Na crónica deste mês expomos um ponto de situação dos casos de Família acompanhados.
1) D. R. e C.
A dupla tem funcionado de modo mais coeso e dialogante. A Ana tem sido essencial na articulação destas sinergias e autonomias.
A D.R. continua a viver uma fase económica particularmente complicada e difícil. Conseguimos entregar-lhe alguns alimentos advenientes de uma doação feita ao FASrondas. Mas esta é uma solução pontual, um remendo, pelo que as voluntárias deste caso têm estado atentas aos apoios sociais a que a D. R. poderá eventualmente ter direito.
As consultas médicas também têm sido alvo de particular atenção; porém, e para desagradado das voluntárias, a D. R. faltou à última consulta marcada.
As visitas decorrem entre os habituais temas de conversas e muitos queixumes, o discurso natural da nossa querida R.. No seu espaço habitável fizeram-se simples alterações que poderão proporcionar ambientes mais felizes, higiénicos, ventilados e iluminados. A hipótese de arranjar um pequeno animal, como a D.R. revelou ser seu desejo, está a ser ponderada em grupo.
Relativamente ao c., não têm sido feitas visitas dada a fase mais exigente que a D.R. atravessa, a necessidade de consolidação deste acompanhamento e desinteresse manifestado pelo próprio c.
2) D. F.
Alguma perturbação económica derivada de atrasos muito prolongados nos apoios sociais, geradora de ansiedade na F.. A Maria João e a Sofia têm procurado inteirar-se de mais dados relativamente à rede social da D.F. (Que assistências médicas? Que assistências sociais? Que procedimentos, direitos e deveres?). Psicologicamente, e apesar desta instabilidade externa, a D.F. apresenta-se novamente mais firme e bem-disposta. Mantém o tratamento em vigor e as respectivas terapias de apoio. As visitas têm decorrido bem.
3) F. F.
Dois novos voluntários integraram finalmente esta família. A alegria foi imensa! As expectativas da Catarina e do João não foram defraudadas e os miúdos – especialmente os miúdos! –ficara, fascinados com a presença, nos encontros, de gente mais nova e do género masculino. Como tínhamos presente, confirma-se o imenso benefício da diversidade de idades e géneros no acompanhamento à F.F. Que o entusiasmo e o ânimo persistem e possam vir a ser trampolins para a recepção aberta das várias ajudas de que necessitam.
A nível escolar: as notas foram positivas, o que é de enaltecer! Prova superada. Um obrigada especial à Filomena. As explicações continuam a ser uma das principais tarefas dos voluntários.
Recentemente a F.F. mudou de residência, o que trouxe alguma variação na atmosfera familiar e nas rotinas semanais dos voluntários. Porém temos em crer que, com tempo, estas serão totalmente absorvidas e a naturalidade impor-se-á.
4) L.
Nos últimos meses muita agitação tem ocorrido em torno das ajudas neste caso. Uma das acções desenvolvidas foi a recolha de tampinhas de plástico com o propósito de reduzir o custo do equipamento terapêutico. Várias têm sido os contributos. À Rosinha, e seus alunos, um especial obrigada!
Outras iniciativas idênticas têm decorrido paralelamente, algumas ainda em curso. A assistência social da L. alega não dispor de verbas e as indicações médicas, a par do seu estado físico sem melhoras, impõem esta boa agitação. A Carla Reigada e a Sofia Rodrigues têm sido um suporte importantíssimo para a Benedita, a L. e a L.. A elas e a todos os que têm ajudado, inclusive a todos os rostos desconhecidos, o nosso sincero obrigada!
No mês passado a L. teve que ser internada de urgência. Actualmente essa situação já foi, felizmente, ultrapassada.
Entretanto a situação profissional da L. complicou-se um pouco… e agora tudo dependerá das decisões que tomar sobre o seu futuro e papel familiar.
A L. este mês completará mais um lindo aniversário!
5) L. e T.
Continua a trabalhar, feliz e entusiasmada. Os voluntários sublinham que esta situação retribui-lhe uma segurança e tranquilidade insubstituíveis.
