sexta-feira, junho 05, 2009

Crónica da Ronda da Boavista - 31.05.09

Ainda novata nestas andanças, mas com cada vez mais vontade de DAR nestes finais de domingo…
Eram quase dez da noite quando os rondeiros se começaram a juntar, acompanhados pelo cheiro a doces e salgados, que são divididos pelos sacos. A equipa, como sempre bem disposta. Desta vez, um chefe diferente, novo para mim, já bem conhecido para o resto dos companheiros.
A oração apelou à maravilha do trabalho em conjunto, de todas as etapas por que passam, por exemplo, os alimentos da nossa refeição, também eles fruto desse trabalho.
Uma noite fantástica, um início de ronda promissor…
Desta vez, a D.G. aguardava-nos com a grande notícia de que tinha conseguido uma entrevista nas novas oportunidades. Era já nessa semana. No entanto, a neta ia ser operada e isso trazia-lhe alguma preocupação. Oferecemos-lhe um "vai correr tudo bem". Parece ter ficado mais tranquila.
O J.P. trocou os seus filmes por largas horas deitado, a dormir. Estava, no entanto, bem disposto. Brincou com os novos partidos políticos, mostrou o telemóvel. Nesse dia não foi à metadona. Foi bom ver que, mesmo assim, recebeu-nos bem! Há um mês que não lhe alteram a dose. Tem tido força de vontade e aquele optimismo colou-se a nós. Lá fomos embora, sem antes lhe garantirmos que o sumo não era de laranja nem de ananás.
Na mesma rua encontramos um novo sem-abrigo. Uma mulher. Disse apenas estar de passagem e quis logo saber que tipo de comida lhe levávamos. Parecia um pouco desconfiada do que estaríamos a oferecer. Se a voltarmos a encontrar, vamos tentar saber melhor a história que terá para contar!
O S.A. estava todo fresco, uma t-shirt, cabelo cortado. Desanimado com o pouco que lhe têm dado. Mas lá lhe soltamos uns sorrisos com a nossa curiosidade sobre pássaros. Disso ele percebe e gosta muito! Falou-nos dos seus três canários, de como trata deles. Gostava muito de ter uma Zagaia e não gosta de piriquitos.
O S.G. está realmente preocupado em arranjar a cura para não termos de usar óculos. Repetiu a receita milagrosa algumas vezes. Estava todo entusiasmado com a reportagem em que interveio para o "Nós por cá". Tinham mudado o sinal da rua para o lado oposto. Enquanto ia contando a história, a esposa, que está adoentada, ligou-lhe algumas vezes. Precisava que a fosse ajudar a preparar a medicação.
Chamamos várias vezes pelo S.Z.. Não estava. Optamos por deixar apenas o saco e seguir. Mas não tardou em o avistarmos a descer a rua. Trazia uma fisga e a história do seu novo negócio de fisgas. São feitas por ele (e bem giras!). Na realidade, adora fisgas desde pequenino. Falou-nos com saudade desses tempos e até nos relatou uma das suas últimas fisgadas: uma lâmpada da rua estava avariada e, de bem longe, ele acertou-lhe em cheio. Embora a protecção não tivesse ficado em muito bom estado, até hoje aquela lâmpada dá luz toda a noite! Um dos momentos altos da noite, sem dúvida!
Mais uma vez, o S.A. não estava.
Seguimos até à D.F.. Estava com dores de dentes e com os diabetes altos. Ainda não tem novidades da casa. A nora estava lá de novo, já com uma barriga que se nota bem. Continua sem querer ir ao médico e não hesitou em acender um cigarro. Continuamos com a enorme dificuldade de lhe mostrar o quão importante é cuidar da saúde do bebé, de ser seguida por um médico. Mas, mais uma vez, ergueu-se ali uma barreira que não deixa que as nossas palavras sejam entendidas.
Antes de voltarmos ao nosso cantinho, pedimos especialmente por ela, pelo bebé. Partilhamos também o que mais tinha preenchido o nosso coração, naquela noite. Mais uma vez, muito Amor.

Angela

1 comentário:

E? disse...

Que admiração que eu tenho por vocês!!
Fazem um trabalho fantástico, desinteressado e com muito respeito pelas pessoas.

Muitos parabéns, e muita força!