Sábado, um sol maravilhoso que nos aquece o coração! Partida rumo às aldeias, para visitar as nossas "senhoras" que poderiam ser nossas avós!
Paragem em Candemil, o nosso local de almoço nestes dias de Inverno, instalámo-nos confortavelmente na varanda da casa da paróquia a saborear a bela sopa de espargos enquanto a conversa fluía entre todos, animada pelos raios de sol.
Partimos em direcção às aldeias, dividimo-nos, para mais tarde, nos encontrarmos em Bustelo e partilharmos a nossa tarde e a nossa vivência.
Com um até já a todos, vou para Basseiros, uma aldeia pequena e simpática, as flores já começam a aparecer, ouvem-se os pássaros chilrear, tudo parece começar a florescer…
Vou até à casa da D. Deolinda que encontro sentada à porta ao sol, não me reconheceu, mas após uma breve explicação identificou-me (afinal só lá tinha estado uma vez há 15 dias atrás), falou-me da doença que a afecta e da sua fragilidade e debilidade física, mas aos poucos lá começou a sorrir e a sentir-se de cada vez mais à vontade, e eu a agradecer aquele desbloqueio.
Mas, entretanto uma agradável surpresa, a Amália disponibilizou-se para fazer as visitas comigo, uma jovem de 17 anos que traz sempre um sorriso no rosto e uma palavra de carinho e conforto para todos!
Despedimo-nos da D. Deolinda, não antes de termos dado dois dedos de conversa com a D. Celeste, que é vizinha e vem sempre receber-nos com um beijo e um sorriso, nestes momentos sinto que existe uma partilha muito genuína entre o ser humano, mesmo quando não conhecemos muito bem as pessoas.
A D. Glória não estava em casa, pelo que fomos ter com a D. Hermínia, que nos recebeu de braços abertos e nos convidou a entrar, falámos sobre os seus filhos, netos, a sua vida, partilhámos também um pouco das nossas vidas com esta senhora de ar feliz e bem com a vida, e continuámos animadas pelos sorrisos que íamos recebendo.
Subimos até à casa da D. Conceição que estava ao sol, e ficou muito feliz ao ver-nos, estava à nossa espera, perguntou pelas outras meninas, como estavam, porque não tinham vindo. E resolveu oferecer-nos uma pulseirinha que tinha comprado numa das suas visitas a Amarante, enquanto dizia "não é nada de especial", o objecto pode não ser especial, mas o gesto é generoso e carinhoso, por parte daquela senhora dos seus 80 anos, que numa das suas idas ao médico a Amarante se lembra das meninas que a vão visitar ao sábado. São estes pequenos, grandes gestos que nos enchem o coração, e nos fazem acreditar que estas visitas são um dar e receber constante, por vezes, sinto que recebo muito mais do aquilo que dou!
Depois de um beijinho, lá vamos encosta acima rumo à casa da D. Dulce, que está rodeada pelo marido, pela filha e pelo neto, mais dois dedos de conversa e vamos embora.
A Amália e eu despedimo-nos, e vou ter ao ponto de encontro com o resto do grupo.
Enquanto caminho e olho para aquela paisagem maravilhosa sinto-me feliz, pela tarde, pela forma como as pessoas me receberam, pela preciosa ajuda da Amália, pela pulseirinha da D. Conceição, e por todos os abraços e sorrisos que fui recebendo ao longo daquela tarde e que me vão tornando mais enriquecida, mais consciente, mais atenta, e, especialmente mais grata pela vida de todas estas pessoas que cruzam a minha de formas tão diferentes mas tão boas e tão cheias de alegria e generosidade.
No final da tarde, já no regresso a casa sinto que tudo faz sentido, e trago a esperança de que posso ser um bocadinho melhor, com estes pequenos presentes que vou recebendo ao longo da minha vida, e dou graças por isso!
Sara Gonçalves | Aldeia de Basseiros
Sem comentários:
Enviar um comentário