Os encontros semanais têm decorrido entre cafés, almoços e boa disposição. A L. é uma lutadora e o T. move a sua persistência, a mudança no seu dia-a-dia e a afinação do seu coração. Desejamos que consigam continuar a percorrer este trilho.
6) M.
Num período um pouco mais incontactável, tem sido menos fácil estar com ele com a regularidade desejável. Nas conversas/desabafos que tem feito a Gabel tem percebido que o M. vive um período algo agitado por "dúvidas existenciais". Pensou-se em integrar novas pessoas neste caso mas percebemos que tal seria prejudicial ao M. Queremos que sinta, e confie, que as pessoas que o ajudam não são trabalhadores e substitutos uns dos outros, que lidam com ele por obrigação… e vão e veêm…
Entretanto retomou a medicação, entre idas a consultas com respectivos técnicos. Conseguimos também ajudá-lo pontualmente com alguns bens alimentares advenientes de uma doação feita ao FASrondas. E repensou a situação da ida para a P. da P. - veremos como decorre a experiência...
A Gabel tem feito um grande esforço para esticar o seu tempo pessoal e poder estar próxima dele nesta fase algo particular.
7) ZM1.
Têm sido meses exigentes neste caso. O Z. vive um período muito depressivo, e é no álcool e na irritação que encontra compensações para esse imenso sentimento de vazio interior. Está desencantado, sente a vida palpitar-lhe sem sentido. Verificamos que as incertezas e atrasos nos apoios sociais têm agravado estados de ansiedade e de tensão. O atraso na medicação também é um problema, psicológico e físico. As consultas médicas, por sua vez, não ocorrem há cerca de 6 meses por ausência da própria médica. As dívidas e as decepções recentemente vividas com alguns ex-companheiros da R.d.S. são os condimentos finais e picantes.
As ajudas do Miguel têm-se concentrado na companhia, na procura de uma eventual ocupação ( pesquisa até ao momento inglória) e no contacto com os técnicos deste caso, com o desejo de tentar perceber se terá direito a um pedido de reforma por invalidez, já que a sua condição física condiciona a sua capacidade laboral.
Com a família mantém a sua postura resistente e orgulhosa. Com o E. o contacto continuo que oscila entre rufias e as partilhas amigáveis.
Durante este mês completará meio século de existência!
8) ZM2.
Também o ZM2. ultrapassa um período complexo e delicado. Temos em crer que terá muito provavelmente retomado os consumos. A distância que subtilmente mostra à Sara e à Inês, o perceptível desejo de afastamento, as conversas com lacunas e contrariedades facilmente detectáveis, as rotinas diárias em ambientes menos adequados, as conversas sobre temas da actualidade que servem de bóias de salvação aos temas pessoais, são para nós indicadores de que algo se passa...
O grupo sente que é hora de deixá-lo autor "autónomo e solitário" do seu próprio caminho. As voluntárias, juntamente com a coordenação, ponderam a alteração dos encontros para uma rotina excepcionalmente quinzenal. A nossa intenção é a clara transferência da responsabilidade e da iniciativa/ poder de decisão para o ZM2., criando uma janela temporal que poderá ajudar a perceber melhor todos os sinais, gerar novas necessidades e dar-lhe o espaço que parece exigir. O estado, esse, será sempre um estado de alerta e uma postura de reflexão de "dentro-para-fora", ou seja, uma postura que permite decidir em função do que verdadeiramente acreditamos ser o melhor para ele.
Por fim assinalamos a eventual solicitação da associação "Vida Norte" para novos apoios e a "transferência" do Sr.JC. das visitas dominicais do FASrondas para o acompanhamento nas famílias. Já tudo está a ser preparado para recebê-lo com o peito plenamente aberto.
Entretanto recebemos duas voluntárias novas, a Maria Lima e a Catarina Castelo-Branco. Às duas as nossas Boas-Vindas!
A todos uma boa semana,
Raquel Henriques