sucesso. Não havia sinais dela junto ao local onde costuma pernoitar, logo propusemos voltar lá um pouco mais tarde.
Rumamos então ao prédio em busca de R e B, na esperança de os encontrar bem. Quando os avistamos, ainda no carro, pareciam estar a discutir, dada a gesticulação. Quando os abordamos, percebemos que não se passava nada de alarmante. B informou-nos do seu novo emprego, falando dele com entusiasmo e esperança. A conversa direccionou-se para a vontade dos dois em arranjar casa, tendo estado o Pedro - o economista de serviço - a ajudá-los no cálculo e previsão das despesas de tal iniciativa. Como sempre, R mostrava-se céptica quanto à ideia, ao passo que o B mostrava-se bastante resoluto e optimista. Enquanto conversávamos com o B e a R (que parecia estar mais atenta à música do seu telemóvel do que às nossas perguntas), recebemos uma inesperada visita: o Sr. A. Estava bem vestido, bem cuidado, mas a solidão habitava tanto o seu rosto como o seu discurso. Pediu-nos algo quente para beber e algumas bolachas, falando-nos da sua intenção de se mudar para Lisboa nas próximas semanas. Pedimos-lhe que se encontrasse connosco antes de partir e que compilasse, como prenda de despedida, todos os poemas que gostava de nos escrever. Ele concordou com a ideia, mostrando-se até contente pelo interesse pela sua arte. Após alguns dedos de conversa com ele, com B e com R (que substituira a música do telemóvel pelos bocejos de sono), despedimo-nos todos com desejos de boa semana, antes de partirmos novamente em busca da I, tentativa que se revelou novamente infrutífera.
Na nossa última paragem visitámos o Sr. M. Desta vez, o seu sono era tão profundo que optamos por não o acordar, deixando os sacos junto à sua cama e acompanhados de um bilhetinho assinado por todos que continha desejos de uma boa semana.
Terminava assim mais uma ronda que, apesar de atípica, nos ensinou muito. É curioso sentir os valores de todas as coisas na nossa vida darem cambalhotas a cada ronda, fazendo-nos perceber que os melhores momentos da nossa existência provém da nossa relação com todo o tipo de pessoas, mesmo aquelas que parecem estar num cantinho de mundo esquecidas pelo mesmo. Mas por nós, nunca.
Luís Mouta Dias
Crónica dos Imigrantes - 28.09.08
Mais um domingo acontece. Um dia diferente porque é passado com os imigrantes que estão retidos na UHSA.
Apesar de não termos tido férias, o presente domingo parecia o “regresso” da equipa, na medida em que pudemos contar com 9 dos elementos do grupo. Nomeadamente a Ana Aguiar, Ana Sampaio, Ana Deiros, Ana Pinho, Diogo, Salomé, Nuno, Miguel e eu, a Sónia.
Quanto aos imigrantes, apesar de poucos, contamos desta vez com uma grande diversidade em termos culturais, visto que era cada um de seu país. Um chinês, um italiano a residir em Espanha, um ucraniano, um angolano e por último, já nosso conhecido da última visita, um marroquino. Este último não muito participativo, devido ao facto de ser muçulmano e estar a cumprir o “Jejum Espiritual” – o Ramadão.
Notamos que estavam presentes mais pessoas, no entanto estas descansavam no quarto.
No inicio, à nossa chegada, somos nós próprios os imigrantes. Os estranhos que invadem um espaço onde quem lá está, geralmente joga de uma forma pacifica, num dialogo surdo, cartas ou xadrez e não raramente assiste à televisão.
É pela motivação de lhes proporcionar um momento agradável que avançamos. Sempre com o cuidado de tentar que as actividades eleitas sejam abrangentes em termos culturais, mas neutras em termos de convicções e valores. Isto porque a sociedade já é suficientemente agressiva a este nível. Não obstante o facto de que para tentar colmatar essa agressividade, esforçamo-nos por estar o mais disponível possível para receber o que eles têm para nos dar. E num limite posso mesmo dizer que recebemos muito mais do que aquilo que damos.
Como sabemos bem, as diferenças no mundo originam deslocações de pessoas de uns lugares para outros, em função das oportunidades que se lhes mostram mais ajustadas para melhorarem a sua vida. Neste plano não existe qualquer lei que impeça seja quem for de imigrar. O povo português sabe que esta é uma questão incontornável, pois apesar das muitas leis que os proibiam de emigrar, nenhuma delas foi capaz de os impedir de tomar tal decisão. Esta é a ideia que tentamos passar numa das actividades que desde o primeiro dia esteve presente – a da rede (novelo de lã).
Esta actividade consiste em fazer desenrolar um novelo de lá, que vai sendo atirado de uns para os outros, que em simultâneo vão dizendo o seu nome, idade e naturalidade. Como a ordem é aleatória, o resultado final é uma rede. E a mensagem que passamos é precisamente a de que “apesar de sermos todos de sítios diferentes, estamos naquele dia ali todos juntos, ligados pela rede”.
