Dia 21 de Março, início da Primavera.
Na passada quarta feira, véspera do Dia do Pai, tivemos a nossa reunião mensal, que correu especialmente bem dada a amável presença de 3 dos nossos casos de família acompanhados. O Sr. F., o ZM1 e o M. foram verdadeiros protagonistas e mestres nos testemunhos simples, genuínos e transparentes que deram, e nas palavras e emoções que transmitiram.
Nesse mesmo dia uma voluntária nova, que passou por este blog, resolveu aparecer para "espreitar" o funcionamento do grupo e integrou a nossa vertente! Mais uma ajuda em boa hora, numa fase de algumas desistências por indisponibilidades várias e pessoas a precisarem sempre de algum tipo de conforto…
Pegando no ponto de situação logística aproveito então para informar que, ao dia de hoje, são 13 as "flores da nossa estação" que acompanhamos com cerca de 30 "colaboradores de Jardineiro" vestidos de voluntários e 10 "adubadores" em apadrinhamento.
Nesse Jardim imenso, há uma certa flôr chamada B. de quem vos falarei hoje, entre o voo das andorinhas.
A B. tem hoje 26 anos e continua no seu processo de tratamento e reconstrução pessoal e social, iniciado connosco há cerca de 2 anos e meio atrás. Decorria o ano de 2005 quando, numa das viagens de ronda dominical, começamos a estabelecer algum contacto com ela; contacto esse que foi sendo aprofundado nos tempos seguintes como quem rega, protege do vento, ou deixa entrar os primeiros raios de sol. Depois de algumas lutas complicadas e primeiros desafios ultrapassados a B. entusiasmou-se verdadeiramente com a ideia de tentar mudar de vida, mais uma vez… Em 2007 aceitou iniciar um processo de desintoxicação com a força de vontade interior de quem já viveu o que muitos adultos, felizmente, nunca viverão. Com esse passo, ainda em processo, outros bagos foram surgindo e sendo colhidos, devagar, devagarinho... Uma família retoma, ao de leve, a ínfima presença de quem avança ainda desconfiado; um ente querido desabrocha suave no contacto e arrisca votos de fé no novo ciclo; um distante transporte ganha contornos de concretização futura deixado no canto a velha cadeira de rodas; o corpo torna-se mais composto e robusto; o olhar ganhando foco; um dia "request" porque houve compromisso e verdade… Como a alternância das estações os passinhos da B. têm sido feitos de ciclos de avanços "em círculos", onde "à frente" e "atrás" se tocam inúmeras vezes em linhas que não são rectas e desenhos que não se fazem dessas certezas e objectividades com que algumas vidas humanas são estabelecidas. A B. tem o seu próprio clima, o seu próprio tempo, a usa própria estação.
No final do ano de 2008 algumas alterações no estabelecimento onde está em tratamento, bem como na vida dos outros utentes que a rodeavam, proporcionou nova meteorologia - desta vez mais chuvosa, podemos dizê-lo com segurança… - condizendo com a estação invernal que decorria pela altura. O seu comportamento tomou posturas menos correctas, foi necessário algum espaço para a reflexão, para a hibernação.
Actualmente mudou de vaso, mantendo-se no mesmo jardim. Continua em tratamento na mesma instituição mas numa outra zona. Essa mudança impôs-nos, mais uma vez, um tempo de espera e necessária distância. A vida é toda ela feita destes ritmos… Nós é que muitas vezes teimamos em relógios pessoais que de pouco ou nada servem. As estações são senhoras do seu próprio tempo e ora é Primavera… ora chove torrencialmente. Nelas continuamos presentes, amando-a diariamente. Na sua árdua terra em que tem sido raiz em busca de humidade e aprofundamento, o Calor é Silêncio… e será sempre no seio mais íntimo desse chilrear interior que a B. poderá florir verdadeiramente.
Na passada quarta feira, véspera do Dia do Pai, tivemos a nossa reunião mensal, que correu especialmente bem dada a amável presença de 3 dos nossos casos de família acompanhados. O Sr. F., o ZM1 e o M. foram verdadeiros protagonistas e mestres nos testemunhos simples, genuínos e transparentes que deram, e nas palavras e emoções que transmitiram.
Nesse mesmo dia uma voluntária nova, que passou por este blog, resolveu aparecer para "espreitar" o funcionamento do grupo e integrou a nossa vertente! Mais uma ajuda em boa hora, numa fase de algumas desistências por indisponibilidades várias e pessoas a precisarem sempre de algum tipo de conforto…
Pegando no ponto de situação logística aproveito então para informar que, ao dia de hoje, são 13 as "flores da nossa estação" que acompanhamos com cerca de 30 "colaboradores de Jardineiro" vestidos de voluntários e 10 "adubadores" em apadrinhamento.
Nesse Jardim imenso, há uma certa flôr chamada B. de quem vos falarei hoje, entre o voo das andorinhas.
A B. tem hoje 26 anos e continua no seu processo de tratamento e reconstrução pessoal e social, iniciado connosco há cerca de 2 anos e meio atrás. Decorria o ano de 2005 quando, numa das viagens de ronda dominical, começamos a estabelecer algum contacto com ela; contacto esse que foi sendo aprofundado nos tempos seguintes como quem rega, protege do vento, ou deixa entrar os primeiros raios de sol. Depois de algumas lutas complicadas e primeiros desafios ultrapassados a B. entusiasmou-se verdadeiramente com a ideia de tentar mudar de vida, mais uma vez… Em 2007 aceitou iniciar um processo de desintoxicação com a força de vontade interior de quem já viveu o que muitos adultos, felizmente, nunca viverão. Com esse passo, ainda em processo, outros bagos foram surgindo e sendo colhidos, devagar, devagarinho... Uma família retoma, ao de leve, a ínfima presença de quem avança ainda desconfiado; um ente querido desabrocha suave no contacto e arrisca votos de fé no novo ciclo; um distante transporte ganha contornos de concretização futura deixado no canto a velha cadeira de rodas; o corpo torna-se mais composto e robusto; o olhar ganhando foco; um dia "request" porque houve compromisso e verdade… Como a alternância das estações os passinhos da B. têm sido feitos de ciclos de avanços "em círculos", onde "à frente" e "atrás" se tocam inúmeras vezes em linhas que não são rectas e desenhos que não se fazem dessas certezas e objectividades com que algumas vidas humanas são estabelecidas. A B. tem o seu próprio clima, o seu próprio tempo, a usa própria estação.
No final do ano de 2008 algumas alterações no estabelecimento onde está em tratamento, bem como na vida dos outros utentes que a rodeavam, proporcionou nova meteorologia - desta vez mais chuvosa, podemos dizê-lo com segurança… - condizendo com a estação invernal que decorria pela altura. O seu comportamento tomou posturas menos correctas, foi necessário algum espaço para a reflexão, para a hibernação.
Actualmente mudou de vaso, mantendo-se no mesmo jardim. Continua em tratamento na mesma instituição mas numa outra zona. Essa mudança impôs-nos, mais uma vez, um tempo de espera e necessária distância. A vida é toda ela feita destes ritmos… Nós é que muitas vezes teimamos em relógios pessoais que de pouco ou nada servem. As estações são senhoras do seu próprio tempo e ora é Primavera… ora chove torrencialmente. Nelas continuamos presentes, amando-a diariamente. Na sua árdua terra em que tem sido raiz em busca de humidade e aprofundamento, o Calor é Silêncio… e será sempre no seio mais íntimo desse chilrear interior que a B. poderá florir verdadeiramente.
Raquel Henriques
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