terça-feira, abril 17, 2012

Crónica das Aldeias – 24.03.2012

Existem datas que nunca esquecemos como o dia do aniversário dos
nossos pais ou de um amigo, ou simplesmente o nosso primeiro dia de
Escola. Para mim existe um dia que nunca vou apagar da memória,
24/03/2012, o meu primeiro dia como voluntário no FAS Aldeias.
Lembro-me de, durante essa semana, andar feliz e entusiasmado com o
facto de pela primeira vez ir fazer voluntariado. Mas, de repente,
algo se modificou e tomou-se sobre mim um premente sofrimento porque
não sabia como iria ser capaz de me entregar ao outro se naquele
momento não me encontrava bem comigo mesmo.
No dia das visitas, à medida que íamos caminhando por terras nortenhas
entre montes e vales, religiosamente ia reparando na natureza e
verificava que toda ela é uma montra constante de dádiva e serviço, já
que nela tudo é posto ao serviço do outro numa cadeia de eventos
interligados. Por exemplo, as árvores produzem frutos dos quais não se
alimentam mas que livremente oferecem para sustento do ser humano e
dos animais.
Quando chegámos a Ansiães e eu entrei em contacto com as senhoras,
todo o sofrimento se evaporou pois, só o facto de conseguir arrancar
um sorriso, fez com que eu também sorrisse e brincasse e logo ficasse
mais feliz. Ao partilhar a dor com estas senhoras através de uma
palavra amiga senti-me melhor como pessoa e com maior capacidade de
amar. Aprendi de forma clara e evidente a profunda verdade contida na
célebre frase de John Donne "Nenhum Homem é uma ilha".
Assim, por todas estas razões este dia vai ficar para sempre marcado
no meu coração. Percebi que fazer voluntariado é compreender que a
sorte é diferente para cada um e que o dinheiro e o estatuto social
não são as coisas mais importantes da vida. A felicidade de dar, nem
que seja um sorriso, faz bem ao ego e aquece a alma de quem recebe e
de quem dá.
Saudações
Michel - Ansiães

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