Neste domingo decidimos que cada um podia expressar o seu desejo ou o seu sonho depois da leitura de um poema aquando ainda da rede formada. O ideal colectivo que ali emergia era sem dúvida o da liberdade. Liberdade esta, que se traduzia no sonho de viver numa sociedade multicultural, assente na igualdade de direitos e respeito pela diferença de todos os seres humanos, independente da sua nacionalidade, etnia, crença, condição social, etc…
Os resultados desta actividade levam-me assim a pensar que a imigração não pode ser dissociada da garantia dos direitos humanos universais.
Penso que para eles será mais um dia que têm de permanecer lá… para nós uma tarde a cumprir o nosso dever. E é neste ciclo de solidariedade e troca de experiências que nos vamos cruzando com o Mundo…
Sónia Ferreira
Apesar de não termos tido férias, o presente domingo parecia o “regresso” da equipa, na medida em que pudemos contar com 9 dos elementos do grupo. Nomeadamente a Ana Aguiar, Ana Sampaio, Ana Deiros, Ana Pinho, Diogo, Salomé, Nuno, Miguel e eu, a Sónia.
Quanto aos imigrantes, apesar de poucos, contamos desta vez com uma grande diversidade em termos culturais, visto que era cada um de seu país. Um chinês, um italiano a residir em Espanha, um ucraniano, um angolano e por último, já nosso conhecido da última visita, um marroquino. Este último não muito participativo, devido ao facto de ser muçulmano e estar a cumprir o “Jejum Espiritual” – o Ramadão.
Notamos que estavam presentes mais pessoas, no entanto estas descansavam no quarto.
No inicio, à nossa chegada, somos nós próprios os imigrantes. Os estranhos que invadem um espaço onde quem lá está, geralmente joga de uma forma pacifica, num dialogo surdo, cartas ou xadrez e não raramente assiste à televisão.
É pela motivação de lhes proporcionar um momento agradável que avançamos. Sempre com o cuidado de tentar que as actividades eleitas sejam abrangentes em termos culturais, mas neutras em termos de convicções e valores. Isto porque a sociedade já é suficientemente agressiva a este nível. Não obstante o facto de que para tentar colmatar essa agressividade, esforçamo-nos por estar o mais disponível possível para receber o que eles têm para nos dar. E num limite posso mesmo dizer que recebemos muito mais do que aquilo que damos.
Como sabemos bem, as diferenças no mundo originam deslocações de pessoas de uns lugares para outros, em função das oportunidades que se lhes mostram mais ajustadas para melhorarem a sua vida. Neste plano não existe qualquer lei que impeça seja quem for de imigrar. O povo português sabe que esta é uma questão incontornável, pois apesar das muitas leis que os proibiam de emigrar, nenhuma delas foi capaz de os impedir de tomar tal decisão. Esta é a ideia que tentamos passar numa das actividades que desde o primeiro dia esteve presente – a da rede (novelo de lã).
Esta actividade consiste em fazer desenrolar um novelo de lá, que vai sendo atirado de uns para os outros, que em simultâneo vão dizendo o seu nome, idade e naturalidade. Como a ordem é aleatória, o resultado final é uma rede. E a mensagem que passamos é precisamente a de que “apesar de sermos todos de sítios diferentes, estamos naquele dia ali todos juntos, ligados pela rede”.
Neste domingo decidimos que cada um podia expressar o seu desejo ou o seu sonho depois da leitura de um poema aquando ainda da rede formada. O ideal colectivo que ali emergia era sem dúvida o da liberdade. Liberdade esta, que se traduzia no sonho de viver numa sociedade multicultural, assente na igualdade de direitos e respeito pela diferença de todos os seres humanos, independente da sua nacionalidade, etnia, crença, condição social, etc…
Os resultados desta actividade levam-me assim a pensar que a imigração não pode ser dissociada da garantia dos direitos humanos universais.
Penso que para eles será mais um dia que têm de permanecer lá… para nós uma tarde a cumprir o nosso dever. E é neste ciclo de solidariedade e troca de experiências que nos vamos cruzando com o Mundo…
Sónia Ferreira
segunda-feira, outubro 06, 2008
Ida às Aldeias 11/10
Olá "Aldeões"
As visitas às aldeias estão marcadas para o próximo sábado, dia 11 de Outubro, com saída às 10h45h, do Porto. O encontro é no local habitual, em frente à Igreja Nossa Senhora de Fátima.
Neste sábado é a vez dos visitadores do Grupo B.
Não faltes!
As visitas às aldeias estão marcadas para o próximo sábado, dia 11 de Outubro, com saída às 10h45h, do Porto. O encontro é no local habitual, em frente à Igreja Nossa Senhora de Fátima.
Neste sábado é a vez dos visitadores do Grupo B.
Não faltes!
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