Depois de uma oração em frente à Igreja de Nossa Senhora de Fátima em que todos sentimos que partíamos juntos como grupo e com o mesmo objectivo para partes diferentes da cidade, partimos e entramos pela noite fria e cheia de descobertas.
Mal partimos, seguiram-se umas rápidas apresentações para sabermos os nomes e mais um bocadinho de cada um dos sete que íamos no jeep.
Fomos directos à rua de Santa Catarina onde esperávamos encontrar o Sr. F. e a Dna. E. (um casal muito querido que já conhecemos à muito tempo e que dormem agora numa casa abandonada sem luz nem água na rua de Sta. Catarina), o P. (um alemão já de meia idade) e "a" T. (travesti).
Antes de chegarmos a casa da Dna E. e Sr. F., reparámos que mais uma das lojas estava novamente ocupada depois de tanto tempo sem ninguém. Estavam lá coisas de 3 pessoas mas só um estava lá a dormir. Rapidamente acordou logo agitado e logo a dizer que não tinha medo de ninguém. Era o Sr. Z. que, voltou novamente à rua depois de quase 3 anos longe destas noites frias e incertas. Contou que a mulher dele tinha morrido à menos de três meses e que tinha perdido muita da vontade que tinha de viver assim como a casa onde morava com a mulher que não lhe pertencia… Estava muito triste e sem saber bem para que lado se podia virar porque a vontade era muito pouca. Quando dissemos que estávamos ali para o ajudar, comoveu-se rapidamente e disse que na fase da ida tão difícil em que esta, era tudo o que ele queria uma ajuda amiga que puxasse por ele, porque sabia mesmo que sozinho não conseguia. Tivemos com ele a tentar encontrar hipótese de ajuda e a deixar-lhe um bocadinho de esperança que o ajudasse a dormir melhor. Que bom que foi vermos na cara dele como a expressão foi mudando ao longo da conversa por se sentir acolhido! Claro que continuava com grande tristeza mas é mesmo bom ver a diferença que faz uma conversa e um bocado de atenção. Tivemos aí algum tempo ate que chegou um alemão que também estava lá a dormir… não estava muito bem-humorado porque lhe tinham remexido as coisas dele no território dele. Entretanto, parte do grupo tinha ido ter com a Dna. E. e o Sr. F. porque a Dna E. já tinha aparecido, "cheia de ciúmes" a dizer que estávamos a dar mais atenção ao Sr. Z. do que a ela!!!
Tivemos depois a conversar um bocadinho com a Dna. E., o Sr. F. e o Sr. M. (amigo dos dois). Estávamos todos contentes com a nossa visita e a Dna. E. disse que queria a fotografia de cada um para mostrar à mãe os amigos que tem. Principalmente a fotografia do Jorge, do Filipe e do Carlos… porque diz que um dia ainda quer namorar com um dos 3!!
A seguir falamos um bocado com "a T." (travesti) que mais uma vez nos teve a falar de todos os amigos especiais e imaginários que a acompanham todos os dias… falando connosco e com esses "seres" ao mesmo tempo. Um bocado estranho e bastante "esquizofrénico" mas ao menos sentimos que enquanto esta connosco, esta "realmente" acompanhada por um bocadinho!
Seguimos depois para o Aleixo onde encontramos o resto do grupo para um final "bem geladinho" mas com os corações um bocadinho mais cheios e com grande vontade de MAIS!
Mafalda Sarmento
1 comentário:
Só me ocorre uma palavra para definir o que acbei de ler: "LINDO!"
Mónica
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